santos – Sesc Mirada https://mirada.sescsp.org.br/2016 MIRADA - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos Tue, 31 Jan 2017 21:44:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.5.8 [Webdoc] ZULULUZU – Teatro Praga https://mirada.sescsp.org.br/2016/webdoc/webdoc-zululuzu-teatro-praga/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/webdoc/webdoc-zululuzu-teatro-praga/#respond Tue, 04 Oct 2016 20:40:46 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2964

“Não é porque os outros são a maioria que eu sou a minoria. Eu sou a minoria porque todos nós somos a minoria. E se todos nós somos a minoria, a maioria não existe. A maioria não existe. O preto nunca foi preto antes de ser chamado de preto!”

A viagem “delirótica” da Companhia Teatro de Praga (sediada em Lisboa há 11 anos) contraria informações aparentemente duais e reexamina o passado para libertá-lo de duelos empobrecedores.

Responsável pelo espetáculo ZULULUZU no Mirada 2016, a Teatro de Praga está no 2º episódio dos webdocumentários gravados no Festival.

 

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui.

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Por que uma noite na Zona Portuária de Santos? https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/por-que-uma-noite-na-zona-portuaria-de-santos/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/por-que-uma-noite-na-zona-portuaria-de-santos/#comments Wed, 14 Sep 2016 21:03:19 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2206 29019830726_3b87cff427_k

Por Thais Amendola – Sesc SP

Conversamos com o grupo O Coletivo, que nos contou sobre o trabalho de construção e o processo criativo de “Zona!”.

Ponto Digital: Qual a ideia inicial de explorar as relações e o espaço urbano da região do Cais de Santos? Como e quando o grupo iniciou a pesquisa?

Kadu Veríssimo: Cada um de nós veio de um lugar diferente – eu do Guarujá, outro da Praia Grande, São Vicente… Nos encontramos e resolvemos trabalhar juntos. Tivemos como ponto de partida, em 2012, o projeto “Bispo”, nosso primeiro trabalho. Começamos a ensaiar na Vila do Teatro, no Centro, que é um espaço de ocupação.

Junior Brassalotti: Todos os núcleos que operam na Vila do Teatro trabalham com a ressignificação e ocupação dos espaços públicos. E a convivência no entorno nos deu as pessoas que ali vivem, sobretudo moradores de rua. É uma coisa muito forte a presença deles, que hoje já interagem com a gente de maneira muito natural.

Kadu Veríssimo: Assim fomos descobrindo aquela região, que durante o dia é um caos e a noite vira o lugar dos invisíveis. E ensaiando por ali, fomos descobrindo, de forma que definiu o caminho do nosso trabalho: o diálogo com a cidade. Do “Bispo”, isso estendeu-se para o “Zona!”.

Ponto Digital: Como a pesquisa para o trabalho se deu? Houve um processo de imersão na realidade do Cais de Santos?

Junior Brassalotti: Com esta nossa vivência em “Bispo”, reconhecemos o universo das travestis, da prostituição, do cais, dos excluídos em geral – assim como nós, pois também somos marginalizados, a partir da nossa profissão.

Caio Martinez Pacheco: “Zona!” é encenado em duas regiões da cidade que estão morrendo: uma é a Boca do Lixo; outra é a catraia, na Bacia do Mercado – é algo muito peculiar da cidade, um meio de transporte pouco explorado. Então ligamos o Porto e a Cidade na estética do espetáculo.

Ponto Digital: Os personagens do espetáculo são inspirados em figuras deste contexto, presentes não apenas em Santos, mas em diversas – senão todas – as regiões do país. Como foi o contato com essas pessoas? De que forma elas contribuíram na construção do espetáculo?

Junior Brassalotti: Nós tínhamos um medo de sermos agressivos com elas nas abordagens, então tomávamos cuidado. Elas já são tão exploradas e não queríamos também fazer isso. O espetáculo é uma denúncia, não exploramos as imagens e os clichês, já tão retratadas na dramaturgia. Vivenciando tudo isso, descobrimos as histórias das pessoas dali. As meninas – as travestis, as prostitutas – nos deram todas as histórias.

Renata Carvalho: É importante falar sobre também a questão da industrialização do porto, a chegada da AIDS – Santos foi conhecida nacionalmente como a capital nacional da AIDS, mas na verdade é porque ela estava combatendo (a doença), com um projeto do qual eu faço parte – e de todas as pessoas. Não é um universo distante. Cada um de nós tem sua forma, seu personagem, mas o protagonismo é do feminismo. Essa dor é da mulher, é uma história da mulher, pois são elas as verdadeiramente exploradas nestas zonas. Vimos tantas coisas nestas andanças, mas há algo que nos tocou muito, que uma das meninas nos disse: ‘Por que há pessoas que sofrem tanto?’ Então fomos com esse sentido, buscamos igualdade, até porque nós também estamos lá.

Ponto Digital: Como vocês desenvolvem e lidam com a interação com o público em cena?

Kadu Veríssimo: Nós adoramos.

Junior Brassalotti: O ator enquanto jogador tem que se ligar que, às vezes, a bola está com o outro, e jogar com ele.

Kadu Veríssimo: Como nosso processo não parte de um texto decorado, partimos das experiências de cada um e junto do que queremos dizer, então vamos brincando em cima disso.

Junior Brassalotti: Nós temos um universo pra onde voltar. Damos uma brecha para o que tiver que acontecer, mas sempre sabendo o caminho de volta.

Ponto Digital: O público da região assistiu ao espetáculo? Como foi a reação e receptividade?

Junior Brassalotti: Todos os nossos ensaios foram abertos. Os que passavam e tinham interesse, poderiam acompanhar. No nosso último ensaio, havia vários filipinos no bar do lado, que resolveram assistir, junto de todas as meninas. Ou seja, fizemos aquela apresentação para elas. Cantaram, pularam, gritaram, tiraram a roupa e, em muitos momentos, se reconheceram e não se sentiram agredidas, muito pelo contrário. Foi realmente uma troca literal.

Você pode conferir a crítica do espetáculo aqui.

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Cruzar La Calle – A travessia da sociedade peruana https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/cruzar-la-calle-a-travessia-da-sociedade-peruana/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/cruzar-la-calle-a-travessia-da-sociedade-peruana/#respond Sat, 10 Sep 2016 19:02:55 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=1529 Texto, fotos e vídeo por Carol Vidal – Sesc Itaquera

O espetáculo “Cruzar la Calle” nasceu do texto do jovem diretor Daniel Amaru Silva, vencedor no primeiro Concurso Nacional Nova Dramaturgia Peruana 2014, com montagem realizada pelo Ministério da Cultura do Peru.

Logo de início, o protagonista Hector Amaru (como o autor) nos insere em sua fala rancorosa, trazendo ao público referências de suas origens incas – carregada por seu sobrenome, renegada pela sociedade peruana. Hector também evoca a figura da águia protetora na língua indígena quéchua. A águia é o elo que irá unir Hector e Elena – filha de Tomáz, que sente prazer em desenhar coisas mortas.

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Uma obra polissêmica e não linear

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“Cruzar la Calle” explora a polissemia, tanto no texto original como na montagem. O texto de Daniel Amaru foi construído de forma não linear, estimulando múltiplas interpretações. A direção de Carlos Tolentino ressalta o processo da “construção da construção”, como um “quebra-cabeças”, para que se dê a simultaneidade com o que autor escreve. Isso se concretiza com a trama ocorrendo em diferentes espaços (marcados pelo cenário modular) onde o diálogo pode estar ocorrendo ao mesmo tempo, dentro de uma casa, mas que pode também ser outro lugar.

Futebol

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As referências ao futebol são muitas, e começam quando o protagonista Héctor Amaru, comenta com a plateia que seu nome é como o jogador e técnico peruano Héctor Chumpitaz, que foi padeiro como seu pai e como ele. Tomáz, o motoqueiro que atropela o cão, fato que faz a trama se desenrolar, (ou se emaranhar), também foi jogador de futebol, mas interrompeu seu sonho por conta de uma lesão (que faz doer até hoje).

Desintegração da família, machismo e racismo

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Segundo o diretor, a peça traz histórias de mulheres que rompem com os estereótipos da mulher latino-americana e histórias de homens ausentes (ausência física ou de espírito).

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Evidencia o machismo e o racismo presentes na cultura peruana, que convive com a ilusão da felicidade do matrimônio, construída e reafirmada por décadas e gerações.

Um novo momento para o teatro peruano

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Cruzar la Calle (atravessar a rua, em português) é a decisão de atravessar algo, mas essa decisão implica riscos“ – resume o diretor. Héctor quer saber quem atropelou o cachorro e por que, e acaba se envolvendo em algo maior, uma tragédia, em que a filha mata seu próprio pai.

O espetáculo é um retrato da decadência dos valores católicos tradicionais da sociedade peruana, que neste momento vive em uma democracia, mas que é permeada por uma ilusão a respeito do bem-estar social.

Confira no vídeo trechos da entrevista com o diretor Carlos Tolentino:

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Mirada pela cidade – espaços importantes da cidade que abrigam peças https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/mirada-pela-cidade-espacos-importantes-da-cidade-que-abrigam-pecas/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/mirada-pela-cidade-espacos-importantes-da-cidade-que-abrigam-pecas/#respond Sat, 10 Sep 2016 00:33:38 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=1497 por Patrícia Diguê

Shakespeare em um teatro de 1882; uma estreia nacional em uma sala com decoração italiana montada com 39 lustres; um espetáculo internacional em um antigo armazém que ainda mantém sua fachada original de azulejos portugueses; e uma peça que fala da resistência das mulheres durante a ditadura em uma fortaleza de verdade. Estes são apenas alguns detalhes dos espaços ocupados pelas obras do Mirada. Além dos teatros e salas de espetáculos da cidade, o festival está sendo realizado também em construções históricas, pontos turísticos e até nas ruas.

Primeiro edifício construído para fins teatrais em Santos, o Teatro Guarany foi inaugurado em 1882 e destruído por um incêndio que poupou apenas as paredes externas, em 1981. Após duas décadas de abandono, foi reconstruído e reinaugurado em 2008. Por lá, passarão “Hamlet – Processo de Revelação” (BRA), “Brickman Brando Bubble Boom” (ESP), “Birdie” (ESP) e “No daré hijos, daré versos” (URU).

guarany

A história do Coliseu começou em 1897, com a inauguração de um ginásio de madeira, com velódromo, arquibancada e botequim. Em 1909, foi substituído por um teatro com 1.500 lugares e acústica considerada perfeita. Em 1924, foi reinaugurado com a configuração atual e 2.300 lugares. Terão o privilégio de apreciar a arte italiana que decora o local quem for assistir a “Zululuzu” (POR), “Comédia latino-americana” (BRA) e “Antigonon, um contingente” (CUB).

coliseu

Na Casa da Frontaria Azulejada, estão programados “Quando todos pensavam que havíamos desaparecido” (MEX), “Cabras” (BRA) e “Rebú” (COL). O armazém é um dos prédios históricos mais significativos de Santos, construído em 1865 para ser residência e armazém de um bem sucedido comerciante de café.

frontaria azulejada

A Fortaleza da Barra (hoje Museu Histórico Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande), construída em 1584 e reconhecida como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN em 1964, ocupa um esporão rochoso no canal do porto. O local foi o escolhido pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz para apresentar “Viúvas – Performance sobre a ausência” (BRA), que fala sobre a resistência das mulheres que perderam pais, maridos e filhos para as ditaduras latino-americanas. A montagem foi criada em um lugar histórico de Porto Alegre, as ruínas do presídio de segurança máxima da Ilha das Pedras Brancas, ambiente que será reproduzido na fortaleza.

fortaleza da barra menor

Além desses, estão na lista de espaços que recebem espetáculos o C.A.I.S. Vila Mathias, o Teatro Brás Cubas, a Cadeia Velha, a Casa Rosada (Prédio de Prevenção da Sabesp), a Sala Princesa Isabel, a Bacia do Mercado, a Estação do Valongo, a Fonte do Sapo e o Emissário Submarino.

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