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PONTO DIGITAL MIRADA

Sobre as situações em que esbarramos diariamente

O espetáculo de Vinícius Calderoni traz situações cotidianas que se deslocam no tempo e no espaço

Por Renata Dantas / Sesc Belenzinho

ãrrã por Vinicius Calderoni

Um casal no primeiro encontro naquela mesa ao lado no bar, o crítico mala que fica tentando chamar atenção na plateia, o cara louco no carro ao lado conversando com o GPS. As cenas te parecem familiar? Assim é Ãrrã. As diversas cenas do seu cotidiano estão lá, dançando em um jogo rápido entre os intérpretes. Os atores se desdobram o tempo inteiro em múltiplos personagens de forma não linear.

“O deslocamento no tempo e no espaço se dá através do corpo e da voz do ator, das sugestões espaciais e da luz, quer dizer, não tem um cenário figurativo. Tem essa coisa de todas as transições e todos os saltos se darem através do texto”, afirma Vinicius Calderoni, que assina o texto e direção do espetáculo.

Segundo episódio da trilogia não sequencial “Placas Tectônicas”, que começou com o espetáculo “Não Nem Nada”, indicado ao Prêmio Shell 2014 de Melhor Autor e Melhor Atriz para Renata Gaspar, “Ãrrã” é um jogo cênico para uma dupla de atores e marca a primeira colaboração de Vinicius com Luciana Paes e Thiago Amaral da Cia. Hiato.

“O texto é uma investigação sobre uma dimensão quase lúdica do teatro, no sentido da dinâmica de jogo. Podem estar em vários lugares ao mesmo tempo. Coisas que só o teatro pode oferecer”, completa Calderoni.

“Ãrrã” dá espaço àquelas vozes e situações com que esbarramos diariamente. É também uma reflexão sobre os encontros, desconhecidos, curiosidades, rivalidades e estranhamento. E mais comum do que essas e tantas outras situações que o espetáculo traz, só mesmo a expressão que nos é tão natural e que dá nome ao espetáculo.

O cenário e o figurino são minimalistas. Os atores não trocam de roupa durante o espetáculo, e no cenário apenas uma prancha de madeira móvel está lá se transformando em diferentes coisas e te levando pra diversos lugares. A iluminação completa também o imaginário do público, ajudando na condução da trama.

Com apenas 31 anos, Vinicius Calderoni, além do coletivo “5 a Seco”, também participa da companhia Empório de Teatro Sortido, criada em 2010, com o diretor e dramaturgo Rafael Gomes. Desde seu primeiro espetáculo, “Música Para Cortar Os Pulsos”, a Cia. Empório de Teatro Sortido teve amplo reconhecimento e recebeu indicações e prêmios prestigiados, como o Shell, o APCA, o Questão de Crítica e o Prêmio FITA (RJ). No repertório da Cia, além de “Música Para Cortar os Pulsos”, estão outros cinco espetáculos: “Gotas D’Agua Sobre Pedras Escaldantes”, “Cambaio – A SECO”, “Não Nem Nada” e “Um Bonde Chamado Desejo”. Embora bem jovem, os textos de Calderoni conseguem dialogar com diferentes públicos, do iniciante ao mais tradicional. Prova disso foi o público presente na noite desta quinta no ginásio do Mirada.

*Leia mais sobre o Mirada 2016 aqui.