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PONTO DIGITAL MIRADA

Crianças e suas impressões/expressões diante de um espetáculo

A experiência de assistir a um espetáculo com crianças. No caso, o Teatro dos Seres Imaginários, da Cia. Seres Imaginários (RS), que se passa dentro de uma caixa de tecido suspensa a 1,5m do chão, com marionetes.

Por Julia Parpulov/Sesc Vila Mariana

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Na fila para entrar na “caixa” de seres imaginários, crianças e adultos. Mas tive sorte de entrar na sessão com os pequenos que, para que suas cabeças entrassem no buraco, tiveram que subir em caixas, deixando-lhes mais altos e autônomos de suas vidas por pelo menos dez minutos.

No escuro, um feixe de luz é direcionado à cabeça de um boneco-homem, que se abre, deixando sair uma marionete. Neste momento, todas as cacholas também se abrem e deixam-se levar pela imaginação. Os comentários infantis integram-se ao espetáculo, completando a experiência daqueles ali presentes.
Olhos de um gato brilham, e ao ser inteiro iluminado, elas gritam. “Uma aranha gigante!”. “Não, é um gato!”. “É um gato-aranha gigante!”. Criança é criativa.

Segue a narrativa e quando já estavam um pouco mais acostumados com o felino estranho que voava sobre suas cabeças, o bicho começa a “escalar” a parede, fazendo um vai e vem com o corpo que, supostamente, só em nossas cabeças adultas lembravam movimentos sexuais. O menino imediatamente solta: “Êêêêta viado!”. Ele não pensou, apenas expeliu. Criança não filtra.

Eis que nosso personagem peludo se envolve numa briga com os outros seres imaginários, o tubarão-lata e a girafa-elefante, na qual o gato quer pegar o ser aquático, e a menina diz: “Vai, salva o peixe!”. Mesmo sem saber o motivo, a meninada estava do lado do mais fraco. Criança é torcedora.

O homenzinho marionete, que saiu da cabeça do outro lá no início, aparece pendurado ao corpo de outro monstrinho, indefinível. “O boneco tá morto!”, lamentou outra menina, já que o corpo do homem parecia meio “sem vida” ao estar naquela situação. Criança é esperta.

Chegamos ao fim do espetáculo, as palmas rolam, os atores, antes cobertos de tecido preto, agora mostram seus rostos e aleatoriamente descem plaquinhas improvisadas: MER (ingenuamente pensei que fossem agradecer em francês, com um merci), FO, TE, RA. As crianças leem em voz alta conforme descem os sulfites: “MER-FO-TE-RA” e logo concluem “FORA TEMER”. As palmas continuam e uma garota, talvez a mais velha da turma, comenta “Eu achei incrível essa peça, mas o final foi o melhor!”. Criança pensa.

Se você quiser trazer as crianças ou só acompanhar um espetáculo para vivenciar o que eu vivenciei, além do Teatro dos Seres Imaginários, tem também o teatro de bonecos Som das Cores, da companhia Catibrum Teatro de Bonecos (MG), neste sábado e domingo, às 17h30.

**Leia mais sobre o Mirada 2016 aqui.