A chuva intermitente que caiu sobre Santos em quase todas as apresentações de rua do MIRADA não tirou a força dos espetáculos levados para o SESC. As duas apresentações (nos dias 5 e 6 de setembro) da Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades, com o espetáculo “Gigantes pela Própria Natureza”, foram prova disso. A música potente, executada em percussão e coro pela Orquestra Itinerante de Rua Sobre Pernas de Pau, atraiu o público.

O cenário é o interior de um apartamento. Mentira. O cenário é o cenário de um espetáculo mesmo. Os atores fazem a trilha ao vivo, vez ou outra, dedilhando um piano. A luz é chapada, sem efeitos. Na cena, quatro atores manejando com maestria uma história de inveja e traição. Assim é “Todos los Grandes Gobiernos han Evitado el Teatro Intimo”, versão do diretor argentino Daniel Veronese para a peça “Hedda Glaber”, de Henrik Ibsen.

O idioma é o espanhol, os atores, venezuelanos, mas a história de “Passport” é universal. Os absurdos gerados pelo abuso de poder e pelo preconceito ganham contornos kafkianos na peça escrita pelo dramaturgo carraquenho Gustavo Ott. Apresentada em duas noites no MIRADA (3 e 4 de setembro), na Casa da Frontaria Azulejada, a montagem dirigida por Luiz Domingos González coloca no centro da cena uma imigrante.

São apenas quatro letras, mas nesta palavra cabe um mundo inteiro: vida. Ela dá título à mais nova obra da Companhia Brasileira de Teatro, que a estreou este ano e fez duas apresentações dentro do MIRADA, no Teatro Coliseu. Inspirado na vida e na obra do poeta Paulo Leminski, “Vida” nos deixa confusos – propositadamente – em relação ao que é teatro e o que é realidade, ou seja, vida.

Devido à chuva, o espetáculo “O Cabra que Matou as Cabras”, da Companhia de Teatro Nu Escuro, vai ser apresentado hoje (terça-feira), às 13h, no SESC SANTOS.