espetáculo
04/09, 05/09, Argentina, Internacional, Teatro Guarany, espetáculo »

A ebulição intelectual da Argentina entre 1960 e 1970 serve como pano de fundo às vozes e olhares literários de Alejandra Pizarnik (1936-1972) e Silvina Ocampo (1903-1994). As duas escritoras pertenciam a gerações e classes sociais distintas. Costurada a quatro mãos, a dramaturgia assimila traços biográficos para juntá-las ainda mais no plano da ficção. Na vida real, ambas estudaram em Paris, por exemplo. Alejandra suicidou-se aos 36 anos. Silvina era mulher de Adolfo Bioy Casares. Contos, poemas, diários e cartas são entrelaçados a passagens históricas da nação que sempre olha para si por meio da arte, suas peculiaridades nas entrelinhas. Com personagens ora cúmplices ora dissonantes, a produção estreou este ano. A atriz e diretora Lía Jelín conciliou a formação internacional em dança com a trajetória teatral desde 1960.
08/09, 09/09, Auditório SESC Santos, Internacional, Uruguai, destaque, espetáculo »

Gabriel Calderón contava 17 anos quando escreveu o enredo que se passa em um ambiente opressivo e expõe a perversidade adulta sob a perspectiva de uma menina e sua boneca. Em 2004, aos 21 anos, seu texto foi acolhido num dos palcos tradicionais de Montevidéu, o Teatro Circular, atraindo o público jovem. Também codiretor e um dos intérpretes, o autor premiado quer mostrar a intimidade através de uma lente deformante: segredos sujos de pessoas condenadas a repetir-se. No olho desse redemoinho de entorno cruel, a protagonista será, ao lado do inseparável brinquedo, uma nada cândida sobrevivente. A irreverência e a contradição alimentam a Complot, companhia fundada há cinco anos por Calderón e o coreógrafo Martín Inthamoussú. Desde 2007, soma a dramaturga Mariana Percovich, nome destacado no panorama recente do país.
07/09, 08/09, Argentina, Casa da Frontaria Azulejada, Internacional, destaque, espetáculo »

Alguns sinais característicos do gênero latino-americano são colocados em xeque na história concebida pelo ator, diretor e dramaturgo. A masculinidade é dissecada sob o ponto de vista de quem vem do interior, um atalho biográfico para o idealizador Marcelo Mininno nascido em Salto e habitante da capital do país desde os 18 anos. O texto prospecta, afinal, como se constrói um varão. Três sujeitos envolvidos na criação, seleção e classificação de gado bovino em lotes de venda experimentam um processo de autoconhecimento ao olhos do outro. A montagem promove interface rural e urbana. Estreou em 2008 após um ano de investigação junto ao elenco convidado pelo autor. A obra também recorre a feitos históricos destacados nos últimos trinta anos da República Argentina. Mininno já atuou em mais de 25 produções. Por Lote 77, conquistou prêmios de referência em seu país. Atualmente, é professor da Escola Metropolitana de Arte Dramática.
10/09, 11/09, Casa da Frontaria Azulejada, Colômbia, Internacional, destaque, espetáculo »

Formado em 1994, o coletivo de Bogotá estende as artes cênicas a territórios do vídeo, música e artes plásticas, entre outros, para jogar com o imaginário social. A produção de 2010 é exemplar disso. Às vésperas do Réveillon de 2009, o Mapa Teatro rumou para a cidade de Guapi, na costa do país, beirando o Pacífico. O objetivo: acompanhar o Dia dos Santos Inocentes, 28 de dezembro, quando as ruas são tomadas por mascarados que dão chibatadas a quem lhe cruzar o caminho, tal Herodes perseguindo crianças, reza a crença local. Um testemunho da barbárie e autoflagelos. As imagens capturadas intercalam cenas ao vivo de um fim de festa. Narradores e artistas populares vindos da terra do rebu espelham a guerra colombiana entre realidade e ficção.
10/09, 11/09, Auditório SESC Santos, Equador, Internacional, destaque, espetáculo »

Todo domingo, ao entardecer, eles se encontram para imaginar outra realidade possível. Perseguidos por manifestar consciência crítica, dois presos políticos agarram-se às reinações de Quixote e Sancho Pança, o fio da meada para sobreviver, nesta montagem de 2005. Trocam fábulas entre si para, quem sabe, transpor os muros de segurança máxima feito o herói de Cervantes a confrontar monstros e moinhos gigantes. O Malayerba foi criado em Quito em 1979, formado por criadores vindos da Argentina e Espanha, entre eles o ator, diretor e dramaturgo Arístides Vargas e a atriz María del Rosario “Charo” Francés. O núcleo circula com frequencia por Europa, Estados Unidos e América do Sul, tendo se apresentado inclusive no Brasil. Seus espetáculos abarcam a rica diversidade cultural e a complexa história do Equador, assim como questões de migração, exílio, violência política e individual e memória coletiva.
07/09, 08/09, Argentina, Internacional, Teatro Coliseu, espetáculo »
Um dos fenômenos de público e crítica de Buenos Aires, onde está em cartaz desde 2005 e já fez turnê por Saravejo, Irlanda, Espanha e Brasil (festivais em Porto Alegre, Brasília e Londrina), o espetáculo aplica tons absurdos e realistas ao retratar o processo de desmanche de uma família. O adoecimento da avó, alicerce da casa, fragiliza de vez as relações com a filha e os quatro netos. É como se o espectador estivesse sob o mesmo teto desses moradores afetados pela miséria material. O espetáculo foi bastante associado aos reflexos do baque econômico que se abateu sobre o país em 2001. O texto é de Claudio Tolcachir, um dos fundadores da Timbre 4, em 1999, na qual também ministra aulas em sua sede no bairro de Boedo. Muitos núcleos do circuito independente da cidade surgiram nessa escola.
10/09, 11/09, Bolívia, Internacional, Teatro SESC Santos, espetáculo »

O grupo associa a narrativa épica do grego Homero à perseguição atual em países que adotam lei anti-imigração. Milhões de Ulisses abandonam suas terras em busca de paraísos quase sempre inóspitos. No original, o herói põe fim aos desmanches material e moral de Ítaca, onde vai resgatar a mulher e os filhos 20 anos depois de partir. A aventura é um testemunho de processos históricos, políticos e sociais. Memória e presente versus xenofobia. O sentido de urgência se expressa por meio de fontes da cultura andina. Criado em 1991, o Teatro de Los Andes abriga artistas de outros países: Argentina, Brasil e Itália. Sua sede fica numa comunidade próxima a Sucre, onde ensaia, se apresenta, realiza encontros e oficinas. Desde 1995, o núcleo edita a revista El Tonto del Pueblo.
09/09, 10/09, Internacional, Portugal, Teatro Coliseu, destaque, espetáculo »

Sete sobreviventes estão sitiados numa cidade tomada por um exército. O pesadelo do Holocausto é sugerido nas entrelinhas, mas o desencanto pela violência de guerra é exibida nos próprios telejornais de hoje. A partir dessa percepção, o grupo leva à cena a sua versão de 2008 para o romance homônimo do compatriota Gonçalo M. Tavares. No enredo, a aflição diante do futuro é diagnosticada por um médico empenhado em escrever sobre a história do horror no seio da humanidade. O desafio do grupo é aproximar o espectador da loucura e da escuridão latentes. Acordar consciências sobre as atrocidades sem prejuízo da ironia. O Teatro O Bando foi fundado em 1974. É uma das mais antigas cooperativas culturais do país. A reputação mundial veio da singularidade em colocar a pesquisa artística no plano das participações cívica e comunitária a partir da sua sede no do Vale dos Barris, em Palmela.
07/09, 08/09, Brasil, Nacional, Teatro Guarany, destaque, espetáculo »

Premiado no Rio de Janeiro, em 2009, e em circulação pelo país, o projeto é uma feliz triangulação da maturidade artística de Emilio de Mello e Fernando Eiras com o diretor Enrique Diaz em trabalho paralelo à Companhia dos Atores. Dois atores, duas cadeiras, um casaco, um lenço, um molho de chaves e o desenho de luz em palco nu como que bastam para defender a narrativa do autor canadense. Um homem escreve uma peça sobre alguém que sofre acidente, dois amantes vêem seu caso terminar e dois homens contam essa história. São dez personagens costurados em três camadas: a peça (escrita por um dos personagens), o espetáculo e o passado. A peça é a historia de Ray, mais “teatral” do que os demais planos. O espetáculo é o que acontece aqui e agora. O passado fala de como a relação dos protagonistas se desenvolveu. Uma estrutura metalinguística e um poético jogo de atuar levam a trama a um desfecho surpreendente.
02/09, 03/09, Internacional, Mexico, Teatro SESC Santos, destaque, espetáculo »

O castrato é um cantor com timbre e tessitura de voz peculiares, registro soprano. Para alcançá-lo, era comum na Europa do século XVI que os homens fossem castrados ainda na infância. A partir desse fenômeno artístico, social e cultural o grupo conceitua o que define como teatro-ópera, em que o ator lança mão de recursos da música e da dança para tratar da história de meninos pobres alçados a estrelas das frívolas cortes. Por meio da conferência dramatizada de um siamês de duas cabeças, que é cirurgião e cronista, o público é conduzido a uma viagem inusitada: do barroco, no início do século XVII, aos dias tecnológicos de hoje. Em atividade desde 1977, o Teatro de Ciertos Habitantes colhe prêmios e apresentações em importantes festivais nos cinco continentes. Entre os países visitados estão México, Alemanha, Cingapura, Egito, Argélia, Croácia e Brasil.