#Simbyosis
BRASIL (PA)
Roberta Carvalho
As copas de árvores à beira do lago, do cais, na praça, no vão entre prédios, enfim, são múltiplas as paisagens que ganham outras “peles” por meio das silhuetas dos rostos, dos corpos demasiados humanos nas imagens digitais videográficas ou fotográficas projetadas nesta obra afeita à instalação e à intervenção em espaços públicos, modalidades comuns às artes visuais contemporâneas e das quais as artes cênicas também se apropriam de quando em quando.
Da relação entre tecnologia e arte, abre-se o portal da natureza simbolizada por dois seres ou espécies. Simbiose é a associação entre instâncias que harmonizam seus elementos para que ambas saiam bem nutridas uma da outra. A síntese poética, no caso, vai além da mera utilização da folhagem ou do reflexo na água como anteparos.
Em ações noturnas que demandam estrutura de luz potente, as figuras, geralmente amazônicas, dialogam com o volume da árvore conforme seu entorno no local da cidade. É como se corpo/imagem se adequasse ao espaço ao qual é destinado, compondo um só organismo. Sob o prisma de folhas e galhos, por exemplo, a imagem de um homem em posição fetal pode fazer com que uma árvore se converta em ventre.
Nascida em Belém (PA), onde vive, a artista Roberta Carvalho aninha linguagens em processo de hibridismo: vai da fotografia ao vídeo, passa pelo mapping (técnica de mapear a superfície onde é projetada) e retorna à fotografia como registro desse percurso. O resultado são esculturas que têm lá sua tridimensionalidade, como atesta uma espectadora de Lorena (SP), emocionada, ao se deparar recentemente com uma árvore “piscando” para ela: “Eu sabia que elas tinham olhos e nos observavam, elas nos veem”. O contato é a chave desse trabalho embrionário da floresta, nortista-universal, em circulação pelo país desde 2008. Propõe, em suma, que a arte afete a vida das pessoas e seja afetada por elas.
De 5 a 15/9. Todos os dias, a partir das 19h.
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