brasil – Sesc Mirada https://mirada.sescsp.org.br/2016 MIRADA - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos Tue, 31 Jan 2017 21:44:28 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.5.8 [Webdoc] Monotonia de Aproximação e Fuga para Sete Corpos – Grupo Cena 11 Cia. de Dança https://mirada.sescsp.org.br/2016/webdoc/webdoc-monotonia-de-aproximacao-e-fuga-para-sete-corpos-grupo-cena-11-cia-de-danca/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/webdoc/webdoc-monotonia-de-aproximacao-e-fuga-para-sete-corpos-grupo-cena-11-cia-de-danca/#respond Tue, 11 Oct 2016 15:07:06 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2987

“Todas as questões culturais são invenções nossas sobre o corpo, sobre percepções, sobre ideias de corpo.”

Neste quarto episódio da série de webdocumentários criados para o Mirada 2016 traz a proposta do Grupo Cena 11 Cia. de Dança. Um ato de emergência daquilo que surge das relações no tempo, com o poder de revelar novos caminhos e universos possíveis, compartilhados com o público que ocupa uma arena no palco, ou seja, no mesmo plano dos artistas.

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As palavras de Chico encenando o Brasil https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/as-palavras-de-chico-encenando-o-brasil/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/as-palavras-de-chico-encenando-o-brasil/#respond Sat, 17 Sep 2016 18:10:40 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2678 Por André Venancio/Sesc-SP

leitederramado_corCena de Leite Derramado, primeiro livro de Chico Buarque a ser adaptado ao teatro

Quando o diretor Roberto Alvim manifestou seu interesse em adaptar Leite Derramado aos palcos, o caráter de monólogo do romance causou alguma desconfiança em Chico Buarque, autor do livro lançado em 2009. No entanto, superado os receios iniciais após a leitura do primeiro esboço, o compositor autorizou a adaptação que estreou nesta quinta (15/9) durante o Mirada.

Com evidente vocação política, toda a obra de Chico Buarque – na música, na literatura e na dramaturgia – sempre discute as questões sociais brasileiras. Se no livro “Leite Derramado” fica clara a relação do protagonista com a decadência social e econômica do país, são nos textos teatrais criados por ele para os palcos que surgem outros olhares para o Brasil.

Em 1967, durante a Ditadura Militar, Chico fez sua estreia na dramaturgia com Roda Viva, espetáculo dirigido por Zé Celso e protagonizado por Marília Pera. Por meio do personagem Benedito Silva, a sociedade de consumo e a manipulação midiática eram veementemente denunciadas.

Com Ruy Guerra, Chico escreveu Calabar: o elogio da traição, em 1973. Em uma grande metáfora, o texto narra a traição cometida por Domingos Calabar à coroa portuguesa e como essa ação foi interpretada de duas maneiras extremas ao longo da história. Se a princípio Calabar era visto como um traidor ganancioso, com o tempo foi tido como herói do povo brasileiro. Mais uma vez, e sempre atual, Chico denuncia a realidade distorcida dos fatos promovida pelos veículos de comunicação.

As dificuldades vividas pelos moradores das favelas, cortiços e periferias ficam explícitos em A Gota d’Água, escrita em 1975 em parceria com Paulo Pontes. O texto é uma adaptação do mito da Medeia, aqui usada como pano de fundo para expor o contraste social e econômico brasileiro.

Leite Derramado foi o primeiro livro de Chico a ir aos palcos, apesar de sua obra musical servir de inspiração para diversas montagens pelo país. Até quando ausente, o compositor se faz presente. Em Avesso do Claustro, por exemplo – que também integrou a programação desta edição do Festival – uma das canções executadas é fruto de um poema de Dom Helder Câmara escrito na intenção de ser musicado por Chico, que declinou o convite por nunca ter musicado um autor já falecido. A própria Cia do Tijolo, então, criou a melodia para as palavras de Dom Helder.

 

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Para entender o caranguejo, só entrando na lama https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/para-entender-o-caranguejo-so-entrando-na-lama/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/para-entender-o-caranguejo-so-entrando-na-lama/#respond Fri, 16 Sep 2016 14:27:26 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=2348 Por André Venancio – Sesc SP

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A temporada de Caranguejo Overdrive, d’Aquela Companhia, chegou ao fim ontem no Mirada. Durante os últimos dois dias, quem visitou o C.A.I.S Vila Mathias, em Santos, conheceu Cosme, homem-caranguejo ou caranguejo-homem que, devastado pela fome, tenta reconhecer sua cidade natal enquanto a sua própria humanidade não é mais reconhecida.

Para ir mais a fundo na lama impregnada na personagem, separamos alguns pontos que influenciaram a construção do texto de Pedro Kosovski, e podem ampliar a reflexão proposta pela Cia.

A GUERRA DO PARAGUAI

Toda guerra é devastadora, não importa quem vence. O Brasil, aliado ao Uruguai e Argentina, pode ter sido vencedor no embate contra o Paraguai. Porém, as consequências recaíram sobre todos. A precariedade na alimentação e na higiene tornavam as zonas de conflito território propício para a cólera e outras doenças que elevaram a taxa de mortalidade. Para além disso, findada a longa ocupação militar do Paraguai pelo Brasil, os combatentes (escravos) que retornavam ao país sentiam sérias dificuldades de adaptação.
Apesar de ser o maior conflito armado ocorrido na América do Sul, a Guerra do Paraguai não costuma ser abordada nos livros didáticos da história do Brasil. Você pode começar a sua pesquisa aqui.

O MANGUEBEAT

A canalização do mangue até a Baía de Guanabara é abordada com algum protagonismo no espetáculo, já que as consequências afetaram diretamente os catadores de caranguejo, como Cosme. Dando um salto no tempo e indo do Rio de Janeiro a Recife, foi o abandono econômico-social das regiões de manguezais que inspirou o movimento musical conhecido como Manguebeat, que por sua vez inspirou as músicas tocadas em cena.

Da Lama ao Caos, de Chico Science & Nação Zumbi, é um dos discos fundamentais desse movimento.

A FOME

“Apesar de sermos unidos pelo apetite, há uma importante diferença entre mim e os homens, pois eu não morro de fome como eles, eu me farto de restos que um dia foram eu, enquanto eles morrem de fome porque não há caranguejos para tantos homens”.

Vista como o ápice dos problemas causados pela segregação social, a fome que Cosme sente ao longo do espetáculo é, em si, uma personagem. Foi o livro Geografia da Fome, do geógrafo brasileiro Josué de Castro, uma das principais referências para o texto de Caranguejo Overdrive.

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10 nomes importantes do teatro brasileiro no Mirada 2016 https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/10-nomes-importantes-do-teatro-brasileiro-no-mirada-2016/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/10-nomes-importantes-do-teatro-brasileiro-no-mirada-2016/#respond Tue, 13 Sep 2016 20:41:30 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=1876 Por Juliana Ramos – Sesc SP 

1. Felipe Hirsch

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Idealizador de Puzzle, espetáculo criado para a Feira do Livro de Frankfurt 2013, o premiado diretor estreou a segunda parte  de “A tragédia Latino-Americana e a Comédia Latino-Americana”. Com trechos da dramaturgia de países ibéricos, Hirsch diz ter buscado criar “uma tragédia um pouco mais carinhosa e uma comédia mais violenta.”

2. Vinicius Calderoni

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Cantor, compositor, integrante do 5 a seco, escritor, dramaturgo e diretor, Calderoni acumula experiência nas diversas áreas em que atua com maestria. No espetáculo “Ãrrã“, dirige o duo Luciana Paes e Thiago Amaral em cenas cotidianas em que as relações humanas são postas em jogo.

3. Antunes Filho

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O rei do teatro brasileiro apresenta uma adaptação de “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tenessee Williams, com uma provocação singular: o espetáculo é falado em “fonemol”, língua inventada pelos atores, que incita o público a criar sua própria dramaturgia.

4. Maria Thais

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Fundadora e diretora da Cia. Teatro Balagan, Maria Thais teve a companhia reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de São Paulo por suas atividades de valor cultural referencial para a construção da identidade paulistana, em 2014. O cangaço é um  dos pontos de partida do espetáculo “Cabras – cabeças que voam, cabeças que rolam”. Indicada em três categorias do Prêmio Shell, é uma obra verticalizada pela depuração continuada da equipe da diretora.

5. Pedro Kosovski

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O jovem dramaturgo Pedro Kosovski é também ator e diretor. No Mirada 2016, ele assina o texto da peça “Caranguejo Overdrive“, com montagem d’Aquela Companhia. O Rio de Janeiro do fim do século XIX, a Guerra do Paraguai e a vida nos mangues se misturam à sonoridade de Chico Science e a Nação Zumbi nessa produção vencedora do prêmio Shell.

6. Irmãos Guimarães

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Adriano e Fernando Guimarães atuam em projetos transdisciplinares que unem teatro, performance, artes visuais, literatura, teoria da arte, filosofia e outros campos, há 20 anos. 17 desses foram dedicados ao mergulho investigativo, buscando dialogar com a obra de Samuel Beckett, pautando-se pela luz e pela respiração, dois elementos-chave na obra do dramaturgo irlandês. Em “Hamlet – Processo de Revelação, a proposição é radical: um ator em cena tenta reconstruir a narrativa em um diálogo direto e aberto com a plateia. 

7. Roberto Alvim

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Apontado pelos críticos teatrais como parte da geração apta a substituir nomes como Antunes Filho e Zé Celso, Alvim é entusiasta da nova safra de dramaturgos brasileiros e adapta em “Leite Derramado“, o premiado romance homônimo de Chico Buarque.

8. Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

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Grupo de Porto Alegre (RS), o Ói Nóis Aqui Traveiz traz coletividade como essência. Todos os seus componentes participam no processo de criação, produção e experimentação com profissionais de diversos segmentos, contribuindo para a pluralidade artística de suas montagens. No Mirada, apresentam o teatro de vivência “Viúvas – Performance sobre a ausência, onde a memória dos mortos e desaparecidos no período da ditadura será trazida à tona na Fortaleza da Barra, construção de 1584.

9. Kadu Veríssimo

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Figura despontante na cena artística da cidade de Santos, Kadu Veríssimo é diretor, ator, diretor artístico, um dos dramaturgos e ator no espetáculo “Zona!“. A montagem traz a perspectiva caiçara na discussão sobre os personagens à margem da sociedade.

10. Pedro Wagner

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No ar na TV com a minissérie Justiça, o pernambucano Pedro Wagner dirige, atua e assina a dramaturgia do espetáculo “O ano em que sonhamos perigosamente“, do grupo Magiluth. Sua direção é provocativa e leva o grupo, que soma 12 anos de trajetória, para um caminho tortuoso, retratado nos movimentos populares de 2013. Bem diferente das montagens delicadas que os tornaram um dos grupos mais importantes do teatro recifenho.

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Antunes Filho, o rei do teatro https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/antunes-filho-o-rei-do-teatro/ https://mirada.sescsp.org.br/2016/digital/antunes-filho-o-rei-do-teatro/#respond Sun, 11 Sep 2016 23:22:19 +0000 https://mirada.sescsp.org.br/2016/?p=1763 blanche_01

por Renan Abreu – Sesc Consolação

Falar de teatro no Brasil e não mencionar Antunes Filho é um grave delito. O paulistano do Bexiga destacou-se em meio à primeira geração dos encenadores modernos no Brasil na década de 50 junto à fundação do Teatro Brasileiro de Comédia e conseguiu sistematizar uma série de recursos técnicos para os atores, que ensaiam  exaustivamente, e diariamente, no Centro de Pesquisa Teatral do Sesc Consolação, existente deste 1982.

Para quem acha que o idioma é uma barreira no teatro, Antunes vai por um caminho completamente diferente e joga para o público a tarefa de decifrar os diálogos que ocorrem no espetáculo. Blanche é falado em fonemol, uma língua imaginária criada e desenvolvida pelo diretor, que não tem relação com nenhuma conhecida e que incentiva cada espectador a imaginar e criar a própria dramaturgia. “As coisas nunca estão inteiras ali, elas estão sempre para ser completadas”, define Marcos Andrade, que interpreta Blanche Dubois na trama do famoso dramaturgo americano Tennessee Williams.

“O fonemol vira quase uma linguagem do inconsciente. Quando você está falando palavras que não entende, mas entende o sentido da frase que está dizendo, existem barreiras entre você e o sentido literal da frase, e a ideia é tirar isso”, completa o ator.

Um homem interpretando uma mulher

Outra característica marcante desta montagem é o fato da personagem feminina Blanche ser interpretada por um ator. Marcos Andrade foi escolhido por Antunes para ser a protagonista enquanto estava trabalhando na peça Nossa Cidade. Aí, mais uma vez, o diretor coloca a performance e a técnica acima de padrões, gerando polêmicas. Uma mulher fazendo uma personagem feminina, em todas as questões internas e psicologias, já está bem identificada com esse texto. Quando Antunes pensa num homem fazendo isso, ele coloca o ator como performer, que é este agente de crise, que vai fazer uma crítica ao que já está preestabelecido”, defende Emerson Danesi, ator e diretor parceiro de Antunes.

Na trama, o convívio de Blanche DuBois sob o mesmo teto de Stella e Stanley reabre feridas e impõe alteridades desesperadoras no plano da dignidade humana, da qual o machismo arraigado é apenas uma face. Ao fim, há uma cena de estupro cometido por Stanley.

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Para Antunes, o teatro é uma faixa cultural muito importante num mundo cada vez mais globalizado, refém do consumismo desenfreado e da intolerância. Neste sentido, o ator é um elemento essencial na construção do espetáculo que também tem que cumprir um papel transformador.

“Eu não estou discutindo os Estados Unidos de Tennessee Williams. Eu estou falando de Blanche. Aí eu recorro a Dostoiévski em ‘A dor humana’. A piedade, o perdão, a compaixão. São coisas que hoje em dia não se fala muito, né? Quantas mulheres são mortas por dia? Quantos homossexuais são mortos? É contra essa ação errada do ser humano que eu luto sempre. Os perseguidos, os maltratados pela sociedade. São por eles que me interesso”, conclui o diretor.

Esta é a segunda passagem de Antunes pelo Mirada. Em 2010, ele esteve no lançamento do livro “Hierofania – O Teatro Segundo Antunes Filho” do crítico Sebastião Milaré e apresentou a peça “Policarpo Quaresma”, adaptada do livro de Lima Barreto. Avesso a holofotes, nesta edição apresenta Blanche, mas não dá as caras no festival.

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