psicoembutidos – Sesc Mirada https://mirada.sescsp.org.br/2016 MIRADA - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos Tue, 31 Jan 2017 21:44:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.5.8 [Webdoc] Psico/Embutidos, Carnicería Escénica – Compañia de La Universidad Veracruzana https://mirada.sescsp.org.br/2016/webdoc/webdoc-psicoembutidos-carniceria-escenica-compania-de-la-universidad-veracruzana/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/webdoc/webdoc-psicoembutidos-carniceria-escenica-compania-de-la-universidad-veracruzana/#respond Thu, 20 Oct 2016 20:53:41 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=3017

“A carne é história. A gente guarda ficções na carne, e o corpo é um montoado de vísceras, de tempo, de ideias, de amores, desamores, desencontros”.

O objetivo do autor e diretor Richard Viqueira com a vivência sensorial Psico/Embutidos é transmitir a sensação de uma travessia dentro do organismo vivo. Afinal, somos todos perecíveis?

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui.

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Quando só eu não me despi https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/quando-so-eu-nao-me-despi/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/quando-so-eu-nao-me-despi/#respond Sat, 17 Sep 2016 19:49:55 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2698 Por Julia Parpulov/Sesc Vila Mariana

Cena do espetáculo Psico/Embutidos | Foto: Matheus José Maria

Teve bastante nudez no Mirada e o espetáculo que mais chamou a atenção por isso foi o Psico/Embutidos, Carnicería Escénica, no qual todos os atores e atrizes ficam nus dentro de uma instalação que simula o sistema digestivo. O público, como se fosse um alimento, “passeia” pela instalação de 8 metros de altura, parando em frente a cada ator/atriz para uma cena, ou conversa, de dois minutos. Logo no início você também é convidado a se despir, se tiver vontade ou coragem.

Participei do espetáculo e não me senti à vontade para tirar a roupa, como a maioria do público, mas algumas pessoas sim. Pudor, vergonha, preocupação, são vários os motivos que não nos deixam nos expor assim, mesmo quando se é permitido. Pensando em trabalhar isso, houve um laboratório com o diretor da peça, Richard Viqueira, e com os atores Benjamín Castro, Karla Camarillo e José Palacios, em cima do processo de criação do espetáculo, abordando a nudez e buscando relatos de vida, por meio de métodos de criação teatral. Eu diria mais uma oficina de libertação.

Sabendo da grande possibilidade de ter que me despir neste laboratório, pedi para participar apenas como ouvinte. Conversei com os participantes antes, quatro meninas e dois meninos, avisando que só fotografaria o início da oficina. Não queria inibi-los. O diretor começou falando sobre a peça e sobre o que seria trabalhado na atividade. Depois o ator Benjamín Castro explicou o exercício das oito “estações”:

– Zona da Nudez
Obrigatoriamente teria que ser a primeira. Num quadrado marcado com fita crepe, bem no meio da sala, a pessoa deveria entrar lá e tirar toda sua roupa, no seu tempo, para então começar a passar pelas outras estações.

– Zona Cicatriz
Parar neste ponto e falar a história de alguma cicatriz de seu corpo.

– Zona Histórica
Comentar algum fato histórico marcante da sua vida ou político.

– Zona Apócrita (Falsa)
Dizer algo que é mentira mas que você faz, ou já fez, os outros acreditarem que é verdade.

– Zona à Própria Morte
Relatar algum momento em que esteve próximo de uma situação de morte.

– Zona Insignificante
Falar qualquer coisa que queira expor.

– Zona Emboscada
Refúgio onde o participante podia parar e só observar os outros, sem precisar falar ou fazer nada.

– Completar a frase: “O que fiz a 1ª vez que me descobri sexualmente…

Início do Laboratório “Experimentações Psicoembutidas” | Foto: Julia Parpulov

Todos começam a circular na sala, sob os comandos dos ministrantes. Correr o máximo que der, andar o mais lento possível, abaixar-se, elevar-se, arriscar-se na gravidade, pensar no limite do próprio corpo, contrastar com os seus parceiros, tentando manter um equilíbrio de movimentos entre um e outro para não cair na monotonia do ritmo. Assim seguiu por uns 15 minutos até o diretor, tentando manter naturalidade e ainda dando instruções, entrar e tirar a roupa na primeira zona. Na sequência, os atores, um a um foram se despindo. Logo os participantes também foram se sentindo à vontade e entraram de corpo e alma. Menos uma mulher.

Cada um parava na esfera que queria e contava aos ventos seus mais íntimos segredos, mas de uma forma caótica todos falavam ao mesmo tempo, mal se ouviam. Era uma exposição que mexeria com o interior de cada um. Continuavam a correr, se movimentar, todos como vieram ao mundo e já não se importando mais em estar daquele jeito tão vulnerável, pois todos estavam na mesma situação.

A sala começa a ficar quente pelo calor das palavras que saem da alma, misturadas aos medos antes guardados e ao odor corporal do esforço físico e do nervosismo. A mulher mais jovem ainda estava vestida. Só ela e eu. Mas ao final, numa clara indecisão, ela para por um momento com o pé em cima da linha da zona de nudez e como num salto a um precipício, entra e começa a ficar nua, faltando cinco minutos para encerrar o exercício. Aproveitou e começou a falar sobre si nas outras zonas. Sentia-se pronta agora.

Finalização do Laboratório “Experimentações Psicoembutidas” | Foto: Julia Parpulov

Depois de quase 30 minutos de exercício, o diretor recomenda que todos caminhem lentamente e se sentem em círculo, vestidos ou não. Viqueira fala suas impressões sobre como foi o processo no geral, como tiveram diferenças de tempos e de como alguns se expressam melhor com o corpo e outros com as palavras.

Por toda a oficina me senti uma estranha no ninho, uma intrusa invadindo a intimidade alheia, mas me encontrei em muito do que eles falaram e acredito que muitas pessoas também se espelhariam. Todos nós temos medos e expor seu corpo a pessoas completamente estranhas é uma maneira de arrancar estas inseguranças. Ficou claro que todos estavam na mesma situação de constrangimento, mas também na mesma situação de se libertar de algo. Ao final, cada um fez seu autorretrato, dizendo para aquele pequeno grupo, que praticamente virara sua família por uma tarde, suas histórias de vida e seus anseios. Houve comoção. Eu os admirei muito pelo que passaram e me senti menos humana estando de roupa ali naquela sala com eles. Vestida de pano e pele.

O trabalho com o corpo leva tempo, pois abre algumas portas. No fim, o que era para ser um processo teatral se tornou uma oficina para abrir o coração e a mente para os atores da vida. Todos somos corpos com histórias, só precisamos nos ouvir e saber ouvir e respeitar os outros. E mesmo assim só eu não me despi naquele dia.

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Espetáculos que sobem a serra https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/espetaculos-que-sobem-a-serra/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/espetaculos-que-sobem-a-serra/#comments Fri, 16 Sep 2016 15:00:56 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2224 Por Patrícia Diguê

A partir deste sábado (17), espetáculos que participam do Mirada serão levados a outras unidades do Sesc, dentro do projeto Extensão Mirada. Eles passam pelo Sesc Consolação, Pompeia, Pinheiros, Bom Retiro, Ipiranga, Vila Mariana e Sorocaba. Confira:
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Cuando todos pensaban que habíamos desaparecido – gastronomiaescénica (MEX)

O subtítulo dessa criação coletiva fornece outras pistas para o que virá: gastronomia cênica e teatro documental baseado na comida e na festa dos mortos. Ao contrário do tabu ocidental, na cultura mexicana o Dia de Finados é celebrado com as casas enfeitadas e os familiares e amigos preparando os pratos favoritos daqueles que não se encontram mais fisicamente entre eles. Sábado e domingo  17 e 18/09 – Pompeia

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¿Que haré yo con esta espada? (Aproximación a la ley y al problema de la belleza) (ESP)

O trabalho que estreou no Festival d’Avignon, em julho, parte de dois crimes transcorridos em Paris, em diferentes épocas: o canibalismo do universitário japonês Issei Sagawa, que esquartejou a namorada e declarou tê-lo feito por amor em 1981, e o terrorismo dos ataques em série que deixaram 130 mortos na noite de 15 de novembro de 2015. Apesar de macabros, a artista catalã Angélica Liddell prospecta em cena uma tomada de consciência da própria existência, uma rebelião contra o racionalismo. Sábado e domingo – 17 e 18/09 – Pinheiros

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No daré hijos, daré versos (URU)

O drama intercala prosa e canções a partir da vida e da obra da poeta Delmira Agustini (1886-1914), cuja memória e arte andavam relegadas até ganhar novo alento nos últimos anos. Ela morreu assassinada a tiros pelo ex-marido. Referência no teatro de pesquisa em seu país, a dramaturga e diretora Marianella Morena compõe três atos em movimentos distintos em gênero e linguagem, do realismo ao hiper-realismo. Questiona a premissa de verdade única borrando o real, a história e a ficção. Terça e quarta – 20 e 21/09 – Ipiranga

dinamo

Dínamo (ARG)

Acompanhamos o inusitado contexto de três mulheres que compartilham um trailer perdido em alguma estrada qualquer. Em princípio, elas não sabem da presença das demais. A peça expõe como tanta solidão e estranhamento podem gerar novas energias à vida. Quarta – 21/09 – Sorocaba / Sábado e domingo – 24 e 25/09 – Bom Retiro

contadora

La contadora de películas (CHI)

Não é difícil imaginar as dificuldades de quem vive e trabalha na região das minas de salitre no deserto de Atacama, no norte chileno. Foi lá que o escritor Hernán Rivera Letelier, de 66 anos, passou a infância e, por isso, escolheu a geografia isolada para ambientar a história de María Margarita no livro lançado em 2009 e adaptado sob mesmo título pela Cia. Teatrocinema, em 2015. Quarta e quinta – 21 e 22/09 – Vila Mariana

psico

Psico/embutidos, carnicería escénica (MEX)

Essa instalação cênica replica o aparelho digestivo e propõe uma vivência sensorial. A obra deglute os espectadores, estimulados a transitar pela estrutura em diferentes níveis, no limite de oito metros, contornando obstáculos até a etapa em que todos são, simbolicamente, expulsos do mecanismo. O objetivo do autor e diretor Richard Viqueira é transmitir a sensação de cumprir essa travessia dentro do organismo vivo. O itinerário é feito de encontros com os 19 atores, um a um, cujas idades variam na casa dos 20 aos 80. De sexta a sábado – 23/09 a 01/10 – Consolação

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Teatro Digestivo https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/teatro-digestivo/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/teatro-digestivo/#respond Fri, 09 Sep 2016 22:15:09 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=1472 psico-3Por Mariana Krauss –  Sesc Taubaté

Após assistir uma peça de teatro, pode ser necessário um período para a digestão daquela experiência. No caso de “Psico/Embutidos – Carniceria Escénica”, as lógicas se invertem, e o público é simbolicamente engolido, digerido e excretado pela estrutura cênica construída especialmente para a peça.

O roteiro é representado por embutidos personificados. Os alimentos produzidos com o preenchimento de tripas orgânicas ou sintéticas são relacionados a diferentes personagens da sociedade.  E não pense que tudo o que está no açougue tem a mesma importância. Entre salames e salsichas, há hierarquia para tudo. Quantas metáforas cabem no espetáculo?  Somos nós também embutidos e digeridos pelo sistema?

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Psico/Embutidos é uma experiência física. Subir e descer as escadas estreitas, escorregar pelos tobogãs que simulam os caminhos de um aparelho digestivo, tudo exige um esforço em que não há espaço para passividade. Em Psico/Embutidos não há plateia. Em cada nicho, um ator fala diretamente com um expectador, numa cena particular.

Na travessia dos patamares, há também a metáfora para a passagem do tempo. No topo da estrutura, a mais jovem atriz da companhia protagoniza a cena, e progressivamente as idades vão aumentando, em uma alusão à passagem do tempo.

O espetáculo, com ingressos esgotados para todas as sessões, desdobra-se em uma instalação audiovisual, em que trechos das cenas roteirizadas são exibidas em alguns dos patamares, proporcionando uma nova experiência a partir conceito da peça.

A Organización Teatral de la Universidad Veracruzana é a mais antiga companhia de teatro do México, e é um dos expoentes do teatro contemporâneo do país. Psico/Embutidos é assinada  por Richard Viquera, diretor eleito pela revista mexicana Donde Ir como o Homem do Teatro da década 2001-2010.

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