Mirada
“Todo escritor que crea es un mentiroso; la literatura es mentira, pero de esa mentira sale una recreación de la realidad; recrear la realidad es, pues, uno de los princípios fundamentales de la creación”
Juan Rulfo
O SESC São Paulo realiza, de 5 a 15 de setembro de 2012, a segunda edição do MIRADA } Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos.
O Festival desenha um panorama contemporâneo de 14 países falantes do espanhol e do português. Reúne criadores fundamentais da América Latina, do Caribe e da Península Ibérica, conformando 42 produções entre espetáculos, intervenções, instalações ou performances, sendo 25 delas internacionais e 17 brasileiras.
Em suas poéticas do corpo, da palavra, da imagem, da ficção e do real, estão representados Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, México, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela.
O MIRADA homenageia um país a cada edição. É a vez da produção mexicana, com sete espetáculos significativos daquele universo cênico tão pungente e pouco conhecido do espectador brasileiro. O Brasil conta com expressões de nove Estados.
O Festival lança um olhar para a cena do outro. Reduz fronteiras. Amplia horizontes. Valoriza a dimensão humanista. Faz emergir a geografia imaginária de povos tangidos por raízes históricas e etnias indo-afro-ibero-americanas.
Além do SESC Santos, são ocupados mais outros espaços parceiros, entre salas de teatro, praças, parques, monumentos e demais ambientes alternativos. Uma das novidades deste ano é a programação extensiva a outras cidades da Baixada Santista, com apresentações em Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande e São Vicente.
A pauta multicultural é retroalimentada ainda por atividades reflexivas ou formativas com debates e oficinas que estimulam o intercâmbio de pesquisadores, público e criadores.
Tal qual a narrativa do escritor mexicano Juan Rulfo (1918-1986), que particulariza aspectos das sociedades colonizadas, por vezes em tom de denúncia social, sem ceder uma vírgula quanto ao rumor da linguagem, ao apuro estético, vide o romance Pedro Páramo (1965), o MIRADA acolhe obras com tônicas histórica e social das realidades locais e globais, seus imaginários coletivos e individuais, seus territórios rurais e urbanos.
Almeja, pois, compor um retrato artístico angular do processo de construção das subjetividades ibero-americanas nesta altura do século XXI.