Mirada – Sesc Mirada https://mirada.sescsp.org.br/2016 MIRADA - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos Tue, 31 Jan 2017 21:44:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.5.8 [Crítica] Potência política do erotismo https://mirada.sescsp.org.br/2016/critica/potencia-politica-do-erotismo/ Mon, 19 Sep 2016 12:44:28 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2917 17102015_ANDALUCIA,CADIZ_30 Festival Iberoamericano de teatro de Cádiz_Victor López

17102015_ANDALUCIA,CADIZ_30 Festival Iberoamericano de teatro de Cádiz_Victor López

“Yo lo soñé impetuoso, formidable y ardiente;
hablaba el impreciso lenguaje del torrente;
era un mar desbordado de locura y de fuego,
rodando por la vida como un eterno riego”.
Delmira Agustini

por Ivana Moura, do Blog Satisfeita, Yolanda

O amor para a poeta uruguaia Delmira Agustini é um território fértil, povoado por corporeidades, desejos e êxtases. Mas também um campo de revolução pelos direitos femininos e liberdade da mulher. Essa figura à frente de seu tempo é a protagonista da montagem No daré hijos, daré versos, da companhia uruguaia Teatro La Morena, exibida no MIRADA- Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos, em São Paulo. Mais que uma biografia de Delmira Agustini (1886-1914), que morreu assassinada por Enrique Job Reyes, seu ex-marido, a encenação investe no caráter político da vida da artista, nas diferentes versões do amor – e suas impossibilidades – sem adotar maniqueísmos e na investigação sobre o teatro, a partir do atrito entre real e ficcional.

A peça está dividida em três atos, três pontos de vista, em 75 minutos sem intervalo. Na primeira mirada vemos seis corpos entrelaçados, que ocupam uma cama que está no centro do palco. Percebemos com mais clareza que são seis quando o espetáculo inicia e eles começam a se movimentar. Diferentes faces de um hexaedro. Agustini e Reyes, a poeta e seu companheiro, um comerciante de gado, multiplicados por três. Um começo fotográfico.

O metateatro explora o ambiente familiar, patriarcal e falso moralista dos parentes da escritora na segunda parte. O terceiro ato salta para o século 21, quando uma casa de leilão apresenta um lote com o material de Delmira: revólver do crime, uma gravação confessional e a correspondência inédita.

Na primeira parte, eles estão em roupa de dormir e o erotismo exala da coreografia dos corpos, principalmente das atrizes que traduzem a fogosidade da poeta. Esse ato, chamado de “Da morte para a vida”, explora o embate das três Delmiras e dos três maridos. Uma bala entrando pelo quarto depois do tiro levando à multiplicação da protagonista. Ela assassinada aos 27 anos, um mês depois de se divorciar. Ficaram casados por apenas 45 dias, entre agosto e setembro de 1913.  

Uma das primeiras hispo-americanas a escrever poesia erótica, a personagem arde de vida e desperta posturas conservadoras nos homens, que tentam fugir dela, enquanto a moça os acusa de carregarem “gato morto”. Vale contextualizar: no início do século 20, a castidade é dever feminino, as mulheres honradas não podiam ter relações sexuais antes do casamento. Também não estavam autorizadas a expressar seus desejos. Dessa perspectiva, o erotismo da poesia de Delmira Agustini ganha potencial político.

A encenação aborda a artista/revolucionária pelas entradas da obra da poeta, do que se sabe de sua vida e da criação imaginária do grupo teatral sobre os momentos mais importantes da personagem. Pelas escolhas textuais e de direção de Marianella Morena parecem três peças distintas.

O elenco é formado por Lucía Trentini, Leonardo Noda, Laura Baez, Agustín Urrutia, Mané Pérez e Domingo Milesi.  A música de Lucía Trentini e Nicolás Rodriguez Mieres desempenha papel importante na história, a dar grandezas às situações. A cenografia e figurinos são assinados por Johanna Bresque. O desenho de luz é de Claudia Sánchez.

O cenário é composto, no primeiro momento, por um guarda-roupas ao fundo, criado-mudo à esquerda, um sofá à direita; que são reaproveitados nas outras ações.  Com trajes de dormir no primeiro ato e figurinos que expõem o teatro enquanto mecanismo no segundo.

A caricatura, o grotesco, os jogos de construção e reconstrução de gestos inundam o segundo ato com humor, quando os atores defendem os papeis de pai, mãe, irmão, empregada, Delmira e Reyes. A encenadora salienta o teatral na incompatibilidade idade física dos intérpretes com seus personagens. Mas também na construção do jogo de criação e nas perguntas implícitas sobre o papel do teatro, ao recorrer aos clichês de representação.

Na terceira parte, os atores de pé leem fragmentos de cartas, algumas dirigido ao escritor argentino Manuel Ugarte (que além de ser testemunha do casamento de Delmira, era seu amante), uma gravação e a suposta arma do crime. Eles estão em um leilão. E dessa vez a encenação faz uma crítica a desmemória, ação em que faz desaparecer objetos, relíquias, que são espalhadas e guardadas por curiosos ou colecionadores.

No daré hijos, daré versos utiliza diferentes recursos e técnicas. Do realismo ao hiper-realismo, borrando o real, a história e a ficção, questionando a premissa de verdade.  Trabalha com as dobras do teatro, as pregas como possibilidades de projeção interpretativa ao infinito.
*Ivana Moura é jornalista, crítica cultural, pesquisadora de teatro, atriz e dramaturga. Mestra em Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Desde 2011 edita e produz conteúdo para o blog Satisfeita, Yolanda?, do qual é uma das idealizadoras. Participou de coberturas de festivais e mostras como a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp (2014, 2015 e 2016), a Mostra Latino Americana de Teatro de Grupo (2015), Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília (2014 e 2015) e  Bienal Internacional de Teatro da USP (2015). Integra a DocumentaCena – Plataforma de Crítica e a Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT-IACT, filiada à Unesco.

]]>
Para continuar no clima https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/para-continuar-no-clima/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/para-continuar-no-clima/#respond Sun, 18 Sep 2016 19:38:24 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2830 Por Cris Komesu/Sesc SP

Durante os últimos dez dias, Santos respirou, comeu, riu e chorou teatro. Agora, no apagar das luzes, fica difícil lidar com o fim do festival. Mas a paixão pelas artes cênicas continua, seja nos espetáculos que sobem a serra no Extensão Mirada, seja na programação sempre rica das unidades do Sesc. Reunimos aqui alguns exemplos da capital e interior, para quem já está com saudades:

Agencia Lancepress - Brasil - Rio de Janeiro - 20/05/2012 - Foto de Marco Terranova - Campeonato Brasileiro 2012 - jogo entre Botafogo x São Paulo, no Estadio do Engenhao - NF:

Inutilezas: até 01/10 no Sesc Pinheiros

Inspirado na obra do poeta Manoel de Barros, Inutilezas conta a possível história das memórias de um casal de irmãos que passou a infância num lugar chamado de “lacuna de gente”.

09-2016-teatro-cantata-para-um-bastidor-de-utopias-7

Cantata para um bastidor de utopias: 24 e 25/09, no Sesc São Carlos

O espetáculo da Cia do Tijolo traça a simbólica história de uma mulher que borda há quase 200 anos um manto nos bastidores de um velho teatro, enquanto um grupo de atores reunidos no palco discute sobre as possíveis razões que a fazem persistir em sua tarefa.

gato-malhado

 

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: 24/09, no Sesc Itaquera

Da obra de Jorge Amado, a história do amor impossível entre um gato mal humorado e uma linda e amigável andorinha resgata a tradição dos contadores de histórias.

vaga-carne-kelly-knevels

Grãos da Imagem: 24/09, no Sesc Rio Preto

Uma voz errante, capaz de invadir qualquer matéria sólida, líquida ou gasosa, resolve, pela primeira vez, invadir um corpo de mulher.

gero_camilo-procissao

A Procissão: 28/09, no Sesc Piracicaba

A peça mostra a trajetória de romeiros que seguem sua caminhada em busca da sobrevivência e da fé. Num cenário simples, composto por velas, cruzes e lampiões, a peça caracteriza-se pela poesia e humor, embalados ao som da viola cortante e da percussão marcada, típicas das andanças desses sertões.

melancia

Melancia: até  30/10, no Sesc Ipiranga

Quatro artistas moram em uma cidade que vive seus piores dias numa grande crise. Como tentativa de superar a crise, eles buscam maneiras de se reinventar para conseguir sobreviver e ao mesmo tempo solidificar um projeto comum.

osmequetrefe

Os Mequetrefe: até 23/10 no Sesc Santana

Para as crianças, Os Mequetrefe conta a história de quatro palhaços que, não por acaso, se chamam Dias, vivem a jornada de um longo e divertido dia. Do despertar até a hora de ir dormir, revelam como a desconstrução da lógica cotidiana pode abrir espaço para outras maneiras de encarar a vida.

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui.

]]>
https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/para-continuar-no-clima/feed/ 0
Sustentabilidade no Mirada https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/sustentabilidade-no-mirada/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/sustentabilidade-no-mirada/#respond Sun, 18 Sep 2016 19:13:13 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2874 Por Sesc SP

Instalações em formatos diversos espalhadas pela cidade terão destino certo, alinhado com as diretrizes do programa Lixo: Menos é Mais.

Uma série de iniciativas pautadas pelo programa Lixo: Menos é Mais, iniciado pelo Sesc São Paulo em 2010, norteou também a quarta edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos, que termina neste domingo, dia 18.

Em conjunto com o Instituto Ecoar, parceiro da instituição nas ações de planejamento da gestão de resíduos e educação ambiental, as medidas visaram a diminuição da produção de lixo e de seu impacto ambiental, além da destinação adequada dos materiais deixados pelas produções.

Assim, as 18 instalações alusivas à quarta edição do Mirada, os chamados “cubos”, vistos em vários pontos da cidade, serão enviadas a espaços públicos e entidades que manifestaram interesse em reaproveitá-las, como a Secretaria de Cultura, o Orquidário e Jardim Botânico municipais, a Cadeia Velha e outras unidades Sesc no estado, como a de Registro (SP).

Tijolos usados no espetáculo “Hamlet, Processo de Revelação

Da mesma forma, parte da madeira e dos tijolos usados no espetáculo brasiliense Hamlet, Processo de Revelação e das placas de isopor que compuseram o cenário da montagem espanhola Brickman Brando Bubble Boom foram destinados para pequenas reformas na ONG Sem Fronteira – que coleta material reciclável e gera trabalho para moradores de rua e dependentes químicos da Baixada Santista – e na Vila Do Teatro, que reúne coletivos artísticos da região.

A lista ainda prevê a destinação dos blocos de isopor do espetáculo A Comédia Latino-Americana entre o Teatro Coliseu, para fins de ambientação, e as escolas de samba da região, que os reutilizarão na confecção de esculturas para o desfile de 2017; e da areia do cenário de Caranguejo Overdrive para o Centro de Atividades Integradas de Santos (C.A.I.S. Vila Mathias).

“O Sesc costumava ficar com grande quantidade de material deixado pelas produções, por isso procurou desenvolver ao longo dos anos um aprendizado que pudesse não só reduzi-la, mas também orientar os produtores para que se tornassem agentes desta transformação, desde a escolha dos itens”, afirma Neto Figueiredo, gerente da unidade Sesc Santos.

mobiliario-2

Resíduos e reciclagem

Uma pesquisa de campo prévia foi realizada pelo Sesc e Instituto Ecoar com o intuito de identificar oportunidades para reduzir o consumo e quais locais poderiam abrigar as ações com mais sucesso. Após o diagnóstico, o foco apontou para a redução do consumo de água envasada e a coleta seletiva de resíduos, a serem implantados em três espaços, além do próprio Sesc: Teatro Guarany, Teatro Coliseu e Teatro Municipal Brás Cubas.

Para atingir o primeiro objetivo foram deixados jarras e copos próximos aos bebedouros e galões de cada local, tão logo as produções começaram a ocupá-los. O kit incluiu canetas para que as pessoas identificassem seus recipientes e dois cartazes contendo orientações em três idiomas, estimulando o reuso dos copos e o descarte seletivo.

Os teatros receberam estações de descarte para coleta seletiva nos camarins e também nos locais de circulação de público. Cestos existentes foram adesivados com o mesmo intuito. Desta forma o material reciclável segue para a ONG Sem Fronteira, cooperativa parceira do Sesc Santos, e o não reciclável para aterros.

Um amplo estudo com o resultado das ações realizadas nesta edição será disponibilizado pelo Sesc São Paulo, não só visando o próximo Mirada, como outros festivais a se realizarem na região.

*Assista ao vídeo com a Técnica de Programação do Sesc Santos, Lígia Azevedo, falando sobre o processo de reutilização dos materiais, aqui.

*Leia mais sobre o Mirada 2016 aqui.

]]>
https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/sustentabilidade-no-mirada/feed/ 0
Do lado de fora dos teatros https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/do-lado-de-fora-dos-teatros/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/do-lado-de-fora-dos-teatros/#respond Sun, 18 Sep 2016 16:24:02 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2762    Por Cris Komesu/Sesc SP

Na fila da embarcação para ver Viúvas, no porto, ouço a senhora: “Nossa, moço, estava esperando na fila errada. Você viu esse monte de gente aí do lado? Parece que é pro teatro!” – diz enquanto pula para dentro de um dos barcos que atravessam o canal, levando os moradores da ilha.

viuvas-cris-komesu

A bordo de uma das catraias de Zona!, a atriz se contorce na performance e manda beijos para os passantes curiosos no barco ao lado. Todas as cabeças se viram, tentando entender os gestos espalhafatosos e o som alto – em pleno dia da semana! De cima das pontes, chegam assobios de aprovação.

2016-09-11-zona-ft-matheus-jose-maria-14

Na saída da oficina que serviu como um dos abrigos em Fugit, dois senhores que conversavam param para observar o grupo de pessoas que de repente brota entre os pneus e maquinários. Um dos atores que conduz a peça os olha e resolve apertar a mão de cada um, como em agradecimento. Para a aumentar a surpresa dos dois, o grupo todo repete a ação. Em um gesto, tornaram-se cúmplices da fuga.

2016-09-16-fugit-ft-matheus-jose-maria-17-bx

Dona Arlete passava de bicicleta pelo calçadão quando avistou os objetos espalhados pelo chão, pouco antes de Andante começar, em frente à Fonte do Sapo. Resolveu voltar, instigada, para entender o que estava acontecendo. Em pé, em cima de um banco, tenta enxergar as cenas da cia. Markrliñe. Eu também estou ali, sobre o banco, fotografando o espetáculo. “Você sabe quem eles são?” – me pergunta. Conto que são uma companhia vinda da Espanha, e que a peça faz parte de um festival. Dou a ela o caderno de programação que tinha na bolsa: “Ainda dá tempo de ver outros espetáculos, viu?”

andante-cris-komesu

É o Mirada se embrenhando pelas ruas, pelos canais, pelas praças. Por um momento, a trabalhadora que voltava para casa, o estudante que atravessava o canal, a senhora que passeava pela orla – todos se tornaram personagens ativos dessa empreitada. É a forma como o festival toca até os mais desavisados e mostra que, do lado de fora dos teatros, também é possível participar da festa.

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui.

]]>
https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/do-lado-de-fora-dos-teatros/feed/ 0
8 motivos para ver “La Contadora de Películas” https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/8-motivos-para-ver-la-contadora-de-peliculas/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/8-motivos-para-ver-la-contadora-de-peliculas/#respond Sun, 18 Sep 2016 14:21:28 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2715 Por Cris Komesu/Sesc SP e Renata Dantas/Sesc Belenzinho

Na região das minas de salitre, no deserto do Atacama, uma família ama o cinema, mas não tem dinheiro para comprar ingressos para todos. Assim, a cada sessão um dos filhos é incumbido de assistir ao filme e depois narrá-lo para os demais. A menina María Margarida mostra todo o seu talento na tarefa e se torna La Contadora de Películas.

Não vamos te contar a peça inteira aqui, mas listamos os 8 motivos pra você não perder a chance de vê-la. Depois do Mirada, o espetáculo terá duas apresentações em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, nos dias 21 e 22 de setembro. Corre lá!

1. Inspirado em um livro, o espetáculo mistura teatro e cinema. O resultado é uma fusão de linguagens surpreendente e arrebatadora.

la-contadora-de-peliculas-6

2. A potência visual da peça vai te transportar pra dentro da cena. Você vai se sentir no Deserto do Atacama, em uma noite estrelada ou num drama mexicano.

la-contadora-de-peliculas-1

3. Você vai ficar se perguntando como é possível tamanha sincronia entre o elenco e a tela, a ponto de fundir um e outro.

la-contadora-de-peliculas-3

4. Você vai rir das histórias que María Margarita e seus irmãos contam, mas também vai chorar com suas experiências de vida.

la-contadora-de-peliculas-8

5. Com Margarita você vai aprender como contar histórias que não viu e ainda deixá-las melhores que as originais.

la-contadora-de-peliculas-5

6. Essa é uma rara oportunidade de ver no Brasil a companhia chilena Teatrocinema, que mistura essas duas linguagens com maestria.

la-contadora-de-peliculas-4

7. Você vai sair querendo arrastar meio mundo pra ter essa experiência também.

la-contadora-de-peliculas-9

8. E vai perceber que, por mais que contemos como foi o espetáculo, nada vai conseguir substituir a presença ali.

la-contadora-de-peliculas-2

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui.

]]>
https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/8-motivos-para-ver-la-contadora-de-peliculas/feed/ 0
El miedo es una casa donde nadie vá https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/el-miedo-es-una-casa-donde-nadie-va/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/el-miedo-es-una-casa-donde-nadie-va/#respond Sat, 17 Sep 2016 15:39:42 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2282 Barrio Caleidoscopio

Por Renata Dantas/Sesc Belenzinho

Um dos poucos solos do Mirada 2016 foi o espetáculo ‘Barrio Caleidoscopio’ com texto, direção e atuação do equatoriano Carlos Gallegos. A Casa Rosada recebeu na noite fria de quinta, 15, o espetáculo leve e sensível, porém muito profundo.

O ator, pedagogo e dramaturgo Carlos Gallegos é Afonsito em Barrio. Durante os 60 minutos que se seguem, ele fica ensaiando, sentado de sua pequena cadeira, pra sair de casa e ir na esquina comprar qualquer coisa ‘aunque sea un pan, o dos’. O problema é que as vozes do seu inconsciente o perturbam a ponto de darem inúmeras incertezas e muito medo. E é aí que chegamos num dos temas principais do espetáculo: o medo, esse vilão que nos impede avançar, sair, arriscar. De repente aquele espetáculo suave ganha um volume gigante no coração e naqueles pensamentos mais profundos e intensos.

A trilha sonora bem pensada, com música original de Miguel Sevilla, dá o tom doce e sensível do espetáculo. Junto com a iluminação, que é parte fundamental na condução das cenas, eles se completam com os gestos precisos de Gallegos, que logo arrancam boas risadas do público. Algumas nervosas, outras tristes e pensativas.

A Cia. Teatro de la Vuelta foi criada no Equador em 2002 por iniciativa de Gallegos, depois de percorrer o mundo com obras muito influenciadas pelo teatro contemporâneo, o circo e o clown, referências claramente vistas na atuação.

O poético ‘Barrio Caleidoscopio’ te faz sair diferente, tentando enxergar honestamente as coisas que te paralisam. A falta de coragem de seguir, e não ficar pra sempre naquela cadeira vendo a vida passar só na imaginação. E no fim, o medo maior ao sair da sala é deixar os planos virarem lembranças que não saíram de casa. É não deixar que eles virem pó naquela cadeira velha. É soltar a corda que amarra os sonhos e desejos e ir.

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui.

]]>
https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/el-miedo-es-una-casa-donde-nadie-va/feed/ 0
O teatro ibero-americano em 10 dados do Mirada 2016 https://mirada.sescsp.org.br/2016/teatro/o-teatro-iberoamericano-em-10-dados-do-mirada-2016/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/teatro/o-teatro-iberoamericano-em-10-dados-do-mirada-2016/#respond Sun, 11 Sep 2016 22:11:41 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=1727 Por Indiara Duarte – Sesc Sorocaba

1) Dos 12 países com sotaque ibérico que participam desta edição, 25 espetáculos serão encenados em espanhol e 18 em português.

2) Um ícone da representatividade feminina na liderança das lutas de independência e contra a escravidão no século XIX, em Cuba, é umas das referências mais importantes trazidas à cena em Antigonón, um contingente épico, pelo grupo Teatro El Público: Mariana Grajales, “Madre de la Patria”.

3) Os espectadores participam e definem os rumos das cenas. Roger Bernart é conhecido pela criação de espetáculos que envolvem a participação do público e em Please Continue, Hamlet espectadores vão assistir ao julgamento de Hamlet pela morte de Polônio, enquanto outros serão convocados a participar do júri.

hamlet PCH_2014_©Magali_Girardin_3

4) 3 espetáculos são influenciados pelas obras de Shakespeare: Hamlet – Processo de Revelação do Coletivo Irmãos Guimarães; Sua Incelença, Ricardo III, do grupo Clows de Shakespeare e Please Continue, Hamlet, dos espanhóis Roger Bernat e Yan Duyvendak.

5) Uma mulher que viveu na virada do século XIX para o XX e escandalizou a sociedade da época com as ideias eróticas e a liberdade feminina dos seus poemas, Delmira Agustini é o tema de No daré Hijos, Daré Versos apresentado pela dramaturga e encenadora uruguaia, Marianella Morena.

6) Espaços convencionais e territórios incomuns ganham um novo significado e são ocupados durante os 10 dias do Mirada: a Cadeia Velha, o Centro Histórico, a Bacia do Mercado e mais 10 locais da cidade.

7) Teatro e cinema juntos. O grupo chileno Teatrocinema em La Contadora de Películas conta a história do ponto de vista de uma senhora que vive nas ruínas de uma fábrica de nitrato, no deserto de Atacama, e se transformou em um campo de prisioneiros políticos, em meados dos anos 1970.

28429694144_a81beb43f9_k

8) Dos 43 espetáculos que serão apresentados, 15 são de companhias brasileiras e lideram o número de apresentações e o país homenageado desta edição do Mirada, a Espanha, vem na sequência com 8 espetáculos.

9) Vários espetáculos se baseiam na literatura ibero-americana. Leite Derramado é a peça homônima ao romance de Chico Buarque; Las Contadoras de Películas, encenado pelo grupo chileno Teatrocinema, é uma adaptação do romance homônimo de Hernán Riviera Letelier e A tragédia latino-americana e a comédia latino-americana é estruturada a partir de fragmentos, adaptações e trechos de obras de diversos países da América Latina: dos argentinos J.P. Zooey e Pablo Katchadjian, do cubano Cabrera Infante, dos brasileiros Sousândrade e Lima Barreto, a chilena María Luisa Bombal, entre outros.

10) Como não se apaixonar por um espetáculo que tem uma língua própria? Os espectadores de Blanche terão que imaginar (ou relembrar) os diálogos da trama, afinal todo o texto é dito em uma língua imaginária: o fomenol.

*Leia mais artigos sobre o Mirada 2016 aqui

]]>
https://mirada.sescsp.org.br/2016/teatro/o-teatro-iberoamericano-em-10-dados-do-mirada-2016/feed/ 0