Mirada » » Ponto Digital Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt Festival Ibero-Americano de artes Cênicas de Santos Mon, 02 Feb 2015 13:08:25 +0000 pt-BR hourly 1 Olhares envoltos no Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/olhares-envoltos-no-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/olhares-envoltos-no-mirada/#comments Wed, 17 Sep 2014 03:50:43 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1903 Foto: Coletivo Pão & Circo

A interação do Mirada com a baixada santista em comentários e imagens do moradores. Os pontos de vista são diversos tanto nos espetáculos quanto nas ruas da cidade.]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

A interação do Mirada com a baixada santista em comentários e imagens do moradores. Os pontos de vista são diversos tanto nos espetáculos quanto nas ruas da cidade.]]>
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Mirada 2014 em vídeos, textos, fotos e sensações https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-2014-em-videos-textos-fotos-e-sensacoes/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-2014-em-videos-textos-fotos-e-sensacoes/#comments Sun, 14 Sep 2014 11:36:18 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1886 Matéria-Prima

De 4 a 13 de setembro, a baixada santista foi palco do encontro de artistas e público com apresentações cênicas, shows, performances e atividades formativas durante a terceira edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Foram mais de 70 mil pessoas assistindo aos 40 espetáculos do festival, que propiciou o encontro de trupes de 15 países.

Durante 10 dias, a extensa programação cultural ganhou destaque no Ponto Digital Mirada. Aqui, o que você não pode perder desta cobertura: - Com sete espetáculos na programação, o grande homenageado desta edição foi o Chile. Saiba por que aqui.

- Maria Pagés trouxe da Espanha a sua dança flamenca em Utopia, um espetáculo sensorial aplaudido de pé. Maria Pagés em cena - Personagens do Mirada falam sobre seus ofícios e percepções do festival em entrevistas exclusivas. Entre os nomes da cena, estão a diretora Cibele Forjaz, responsável pelos Desafios Cênicos do Mirada, o ator português António Fonseca, a preparadora vocal Letícia Coura e o diretor Leonardo Moreira.

- O público também é protagonista do Mirada e opinou sobre o que viu nos espetáculos. Foi o caso dos clássicos reinventados, do burburinho por trás de A Imaginação do Futuroda peça infantil São Jorge Menino e, ainda, refletindo: Qual é a sua peça dos sonhos? Veja a seguir algumas das respostas:

- Do centro histórico à beira do mar, Santos se transformou. Seja com o Projeto Bispo ressignificando e ocupando as ruas centrais, com a Casa Rosada e o Emissário utilizados a todo vapor, com a criação da Cidade dos Containers ou com as visitas ao Centro Cultural Português. Emissário Submarino e outro ponto de vista da cidade

- Nem só de fruição viveu o público. As atividades formativas foram parte essencial da programação. Entre Encontrões, Pontos de Conexão e muita troca nas oficinas práticas - como as performances-relâmpago dos Desafios Cênicos, o corpo expressivo proposto pelo CPT, os Ensaios de Coro e a Imersão Olho-Urubu do SescTV, entre outras. Conheça o pensamento que embasou as formativas em vídeo:

- Por trás das coxias: Preparamos uma série de vídeos com a gente de teatro que dá vazão ao imaginário comum.

- A mirada por trás do mirada: as oficinas e a E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos, que ganha a área de convivência do Sesc Santos até novembro.

- O processo de criação se transformou na grande história do Ponto Digital. Das peças que retratam fatos políticos à presença feminina no Festival, fomos atrás das histórias por trás das histórias.

- Nem só de teatro vivem as artes cênicas. A dança também ganha espaço enquanto a trilha sonora dá o tom.

- Os elementos do festival se espalharam pela cidade e deram o que falar entre os moradores da baixada. Os elementos esal

- E uma última miradela com espetáculos para ver quando quiser: Ilha do Tesouro, 13 Sonhos, Projeto Bispo, UtopiaOdisseia e Matéria-Prima mostram o por quê do sucesso entre os espectadores.]]>
Matéria-Prima

De 4 a 13 de setembro, a baixada santista foi palco do encontro de artistas e público com apresentações cênicas, shows, performances e atividades formativas durante a terceira edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Foram mais de 70 mil pessoas assistindo aos 40 espetáculos do festival, que propiciou o encontro de trupes de 15 países.

Durante 10 dias, a extensa programação cultural ganhou destaque no Ponto Digital Mirada. Aqui, o que você não pode perder desta cobertura: - Com sete espetáculos na programação, o grande homenageado desta edição foi o Chile. Saiba por que aqui.

- Maria Pagés trouxe da Espanha a sua dança flamenca em Utopia, um espetáculo sensorial aplaudido de pé. Maria Pagés em cena - Personagens do Mirada falam sobre seus ofícios e percepções do festival em entrevistas exclusivas. Entre os nomes da cena, estão a diretora Cibele Forjaz, responsável pelos Desafios Cênicos do Mirada, o ator português António Fonseca, a preparadora vocal Letícia Coura e o diretor Leonardo Moreira.

- O público também é protagonista do Mirada e opinou sobre o que viu nos espetáculos. Foi o caso dos clássicos reinventados, do burburinho por trás de A Imaginação do Futuroda peça infantil São Jorge Menino e, ainda, refletindo: Qual é a sua peça dos sonhos? Veja a seguir algumas das respostas:

- Do centro histórico à beira do mar, Santos se transformou. Seja com o Projeto Bispo ressignificando e ocupando as ruas centrais, com a Casa Rosada e o Emissário utilizados a todo vapor, com a criação da Cidade dos Containers ou com as visitas ao Centro Cultural Português. Emissário Submarino e outro ponto de vista da cidade

- Nem só de fruição viveu o público. As atividades formativas foram parte essencial da programação. Entre Encontrões, Pontos de Conexão e muita troca nas oficinas práticas - como as performances-relâmpago dos Desafios Cênicos, o corpo expressivo proposto pelo CPT, os Ensaios de Coro e a Imersão Olho-Urubu do SescTV, entre outras. Conheça o pensamento que embasou as formativas em vídeo:

- Por trás das coxias: Preparamos uma série de vídeos com a gente de teatro que dá vazão ao imaginário comum.

- A mirada por trás do mirada: as oficinas e a E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos, que ganha a área de convivência do Sesc Santos até novembro.

- O processo de criação se transformou na grande história do Ponto Digital. Das peças que retratam fatos políticos à presença feminina no Festival, fomos atrás das histórias por trás das histórias.

- Nem só de teatro vivem as artes cênicas. A dança também ganha espaço enquanto a trilha sonora dá o tom.

- Os elementos do festival se espalharam pela cidade e deram o que falar entre os moradores da baixada. Os elementos esal

- E uma última miradela com espetáculos para ver quando quiser: Ilha do Tesouro, 13 Sonhos, Projeto Bispo, UtopiaOdisseia e Matéria-Prima mostram o por quê do sucesso entre os espectadores.]]>
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Os Desafios Cênicos e as performances-relâmpago espalhadas pela cidade https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/desafios-cenicos-e-performances-relampago/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/desafios-cenicos-e-performances-relampago/#comments Sat, 13 Sep 2014 23:28:37 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1719 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Os espetáculos não são só para serem vistos, eles tem uma ação direta sobre a vida e a categoria artística da cidade”, explica Diego Moschkovitch, um dos responsáveis pelo Desafios Cênicos. A apresentação da manhã deste sábado (13) no Emissário Submarino, reuniu os atores do grupo da baixada santista O Coletivo ao lado de estudantes de artes cênicas para apresentações-relâmpago na cidade. - Desafio: O que é comer pedra? O primeiro grupo se apropriou das pedreiras que separam a terra do mar. Diego se encarregou de guiar os oficineiros e conta um pouco como foi esse processo: Nós recebemos o desafio do João Garcia Miguel, que é o diretor do espetáculo Yerma. O João trouxe muitas imagens e muitas referências pessoais dele, de coisas que movem ele no processo criativo. Ele mostrou pra gente um vídeo de uma performance que ele fez um tempo atrás em Portugal. Era uma câmera ligada e ele comendo pedras. E tem toda a questão: o que é comer pedra? O que é comer pedra para cada um? Nós conversamos bastante com os oficineiros e chegamos à conclusão de que cada um deveria trazer para a cena o que é esse ato para si. Nós tínhamos essa referência, e de repente nós chegamos no Emissário e tem essa pedreira. A ideia era trabalhar com a urgência, em um desafio que pudesse ser feito brevemente, já que tivemos pouco tempo para ensaiarmos. - Desafio: O que você esconde? O diretor colombiano Fabio Rubiano, da companhia Petra Teatro, desafiou o segundo grupo, da companhia santista O Coletivo. A atriz Renata Carvalho conta como foi participar da performance. A Cibele Forjaz viu o nosso espetáculo, Projeto Bispo, e ficou muito animada e quis que nós participássemos do Desafio Cênico. O Bispo tem essa coisa de descobrir o espaço público e a Cibele tem muito disso também, e o convite apareceu no Encontrão. Por isso, ela viu esse casamento direto entre as duas ideias. O resultado foi maravilhoso, desafiador. No final, o teatro sempre acontece e sempre dá certo. Tivemos quatro perguntas que nortearam a peça. E depois, isso foi se encaixando em outras perguntas, como: Do que você tem medo? O que você esconde? O que você mente? O pacto com o diabo deveria ser o final e o final tinha que ser espetacular. Nós resolvemos falar da transfobia e lesbofobia. No final, era só pra eu me enrolar no plástico e cair, mas aconteceu esse crime bárbaro com esse jovem [na semana de 10 de setembro, um jovem de 18 anos foi encontrado morto na região metropolitana de Goiânia. A principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por homofobia] e a lei PL22* caiu de novo, então eu resolvi usar isso em cena. As pessoas morrem por serem só o que são. Isso é muito duro. A gente não pode apenas falar que a vida é linda. A arte imita a vida e a vida imita a arte. Então nós temos que colocar isso, porque eu acredito que o ator tem um papel fundamental de combate, de cunho político. E o meu é o movimento LGBT, então eu vou continuar nessa batalha. Desafio concluído Muito mais do que uma performance-relâmpago, o projeto proporcionou trocas de experiências e despertou a criatividade. O diretor Kadu Verissímo, de Projeto Bispo, conta sobre o resultado do Desafios Cênicos. O bacana do festival é a troca mesmo, é conhecer o outro, ver o trabalho do outro, ver como o outro pensa teatro e está todo mundo sempre no mesmo barco, mas cada um com a sua ideia e cada um com os seus planos. No fundo, estamos todos dialogando juntos. A troca é sempre o mais importante. Já a estudante de teatro Noemi Figueiredo participou da oficina e já está de olho no próximo Mirada. O Mirada tem um peso muito grade na vida de qualquer artista. Então se você tem no currículo que participou de um projeto do Mirada ou participou do Antunes, isso acaba deixando a bagagem forte e o peso nas costas maior ainda. Porque quem conhece o Mirada sabe que as pessoas são muito boas. É bem gratificante estar no Mirada e espero em 2016  eu esteja no festival de novo. *Projeto de lei que tem por objetivo criminalizar a homofobia no país. Coletivo Pão & Circo  ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Os espetáculos não são só para serem vistos, eles tem uma ação direta sobre a vida e a categoria artística da cidade”, explica Diego Moschkovitch, um dos responsáveis pelo Desafios Cênicos. A apresentação da manhã deste sábado (13) no Emissário Submarino, reuniu os atores do grupo da baixada santista O Coletivo ao lado de estudantes de artes cênicas para apresentações-relâmpago na cidade. - Desafio: O que é comer pedra? O primeiro grupo se apropriou das pedreiras que separam a terra do mar. Diego se encarregou de guiar os oficineiros e conta um pouco como foi esse processo: Nós recebemos o desafio do João Garcia Miguel, que é o diretor do espetáculo Yerma. O João trouxe muitas imagens e muitas referências pessoais dele, de coisas que movem ele no processo criativo. Ele mostrou pra gente um vídeo de uma performance que ele fez um tempo atrás em Portugal. Era uma câmera ligada e ele comendo pedras. E tem toda a questão: o que é comer pedra? O que é comer pedra para cada um? Nós conversamos bastante com os oficineiros e chegamos à conclusão de que cada um deveria trazer para a cena o que é esse ato para si. Nós tínhamos essa referência, e de repente nós chegamos no Emissário e tem essa pedreira. A ideia era trabalhar com a urgência, em um desafio que pudesse ser feito brevemente, já que tivemos pouco tempo para ensaiarmos. - Desafio: O que você esconde? O diretor colombiano Fabio Rubiano, da companhia Petra Teatro, desafiou o segundo grupo, da companhia santista O Coletivo. A atriz Renata Carvalho conta como foi participar da performance. A Cibele Forjaz viu o nosso espetáculo, Projeto Bispo, e ficou muito animada e quis que nós participássemos do Desafio Cênico. O Bispo tem essa coisa de descobrir o espaço público e a Cibele tem muito disso também, e o convite apareceu no Encontrão. Por isso, ela viu esse casamento direto entre as duas ideias. O resultado foi maravilhoso, desafiador. No final, o teatro sempre acontece e sempre dá certo. Tivemos quatro perguntas que nortearam a peça. E depois, isso foi se encaixando em outras perguntas, como: Do que você tem medo? O que você esconde? O que você mente? O pacto com o diabo deveria ser o final e o final tinha que ser espetacular. Nós resolvemos falar da transfobia e lesbofobia. No final, era só pra eu me enrolar no plástico e cair, mas aconteceu esse crime bárbaro com esse jovem [na semana de 10 de setembro, um jovem de 18 anos foi encontrado morto na região metropolitana de Goiânia. A principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por homofobia] e a lei PL22* caiu de novo, então eu resolvi usar isso em cena. As pessoas morrem por serem só o que são. Isso é muito duro. A gente não pode apenas falar que a vida é linda. A arte imita a vida e a vida imita a arte. Então nós temos que colocar isso, porque eu acredito que o ator tem um papel fundamental de combate, de cunho político. E o meu é o movimento LGBT, então eu vou continuar nessa batalha. Desafio concluído Muito mais do que uma performance-relâmpago, o projeto proporcionou trocas de experiências e despertou a criatividade. O diretor Kadu Verissímo, de Projeto Bispo, conta sobre o resultado do Desafios Cênicos. O bacana do festival é a troca mesmo, é conhecer o outro, ver o trabalho do outro, ver como o outro pensa teatro e está todo mundo sempre no mesmo barco, mas cada um com a sua ideia e cada um com os seus planos. No fundo, estamos todos dialogando juntos. A troca é sempre o mais importante. Já a estudante de teatro Noemi Figueiredo participou da oficina e já está de olho no próximo Mirada. O Mirada tem um peso muito grade na vida de qualquer artista. Então se você tem no currículo que participou de um projeto do Mirada ou participou do Antunes, isso acaba deixando a bagagem forte e o peso nas costas maior ainda. Porque quem conhece o Mirada sabe que as pessoas são muito boas. É bem gratificante estar no Mirada e espero em 2016  eu esteja no festival de novo. *Projeto de lei que tem por objetivo criminalizar a homofobia no país. Coletivo Pão & Circo  ]]>
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Chile é convidado de honra do Mirada 2014 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/chile-e-convidado-de-honra-do-mirada-2014/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/chile-e-convidado-de-honra-do-mirada-2014/#comments Sat, 13 Sep 2014 23:02:08 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1849 Foto: Dana Hosova

Na terceira edição do Mirada, o Chile brilhou como destaque na programação. O país, grande homenageado do evento, levou aos palcos sete peças de suas companhias: Castigo, O Jardim das Cerejeiras, A Imaginação do Futuro, A Reunião, O Homem de Lugar Nenhum, O Cavaleiro da Morte e Otelo. “O Chile entrou no evento como um país próximo, já que temos a cena chilena presente aqui em São Paulo. Nossa relação com o Chile já vem há mais de dez anos se tornando ainda mais profunda – temos acompanhado de perto o Festival de Santiago, Santiago a Mil, que pretende internacionalizar o teatro chileno. Então temos um contato aprofundado com a cena e produção do país”, revela Sergio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada. A relação entre ambas as produções - a da nação homenageada e a brasileira - , no entanto, ficou por conta do público, que tirou as suas próprias conclusões. A pauta das conversas de corredor são, quem sabe, o resultado dessa aproximação que Sergio enxerga nesses últimos anos. “Achei uma cultura bem diferente, eles abordam de forma diferente a sociedade, a política”, sustenta Rafael Palmieri, músico e estudante de teatro. Já a aposentada Cleusa do Carmo usou essa diferença como fomento para a sua curiosidade. “Não conhecia o teatro chileno, adorei o trabalho deles pela força e atuação. A partir de agora, passarei a me interessar mais, gostei muito”, relata. O apreço de ambos, que estavam no público de O Homem Vindo de Lugar Nenhum, é explicada pela linguagem, como afirma Claudio Vega, ator da peça chilena. “Toda a nossa obra é teatro gestual. É uma metalinguagem. É uma linguagem universal”, explica. [caption id="attachment_1865" align="aligncenter" width="300"]Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo) Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo)[/caption] O brasileiro Bruno Henrique Miranda, ator, também traçou o seu paralelo. “Achei coisas parecidas e outras diferentes. Eles trazem outros olhares, outras propostas, até por ser outra cultura”, afirma. Já para Héctor Noguera, diretor de O Jardim das Cerejeiras, em termos técnicos no entanto, há contrapontos. “Anos atrás vi o teatro brasileiro em festivais. Gostei muito. Eu me recordo de ambas as cenas como bem diferentes. O teatro brasileiro naquele momento era muito mais físico e musical do que o nosso. O teatro do chile é mais político”, afirma. A declaração de Noguera é alinhada com o pensamento de Sérgio. “Os chilenos possuem um teatro engajado, muito político, militante, tanto em textos quanto em um sentido estético, inovador. Isso se revelou um acerto, que vemos também pelo retorno que estamos tendo de diretores, atores e até publico”, completa Sergio, reiterando os depoimentos ouvidos pelos corredores durante o festival. Se por um lado o Brasil, representado pelo público do Mirada, vê a escolha como um acerto, do outro lado das coxias, a ideia segue sendo a mesma. “Eu acho que o chileno é um povo amistoso, acolhedor e muito curioso”, revela Ana Tezza, diretora de Tchekhov. “Eu acredito que o Mirada trouxe uma boa mostra do teatro do Chile. São sete companhias, cada um com um estilo muito diferente. Isso que é legal no festival, a celebração da diversidade”, comemora Noguera. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Dana Hosova

Na terceira edição do Mirada, o Chile brilhou como destaque na programação. O país, grande homenageado do evento, levou aos palcos sete peças de suas companhias: Castigo, O Jardim das Cerejeiras, A Imaginação do Futuro, A Reunião, O Homem de Lugar Nenhum, O Cavaleiro da Morte e Otelo. “O Chile entrou no evento como um país próximo, já que temos a cena chilena presente aqui em São Paulo. Nossa relação com o Chile já vem há mais de dez anos se tornando ainda mais profunda – temos acompanhado de perto o Festival de Santiago, Santiago a Mil, que pretende internacionalizar o teatro chileno. Então temos um contato aprofundado com a cena e produção do país”, revela Sergio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada. A relação entre ambas as produções - a da nação homenageada e a brasileira - , no entanto, ficou por conta do público, que tirou as suas próprias conclusões. A pauta das conversas de corredor são, quem sabe, o resultado dessa aproximação que Sergio enxerga nesses últimos anos. “Achei uma cultura bem diferente, eles abordam de forma diferente a sociedade, a política”, sustenta Rafael Palmieri, músico e estudante de teatro. Já a aposentada Cleusa do Carmo usou essa diferença como fomento para a sua curiosidade. “Não conhecia o teatro chileno, adorei o trabalho deles pela força e atuação. A partir de agora, passarei a me interessar mais, gostei muito”, relata. O apreço de ambos, que estavam no público de O Homem Vindo de Lugar Nenhum, é explicada pela linguagem, como afirma Claudio Vega, ator da peça chilena. “Toda a nossa obra é teatro gestual. É uma metalinguagem. É uma linguagem universal”, explica. [caption id="attachment_1865" align="aligncenter" width="300"]Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo) Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo)[/caption] O brasileiro Bruno Henrique Miranda, ator, também traçou o seu paralelo. “Achei coisas parecidas e outras diferentes. Eles trazem outros olhares, outras propostas, até por ser outra cultura”, afirma. Já para Héctor Noguera, diretor de O Jardim das Cerejeiras, em termos técnicos no entanto, há contrapontos. “Anos atrás vi o teatro brasileiro em festivais. Gostei muito. Eu me recordo de ambas as cenas como bem diferentes. O teatro brasileiro naquele momento era muito mais físico e musical do que o nosso. O teatro do chile é mais político”, afirma. A declaração de Noguera é alinhada com o pensamento de Sérgio. “Os chilenos possuem um teatro engajado, muito político, militante, tanto em textos quanto em um sentido estético, inovador. Isso se revelou um acerto, que vemos também pelo retorno que estamos tendo de diretores, atores e até publico”, completa Sergio, reiterando os depoimentos ouvidos pelos corredores durante o festival. Se por um lado o Brasil, representado pelo público do Mirada, vê a escolha como um acerto, do outro lado das coxias, a ideia segue sendo a mesma. “Eu acho que o chileno é um povo amistoso, acolhedor e muito curioso”, revela Ana Tezza, diretora de Tchekhov. “Eu acredito que o Mirada trouxe uma boa mostra do teatro do Chile. São sete companhias, cada um com um estilo muito diferente. Isso que é legal no festival, a celebração da diversidade”, comemora Noguera. Coletivo Pão & Circo ]]>
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A popularização dos clássicos no Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-popularizacao-dos-classicos-dentro-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-popularizacao-dos-classicos-dentro-do-mirada/#comments Sat, 13 Sep 2014 19:46:55 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1715 Tchekhov na versão da companhia curitibana Ave Lola

“A gente traduz uma ideia de linguagem antiga e fora do nosso tempo. Isso significa atualizá-lo e popularizá-lo. Fazemos teatro para chegar nas pessoas”, afirma João Garcia Miguel, diretor português de Yerma, adaptação da peça de teatro do poeta espanhol Federico García Lorca. “Eu tenho acompanhado o festival e existe uma tendência interessante que é a utilização da dramaturgia clássica como trampolim para as questões contemporâneas de uma maneira criativa. Eu acho isso interessante do ponto de vista do teatro contemporâneo”, completa Leonardo Vieira, ministrante da Oficina CPT/Sesc – Centro de Pesquisa teatral: O Corpo Expressivo. A reflexão, trazidas por ambos participantes do Mirada, não aconteceu por acaso. “Na verdade a gente já contava com isso para dar força ao festival. Isso envolve todo o penso da programação, e como isso reverbera na cidade. O crescimento das ações formativas, que geram performances, também vai multiplicando o número de artistas da cidade. Com esse acesso, os aprendizes de teatro trazem consigo a família, os vizinhos... Gera um boca a boca maior. Por isso também tivemos essa preocupação de trazer textos clássicos de Shakespeare, Otelo etc.”, revela Leonardo Nicoletti, um dos curadores do evento. “Conto uma piada: um jovem amigo meu disse ‘tenho que ler Odisseia para a escola, mas tenho preguiça’. E eu disse “que pena que tem preguiça, porque é uma história maravilhosa”. Então me ocorreu que traduzindo-a para a linguagem teatral, poderia tirar toda a coisa pesada que tem a antiga linguagem literária, e fazer os jovens descobrirem que não são textos chatos, que podem ser prazerosos. Ao encontrar prazer nesta experiência, é possível que se animem a ler. Isso é o que mais me motiva”, explica Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia. A sua ideia, surgida em uma brincadeira, é exatamente o resultado que o público recebe. “Achei bem diferente, porque eles conseguem trazer o teatro que a gente perdeu a referência para o agora, com um efeito tão bonito como esse", reflete o aposentado Ivan Caldas, no público para ver uma obra clássica de Shakespeare dentro do Festival - a adaptação de Rei Lear. [caption id="attachment_1798" align="aligncenter" width="300"]Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia[/caption] “Toda essa nova forma de ver o teatro tem a ver com escrita de Tchekhov” adiciona ainda Ana Rosa Tezza, diretora da peça baseada na vida do dramaturgo russo. “Nós usamos as ferramentas de base que ele deixou. Mas existem várias maneiras de interpretar um grande mestre. Ele deixou tudo escrito. Como não somos ele, nos apropriamos do que ele disse de maneira respeitosa. E traduzimos isso da maneira como a gente imagina - e óbvio: cada cabeça uma sentença, cada grupo um trabalho”. O ator e diretor da peça chilena Otelo, Jaime Lorca, falou ainda sobre a escolha do texto original de Shakespeare. “É a primeira vez que fazemos uma adaptação, nós sempre trabalhamos com textos que criamos, e nos apoiamos muito na literatura, nas novelas, nos contos literários. Pegamos Shakespeare porque descobrimos que tinha muito sangue. Shakespeare era feito há quatro séculos, em teatros onde as pessoas comiam, bebiam, falavam, gritavam. Então era um teatro muito direto. E para o ator é maravilhoso, porque toca todas as notas da alma, da mais sublime às mais baixas e ruins. Tudo na mesma obra, no mesmo personagem”, relata. “É uma tragédia que tem muito melodrama. E nós fizemos esse link que tem nos melodramas na televisão, com as vidas de outras pessoas que se quer viver”, acrescenta Teresita Iacobelli, atriz do espetáculo. A ideia vai ao encontro do pensamento de João Garcia Miguel. “Quando trabalhamos com um clássico, reinventamos o passado. Deciframos os enigmas e encantamentos que eles tiveram com o mundo, afinal os clássicos sobreviveram. O que tentamos fazer é tentar trazer para hoje, para o nosso dia a dia. O clássico nos ajuda a pensar no passado e olhar para nós mesmos e nos entendermos hoje. O clássico nos ajuda a sermos mais honestos com a gente mesmo”, afirma. Coletivo Pão & Circo]]>
Tchekhov na versão da companhia curitibana Ave Lola

“A gente traduz uma ideia de linguagem antiga e fora do nosso tempo. Isso significa atualizá-lo e popularizá-lo. Fazemos teatro para chegar nas pessoas”, afirma João Garcia Miguel, diretor português de Yerma, adaptação da peça de teatro do poeta espanhol Federico García Lorca. “Eu tenho acompanhado o festival e existe uma tendência interessante que é a utilização da dramaturgia clássica como trampolim para as questões contemporâneas de uma maneira criativa. Eu acho isso interessante do ponto de vista do teatro contemporâneo”, completa Leonardo Vieira, ministrante da Oficina CPT/Sesc – Centro de Pesquisa teatral: O Corpo Expressivo. A reflexão, trazidas por ambos participantes do Mirada, não aconteceu por acaso. “Na verdade a gente já contava com isso para dar força ao festival. Isso envolve todo o penso da programação, e como isso reverbera na cidade. O crescimento das ações formativas, que geram performances, também vai multiplicando o número de artistas da cidade. Com esse acesso, os aprendizes de teatro trazem consigo a família, os vizinhos... Gera um boca a boca maior. Por isso também tivemos essa preocupação de trazer textos clássicos de Shakespeare, Otelo etc.”, revela Leonardo Nicoletti, um dos curadores do evento. “Conto uma piada: um jovem amigo meu disse ‘tenho que ler Odisseia para a escola, mas tenho preguiça’. E eu disse “que pena que tem preguiça, porque é uma história maravilhosa”. Então me ocorreu que traduzindo-a para a linguagem teatral, poderia tirar toda a coisa pesada que tem a antiga linguagem literária, e fazer os jovens descobrirem que não são textos chatos, que podem ser prazerosos. Ao encontrar prazer nesta experiência, é possível que se animem a ler. Isso é o que mais me motiva”, explica Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia. A sua ideia, surgida em uma brincadeira, é exatamente o resultado que o público recebe. “Achei bem diferente, porque eles conseguem trazer o teatro que a gente perdeu a referência para o agora, com um efeito tão bonito como esse", reflete o aposentado Ivan Caldas, no público para ver uma obra clássica de Shakespeare dentro do Festival - a adaptação de Rei Lear. [caption id="attachment_1798" align="aligncenter" width="300"]Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia[/caption] “Toda essa nova forma de ver o teatro tem a ver com escrita de Tchekhov” adiciona ainda Ana Rosa Tezza, diretora da peça baseada na vida do dramaturgo russo. “Nós usamos as ferramentas de base que ele deixou. Mas existem várias maneiras de interpretar um grande mestre. Ele deixou tudo escrito. Como não somos ele, nos apropriamos do que ele disse de maneira respeitosa. E traduzimos isso da maneira como a gente imagina - e óbvio: cada cabeça uma sentença, cada grupo um trabalho”. O ator e diretor da peça chilena Otelo, Jaime Lorca, falou ainda sobre a escolha do texto original de Shakespeare. “É a primeira vez que fazemos uma adaptação, nós sempre trabalhamos com textos que criamos, e nos apoiamos muito na literatura, nas novelas, nos contos literários. Pegamos Shakespeare porque descobrimos que tinha muito sangue. Shakespeare era feito há quatro séculos, em teatros onde as pessoas comiam, bebiam, falavam, gritavam. Então era um teatro muito direto. E para o ator é maravilhoso, porque toca todas as notas da alma, da mais sublime às mais baixas e ruins. Tudo na mesma obra, no mesmo personagem”, relata. “É uma tragédia que tem muito melodrama. E nós fizemos esse link que tem nos melodramas na televisão, com as vidas de outras pessoas que se quer viver”, acrescenta Teresita Iacobelli, atriz do espetáculo. A ideia vai ao encontro do pensamento de João Garcia Miguel. “Quando trabalhamos com um clássico, reinventamos o passado. Deciframos os enigmas e encantamentos que eles tiveram com o mundo, afinal os clássicos sobreviveram. O que tentamos fazer é tentar trazer para hoje, para o nosso dia a dia. O clássico nos ajuda a pensar no passado e olhar para nós mesmos e nos entendermos hoje. O clássico nos ajuda a sermos mais honestos com a gente mesmo”, afirma. Coletivo Pão & Circo]]>
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Entrevista: a arte vocal de Letícia Coura https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entrevista-a-arte-vocal-de-leticia-coura/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entrevista-a-arte-vocal-de-leticia-coura/#comments Fri, 12 Sep 2014 20:00:25 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1637 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Hoje vou poder assistir dois espetáculos, e estou bem feliz com isso”, diz Letícia Coura. A atriz e cantora é preparadora vocal da Cia Oficina Uzyna Uzona, do Teatro Oficina, em cartaz no Mirada com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe. Em um bate-papo rápido, ela contou sobre a sua história dentro da companhia, sua vida como cantora fora do teatro e sobre o que acontece nos festivais. “Eu acho que o mais importante de um festival, além de abrir pro público e cada vez formar mais espectadores, é a gente poder trocar entre nós”. Dentro do Mirada Deu pra algumas pessoas irem nos assistir, da Bolívia, do Equador, e outras que encontramos no hotel. Não conseguimos ver muita coisa, só alguns da equipe puderam ficar. Então eu dei essa sugestão de ter alguns espetáculos à tarde. Porque eu acho que o mais importante de um festival é a gente poder trocar entre nós - não de forma teórica, mas poder ver as coisas que estão acontecendo. Teve o Encontrão, que foi ótimo porque a gente pôde saber um pouco de outros trabalhos, mas o mais importante é ver, e talvez conversar depois de ver – porque aí o nível da conversa seria outro. Dá essa vontade e aqui, pelo o que eu pude ver, está rolando muito bem. Pensando na ideia de pluralidade do Festival: Já fez alguma mudança em como dizer as falas, ou teve alguma preocupação em fazer um trabalho vocal voltado pra uma língua estrangeira? As nossas peças tem sempre transmissão ao vivo pelo YouTube. E agora tem a tradução em inglês, e na época da Copa a gente deu uma ênfase para fazer isso. Ainda não conseguimos colocar a legenda na transmissão, que vai ser o mais importante, mas por enquanto já temos as legendas durante o espetáculo, no teatro. Foi bom, porque vários estrangeiros que foram ao teatro passaram a entender mais, mesmo eles dizendo que já entendiam, porque o espetáculo passa muitas sensações. Agora temos um cubano na equipe, então a gente acaba pegando alguma coisa dele, acabamos lidando com musicalidades diferentes. Mas basicamente vamos desenvolvendo a cada trabalho. A sua história dentro do Oficina Eu me mudei pra São Paulo em 1991. Sou de Minas, Belo Horizonte, e a primeira peça que eu vi lá, As Boas, me fez pensar “nossa, que bom que eu mudei pra essa cidade que tem essa peça”. Eu já sabia quem era o Oficina, o Zé Celso, mas nunca tinha visto nada. E fui conhecer ele dois anos depois, com uma amiga minha, a Beatriz, diretora de teatro da peça que eu fazia. Mas fui fazer mesmo a primeira peça em 1999, e foi muito bacana. Aí eu já tinha conhecido o Zé e o Marcelo [Drummond], que sempre ficava me seduzindo pra entrar. Me convidaram pra fazer as Bacantes de 1999 pra 2000, mas eu entrei mesmo foi nos Sertões. E aí me apaixonei totalmente, e fiquei até hoje. Desde então estou direto, mas às vezes eu dou um tempo, tiro um ano e vou fazer outra coisa. Como trabalho com música, eu dou um tempo para isso, mas no geral gosto de conciliar. Além do teatro Estou lançando um disco, então daqui a pouco vou precisar parar pra fazer shows. Eu tenho um trio que se chama Revista do Samba, e a gente viaja muito. Estamos no quinto disco, mas tiveram dois que só saíram na Europa. Este próximo se chama Samba do Revista. Ao mesmo tempo, estamos com as Cacildas a todo vapor. É difícil conciliar porque a gente trabalha muito, são muitas horas de ensaio, mas é muito bom. Acho que o legal do Oficina é isso. Tem gente de vários lugares: Pernambuco, Uruguai, Portugal, Minas, Alemanha, do Sul, de Goiás, da Bahia, do Rio...é muito misturado. Isso é bom também porque a gente tenta ir misturando as linguagens, e ir pegando antropofagicamente o bom de cada um. Como a Oficina mudou o seu trabalho como cantora A forma de interpretar mudou totalmente. Eu falo muito isso com o Marcelo, ele me fez esta mesma pergunta, e eu falava que antes eu até me sentia uma cantora teatral e com o tempo, com o trabalho do Oficina, eu fui aprendendo que o texto diz mais, você não se sobrepõe nem à musica, nem à letra. Você tenta passar aquilo, e se você faz visceralmente, com a sua verdade, isso vai ser a interpretação. Não é representação, é “presentação”. Este é o maior aprendizado. E depois que isso entra, dá uma outra forma de ver, de dar qualidade às coisas. Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Hoje vou poder assistir dois espetáculos, e estou bem feliz com isso”, diz Letícia Coura. A atriz e cantora é preparadora vocal da Cia Oficina Uzyna Uzona, do Teatro Oficina, em cartaz no Mirada com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe. Em um bate-papo rápido, ela contou sobre a sua história dentro da companhia, sua vida como cantora fora do teatro e sobre o que acontece nos festivais. “Eu acho que o mais importante de um festival, além de abrir pro público e cada vez formar mais espectadores, é a gente poder trocar entre nós”. Dentro do Mirada Deu pra algumas pessoas irem nos assistir, da Bolívia, do Equador, e outras que encontramos no hotel. Não conseguimos ver muita coisa, só alguns da equipe puderam ficar. Então eu dei essa sugestão de ter alguns espetáculos à tarde. Porque eu acho que o mais importante de um festival é a gente poder trocar entre nós - não de forma teórica, mas poder ver as coisas que estão acontecendo. Teve o Encontrão, que foi ótimo porque a gente pôde saber um pouco de outros trabalhos, mas o mais importante é ver, e talvez conversar depois de ver – porque aí o nível da conversa seria outro. Dá essa vontade e aqui, pelo o que eu pude ver, está rolando muito bem. Pensando na ideia de pluralidade do Festival: Já fez alguma mudança em como dizer as falas, ou teve alguma preocupação em fazer um trabalho vocal voltado pra uma língua estrangeira? As nossas peças tem sempre transmissão ao vivo pelo YouTube. E agora tem a tradução em inglês, e na época da Copa a gente deu uma ênfase para fazer isso. Ainda não conseguimos colocar a legenda na transmissão, que vai ser o mais importante, mas por enquanto já temos as legendas durante o espetáculo, no teatro. Foi bom, porque vários estrangeiros que foram ao teatro passaram a entender mais, mesmo eles dizendo que já entendiam, porque o espetáculo passa muitas sensações. Agora temos um cubano na equipe, então a gente acaba pegando alguma coisa dele, acabamos lidando com musicalidades diferentes. Mas basicamente vamos desenvolvendo a cada trabalho. A sua história dentro do Oficina Eu me mudei pra São Paulo em 1991. Sou de Minas, Belo Horizonte, e a primeira peça que eu vi lá, As Boas, me fez pensar “nossa, que bom que eu mudei pra essa cidade que tem essa peça”. Eu já sabia quem era o Oficina, o Zé Celso, mas nunca tinha visto nada. E fui conhecer ele dois anos depois, com uma amiga minha, a Beatriz, diretora de teatro da peça que eu fazia. Mas fui fazer mesmo a primeira peça em 1999, e foi muito bacana. Aí eu já tinha conhecido o Zé e o Marcelo [Drummond], que sempre ficava me seduzindo pra entrar. Me convidaram pra fazer as Bacantes de 1999 pra 2000, mas eu entrei mesmo foi nos Sertões. E aí me apaixonei totalmente, e fiquei até hoje. Desde então estou direto, mas às vezes eu dou um tempo, tiro um ano e vou fazer outra coisa. Como trabalho com música, eu dou um tempo para isso, mas no geral gosto de conciliar. Além do teatro Estou lançando um disco, então daqui a pouco vou precisar parar pra fazer shows. Eu tenho um trio que se chama Revista do Samba, e a gente viaja muito. Estamos no quinto disco, mas tiveram dois que só saíram na Europa. Este próximo se chama Samba do Revista. Ao mesmo tempo, estamos com as Cacildas a todo vapor. É difícil conciliar porque a gente trabalha muito, são muitas horas de ensaio, mas é muito bom. Acho que o legal do Oficina é isso. Tem gente de vários lugares: Pernambuco, Uruguai, Portugal, Minas, Alemanha, do Sul, de Goiás, da Bahia, do Rio...é muito misturado. Isso é bom também porque a gente tenta ir misturando as linguagens, e ir pegando antropofagicamente o bom de cada um. Como a Oficina mudou o seu trabalho como cantora A forma de interpretar mudou totalmente. Eu falo muito isso com o Marcelo, ele me fez esta mesma pergunta, e eu falava que antes eu até me sentia uma cantora teatral e com o tempo, com o trabalho do Oficina, eu fui aprendendo que o texto diz mais, você não se sobrepõe nem à musica, nem à letra. Você tenta passar aquilo, e se você faz visceralmente, com a sua verdade, isso vai ser a interpretação. Não é representação, é “presentação”. Este é o maior aprendizado. E depois que isso entra, dá uma outra forma de ver, de dar qualidade às coisas. Coletivo Pão & Circo]]>
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E.CO celebra a mirada e os coletivos https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/e-co-celebra-a-mirada-e-os-coletivos/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/e-co-celebra-a-mirada-e-os-coletivos/#comments Fri, 12 Sep 2014 12:00:17 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1579 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Vivemos uma época de confusão de coisas, de politica, e também de massificação. Temos muito de tudo. Nesse sentido, a individualidade está sumindo, entrando em uma forma de trabalhar um pouco mais poliédrica: os coletivos”. Essa é a reflexão que faz Claudi Carreras, curador de E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos. Além de trazer um retrato da cidade de Santos, a exposição ainda celebra a produção em conjunto, um dos temas dos quais Claudi é entusiasta. “Foi uma forma de entender a coletividade, e uma forma muito bonita. Além disso, alguns coletivos disseram que foi o encontro mais frutífero que eles foram, porque todos pensaram juntos. Foi um evento verdadeiramente participativo”, conta. A exposição é resultado do trabalho de 20 coletivos fotográficos durante a semana anterior ao Mirada. “Neste modelo de evento participam 70 ou 80 pessoas e o objetivo é produzir, expor e montar a exposição em dez dias”, explica Paulo Fehlauer, jornalista e fotógrafo do Coletivo Garapa, um dos participantes do encontro. Assim como Claudi, Paulo partilha do entusiasmo pela criação coletiva, e reafirma a ideia de dividir as forças. “Da nossa parte, existe uma disposição para trabalhar em colaboração. Quase todos os nossos projetos são desenvolvidos com colaborações de outros profissionais, sejam jornalistas ou designers, gente do cinema. A gente sempre busca isso. Pra nós isso é importante porque é uma forma de trabalhar diferente, não é apenas uma relação de contratação de forma hierárquica. A gente tenta inverter a dinâmica e pensar como parceria, uma colaboração horizontal”, conta Rafael Vilela, do Mídia Ninja, também participante do evento. “Não há outra forma mais interessante e inteligente do que o trabalho coletivo no século 21. Barateamos os custos e compartilhamos as angústias e críticas: tudo já sai mais delineado, com mais debate. A inteligência coletiva é fundamental para fotografia. As pessoas tem que sair de suas bolhas, largar seu ego e partir para essa aventura”. O processo de produção e o resultado “Eu pesquiso há dez anos sobre a cena latino-americana. Em 2006 comecei a mapear esse trabalho e em 2008 fizemos a primeira exposição como um encontro de coletivos. A partir dai fizemos uma pesquisa continuada, com uma curadoria mais abrangente desses países”, conta Claudi. “Fotograficamente, o Brasil me fascinou. A partir disso, a exposição fez todo sentido”, acrescentou. Rafael Vilela também explicou o trabalho do Mídia Ninja dentro do projeto. “Foram 10 dias juntos, uma explosão de alegria, de trocas e de conhecimento. Já viemos trabalhando nos últimos anos na concepção de uma rede latino-americana de fotografia, linkando articulações distintas”, revela. Como resultado, ele acredita em um trabalho que além de interessante, possa ser duradouro. “A ideia da fotografia enquanto vetor de conexão é muito potente, tenho certeza que essas trocas irão gerar consequências deliciosas nos meses que seguem, como a revista de fotografia latino-americana gerida pelos coletivos, que criamos em uma reunião aberta fora dos espaços formais do encontro em Santos. O E.CO é excelente, ao meu ver, ao possibilitar essas conexões e permitir que se criem estruturas e projetos para além dele”, disse. Laura del Rey, fotógrafa participante, contou como funcionou o trabalho: “Eu e outros 13 fotógrafos, jornalistas, historiadores e professores, participamos da fase chamada 'esquenta' do E.CO, que teve três workshops. Fiz o Orla Latente, com o Coletivo Garapa. Nesse esquenta, foram três dias de encontros, sendo o primeiro uma conversa geral, um pouco da história, trabalho e metodologia deles. Foi um grande brainstorm sobre Santos e o que fotografaríamos no dia seguinte. O segundo dia já foi a saída dos minigrupos (2 ou 3 pessoas por coletivo), cada qual com seu respectivo canal da orla para registrar. O terceiro dia foi a edição das imagens”, explica. “Foi muito importante estar dentro de um evento internacional ibero-americano. Porque os meus trabalhos tem uma ligação muito forte com isso. O próprio nome indica: mirada. E nós trouxemos um olhar sobre a cidade de Santos”, finalizou Claudi.   Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Vivemos uma época de confusão de coisas, de politica, e também de massificação. Temos muito de tudo. Nesse sentido, a individualidade está sumindo, entrando em uma forma de trabalhar um pouco mais poliédrica: os coletivos”. Essa é a reflexão que faz Claudi Carreras, curador de E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos. Além de trazer um retrato da cidade de Santos, a exposição ainda celebra a produção em conjunto, um dos temas dos quais Claudi é entusiasta. “Foi uma forma de entender a coletividade, e uma forma muito bonita. Além disso, alguns coletivos disseram que foi o encontro mais frutífero que eles foram, porque todos pensaram juntos. Foi um evento verdadeiramente participativo”, conta. A exposição é resultado do trabalho de 20 coletivos fotográficos durante a semana anterior ao Mirada. “Neste modelo de evento participam 70 ou 80 pessoas e o objetivo é produzir, expor e montar a exposição em dez dias”, explica Paulo Fehlauer, jornalista e fotógrafo do Coletivo Garapa, um dos participantes do encontro. Assim como Claudi, Paulo partilha do entusiasmo pela criação coletiva, e reafirma a ideia de dividir as forças. “Da nossa parte, existe uma disposição para trabalhar em colaboração. Quase todos os nossos projetos são desenvolvidos com colaborações de outros profissionais, sejam jornalistas ou designers, gente do cinema. A gente sempre busca isso. Pra nós isso é importante porque é uma forma de trabalhar diferente, não é apenas uma relação de contratação de forma hierárquica. A gente tenta inverter a dinâmica e pensar como parceria, uma colaboração horizontal”, conta Rafael Vilela, do Mídia Ninja, também participante do evento. “Não há outra forma mais interessante e inteligente do que o trabalho coletivo no século 21. Barateamos os custos e compartilhamos as angústias e críticas: tudo já sai mais delineado, com mais debate. A inteligência coletiva é fundamental para fotografia. As pessoas tem que sair de suas bolhas, largar seu ego e partir para essa aventura”. O processo de produção e o resultado “Eu pesquiso há dez anos sobre a cena latino-americana. Em 2006 comecei a mapear esse trabalho e em 2008 fizemos a primeira exposição como um encontro de coletivos. A partir dai fizemos uma pesquisa continuada, com uma curadoria mais abrangente desses países”, conta Claudi. “Fotograficamente, o Brasil me fascinou. A partir disso, a exposição fez todo sentido”, acrescentou. Rafael Vilela também explicou o trabalho do Mídia Ninja dentro do projeto. “Foram 10 dias juntos, uma explosão de alegria, de trocas e de conhecimento. Já viemos trabalhando nos últimos anos na concepção de uma rede latino-americana de fotografia, linkando articulações distintas”, revela. Como resultado, ele acredita em um trabalho que além de interessante, possa ser duradouro. “A ideia da fotografia enquanto vetor de conexão é muito potente, tenho certeza que essas trocas irão gerar consequências deliciosas nos meses que seguem, como a revista de fotografia latino-americana gerida pelos coletivos, que criamos em uma reunião aberta fora dos espaços formais do encontro em Santos. O E.CO é excelente, ao meu ver, ao possibilitar essas conexões e permitir que se criem estruturas e projetos para além dele”, disse. Laura del Rey, fotógrafa participante, contou como funcionou o trabalho: “Eu e outros 13 fotógrafos, jornalistas, historiadores e professores, participamos da fase chamada 'esquenta' do E.CO, que teve três workshops. Fiz o Orla Latente, com o Coletivo Garapa. Nesse esquenta, foram três dias de encontros, sendo o primeiro uma conversa geral, um pouco da história, trabalho e metodologia deles. Foi um grande brainstorm sobre Santos e o que fotografaríamos no dia seguinte. O segundo dia já foi a saída dos minigrupos (2 ou 3 pessoas por coletivo), cada qual com seu respectivo canal da orla para registrar. O terceiro dia foi a edição das imagens”, explica. “Foi muito importante estar dentro de um evento internacional ibero-americano. Porque os meus trabalhos tem uma ligação muito forte com isso. O próprio nome indica: mirada. E nós trouxemos um olhar sobre a cidade de Santos”, finalizou Claudi.   Coletivo Pão & Circo]]>
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Entrevista: 3 perguntas para Cibele Forjaz https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/3-perguntas-para-cibele-forjaz/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/3-perguntas-para-cibele-forjaz/#comments Thu, 11 Sep 2014 22:55:10 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1574 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Nós somos um pouco alcoviteiras”, define Cibele Forjaz, diretora da equipe que coordena as atividades formativas do Mirada. “Somos responsáveis por fazer uma relação com o que é intimo – que são os processos de criação de cada grupo teatral – com o público”. Cibele é responsável pelos Desafios Cênicos, que tem como ideia básica “afetar e provocar”, como ela mesma diz. Através de uma inscrição prévia, cerca de 40 alunos participam dessa provocação, que analisa “influências comuns e tendências na cena teatral de outros países”. Para entender melhor esses Desafios, fizemos três perguntas para a diretora, que você lê a seguir. Qual é a ideia central dos Desafios Cênicos? É uma espécie de oficina transversal, que passa pelas várias atividades do Mirada. O grupo vê um espetáculo, escuta no Encontrão qual foi o processo de criação dessa mesma companhia, então no terceiro dia faz um desafio cênico pra eles. No quarto dia a gente ensaia e cria uma performance relâmpago – um depoimento, uma cena – pra apresentar em um espaço público de Santos. Você já esteve no Mirada trazendo algumas peças, e agora volta como essa atividade de formação. Como é essa experiência? Eu estive aqui nas três edições. Cada uma tem uma característica bem específica, tanto pelas pessoas presentes quanto o tema da curadoria e aprofundamento que acontece. Na primeira eu vim com espetáculo, então fiquei muito mais tempo no galpão do Porto, onde nos apresentamos, e vi muito menos apresentações porque estava preocupada com a montagem, com ensaiar. No último Mirada fiz a luz do Pais e Filhos, mas participei mais de debates, vi espetáculos. Dessa vez estou vendo tudo – ou quase tudo. E qual é a importância de estar aqui dentro, tanto pra você quanto para o público, atores e diretores? Eu acho que tem por um lado o know how adquirido. A cada edição toda a equipe incorpora o aprendizado e experiência. Esse ano tem um foco claro na curadoria. Tem vários espetáculos que tem tanto teatro documental quanto mistura de linguagens. É bom lembrar também que esse ano houve um aumento das atividades paralelas. Tanto nas formativas quanto nos Pontos de Conexão (aqui e aqui) e Oficinas de Coro.]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Nós somos um pouco alcoviteiras”, define Cibele Forjaz, diretora da equipe que coordena as atividades formativas do Mirada. “Somos responsáveis por fazer uma relação com o que é intimo – que são os processos de criação de cada grupo teatral – com o público”. Cibele é responsável pelos Desafios Cênicos, que tem como ideia básica “afetar e provocar”, como ela mesma diz. Através de uma inscrição prévia, cerca de 40 alunos participam dessa provocação, que analisa “influências comuns e tendências na cena teatral de outros países”. Para entender melhor esses Desafios, fizemos três perguntas para a diretora, que você lê a seguir. Qual é a ideia central dos Desafios Cênicos? É uma espécie de oficina transversal, que passa pelas várias atividades do Mirada. O grupo vê um espetáculo, escuta no Encontrão qual foi o processo de criação dessa mesma companhia, então no terceiro dia faz um desafio cênico pra eles. No quarto dia a gente ensaia e cria uma performance relâmpago – um depoimento, uma cena – pra apresentar em um espaço público de Santos. Você já esteve no Mirada trazendo algumas peças, e agora volta como essa atividade de formação. Como é essa experiência? Eu estive aqui nas três edições. Cada uma tem uma característica bem específica, tanto pelas pessoas presentes quanto o tema da curadoria e aprofundamento que acontece. Na primeira eu vim com espetáculo, então fiquei muito mais tempo no galpão do Porto, onde nos apresentamos, e vi muito menos apresentações porque estava preocupada com a montagem, com ensaiar. No último Mirada fiz a luz do Pais e Filhos, mas participei mais de debates, vi espetáculos. Dessa vez estou vendo tudo – ou quase tudo. E qual é a importância de estar aqui dentro, tanto pra você quanto para o público, atores e diretores? Eu acho que tem por um lado o know how adquirido. A cada edição toda a equipe incorpora o aprendizado e experiência. Esse ano tem um foco claro na curadoria. Tem vários espetáculos que tem tanto teatro documental quanto mistura de linguagens. É bom lembrar também que esse ano houve um aumento das atividades paralelas. Tanto nas formativas quanto nos Pontos de Conexão (aqui e aqui) e Oficinas de Coro.]]>
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A presença feminina na programação https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-presenca-feminina-na-programacao-do-festival/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-presenca-feminina-na-programacao-do-festival/#comments Wed, 10 Sep 2014 21:48:38 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1478 Yerma. Foto: Marta Coelho

Os espetáculos que utilizam o ponto de vista ou o corpo feminino como parte da narrativa geram reflexão no público do Mirada. “É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”, disse Simone de Beauvoir. A utilização da palavra homem por uma escritora com um simbolismo tão grande pode ou não ter sido proposital. De todo modo, ela serve como uma provocação. Assim como na colocação da escritora, a curadoria do festival pensou a questão de maneira geral, como explica Leonardo Nicoletti: "As questões femininas são uma coincidência, pois dentro da proposta do festival se pensou na questão da construção da família. Então são diversos espetáculos que falam das relações familiares, para se ter todos os lados: o machismo, a mulher oprimida, a reafirmação de questões femininas, a beleza". A presença feminina na programação acaba trazendo um forte tom emocional, nem sempre delicado. O espetáculo peruano Criadouro tem três atrizes que contam suas histórias de vida sob a perspectiva de filhas de mulheres fortes. A narrativa não-linear as apresenta também como mães e tia - a dúvida sobre a maternidade também entra em foco. Nadine Vallejo, codiretora da produção, conta que de 2011 até agora a peça foi encenada continuamente em Lima. Ela credita o sucesso à empatia que as pessoas criam com os depoimentos (extra)ordinários, comuns em muitas famílias. “O público sai emocionado da apresentação”, conta. Yerma, do diretor português João Garcia Miguel, enxerga a mulher como um elo de ligação entre a terra e a vida. “Pra mim esse assunto foi importante porque eu nunca tinha olhado pra mulher como este símbolo de ligação com o mundo. Ela é aquilo que faz tudo andar, e continuar a procriar e a existir. Nunca tinha pensando tão fortemente na mulher como símbolo de luz e de continuidade na vida humana. Ao meu ver acho que as mulheres de hoje esquecem do quão fundamental é o papel delas aqui e a sua existência. É uma mensagem importante para sempre lembrar: O que é ser mulher”. A peça é baseada em um poema do espanhol García Lorca, e mostra a infertilidade de um casal sob o ponto da personagem-título. Às vezes o papel da criadora do mundo aparece com o único propósito de celebrar sua delicadeza. É o caso de Utopia, da coreógrafa espanhola Maria Pagés. Naiá Gago, produtora do Teatro Coliseu, onde a peça foi apresentada, conta que se emocionou no espetáculo: “Um gestual e uma feminilidade espetaculares. A Maria Pagés, que já é uma senhora, representou a essência da beleza, do corpo longilíneo, dos gestos, dos leques e símbolos femininos”.

Otelo (Foto: Rafael Arenas)

Em contraponto, o espetáculo chileno Otelo traz a representação da mulher oprimida. “Otelo é um femicida. No Chile temos um femicídio por semana, é uma sociedade muito machista. Como ser dono de uma mulher? A única forma de ser dono totalmente, é matá-la. São mulheres que estão submetidas a um mundo masculino e militar”, comenta o o ator e diretor do espetáculo, Jaime Lorca. O dicionário português brasileiro define a palavra “ultrapassar” como uma transposição. A relação das palavras com a afirmação de Beauvoir não parece ter sido mais acertada para o Mirada.  Aqui, a mulher se transpôs na arte, e mostrou a sua força na sobrevivência. Coletivo Pão & Circo]]>
Yerma. Foto: Marta Coelho

Os espetáculos que utilizam o ponto de vista ou o corpo feminino como parte da narrativa geram reflexão no público do Mirada. “É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”, disse Simone de Beauvoir. A utilização da palavra homem por uma escritora com um simbolismo tão grande pode ou não ter sido proposital. De todo modo, ela serve como uma provocação. Assim como na colocação da escritora, a curadoria do festival pensou a questão de maneira geral, como explica Leonardo Nicoletti: "As questões femininas são uma coincidência, pois dentro da proposta do festival se pensou na questão da construção da família. Então são diversos espetáculos que falam das relações familiares, para se ter todos os lados: o machismo, a mulher oprimida, a reafirmação de questões femininas, a beleza". A presença feminina na programação acaba trazendo um forte tom emocional, nem sempre delicado. O espetáculo peruano Criadouro tem três atrizes que contam suas histórias de vida sob a perspectiva de filhas de mulheres fortes. A narrativa não-linear as apresenta também como mães e tia - a dúvida sobre a maternidade também entra em foco. Nadine Vallejo, codiretora da produção, conta que de 2011 até agora a peça foi encenada continuamente em Lima. Ela credita o sucesso à empatia que as pessoas criam com os depoimentos (extra)ordinários, comuns em muitas famílias. “O público sai emocionado da apresentação”, conta. Yerma, do diretor português João Garcia Miguel, enxerga a mulher como um elo de ligação entre a terra e a vida. “Pra mim esse assunto foi importante porque eu nunca tinha olhado pra mulher como este símbolo de ligação com o mundo. Ela é aquilo que faz tudo andar, e continuar a procriar e a existir. Nunca tinha pensando tão fortemente na mulher como símbolo de luz e de continuidade na vida humana. Ao meu ver acho que as mulheres de hoje esquecem do quão fundamental é o papel delas aqui e a sua existência. É uma mensagem importante para sempre lembrar: O que é ser mulher”. A peça é baseada em um poema do espanhol García Lorca, e mostra a infertilidade de um casal sob o ponto da personagem-título. Às vezes o papel da criadora do mundo aparece com o único propósito de celebrar sua delicadeza. É o caso de Utopia, da coreógrafa espanhola Maria Pagés. Naiá Gago, produtora do Teatro Coliseu, onde a peça foi apresentada, conta que se emocionou no espetáculo: “Um gestual e uma feminilidade espetaculares. A Maria Pagés, que já é uma senhora, representou a essência da beleza, do corpo longilíneo, dos gestos, dos leques e símbolos femininos”.

Otelo (Foto: Rafael Arenas)

Em contraponto, o espetáculo chileno Otelo traz a representação da mulher oprimida. “Otelo é um femicida. No Chile temos um femicídio por semana, é uma sociedade muito machista. Como ser dono de uma mulher? A única forma de ser dono totalmente, é matá-la. São mulheres que estão submetidas a um mundo masculino e militar”, comenta o o ator e diretor do espetáculo, Jaime Lorca. O dicionário português brasileiro define a palavra “ultrapassar” como uma transposição. A relação das palavras com a afirmação de Beauvoir não parece ter sido mais acertada para o Mirada.  Aqui, a mulher se transpôs na arte, e mostrou a sua força na sobrevivência. Coletivo Pão & Circo]]>
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Os personagens reais do Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/os-personagens-reais-dentro-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/os-personagens-reais-dentro-do-mirada/#comments Wed, 10 Sep 2014 12:00:13 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1451 Foto: Otávio Dantas

Criar ficção a partir da realidade parece uma ideia louca – mas no Mirada, completamente possível. Afinal, quando o ator deixa de lado a máscara de seu personagem para ser ele mesmo, ainda há atuação. Seja no gesto, no tom, no semblante que traz de sua vivência para acrescentar ao espetáculo. Mas vestir-se com o próprio rosto, no entanto, pode ser uma tarefa muito difícil para o ator, acostumado a interpretar. “Existe um desenho de cena, mas o gestual é muito próximo do seu pessoal, o tom de voz é o seu”, conta Paula Picarelli, atriz de 02 Ficções, de Leonardo Moreira. Foto: Paola Vera O desafio também é um exercício da vivência dos próprio atores. A atriz Renata Carvalho, de Projeto Bispo, conta que a criação dos personagens de sua peça se fez de forma semelhante. “A gente coloca [na peça] quem seriam os excluídos de hoje. A rua é o grito de cada um, de cada participante desse coletivo. Jogamos um pouco pra fora os problemas que cada um, no seu universo, mais ou menos conhece”, diz. Trazer a própria emoção para dentro do palco resulta em uma grande empatia do público, que acaba se identificando em pequena frivolidades diárias retratadas em cena. Criadouro, espetáculo peruano dirigido por Mariana de Althaus, utiliza-se dessa identificação para contar a história das três atrizes no palco. “Tudo o que elas dizem em cena é verdade, aconteceu em sua vida”, revela a codiretora Nadine Vallejo. Foto: Adriana Marchiori Por outro lado, muitas vezes o próprio corpo do ator, que não se veste de um personagem, serve como mensagem de uma arte. É o caso do espetáculo-intervenção Cidade Proibida, do grupo gaúcho Companhia Rústica. “Os atores transitam por várias possibilidades e são eles mesmos, na maior parte do tempo. São eles dentro do jogo”, afirma a diretora Patrícia Fagundes. Aqui, o não-uso de personagens palpáveis (sem nome ou falas), desnuda o ator e acaba dando foco a um novo protagonista: o cenário. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Otávio Dantas

Criar ficção a partir da realidade parece uma ideia louca – mas no Mirada, completamente possível. Afinal, quando o ator deixa de lado a máscara de seu personagem para ser ele mesmo, ainda há atuação. Seja no gesto, no tom, no semblante que traz de sua vivência para acrescentar ao espetáculo. Mas vestir-se com o próprio rosto, no entanto, pode ser uma tarefa muito difícil para o ator, acostumado a interpretar. “Existe um desenho de cena, mas o gestual é muito próximo do seu pessoal, o tom de voz é o seu”, conta Paula Picarelli, atriz de 02 Ficções, de Leonardo Moreira. Foto: Paola Vera O desafio também é um exercício da vivência dos próprio atores. A atriz Renata Carvalho, de Projeto Bispo, conta que a criação dos personagens de sua peça se fez de forma semelhante. “A gente coloca [na peça] quem seriam os excluídos de hoje. A rua é o grito de cada um, de cada participante desse coletivo. Jogamos um pouco pra fora os problemas que cada um, no seu universo, mais ou menos conhece”, diz. Trazer a própria emoção para dentro do palco resulta em uma grande empatia do público, que acaba se identificando em pequena frivolidades diárias retratadas em cena. Criadouro, espetáculo peruano dirigido por Mariana de Althaus, utiliza-se dessa identificação para contar a história das três atrizes no palco. “Tudo o que elas dizem em cena é verdade, aconteceu em sua vida”, revela a codiretora Nadine Vallejo. Foto: Adriana Marchiori Por outro lado, muitas vezes o próprio corpo do ator, que não se veste de um personagem, serve como mensagem de uma arte. É o caso do espetáculo-intervenção Cidade Proibida, do grupo gaúcho Companhia Rústica. “Os atores transitam por várias possibilidades e são eles mesmos, na maior parte do tempo. São eles dentro do jogo”, afirma a diretora Patrícia Fagundes. Aqui, o não-uso de personagens palpáveis (sem nome ou falas), desnuda o ator e acaba dando foco a um novo protagonista: o cenário. Coletivo Pão & Circo ]]>
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