Meia noite e meia. Logo após a segunda apresentação de “Chapeuzinho Galáctico”, do grupo espanhol Insectotrópics, conversamos com Ruy Filho, diretor de teatro e editor da revista digital Antro Positivo, sobre essa experimentação que se apropria e revisita o conto da Chapeuzinho Vermelho, misturando teatro, música, artes visuais e live cinema.
Ponto Digital Mirada – O que você achou do espetáculo?
Ruy Filho – Achei divertido. Achei ousado. Uma mistura meio de anos 1980 com a tecnologia, do chroma key com o som de hoje. Uma mistureba muito interessante. Nesse sentido, acho que o espetáculo convence pelo jogo, pela maneira que vai lidando performaticamente com todos os elementos. Isso é o mais bacana de tudo. Eu fiquei muito impressionado no instante em que eles matam a vovó. Acho que ali é o ápice estético e dramático. A atriz faz bem, o momento da música é muito bom e a estética nesse instante é realmente primorosa.
PDM – Como você percebe um espetáculo como este inserido no contexto de um festival como o Mirada?
RF – Eu acho importantíssimo! Acho que tem que ter cada vez mais essas coisas no festival para tirar um pouco do ranso que a gente costuma ter de que o experimentalismo é sempre muito chato e muito hermético. Isso aqui é uma grande diversão. É quase que uma rave em forma de teatro, para a gente poder assistir e se entreter. É muito bacana.
PDM – Teatro é ritual?
RF – Não necessariamente. Esse aqui, apesar dele terminar com essa cara ritualística, do lobo, do cósmico e essa coisa toda, ele tem que ser muito programado, o tempo todo controlado por quem está editando todas essas imagens ao vivo e o jogo da atriz com a câmera tem que ser muito correto. Não dá pra fazer aquilo de uma forma muito catártica. Tem que ser muito ensaiado.
PDM – Você já tinha visto alguma coisa do grupo?
RF – Não tinha. Eu estava super curioso para ver o trabalho deles. Só conhecia por imagens. E as imagens não mentem o que o espetáculo é.