Argentina
06/09, Argentina, Auditório SESC Santos, Internacional, espetáculo »

Nesta outra ponta do díptico sobre o norueguês Henrik Ibsen – o Mirada também traz El Desarrollo de la Civilización Venidera -, o diretor insiste que a questão de gênero pesa bastante na engrenagem do mundo contemporâneo, apesar das conquistas da mulher. A montagem de 2009 aponta que ainda existem muitas contas pendentes entre indivíduo e tecido social. É a versão de Veronese para Hedda Glaber, a personagem-título que confronta regras do pensamento patriarcal numa época, o final do século XIX, em que o instinto e o desejo eram velados pela hipocrisia. Veronese foi um dos fundadores do El Periférico de Objetos (1989), grupo que estreitou teatro de animação, performance e artes plásticas, ele seguiu voos autônomos. Profícuo, tornou-se sinônimo de teatro argentino dos mais inquietos e ousados em termos formais e temáticos.
07/09, Argentina, Auditório SESC Santos, Internacional, destaque, espetáculo »

O diretor sempre dá um jeito de falar do teatro dentro do teatro em suas montagens. A versão para Tio Vânia, de Anton Tchekhov, saúda essa arte milenar de forma ímpar. Como em Ibsen, o cultuado encenador partilha a paixão pelos clássicos e tenta lê-lo de outro modo ao espectador atual. A peça trata das relações entre membros de uma família de origem rural e os que vivem na cidade e a difícil convivência de pessoas tão distintas. Cofundador do El Periférico de Objetos (1989), grupo que estreitou laços do teatro de animação com performance e artes plásticas, ele seguiu voos autônomos. Com uma vasta produção, Veronese tornou-se sinônimo da cena argentina das mais inquietas e ousadas em termos formais e temáticos, cativo em festivais pelo mundo.
05/09, Argentina, Auditório SESC Santos, Internacional, espetáculo »

Uma norueguesa de 26 anos, casada, três filhos, escandalizou a burguesia do final do século XIX ao contrariar “deveres” de esposa e mãe. Abandonou o lar com rumorosa batida de porta. O gesto de Nora, a protagonista de Henrik Ibsen, pode soar anacrônico aos dias de hoje. Mas o encenador e dramaturgo cava fundo ao refletir o quanto a questão de gênero ainda é determinante. Estão aí, na ordem do dia, as afrontas aos direitos humanos. A versão de 2009 equilibra o peso dos demais personagens centrais, marido, agiota, médio e amiga. Dinheiro é o que os move e estanca. O espaço cênico diminuto da casa corresponde à cenografia de outro Ibsen por Veronese, Todos los Grandes Gobiernos han Evitado el Teatro Íntimo, que também integra o Mirada.
09/09, 10/09, Argentina, Fosso SESC Santos, Internacional, destaque, espetáculo »

O pecado capital da inveja perpassa o monólogo. Um melodrama musical em que a protagonista narra como ela foi pivô de um episódio que envolveu duas rainhas do rádio dos anos 30 na Argentina: Eva Perón e Libertad Lamarque. O cineasta e autor Santiago Loza toma como gancho a mítica bofetada que Libertad teria dado em Eva. O enredo trata do dilema de uma costureira de bairro, fã de cantarolar a antiperonista Libertad o tempo todo. Certo dia, a própria artista baixa em sua oficina para encomendar-lhe um vestido. Atraída pela súbita fama da moça, Eva também vai atrás e pede exclusividade para o mesmo vestido a ser finalizado. A aparente disputa traz à tona visões sobre questões da memória política e social do país. A obra de 2008 marcou a estreia do também cineasta Diego Lerman como diretor teatral. Nascido em 1976, ele integra a boa fase cinematográfica do país. Filmou Tan de Repente (2002) e La Mirada Invisible, este exibido no Festival de Cannes este ano.
04/09, 05/09, Argentina, Internacional, Teatro Guarany, espetáculo »

A ebulição intelectual da Argentina entre 1960 e 1970 serve como pano de fundo às vozes e olhares literários de Alejandra Pizarnik (1936-1972) e Silvina Ocampo (1903-1994). As duas escritoras pertenciam a gerações e classes sociais distintas. Costurada a quatro mãos, a dramaturgia assimila traços biográficos para juntá-las ainda mais no plano da ficção. Na vida real, ambas estudaram em Paris, por exemplo. Alejandra suicidou-se aos 36 anos. Silvina era mulher de Adolfo Bioy Casares. Contos, poemas, diários e cartas são entrelaçados a passagens históricas da nação que sempre olha para si por meio da arte, suas peculiaridades nas entrelinhas. Com personagens ora cúmplices ora dissonantes, a produção estreou este ano. A atriz e diretora Lía Jelín conciliou a formação internacional em dança com a trajetória teatral desde 1960.
07/09, 08/09, Argentina, Casa da Frontaria Azulejada, Internacional, destaque, espetáculo »

Alguns sinais característicos do gênero latino-americano são colocados em xeque na história concebida pelo ator, diretor e dramaturgo. A masculinidade é dissecada sob o ponto de vista de quem vem do interior, um atalho biográfico para o idealizador Marcelo Mininno nascido em Salto e habitante da capital do país desde os 18 anos. O texto prospecta, afinal, como se constrói um varão. Três sujeitos envolvidos na criação, seleção e classificação de gado bovino em lotes de venda experimentam um processo de autoconhecimento ao olhos do outro. A montagem promove interface rural e urbana. Estreou em 2008 após um ano de investigação junto ao elenco convidado pelo autor. A obra também recorre a feitos históricos destacados nos últimos trinta anos da República Argentina. Mininno já atuou em mais de 25 produções. Por Lote 77, conquistou prêmios de referência em seu país. Atualmente, é professor da Escola Metropolitana de Arte Dramática.
07/09, 08/09, Argentina, Internacional, Teatro Coliseu, espetáculo »
Um dos fenômenos de público e crítica de Buenos Aires, onde está em cartaz desde 2005 e já fez turnê por Saravejo, Irlanda, Espanha e Brasil (festivais em Porto Alegre, Brasília e Londrina), o espetáculo aplica tons absurdos e realistas ao retratar o processo de desmanche de uma família. O adoecimento da avó, alicerce da casa, fragiliza de vez as relações com a filha e os quatro netos. É como se o espectador estivesse sob o mesmo teto desses moradores afetados pela miséria material. O espetáculo foi bastante associado aos reflexos do baque econômico que se abateu sobre o país em 2001. O texto é de Claudio Tolcachir, um dos fundadores da Timbre 4, em 1999, na qual também ministra aulas em sua sede no bairro de Boedo. Muitos núcleos do circuito independente da cidade surgiram nessa escola.