Artigos com a tag: dramaturgia
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Esta é uma das cenas de “Monstruos y Prodígios: la Historia de los Castrati”, da companhia mexicana Teatro de Ciertos Habitantes, que abre o MIRADA e leva um cavalo de verdade à cena (leia no post anterior). Com dramaturgia de Jorge Kuri e direção de Claudio Valdés Kuri, o espetáculo mescla teatro e ópera para falar do fenômeno dos castrati (do italiano, “castrados”), que formavam um grupo especial de cantores líricos que existiu na Europa do século 16.
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O MIRADA vai trazer amostras da novíssima produção latino-americana de teatro. Integram o Festival oito espetáculos que estrearam em 2010, sendo seis brasileiros – “O Idiota – Uma Novela Teatral”, “Savana Glacial”, “Vida”, “Espoleta”, “Este Lado para Cima – Isto Não é um Espetáculo” e “Policarpo Quaresma” –, além do colombiano “Los Santos Inocentes”, e do argentino “Mujeres Terribles”.
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O prédio do SESC SANTOS parece uma nau pronta para embarcar na grande aventura do MIRADA. Na verdade, o prédio com quase 30 anos de construção é todo inspirado no mar e nos navios que atracam no porto da cidade. Na foto acima, vê-se o teto – em uma espécie de mosaico em forma de Rosa dos Ventos, feito de vidro, concreto e ferro -, que permite a iluminação natural de toda a área de convivência da unidade. Há, também, bancos de madeira que aludem às bússolas.
08/09, Brasil, Nacional, Praça Luiz La Scala, espetáculo, teatro de rua »
O grupo surgido há 32 anos no Rio Grande do Sul retrata a vida e o pensamento do revolucionário Carlos Marighella (1911-69), que lutou contra a ditadura militar (1964-85). A criação coletiva apropria-se do espaço ao ar livre com movimentos corais, máscaras, percussão ao vivo e demais elementos afro-brasileiros. A inspiração vem do cineasta Glauber Rocha: tratamento documental e abordagem épica ao aspirar à liberdade e à justiça. Um dos mais premiados e respeitados coletivos de teatro de rua do Brasil comunica sua visão alegórica e barroca da vida, paixão e morte de um sonhador. O Ói Nóis surge em 1978 propondo-se uma renovação radical da linguagem cênica. E assim segue, vendo o teatro como função social para desvelar e analisar a realidade.
05/09, 11/09, Brasil, Fonte do Sapo, Nacional, Praça da Paz Universal, espetáculo, teatro de rua »
O capitalismo ganha uma crítica bem-humorada do grupo da cidade-sede do Festival. Um cortejo profético anuncia o jogo que seis gerentes de venda estabelecem com o público ao ar livre. O espetáculo de 2007 questiona o homem moderno e o que pode haver de patético na relação do trabalho com o sonho de prosperidade. A Trupe Olho da Rua surgiu em 2002 com o objetivo de pesquisar, exercitar e difundir o gênero, suas dimensões artística e cidadã. As referências são a linguagem do palhaço e a música de bases melódica e percussiva. O núcleo montou nove peças afeitas à farsa, ao circo, ao épico e ao musical. Organizou seis edições da sua Caravana pelo Mundaréu, percorrendo os litorais de SP e RJ. Foi parceiro do encontro santista A Rua é o Palco, de 2008. E idealizador da 1ª Mostra de Teatro Olho da Rua, de 2009, na qual recebeu seus pares locais e de outros Estados.
04/09, 05/09, Brasil, Nacional, Teatro Coliseu, espetáculo »

“Não fosse isso e era menos/ não fosse tanto e era quase”. Como os versos do escritor paranaense Paulo Leminski (1944-93), a companhia conterrânea relativiza as certezas. Toma a curta existência dele e a vasta obra em poesia, prosa, ensaios, traduções, letras de música, etc., para abrir outras janelas ao público que o conheça ou não. Exilados num lugar imaginário, dois homens e duas mulheres fazem parte de uma banda que ensaia para comemorar o jubileu da cidade. Eles convivem entre si e revelam comportamentos e conflitos pessoais. O espetáculo de 2010 traz figuras prosaicas às quais não faltam humor, sensibilidade e vontade de transformação. O núcleo colaborativo iniciou atividades em 1999, em Curitiba, onde foi premiado. Fez temporadas em São Paulo e no Rio. E viajou a países como França e Colômbia. O diretor Marcio Abreu dirigiu o ator Luis Melo em dois projetos paralelos.
03/09, 04/09, Espanha, Ginásio SESC Santos, Internacional, destaque, espetáculo »

Ele foi um boxeador tão medíocre quanto a percepção sobre a Espanha franquista dos anos 1960, 1970. O basco José Manuel Ibar, também apelidado “Morrosko de Cestona” ou “Urtain”, colheu fama e caiu nas graças da mídia e dos políticos. Em 1992, a quatro dias de iniciar os Jogos Olímpicos de Barcelona, cometeu suicídio saltando do 11º andar de um prédio. Esse é o material dramático trabalhado pelos criadores. Juan Cavestany concebeu um roteiro cinematográfico de origem que acabou vingando como teatro, arte tão visceral quanto a trajetória do protagonista. Um caminho marcado pelo sangue e pela política, desejo atormentado e possibilidade sempre fugaz de êxito. A premiada Compañía Animalario foi fundada em 1996 com o intuito de resgatar o Teatro de Grupo dos anos 1980. O espetáculo foi recebido como o grande destaque da temporada teatral de 2009 na Espanha e agora inicia circulação internacional.
07/09, Brasil, Ginásio SESC Santos, Nacional, destaque, espetáculo, infantil »

O espetáculo mais recente da companhia, de 2009, ilustra as relações entre pais e filhos de qualquer espécie animal – e humana por extensão. O chefe de uma família indígena narra contos e lendas às crianças que envolvem bichos do ar, do rio e da terra. Um pássaro tenta aprender a voar com o apoio da mãe; o filhote de uma família de sapos cantores “desafina”; uma piranha come tudo o que vê pela frente, e assim por diante. São quadros não lineares, com pouco uso da palavra e forte impacto nas imagens (o cenário é uma tartaruga gigante que serve de palco para a manipulação de todos os bonecos). A simbiose boneco-ator também é um dos elementos característicos da companhia fundada em São Paulo há 26 anos. A Pia Fraus (o nome em latim significa “uma mentira contada com boas intenções”) recebeu vários prêmios e circulou por 19 países nos principais festivais nacionais e internacionais.
06/09, Argentina, Auditório SESC Santos, Internacional, espetáculo »

Nesta outra ponta do díptico sobre o norueguês Henrik Ibsen – o Mirada também traz El Desarrollo de la Civilización Venidera -, o diretor insiste que a questão de gênero pesa bastante na engrenagem do mundo contemporâneo, apesar das conquistas da mulher. A montagem de 2009 aponta que ainda existem muitas contas pendentes entre indivíduo e tecido social. É a versão de Veronese para Hedda Glaber, a personagem-título que confronta regras do pensamento patriarcal numa época, o final do século XIX, em que o instinto e o desejo eram velados pela hipocrisia. Veronese foi um dos fundadores do El Periférico de Objetos (1989), grupo que estreitou teatro de animação, performance e artes plásticas, ele seguiu voos autônomos. Profícuo, tornou-se sinônimo de teatro argentino dos mais inquietos e ousados em termos formais e temáticos.
07/09, 08/09, Brasil, Nacional, Teatro SESC Santos, destaque, espetáculo »

O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (1881-1922) é emblemático ao condensar a verve nativista e ufanista do começo da República. O anti-herói simboliza o homem-nação. Toma para si o ideal de um país regido pelo bem-estar de seu povo e deposita esperanças na força civilizatória do Estado. Ao teatralizar a obra, Antunes Filho, 28 anos à frente do CPT, correlaciona linguagens diversas como a commedia dell’arte, o circo, o teatro de revista e as operetas. O premiado e respeitado diretor foi assistente de encenadores estrangeiros na fase moderna do Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, nos anos 1950. Hoje, as assinaturas cênica, dramatúrgica e pedagógica de Antunes tornaram-se referenciais para a arte do ator.