Mirada » » performance https://mirada2014.sescsp.org.br/pt Festival Ibero-Americano de artes Cênicas de Santos Mon, 02 Feb 2015 13:08:25 +0000 pt-BR hourly 1 Mirada 2014 em vídeos, textos, fotos e sensações https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-2014-em-videos-textos-fotos-e-sensacoes/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-2014-em-videos-textos-fotos-e-sensacoes/#comments Sun, 14 Sep 2014 11:36:18 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1886 Matéria-Prima

De 4 a 13 de setembro, a baixada santista foi palco do encontro de artistas e público com apresentações cênicas, shows, performances e atividades formativas durante a terceira edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Foram mais de 70 mil pessoas assistindo aos 40 espetáculos do festival, que propiciou o encontro de trupes de 15 países.

Durante 10 dias, a extensa programação cultural ganhou destaque no Ponto Digital Mirada. Aqui, o que você não pode perder desta cobertura: - Com sete espetáculos na programação, o grande homenageado desta edição foi o Chile. Saiba por que aqui.

- Maria Pagés trouxe da Espanha a sua dança flamenca em Utopia, um espetáculo sensorial aplaudido de pé. Maria Pagés em cena - Personagens do Mirada falam sobre seus ofícios e percepções do festival em entrevistas exclusivas. Entre os nomes da cena, estão a diretora Cibele Forjaz, responsável pelos Desafios Cênicos do Mirada, o ator português António Fonseca, a preparadora vocal Letícia Coura e o diretor Leonardo Moreira.

- O público também é protagonista do Mirada e opinou sobre o que viu nos espetáculos. Foi o caso dos clássicos reinventados, do burburinho por trás de A Imaginação do Futuroda peça infantil São Jorge Menino e, ainda, refletindo: Qual é a sua peça dos sonhos? Veja a seguir algumas das respostas:

- Do centro histórico à beira do mar, Santos se transformou. Seja com o Projeto Bispo ressignificando e ocupando as ruas centrais, com a Casa Rosada e o Emissário utilizados a todo vapor, com a criação da Cidade dos Containers ou com as visitas ao Centro Cultural Português. Emissário Submarino e outro ponto de vista da cidade

- Nem só de fruição viveu o público. As atividades formativas foram parte essencial da programação. Entre Encontrões, Pontos de Conexão e muita troca nas oficinas práticas - como as performances-relâmpago dos Desafios Cênicos, o corpo expressivo proposto pelo CPT, os Ensaios de Coro e a Imersão Olho-Urubu do SescTV, entre outras. Conheça o pensamento que embasou as formativas em vídeo:

- Por trás das coxias: Preparamos uma série de vídeos com a gente de teatro que dá vazão ao imaginário comum.

- A mirada por trás do mirada: as oficinas e a E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos, que ganha a área de convivência do Sesc Santos até novembro.

- O processo de criação se transformou na grande história do Ponto Digital. Das peças que retratam fatos políticos à presença feminina no Festival, fomos atrás das histórias por trás das histórias.

- Nem só de teatro vivem as artes cênicas. A dança também ganha espaço enquanto a trilha sonora dá o tom.

- Os elementos do festival se espalharam pela cidade e deram o que falar entre os moradores da baixada. Os elementos esal

- E uma última miradela com espetáculos para ver quando quiser: Ilha do Tesouro, 13 Sonhos, Projeto Bispo, UtopiaOdisseia e Matéria-Prima mostram o por quê do sucesso entre os espectadores.]]>
Matéria-Prima

De 4 a 13 de setembro, a baixada santista foi palco do encontro de artistas e público com apresentações cênicas, shows, performances e atividades formativas durante a terceira edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Foram mais de 70 mil pessoas assistindo aos 40 espetáculos do festival, que propiciou o encontro de trupes de 15 países.

Durante 10 dias, a extensa programação cultural ganhou destaque no Ponto Digital Mirada. Aqui, o que você não pode perder desta cobertura: - Com sete espetáculos na programação, o grande homenageado desta edição foi o Chile. Saiba por que aqui.

- Maria Pagés trouxe da Espanha a sua dança flamenca em Utopia, um espetáculo sensorial aplaudido de pé. Maria Pagés em cena - Personagens do Mirada falam sobre seus ofícios e percepções do festival em entrevistas exclusivas. Entre os nomes da cena, estão a diretora Cibele Forjaz, responsável pelos Desafios Cênicos do Mirada, o ator português António Fonseca, a preparadora vocal Letícia Coura e o diretor Leonardo Moreira.

- O público também é protagonista do Mirada e opinou sobre o que viu nos espetáculos. Foi o caso dos clássicos reinventados, do burburinho por trás de A Imaginação do Futuroda peça infantil São Jorge Menino e, ainda, refletindo: Qual é a sua peça dos sonhos? Veja a seguir algumas das respostas:

- Do centro histórico à beira do mar, Santos se transformou. Seja com o Projeto Bispo ressignificando e ocupando as ruas centrais, com a Casa Rosada e o Emissário utilizados a todo vapor, com a criação da Cidade dos Containers ou com as visitas ao Centro Cultural Português. Emissário Submarino e outro ponto de vista da cidade

- Nem só de fruição viveu o público. As atividades formativas foram parte essencial da programação. Entre Encontrões, Pontos de Conexão e muita troca nas oficinas práticas - como as performances-relâmpago dos Desafios Cênicos, o corpo expressivo proposto pelo CPT, os Ensaios de Coro e a Imersão Olho-Urubu do SescTV, entre outras. Conheça o pensamento que embasou as formativas em vídeo:

- Por trás das coxias: Preparamos uma série de vídeos com a gente de teatro que dá vazão ao imaginário comum.

- A mirada por trás do mirada: as oficinas e a E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos, que ganha a área de convivência do Sesc Santos até novembro.

- O processo de criação se transformou na grande história do Ponto Digital. Das peças que retratam fatos políticos à presença feminina no Festival, fomos atrás das histórias por trás das histórias.

- Nem só de teatro vivem as artes cênicas. A dança também ganha espaço enquanto a trilha sonora dá o tom.

- Os elementos do festival se espalharam pela cidade e deram o que falar entre os moradores da baixada. Os elementos esal

- E uma última miradela com espetáculos para ver quando quiser: Ilha do Tesouro, 13 Sonhos, Projeto Bispo, UtopiaOdisseia e Matéria-Prima mostram o por quê do sucesso entre os espectadores.]]>
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Os Desafios Cênicos e as performances-relâmpago espalhadas pela cidade https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/desafios-cenicos-e-performances-relampago/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/desafios-cenicos-e-performances-relampago/#comments Sat, 13 Sep 2014 23:28:37 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1719 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Os espetáculos não são só para serem vistos, eles tem uma ação direta sobre a vida e a categoria artística da cidade”, explica Diego Moschkovitch, um dos responsáveis pelo Desafios Cênicos. A apresentação da manhã deste sábado (13) no Emissário Submarino, reuniu os atores do grupo da baixada santista O Coletivo ao lado de estudantes de artes cênicas para apresentações-relâmpago na cidade. - Desafio: O que é comer pedra? O primeiro grupo se apropriou das pedreiras que separam a terra do mar. Diego se encarregou de guiar os oficineiros e conta um pouco como foi esse processo: Nós recebemos o desafio do João Garcia Miguel, que é o diretor do espetáculo Yerma. O João trouxe muitas imagens e muitas referências pessoais dele, de coisas que movem ele no processo criativo. Ele mostrou pra gente um vídeo de uma performance que ele fez um tempo atrás em Portugal. Era uma câmera ligada e ele comendo pedras. E tem toda a questão: o que é comer pedra? O que é comer pedra para cada um? Nós conversamos bastante com os oficineiros e chegamos à conclusão de que cada um deveria trazer para a cena o que é esse ato para si. Nós tínhamos essa referência, e de repente nós chegamos no Emissário e tem essa pedreira. A ideia era trabalhar com a urgência, em um desafio que pudesse ser feito brevemente, já que tivemos pouco tempo para ensaiarmos. - Desafio: O que você esconde? O diretor colombiano Fabio Rubiano, da companhia Petra Teatro, desafiou o segundo grupo, da companhia santista O Coletivo. A atriz Renata Carvalho conta como foi participar da performance. A Cibele Forjaz viu o nosso espetáculo, Projeto Bispo, e ficou muito animada e quis que nós participássemos do Desafio Cênico. O Bispo tem essa coisa de descobrir o espaço público e a Cibele tem muito disso também, e o convite apareceu no Encontrão. Por isso, ela viu esse casamento direto entre as duas ideias. O resultado foi maravilhoso, desafiador. No final, o teatro sempre acontece e sempre dá certo. Tivemos quatro perguntas que nortearam a peça. E depois, isso foi se encaixando em outras perguntas, como: Do que você tem medo? O que você esconde? O que você mente? O pacto com o diabo deveria ser o final e o final tinha que ser espetacular. Nós resolvemos falar da transfobia e lesbofobia. No final, era só pra eu me enrolar no plástico e cair, mas aconteceu esse crime bárbaro com esse jovem [na semana de 10 de setembro, um jovem de 18 anos foi encontrado morto na região metropolitana de Goiânia. A principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por homofobia] e a lei PL22* caiu de novo, então eu resolvi usar isso em cena. As pessoas morrem por serem só o que são. Isso é muito duro. A gente não pode apenas falar que a vida é linda. A arte imita a vida e a vida imita a arte. Então nós temos que colocar isso, porque eu acredito que o ator tem um papel fundamental de combate, de cunho político. E o meu é o movimento LGBT, então eu vou continuar nessa batalha. Desafio concluído Muito mais do que uma performance-relâmpago, o projeto proporcionou trocas de experiências e despertou a criatividade. O diretor Kadu Verissímo, de Projeto Bispo, conta sobre o resultado do Desafios Cênicos. O bacana do festival é a troca mesmo, é conhecer o outro, ver o trabalho do outro, ver como o outro pensa teatro e está todo mundo sempre no mesmo barco, mas cada um com a sua ideia e cada um com os seus planos. No fundo, estamos todos dialogando juntos. A troca é sempre o mais importante. Já a estudante de teatro Noemi Figueiredo participou da oficina e já está de olho no próximo Mirada. O Mirada tem um peso muito grade na vida de qualquer artista. Então se você tem no currículo que participou de um projeto do Mirada ou participou do Antunes, isso acaba deixando a bagagem forte e o peso nas costas maior ainda. Porque quem conhece o Mirada sabe que as pessoas são muito boas. É bem gratificante estar no Mirada e espero em 2016  eu esteja no festival de novo. *Projeto de lei que tem por objetivo criminalizar a homofobia no país. Coletivo Pão & Circo  ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Os espetáculos não são só para serem vistos, eles tem uma ação direta sobre a vida e a categoria artística da cidade”, explica Diego Moschkovitch, um dos responsáveis pelo Desafios Cênicos. A apresentação da manhã deste sábado (13) no Emissário Submarino, reuniu os atores do grupo da baixada santista O Coletivo ao lado de estudantes de artes cênicas para apresentações-relâmpago na cidade. - Desafio: O que é comer pedra? O primeiro grupo se apropriou das pedreiras que separam a terra do mar. Diego se encarregou de guiar os oficineiros e conta um pouco como foi esse processo: Nós recebemos o desafio do João Garcia Miguel, que é o diretor do espetáculo Yerma. O João trouxe muitas imagens e muitas referências pessoais dele, de coisas que movem ele no processo criativo. Ele mostrou pra gente um vídeo de uma performance que ele fez um tempo atrás em Portugal. Era uma câmera ligada e ele comendo pedras. E tem toda a questão: o que é comer pedra? O que é comer pedra para cada um? Nós conversamos bastante com os oficineiros e chegamos à conclusão de que cada um deveria trazer para a cena o que é esse ato para si. Nós tínhamos essa referência, e de repente nós chegamos no Emissário e tem essa pedreira. A ideia era trabalhar com a urgência, em um desafio que pudesse ser feito brevemente, já que tivemos pouco tempo para ensaiarmos. - Desafio: O que você esconde? O diretor colombiano Fabio Rubiano, da companhia Petra Teatro, desafiou o segundo grupo, da companhia santista O Coletivo. A atriz Renata Carvalho conta como foi participar da performance. A Cibele Forjaz viu o nosso espetáculo, Projeto Bispo, e ficou muito animada e quis que nós participássemos do Desafio Cênico. O Bispo tem essa coisa de descobrir o espaço público e a Cibele tem muito disso também, e o convite apareceu no Encontrão. Por isso, ela viu esse casamento direto entre as duas ideias. O resultado foi maravilhoso, desafiador. No final, o teatro sempre acontece e sempre dá certo. Tivemos quatro perguntas que nortearam a peça. E depois, isso foi se encaixando em outras perguntas, como: Do que você tem medo? O que você esconde? O que você mente? O pacto com o diabo deveria ser o final e o final tinha que ser espetacular. Nós resolvemos falar da transfobia e lesbofobia. No final, era só pra eu me enrolar no plástico e cair, mas aconteceu esse crime bárbaro com esse jovem [na semana de 10 de setembro, um jovem de 18 anos foi encontrado morto na região metropolitana de Goiânia. A principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por homofobia] e a lei PL22* caiu de novo, então eu resolvi usar isso em cena. As pessoas morrem por serem só o que são. Isso é muito duro. A gente não pode apenas falar que a vida é linda. A arte imita a vida e a vida imita a arte. Então nós temos que colocar isso, porque eu acredito que o ator tem um papel fundamental de combate, de cunho político. E o meu é o movimento LGBT, então eu vou continuar nessa batalha. Desafio concluído Muito mais do que uma performance-relâmpago, o projeto proporcionou trocas de experiências e despertou a criatividade. O diretor Kadu Verissímo, de Projeto Bispo, conta sobre o resultado do Desafios Cênicos. O bacana do festival é a troca mesmo, é conhecer o outro, ver o trabalho do outro, ver como o outro pensa teatro e está todo mundo sempre no mesmo barco, mas cada um com a sua ideia e cada um com os seus planos. No fundo, estamos todos dialogando juntos. A troca é sempre o mais importante. Já a estudante de teatro Noemi Figueiredo participou da oficina e já está de olho no próximo Mirada. O Mirada tem um peso muito grade na vida de qualquer artista. Então se você tem no currículo que participou de um projeto do Mirada ou participou do Antunes, isso acaba deixando a bagagem forte e o peso nas costas maior ainda. Porque quem conhece o Mirada sabe que as pessoas são muito boas. É bem gratificante estar no Mirada e espero em 2016  eu esteja no festival de novo. *Projeto de lei que tem por objetivo criminalizar a homofobia no país. Coletivo Pão & Circo  ]]>
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Afetos e Provocações: As atividades formativas do Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/afetos-e-provocacoes-as-atividades-formativas-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/afetos-e-provocacoes-as-atividades-formativas-do-mirada/#comments Fri, 12 Sep 2014 19:58:22 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1627 desafios-cenicos-santos

Além dos mais de 40 espetáculos da programação, esta edição do Mirada privilegiou o encontro e a troca de experiências entre os grupos e companhias participantes com as atividades formativas. São sete processos de criação, em que dramaturgos, diretores e atores compartilham conhecimento com o público. Depois, é nos Encontrões que todos falam sobre seus processos artísticos e, a partir desse pensamento conjunto, acontecem as criações e perfomances-relâmpago dos Desafios Cênicos. Conheça, no vídeo, o pensamento que embasou as formativas.]]>
desafios-cenicos-santos

Além dos mais de 40 espetáculos da programação, esta edição do Mirada privilegiou o encontro e a troca de experiências entre os grupos e companhias participantes com as atividades formativas. São sete processos de criação, em que dramaturgos, diretores e atores compartilham conhecimento com o público. Depois, é nos Encontrões que todos falam sobre seus processos artísticos e, a partir desse pensamento conjunto, acontecem as criações e perfomances-relâmpago dos Desafios Cênicos. Conheça, no vídeo, o pensamento que embasou as formativas.]]>
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A quem pertence a dança contemporânea? https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/#comments Thu, 11 Sep 2014 22:56:26 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1385 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
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Entrevista: A [não] Ficção de Leonardo Moreira https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-nao-ficcao-de-leonardo-moreira/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-nao-ficcao-de-leonardo-moreira/#comments Mon, 08 Sep 2014 22:43:04 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1343 Foto: Coletivo Pão & Circo

“A ficção transforma a realidade”. A reflexão trazida pelo diretor Leonardo Moreira e o seu 02 Ficções mostra como a vida hoje é pautada pelo que conhecemos como irreal. “Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas?”, reflete. Seriam essas histórias reais ou ficção? Baseado nesse pensamento, ele criou o espetáculo que traz pela primeira vez para o Mirada. A peça é a sequência de Ficção, conjunto de 6 monólogos em que os atores misturavam elementos de sua vida à fatos irreais. A ideia central de Moreira é trazer à tona uma nova linguagem que ele acredita ser um movimento recente da cena teatral, onde a ficção dá espaço para o drama. O resultado é um espetáculo dividido em duas plateias distintas: uma em um âmbito pessoal e íntimo; outra, mais estruturada como um espaço de teatro. Nesta sequência, o estudo une os monólogos de ficção às narrativas literárias A Gaivota, de Tchekov, e Reparação, de Ian McEwan, questionando os limites da imaginação e forçando as fronteiras teatrais. Para entender melhor a peça, conversamos com Leonardo. Confira abaixo: Vocês estão sempre pesquisando esse limite entre o real e a ficção: O que já encontraram? O que ainda estão questionando? Nos monólogos (ficção) a plateia estava sempre num lugar instável, entre o modo de presença do ator me falando o nome dele, a vida dele de verdade, o pai dele de verdade. Por exemplo, em um dos monólogos quem fazia era o Thiago [Amaral] com o próprio pai, e os dois não se falavam desde que o Thiago contou que é gay. O pai dele deixou de falar com ele e disse que esse não era o seu projeto de filho. E então seis anos depois, nós chamamos o pai do Thiago. Já que ele não era o projeto de filho, que escrevesse uma peça com o projeto de filho que gostaria de ter. Então era pai e filho em uma peça juntos. A ficção transforma a realidade: os dois voltaram a se falar. Não é só a peça. Porque tem que dormir junto e viajar junto, ir pro Chile e pra Alemanha junto. E como funciona essa ideia de transformar a ficção em realidade ou vice-versa? Eu sinto que é um movimento recente, de ter uma linguagem mais próxima do documentário. Teatro documentário, biodrama. A gente resolveu perguntar o contrário: Se a gente fica tentando colocar tanta realidade em cena, é possível fugir da ficção na vida? Porque agora, por exemplo, eu não estou no teatro, mas eu estou falando textos que eu já falei algumas vezes. Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas. Eu faço muito isso com a minha mãe, eu peço pra ela contar uma história. Aí chega alguém e eu peço pra ela contar de novo e ela conta tudo igual, com as mesmas pausas. Que padrões de ficção nós temos também na vida? O seu espetáculo quebra uma barreira, usa diferentes linguagens. Podemos chamar de uma arte performática? Talvez. A gente pensa muito nisso. Estamos em um caminho mais performático. O espetáculo tem um pouco disso, que é uma questão de momento, de não poder ser resgatado depois. Sendo assim, o processo de construção artística de vocês é muito importante. Muito. A gente usa aqui na companhia um processo chamado pentimento – ele é um termo que designa quando você vai restaurar uma pintura e você descobre que por trás da tinta tinha outra tinta, um esboço de desenho, um erro. A nossa ideia é mostrar o pentimento em cena também. - O espetáculo 02 Ficções é trazido pela Cia. Hiato, de São Paulo, que tem como base o uso de formas cênicas que suscitem questionamentos sobre a "diferença" e as formas de percepção da realidade. A peça de estreia da companhia, Cachorro Morto (2008), ganhou os olhares da crítica no Sesc Avenida Paulista, e foi eleita pela Veja São Paulo como uma das dez melhores peças em cartaz na cidade na época.   Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“A ficção transforma a realidade”. A reflexão trazida pelo diretor Leonardo Moreira e o seu 02 Ficções mostra como a vida hoje é pautada pelo que conhecemos como irreal. “Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas?”, reflete. Seriam essas histórias reais ou ficção? Baseado nesse pensamento, ele criou o espetáculo que traz pela primeira vez para o Mirada. A peça é a sequência de Ficção, conjunto de 6 monólogos em que os atores misturavam elementos de sua vida à fatos irreais. A ideia central de Moreira é trazer à tona uma nova linguagem que ele acredita ser um movimento recente da cena teatral, onde a ficção dá espaço para o drama. O resultado é um espetáculo dividido em duas plateias distintas: uma em um âmbito pessoal e íntimo; outra, mais estruturada como um espaço de teatro. Nesta sequência, o estudo une os monólogos de ficção às narrativas literárias A Gaivota, de Tchekov, e Reparação, de Ian McEwan, questionando os limites da imaginação e forçando as fronteiras teatrais. Para entender melhor a peça, conversamos com Leonardo. Confira abaixo: Vocês estão sempre pesquisando esse limite entre o real e a ficção: O que já encontraram? O que ainda estão questionando? Nos monólogos (ficção) a plateia estava sempre num lugar instável, entre o modo de presença do ator me falando o nome dele, a vida dele de verdade, o pai dele de verdade. Por exemplo, em um dos monólogos quem fazia era o Thiago [Amaral] com o próprio pai, e os dois não se falavam desde que o Thiago contou que é gay. O pai dele deixou de falar com ele e disse que esse não era o seu projeto de filho. E então seis anos depois, nós chamamos o pai do Thiago. Já que ele não era o projeto de filho, que escrevesse uma peça com o projeto de filho que gostaria de ter. Então era pai e filho em uma peça juntos. A ficção transforma a realidade: os dois voltaram a se falar. Não é só a peça. Porque tem que dormir junto e viajar junto, ir pro Chile e pra Alemanha junto. E como funciona essa ideia de transformar a ficção em realidade ou vice-versa? Eu sinto que é um movimento recente, de ter uma linguagem mais próxima do documentário. Teatro documentário, biodrama. A gente resolveu perguntar o contrário: Se a gente fica tentando colocar tanta realidade em cena, é possível fugir da ficção na vida? Porque agora, por exemplo, eu não estou no teatro, mas eu estou falando textos que eu já falei algumas vezes. Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas. Eu faço muito isso com a minha mãe, eu peço pra ela contar uma história. Aí chega alguém e eu peço pra ela contar de novo e ela conta tudo igual, com as mesmas pausas. Que padrões de ficção nós temos também na vida? O seu espetáculo quebra uma barreira, usa diferentes linguagens. Podemos chamar de uma arte performática? Talvez. A gente pensa muito nisso. Estamos em um caminho mais performático. O espetáculo tem um pouco disso, que é uma questão de momento, de não poder ser resgatado depois. Sendo assim, o processo de construção artística de vocês é muito importante. Muito. A gente usa aqui na companhia um processo chamado pentimento – ele é um termo que designa quando você vai restaurar uma pintura e você descobre que por trás da tinta tinha outra tinta, um esboço de desenho, um erro. A nossa ideia é mostrar o pentimento em cena também. - O espetáculo 02 Ficções é trazido pela Cia. Hiato, de São Paulo, que tem como base o uso de formas cênicas que suscitem questionamentos sobre a "diferença" e as formas de percepção da realidade. A peça de estreia da companhia, Cachorro Morto (2008), ganhou os olhares da crítica no Sesc Avenida Paulista, e foi eleita pela Veja São Paulo como uma das dez melhores peças em cartaz na cidade na época.   Coletivo Pão & Circo]]>
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Um clássico revisitado https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/um-classico-revisitado/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/um-classico-revisitado/#comments Sat, 06 Sep 2014 05:38:16 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1127 Ruy Filho, em primeiro plano, durante a performance do grupo Insectotrópics.

Meia noite e meia. Logo após a segunda apresentação de "Chapeuzinho Galáctico", do grupo espanhol Insectotrópics, conversamos com Ruy Filho, diretor de teatro e editor da revista digital Antro Positivo, sobre essa experimentação que se apropria e revisita o conto da Chapeuzinho Vermelho, misturando teatro, música, artes visuais e live cinema. Ponto Digital Mirada - O que você achou do espetáculo? Ruy Filho - Achei divertido. Achei ousado. Uma mistura meio de anos 1980 com a tecnologia, do chroma key com o som de hoje. Uma mistureba muito interessante. Nesse sentido, acho que o espetáculo convence pelo jogo, pela maneira que vai lidando performaticamente com todos os elementos. Isso é o mais bacana de tudo. Eu fiquei muito impressionado no instante em que eles matam a vovó. Acho que ali é o ápice estético e dramático. A atriz faz bem, o momento da música é muito bom e a estética nesse instante é realmente primorosa. PDM - Como você percebe um espetáculo como este inserido no contexto de um festival como o Mirada? RF - Eu acho importantíssimo! Acho que tem que ter cada vez mais essas coisas no festival para tirar um pouco do ranso que a gente costuma ter de que o experimentalismo é sempre muito chato e muito hermético. Isso aqui é uma grande diversão. É quase que uma rave em forma de teatro, para a gente poder assistir e se entreter. É muito bacana. PDM - Teatro é ritual? RF - Não necessariamente. Esse aqui, apesar dele terminar com essa cara ritualística, do lobo, do cósmico e essa coisa toda, ele tem que ser muito programado, o tempo todo controlado por quem está editando todas essas imagens ao vivo e o jogo da atriz com a câmera tem que ser muito correto. Não dá pra fazer aquilo de uma forma muito catártica. Tem que ser muito ensaiado. PDM - Você já tinha visto alguma coisa do grupo? RF - Não tinha. Eu estava super curioso para ver o trabalho deles. Só conhecia por imagens. E as imagens não mentem o que o espetáculo é.]]>
Ruy Filho, em primeiro plano, durante a performance do grupo Insectotrópics.

Meia noite e meia. Logo após a segunda apresentação de "Chapeuzinho Galáctico", do grupo espanhol Insectotrópics, conversamos com Ruy Filho, diretor de teatro e editor da revista digital Antro Positivo, sobre essa experimentação que se apropria e revisita o conto da Chapeuzinho Vermelho, misturando teatro, música, artes visuais e live cinema. Ponto Digital Mirada - O que você achou do espetáculo? Ruy Filho - Achei divertido. Achei ousado. Uma mistura meio de anos 1980 com a tecnologia, do chroma key com o som de hoje. Uma mistureba muito interessante. Nesse sentido, acho que o espetáculo convence pelo jogo, pela maneira que vai lidando performaticamente com todos os elementos. Isso é o mais bacana de tudo. Eu fiquei muito impressionado no instante em que eles matam a vovó. Acho que ali é o ápice estético e dramático. A atriz faz bem, o momento da música é muito bom e a estética nesse instante é realmente primorosa. PDM - Como você percebe um espetáculo como este inserido no contexto de um festival como o Mirada? RF - Eu acho importantíssimo! Acho que tem que ter cada vez mais essas coisas no festival para tirar um pouco do ranso que a gente costuma ter de que o experimentalismo é sempre muito chato e muito hermético. Isso aqui é uma grande diversão. É quase que uma rave em forma de teatro, para a gente poder assistir e se entreter. É muito bacana. PDM - Teatro é ritual? RF - Não necessariamente. Esse aqui, apesar dele terminar com essa cara ritualística, do lobo, do cósmico e essa coisa toda, ele tem que ser muito programado, o tempo todo controlado por quem está editando todas essas imagens ao vivo e o jogo da atriz com a câmera tem que ser muito correto. Não dá pra fazer aquilo de uma forma muito catártica. Tem que ser muito ensaiado. PDM - Você já tinha visto alguma coisa do grupo? RF - Não tinha. Eu estava super curioso para ver o trabalho deles. Só conhecia por imagens. E as imagens não mentem o que o espetáculo é.]]>
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