“Um dos retratos de Santos”. É com esta frase, aos prantos, que a psicóloga Rafaela Camargo definiu o espetáculo Projeto Bispo. “Foi muito bonito como na rua eles conseguiram captar uma faixa sensível, que toca. É um contraste dessa cidade, não é?”, completa, secando as lágrimas.
O Coletivo, grupo teatral de pouco mais de dois anos, trouxe para o Mirada a visão do centro histórico e seus personagens marginalizados em um espetáculo que causou fortes emoções no público ao tocar em uma das feridas da cidade: o fechamento da Casa de Saúde Anchieta, no início da década de 90. Como resultado, grande parte dos seus pacientes acabou sem abrigo e hoje, compõem uma parcela da população que vive nas ruas de Santos.
O tema delicado não é desconhecido para O Coletivo. Todos os seus atores vieram da Baixada Santista, portanto a história desses personagens sempre esteve presente no imaginário. “É muito bom estar no Mirada representando Santos, ainda mais porque somos um coletivo grande. Tem pessoas de Santos, Guarujá, Praia Grande, São Vicente. Não é só Santos, mas a Baixada toda está aqui. Pra gente é muito bacana”, disse o diretor, Kadu Veríssimo.
“Foi um trabalho de ressignificação de ruas, edifícios antigos, tudo que é um símbolo muito forte para a cultura santista em termos de arquitetura e história. É comum começarmos a desviar os olhos para esse ser excluído da sociedade”, completou Junior Brasseloti, ator e produtor da peça.
Texto: Coletivo Pão & Circo
Vídeo: Coletivo Querô