cuba – Sesc Mirada https://mirada.sescsp.org.br/2016 MIRADA - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos Tue, 31 Jan 2017 21:44:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.5.8 As batidas de Cuba no encerramento do Mirada https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/as-batidas-de-cuba-no-encerramento-do-mirada/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/as-batidas-de-cuba-no-encerramento-do-mirada/#respond Sun, 18 Sep 2016 16:39:48 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2776 Cuban Beats All Stars

Por Renata Dantas/Sesc Belenzinho

Das ruas de Habana Vieja até Baracoa, quase no final da ilha, o som que ecoa é forte, alegre, pulsante. De cada esquina vem um som, do mais tradicional ao reggaeton, que sai alto dos carros e das baladas mais jovens. A coisa é tão forte e envolvente que quase empurra você pra dentro dos bares, restaurantes, calçadas onde se dança livremente e casas de portas abertas. Seu corpo é automaticamente conduzido pelo barulho que te convida para bailar salsa ou mesmo para sentar e apreciar aquele jazz tomando um bom mojito.

As diversas influências de Cuba agregaram em sua música a diversidade rica de ritmos e texturas que nos presentearam com son, salsa, rumba, mambo, guajira, trova e a lista segue. E alguns nomes são importantes pra entender e amar ainda mais a música cubana. Compay Segundo, Silvio Rodriguez, Celia Cruz, Ibrahim Ferrer, Omara Portuondo, Carlos Puebla, Pablo Milanés são só alguns deles. Esses, mais tradicionais, que influenciaram a música que continua surgindo ainda hoje. E dentro dessa nova geração de músicos cubanos que misturam a música tradicional com outras batidas tem o  ‘Cuban Beats All Stars’ que vem encerrar o Mirada 2016.

O projeto formado por Vladimir Nuñez, Nelson Palacios, Roy Pinatel, DJ Dadtlef e MC Harold mescla em sua sonoridade batidas eletrônicas, elementos tribais e música tradicional cubana. Nas letras que flertam com o rap, críticas sociais junto com toda alegria e despojamento cubano. No show o grupo promete sempre um grande baile com muita improvisação de percussão, violino, baixo e também do canto. Não é de hoje que esse som de Cuba ecoa aqui. E é desse jeito vibrante e animado que vamos encerrar o  Mirada. A festa é livre, pode chegar!

*Leia mais sobre o Mirada 2016 aqui.

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[Crítica] Conexões nebulosas https://mirada.sescsp.org.br/2016/critica/conexoes-nebulosas/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/critica/conexoes-nebulosas/#respond Fri, 16 Sep 2016 20:32:23 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2440 por Daniel Schenker

antigonon-critica

Antígona é pouco mais que uma inspiração para a encenação cubana Antigonón, um Contingente Épico, dirigida por Carlos Díaz, com dramaturgia de Rogelio Orizondo. Há menções à tragédia de Sófocles – não só à trama centrada na mulher que, desobedecendo a ordem do rei Creonte, se mostra determinada a enterrar o irmão, Polinice, considerado traidor de guerra, como à Trilogia Tebana, também formada por Édipo Rei e Édipo em Colono, a exemplo da menção ao momento em que Antígona guia o pai, Édipo, já cego, após furar os próprios olhos. Mas, ao se voltarem para a história e a realidade de Cuba (ou, numa perspectiva mais abrangente, da pátria), Orizondo e Díaz adquirem voo independente em relação ao texto original.

Díaz evita reiterações. Os elementos que integram esse espetáculo da companhia El Público (a movimentação dos atores, as projeções, os figurinos) não se confirmam mutuamente. Ao invés de fornecer chaves seguras de transmissão de conteúdos, mensagens, o diretor procura estimular a autonomia de cada espectador na construção da própria interpretação sobre a cena. A decisão de não facilitar a apreciação pode ser vista como um mérito, como uma bem-vinda postura de resistência (termo que norteia as ações de Antígona). Mas, por outro lado, Antigonón, um Contingente Épico desponta como um trabalho um tanto cifrado, pouco acessível até mesmo ao espectador munido de referências. É difícil estabelecer conexão com a montagem, apesar da instigante construção da cena.

Uma apreciável secura atravessa o espetáculo. Essa característica fica evidenciada desde o início, quando os atores, nus, realizam uma partitura de movimentos (concebida por Xenia Cruz e Sandra Ramy), sem acompanhamento de texto ou de música. Carregam uns aos outros até formarem o que parece ser uma montanha de cadáveres, da qual alguém se desvencilha. A cenografia (de Robertiko Ramos) é bastante simples, composta por biombos cobertos por jornais amassados, com símbolos estampados. Há relativamente pouca trilha sonora (de Bárbara Llánes) ao longo do espetáculo, o que sinaliza corajosa aridez, mesmo quando uma atmosfera carnavalizada começa a despontar por meio dos figurinos (de Celia Ledón e Robertiko Ramos). São peças extravagantes, que, muitas vezes, não ocultam a nudez, usadas de forma sugestivamente invertida, o que acentua a ambiguidade sexual destacada ao longo da apresentação.

O corpo tem importância central dentro da dramaturgia. Orizondo aborda um corpo-pátria, esvaziado, devorado. Como resistir ao ter o corpo invadido? A resposta parece estar na presença das atrizes, que assumem a palavra durante boa parte do tempo por meio de um registro vocal firme, contundente, combativo, como Antígonas que reviram as tripas do irmão e não hesitam em fazer o que consideram fundamental, inadiável, independentemente da lei imposta pela autoridade. O palco é tomado por figuras endurecidas, desiludidas. Na contemporaneidade, como no passado remoto, não há espaço para o romantismo ou para a ilusão. Essas associações eventuais, porém, não  chegam a ganhar corpo nesse espetáculo instigante, mas excessivamente nebuloso.


*Daniel Schenker é Bacharel em Comunicação Social pela Faculdade da Cidade. É doutor em artes cênicas pelo Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da UniRio. Trabalha como colaborador dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo e da revista Preview. Escreve para os sites Teatrojornal (teatrojornal.com.br) e Críticos (criticos.com.br) e para o blog danielschenker.wordpress.com. É membro do júri dos prêmios da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR), Cesgranrio, Questão de Crítica e Reverência.

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