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teatro de rua

08/09, Brasil, Nacional, Praça Luiz La Scala, espetáculo, teatro de rua »

O Amargo Santo da Purificação

O grupo surgido há 32 anos no Rio Grande do Sul retrata a vida e o pensamento do revolucionário Carlos Marighella (1911-69), que lutou contra a ditadura militar (1964-85). A criação coletiva apropria-se do espaço ao ar livre com movimentos corais, máscaras, percussão ao vivo e demais elementos afro-brasileiros. A inspiração vem do cineasta Glauber Rocha: tratamento documental e abordagem épica ao aspirar à liberdade e à justiça. Um dos mais premiados e respeitados coletivos de teatro de rua do Brasil comunica sua visão alegórica e barroca da vida, paixão e morte de um sonhador. O Ói Nóis surge em 1978 propondo-se uma renovação radical da linguagem cênica. E assim segue, vendo o teatro como função social para desvelar e analisar a realidade.

05/09, 11/09, Brasil, Fonte do Sapo, Nacional, Praça da Paz Universal, espetáculo, teatro de rua »

Arrumadinho

O capitalismo ganha uma crítica bem-humorada do grupo da cidade-sede do Festival. Um cortejo profético anuncia o jogo que seis gerentes de venda estabelecem com o público ao ar livre. O espetáculo de 2007 questiona o homem moderno e o que pode haver de patético na relação do trabalho com o sonho de prosperidade. A Trupe Olho da Rua surgiu em 2002 com o objetivo de pesquisar, exercitar e difundir o gênero, suas dimensões artística e cidadã. As referências são a linguagem do palhaço e a música de bases melódica e percussiva. O núcleo montou nove peças afeitas à farsa, ao circo, ao épico e ao musical. Organizou seis edições da sua Caravana pelo Mundaréu, percorrendo os litorais de SP e RJ. Foi parceiro do encontro santista A Rua é o Palco, de 2008. E idealizador da 1ª Mostra de Teatro Olho da Rua, de 2009, na qual recebeu seus pares locais e de outros Estados.

05/09, 06/09, Brasil, Fonte do Sapo, Lagoa da Saudade, Nacional, destaque, espetáculo, teatro de rua »

Gigantes pela Própria Natureza

O espetáculo recria artisticamente o sincretismo das encanterias, cerimônias semelhantes à pajelança nas quais seres espirituais denominados moços encarnam em médiuns, os ditos aparelhos. Como em trabalhos anteriores, a companhia do Rio de Janeiro, adepta do que define como circo dramático, lança mão de repertório musical popular (tradições indígenas, africanas e europeias) e das danças que utilizam técnicas sobre pernas de pau. O roteiro propõe explorar coisas, pessoas, plantas, bichos e invenções tomando Albert Einstein e Mário de Andrade por faróis. Profissionais da companhia criada em 1990 integram-se à Orquestra Itinerante de Rua sobre Pernas de Pau, formada por jovens aprendizes de comunidades cariocas de baixa renda. Entre os espetáculos anteriores com a linguagem peculiar da Mystérios e Novidades, estão Pajelança (2000), Navelouca (2001) e Cíclopes (2007), sempre inspirados na musicalidade e no gestual dos antigos atores e tocadores populares.

08/09, 09/09, Brasil, Fonte do Sapo, Nacional, Praça Mauá, espetáculo, teatro de rua »

O Mundo Tá Virado, Tá no Vai ou Não Vai.<br />Uma Banda Pendurada, a Outra em Breve Cai

A ingenuidade pode ser irmã da esperteza. O núcleo de Sergipe equilibra-se no arame entre instâncias demasiado humanas ao narrar três histórias curtas extraídas da literatura de cordel. O pano de fundo é a critica à associação automática entre as culturas popular e de massa – o balaio desta é o consumo e o daquela, o suprassumo. Em 33 anos de dedicação contínua ao teatro de rua, os criadores se dizem conscientes de que são necessários novos procedimentos na pesquisa do cômico. Fugir da convenção ao visitar os universos da cultura popular, do cordel e do folclore. Afinal, foi o princípio da resistência que fez esses artistas chegarem até aqui, mesmo diante da precariedade econômica que significa fazer arte em alguns cantos do Nordeste. De 1977 para cá, o Imbuaça cruzou o Brasil de norte a sul e já se apresentou em países como Equador, Cuba, México e Portugal.

06/09, 07/09, Brasil, Nacional, Parque Municipal Roberto Mário Santini, Praça Luiz La Scala, espetáculo, teatro de rua »

O Cabra que Matou as Cabras

Trata-se de uma livre adaptação do clássico francês medieval e universal A Farsa do Advogado Pathelin, de autor desconhecido. O espetáculo de 2004 recorre ao cordel nordestino, esquetes de picadeiro, fábulas, ditos e outras variantes da cultura popular. Um advogado vigarista, que sobrevive dando golpes nos clientes, se vê envolvido no caso de assassinatos de cabras e bodes. Uma trama cheia de traições, trapaças e reviravoltas. Esposa maliciosa engana o marido advogado que engana comerciante ganancioso que engana empregado que engana juiz que quer enganar todo mundo. Por trás do riso, o espelho das relações de poder e de hierarquia implícitas no cotidiano. A Teatro Nu Escuro completa 14 anos com sede em Goiás, onde mantém espaço para espetáculos, ensaios e acervo. Nesse percurso, ajudou a formar novos espectadores, recebeu premiações locais e já circulou por outros Estados com seu repertório.

03/09, 04/09, Espanha, Internacional, Parque Municipal Roberto Mário Santini, destaque, espetáculo, teatro de rua »

El Foc del Mar

Ao sugerir a imagem do fogo do mar, o título remete às raízes mediterrâneas do grupo que há 27 anos alia magnetismo e colorido das festas populares à ousadia formal em criações de grande formato ao ar livre. A oportunidade de assistir a uma obra do repertório, de 1994, permite conferir o domínio de linguagem e a tentativa permanente de escapar ao virtuosismo. O roteiro visita lendas e costumes valencianos, dispensa a palavra, assume a pirotecnia e interfere na percepção dos passantes em seu cotidiano. A obra quer ressignificar, dar a ver com outros olhos e apropriação dionisíaca do espaço público. O Xarxa é militante quanto à inovação permanente para a rua combinada a recursos de multimídia. A acolhida do núcleo em mais de 40 países dá conta da universalidade de seu trabalho.

03/09, 10/09, Boulevard da Rua XV de Novembro, Brasil, Nacional, Praça Mauá, espetáculo, teatro de rua »

Este Lado para Cima – Isto Não é um Espetáculo

Um dos grupos mais promissores da geração de teatro de rua surgida nesta década em São Paulo mostra seu ponto de vista sobre a euforia econômica que o Brasil atravessa. Os habitantes de uma cidade recém surgida em nome da ordem e do progresso têm o sonho da felicidade abortado por uma crise financeira. Para combatê-la, as autoridades constroem o “mais avançado artefato da tecnologia humana”, a “Bolha”, que do céu vigiará tudo e a todos. O espetáculo que estreia em agosto discute com humor anárquico o poder do mercado e o controle exercido sobre as relações humanas. A Brava Companhia foi fundada na zona sul paulistana em 1998, com outro nome, e obteve mais repercussão pela consistência de linguagem ao ocupar espaços abertos ou não convencionais com a premiada montagem de A Brava (2008), um épico sobre a heroína Joana D’Arc.