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PONTO DIGITAL MIRADA

Gênero, sexualidade e cena

Falar sobre temas ainda hoje tabus como orientação sexual e identidade de gênero é um ato artístico e político

Por Iran Giusti – Chicken or Pasta

Se existe um tema que o teatro tem explorado de forma consistente é o universo LGBT. Personagens lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais ganham vida pelas mãos de escritores e diretores dispostos a dar visibilidade ao complexo e diverso grupo.

Na edição 2016 do Mirada quatro trabalhos abordam o tema trazendo uma perspectiva diferente. Um dos destaques da programação infantil, o peruano “Simón, el topo”, conta a trajetória do pequeno Simón, uma jovem toupeira que se apaixona por seu amigo Raúl e passa a conviver, desde cedo, com o preconceito.

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O diretor Alejandro Clavier explica que a peça foi o projeto mais político com que se deparou em sua carreira e entende o espetáculo como uma ferramenta para falar com as crianças sobre orientação sexual.

“Os pais que entenderam isso e levaram seus filhos tomam uma decisão política, no sentido de apostar em uma geração menos contaminadas pelo preconceito. Acredito que o teatro e a arte permitem uma ponte com ideias que esperamos que se traduzam em pequenas mudanças”, diz Alejandro.    

Nascido na Venezuela e radicado no Peru há seis anos, Alejandro é homossexual e entende nessas duas questões pontos importantes para a sua produção. “A sensação de não-pertencimento é algo com que venho lidando desde pequeno e que me acompanha desde que me entendo por gente” e completa falando da própria infância: “quando criança eu dedicava muita energia tentando ocultar trejeitos ou expressões próprias de uma sexualidade que era vista como doença ou pecado”.

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Questões de gênero e sexualidade surgem ainda nos espetáculos “Zululuzu” e “Zona!”, assim como na performance “F2M2M2F”. O primeiro traz a Companhia Teatro de Praga fazendo sua leitura da historiografia de Fernando Pessoa, passando por questões de desconstrução de gênero. Já “Zona!” e “F2M2M2F” abordam, além da orientação sexual, a identidade de gênero. A primeiro peça conta com personagens trans interpretadas pelas atrizes transexuais Renata Carvalho e Thais Bratz e a performance “F2M2M2F” utiliza o beijo e códigos sociais para falar sobre o tema.

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui