Mirada » » festival de teatro https://mirada2014.sescsp.org.br/pt Festival Ibero-Americano de artes Cênicas de Santos Mon, 02 Feb 2015 13:08:25 +0000 pt-BR hourly 1 A quem pertence a dança contemporânea? https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/#comments Thu, 11 Sep 2014 22:56:26 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1385 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
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CPT trabalha o corpo em oficina formativa https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/cpt-trabalha-o-corpo-em-oficina-formativa/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/cpt-trabalha-o-corpo-em-oficina-formativa/#comments Thu, 11 Sep 2014 18:54:31 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1530 Foto: Coletivo Pão & Circo

“O CPT já esteve no Mirada em outras oportunidades. Nós participamos de vários festivais internacionais e, aqui, vemos a preocupação com os artistas, a curadoria, os grupos, uma diversidade muito grande. Para o CPT é um privilégio essa troca”, conta Naiene Sanchez, uma das atrizes que ministra a oficina Centro de Pesquisa Teatral: O Corpo Expressivo, realizada pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, no Mirada. O que Naiene comemora é resultado do retorno dos seus próprios alunos. Jamili Limma, 29 anos, é santista, e conta sobre a oportunidade que a oficina, uma das atividades formativas propostas para esta edição, trouxe aos artistas locais. “Para Santos, que é um celeiro de artistas, é uma iniciativa importante. É raro ter a presença desses profissionais aqui na cidade, e quando eles vêm, cobram caro. Para quem tem um pagamento limitado, fica difícil ter acesso. Ter essa iniciativa dentro do Mirada é muito gratificante”. O ator Leonardo Vieira, que também ministra da oficina, completa. “Eu acho que Santos é tão próximo de São Paulo, mas ao mesmo tempo tão distante. Tem um cena de teatro aqui que não sobe muito e a gente também não desce muito pra ver o que está sendo feito. Os atores daqui estão aproveitando esse contato, sempre é importante olhar para as inquietações de cada companhia e cada trabalho. Tem gente de muitos lugares e formações diversas, e percebemos como essa metodologia se estabelece num ambiente como esse. Como o trabalho que o Antunes desenvolve - e nós estamos sendo porta-vozes - ecoa nos participantes". Essa ressonância acaba sendo refletida em outras questões do Festival, como conta Naiene. “Hoje em dia, com as redes de comunicação tão aquecidas, não tem como não pensarmos todos juntos. Tem outros diretores, atores, companhias e espetáculos que também estão ligados a nós. A atriz de A Reunião [Trinidad Gonzáles], peça que eu gostei muito, foi aluna do Antunes. Aqui vemos a importância de não ter uma questão geográfica que limite a arte. O Mirada dá a oportunidade pra questão geográfica não ser um entrave”. A metodologia e o resultado “Existe uma perspectiva pedagógica que o CPT já traz há alguns anos, com uma técnica e uma metodologia que o Antunes desenvolve e constituiu com esse olhar que ele sempre teve em relação ao ator. Aqui a gente tem uma regra interna que é não sonegar nenhum tipo de informação, em qualquer circunstância. A gente entra com a perspectiva de ter algum resultado no trabalho das pessoas, que de alguma maneira possa alimentar e ampliar as possibilidades poéticas de ação, de percepção no teatro”, revela Leonardo."O grupo Macunaíma, [parceiro no desenvolvimento dos exercícios práticos] é a companhia que faz as peças, e o CPT é o Antunes Filho mesmo, pesquisando e levando adiante os processos. Tem também o CPTzinho, que é o curso de formação de atores. Estou achando maravilhosa essa oportunidade, nós tivemos uma ano muito aquecido em relação aos processos de formação. Só esse ano já fizemos oficina no Rio, em Bogotá, em Petrópolis e São Paulo", revela Naiane. Beatriz Alves, 20 anos, atriz e aluna da oficina, reitera a ideia de formação. “Eu não conhecia essa parte das oficinas e foi uma experiência rica como descoberta do corpo do ator. Para entender melhor o nosso corpo e aprender a trabalhar com ele o fazer do teatro”, disse. “Com o CPT, podemos aprender um pouco do método deles, que é completamente diferente de tudo o que já vivi como atriz. Isso me fez me reconhecer, me reinvestigar”, nas palavras da colega Flávia Simões, 23 anos. Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“O CPT já esteve no Mirada em outras oportunidades. Nós participamos de vários festivais internacionais e, aqui, vemos a preocupação com os artistas, a curadoria, os grupos, uma diversidade muito grande. Para o CPT é um privilégio essa troca”, conta Naiene Sanchez, uma das atrizes que ministra a oficina Centro de Pesquisa Teatral: O Corpo Expressivo, realizada pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, no Mirada. O que Naiene comemora é resultado do retorno dos seus próprios alunos. Jamili Limma, 29 anos, é santista, e conta sobre a oportunidade que a oficina, uma das atividades formativas propostas para esta edição, trouxe aos artistas locais. “Para Santos, que é um celeiro de artistas, é uma iniciativa importante. É raro ter a presença desses profissionais aqui na cidade, e quando eles vêm, cobram caro. Para quem tem um pagamento limitado, fica difícil ter acesso. Ter essa iniciativa dentro do Mirada é muito gratificante”. O ator Leonardo Vieira, que também ministra da oficina, completa. “Eu acho que Santos é tão próximo de São Paulo, mas ao mesmo tempo tão distante. Tem um cena de teatro aqui que não sobe muito e a gente também não desce muito pra ver o que está sendo feito. Os atores daqui estão aproveitando esse contato, sempre é importante olhar para as inquietações de cada companhia e cada trabalho. Tem gente de muitos lugares e formações diversas, e percebemos como essa metodologia se estabelece num ambiente como esse. Como o trabalho que o Antunes desenvolve - e nós estamos sendo porta-vozes - ecoa nos participantes". Essa ressonância acaba sendo refletida em outras questões do Festival, como conta Naiene. “Hoje em dia, com as redes de comunicação tão aquecidas, não tem como não pensarmos todos juntos. Tem outros diretores, atores, companhias e espetáculos que também estão ligados a nós. A atriz de A Reunião [Trinidad Gonzáles], peça que eu gostei muito, foi aluna do Antunes. Aqui vemos a importância de não ter uma questão geográfica que limite a arte. O Mirada dá a oportunidade pra questão geográfica não ser um entrave”. A metodologia e o resultado “Existe uma perspectiva pedagógica que o CPT já traz há alguns anos, com uma técnica e uma metodologia que o Antunes desenvolve e constituiu com esse olhar que ele sempre teve em relação ao ator. Aqui a gente tem uma regra interna que é não sonegar nenhum tipo de informação, em qualquer circunstância. A gente entra com a perspectiva de ter algum resultado no trabalho das pessoas, que de alguma maneira possa alimentar e ampliar as possibilidades poéticas de ação, de percepção no teatro”, revela Leonardo."O grupo Macunaíma, [parceiro no desenvolvimento dos exercícios práticos] é a companhia que faz as peças, e o CPT é o Antunes Filho mesmo, pesquisando e levando adiante os processos. Tem também o CPTzinho, que é o curso de formação de atores. Estou achando maravilhosa essa oportunidade, nós tivemos uma ano muito aquecido em relação aos processos de formação. Só esse ano já fizemos oficina no Rio, em Bogotá, em Petrópolis e São Paulo", revela Naiane. Beatriz Alves, 20 anos, atriz e aluna da oficina, reitera a ideia de formação. “Eu não conhecia essa parte das oficinas e foi uma experiência rica como descoberta do corpo do ator. Para entender melhor o nosso corpo e aprender a trabalhar com ele o fazer do teatro”, disse. “Com o CPT, podemos aprender um pouco do método deles, que é completamente diferente de tudo o que já vivi como atriz. Isso me fez me reconhecer, me reinvestigar”, nas palavras da colega Flávia Simões, 23 anos. Coletivo Pão & Circo]]>
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A triste comédia de Fabio Rubiano Orjuela https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-triste-comedia-de-fabio-rubiano-orjuela/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-triste-comedia-de-fabio-rubiano-orjuela/#comments Thu, 11 Sep 2014 12:00:43 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1512 Foto: Coletivo Pão & Circo

Da sua relação com o Brasil à história de sua peça, o relato do diretor colombiano  costura elementos que permeiam os temas do Mirada. Orjuela fez a adaptação de O Ventre da Baleia que conta com direção de arte de Laura Villegas, que dirige 13 Sonhos, espetáculo que tem gerado incansáveis filas de espera no festival, e que foi escrito por Orjuela. Esta é estreia de O Ventre da Baleia no Brasil, mas o diretor já tece uma conversa de longa data com a produção destas paragens. Confira os destaques de nosso bate-papo com Orjuela a seguir. O Brasil e o início Eu comecei a fazer teatro por causa de um espetáculo do Cacá Rosset, do Teatro do Ornitorrinco, em 1985. Assisti o espetáculo e pensei "é isso que eu quero fazer". Gosto muito e já assisti diversos artistas brasileiros como Antunes Filho e Antônio Rodrigues. É a primeira vez que a obra se apresenta país, mas viemos em 2006 com "Mosca", que se apresentou em Curitiba, Londrina, Rio Preto e Belo Horizonte. Sobre a sua companhia O Teatro Petra foi fundado em 1985, com Marcela Valencia. Nos conhecemos numa escola de teatro e começamos juntos. Nesse período fizemos entre 16 a 17 obras, e O Ventre da Baleia é a última delas. O que é O Ventre da Baleia A peça foi escrita originalmente em 2006 para um grupo da Eslovênia. A minha versão é completamente diferente da primeira. A peça é, em parte, uma história real: no meu bairro havia uma mulher que ficava grávida todos os anos, mas ninguém nunca via os bebês. Então muita gente começou a dizer que ela os vendia para comprar droga. Seria algo em torno de 40 dólares. Alguns dizem que é verdade, outros dizem que não. Mas na Colômbia e na América Latina se vende de tudo: crianças, tecidos, ventres, mulheres, homens. A peça é ao redor disso, dessa mulher que vivia no meu bairro e ainda vive. A partir disso, a obra foi crescendo. É um tema dramático, mas parece uma comédia Nós descobrimos que era uma comédia através do público, porque o público ria muito, principalmente na Colômbia. Mas nunca houve a intenção de ser uma comédia, apesar de haver toques de acidez e humor negro, não esperávamos que a plateia se divertisse na peça. E o público não sabe justificar porque isso os diverte. Na Europa o público não ria, isso só acontece na América Latina. Acreditamos que a situação é tão absurda, que faz as pessoas rirem. Mas toda obra é política, há sempre uma questão política. Não há respostas, nós somente plantamos uma situação para que o público pense. A ideia é sempre essa. A vivência do Mirada Aqui no festival falamos todos os dias com outros artistas e as trocas são constantes. Conversamos bastante com o pessoal do México, eles são muito divertidos. E com colombianos também, gente que não conversamos tanto dentro do nosso próprio país mas aqui sim, porque temos tempo (risos). - O depoimento de quem riu No Mirada, o público sucumbiu ao absurdo da trama de O Ventre da Baleia? Ou se fez sério e reflexivo? Que faísca deu início ao risco? Fizemos essas perguntas ao público na saída do espetáculo. Algumas das reações: "Eu esperava mais, se fosse uma peça de escola eu iria achar bom, mas no Mirada, não. Parece que não fluía, eu ria de vez em quando, mas por exemplo, o amigo do meu lado dormiu" - Juliana Gomes, 16 anos "Eu achei a história muito interessante. Eu tive várias sensações: primeiro raiva, depois me diverti com algumas situações engraçadas e no fim tem parte trágica, de reflexão. Porque o assunto é sério, mas tem graça mesmo assim" - Cátia Golçalves, 43 anos "O que mais me chamou atenção foi a história, o elenco, mas principalmente uma das atrizes, a que faz o papel de Helena. Ela é muito sensacional, fora de sério, nós rimos muito. Valeu muito a pena. São cenas trágicas contadas de forma muito bem humorada, acho que foi isso que me marcou mais. Principalmente no final, na parte em que cai a cortina e apareceu a árvore com todas as fotos das crianças. Era pra se sentir assombrado, mas foi a parte que nos encantou. Rolou aquela reflexão do quanto a gente consegue rir da desgraça hoje em dia. Tudo virou muito banal" - Renata Santos, 34 anos Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

Da sua relação com o Brasil à história de sua peça, o relato do diretor colombiano  costura elementos que permeiam os temas do Mirada. Orjuela fez a adaptação de O Ventre da Baleia que conta com direção de arte de Laura Villegas, que dirige 13 Sonhos, espetáculo que tem gerado incansáveis filas de espera no festival, e que foi escrito por Orjuela. Esta é estreia de O Ventre da Baleia no Brasil, mas o diretor já tece uma conversa de longa data com a produção destas paragens. Confira os destaques de nosso bate-papo com Orjuela a seguir. O Brasil e o início Eu comecei a fazer teatro por causa de um espetáculo do Cacá Rosset, do Teatro do Ornitorrinco, em 1985. Assisti o espetáculo e pensei "é isso que eu quero fazer". Gosto muito e já assisti diversos artistas brasileiros como Antunes Filho e Antônio Rodrigues. É a primeira vez que a obra se apresenta país, mas viemos em 2006 com "Mosca", que se apresentou em Curitiba, Londrina, Rio Preto e Belo Horizonte. Sobre a sua companhia O Teatro Petra foi fundado em 1985, com Marcela Valencia. Nos conhecemos numa escola de teatro e começamos juntos. Nesse período fizemos entre 16 a 17 obras, e O Ventre da Baleia é a última delas. O que é O Ventre da Baleia A peça foi escrita originalmente em 2006 para um grupo da Eslovênia. A minha versão é completamente diferente da primeira. A peça é, em parte, uma história real: no meu bairro havia uma mulher que ficava grávida todos os anos, mas ninguém nunca via os bebês. Então muita gente começou a dizer que ela os vendia para comprar droga. Seria algo em torno de 40 dólares. Alguns dizem que é verdade, outros dizem que não. Mas na Colômbia e na América Latina se vende de tudo: crianças, tecidos, ventres, mulheres, homens. A peça é ao redor disso, dessa mulher que vivia no meu bairro e ainda vive. A partir disso, a obra foi crescendo. É um tema dramático, mas parece uma comédia Nós descobrimos que era uma comédia através do público, porque o público ria muito, principalmente na Colômbia. Mas nunca houve a intenção de ser uma comédia, apesar de haver toques de acidez e humor negro, não esperávamos que a plateia se divertisse na peça. E o público não sabe justificar porque isso os diverte. Na Europa o público não ria, isso só acontece na América Latina. Acreditamos que a situação é tão absurda, que faz as pessoas rirem. Mas toda obra é política, há sempre uma questão política. Não há respostas, nós somente plantamos uma situação para que o público pense. A ideia é sempre essa. A vivência do Mirada Aqui no festival falamos todos os dias com outros artistas e as trocas são constantes. Conversamos bastante com o pessoal do México, eles são muito divertidos. E com colombianos também, gente que não conversamos tanto dentro do nosso próprio país mas aqui sim, porque temos tempo (risos). - O depoimento de quem riu No Mirada, o público sucumbiu ao absurdo da trama de O Ventre da Baleia? Ou se fez sério e reflexivo? Que faísca deu início ao risco? Fizemos essas perguntas ao público na saída do espetáculo. Algumas das reações: "Eu esperava mais, se fosse uma peça de escola eu iria achar bom, mas no Mirada, não. Parece que não fluía, eu ria de vez em quando, mas por exemplo, o amigo do meu lado dormiu" - Juliana Gomes, 16 anos "Eu achei a história muito interessante. Eu tive várias sensações: primeiro raiva, depois me diverti com algumas situações engraçadas e no fim tem parte trágica, de reflexão. Porque o assunto é sério, mas tem graça mesmo assim" - Cátia Golçalves, 43 anos "O que mais me chamou atenção foi a história, o elenco, mas principalmente uma das atrizes, a que faz o papel de Helena. Ela é muito sensacional, fora de sério, nós rimos muito. Valeu muito a pena. São cenas trágicas contadas de forma muito bem humorada, acho que foi isso que me marcou mais. Principalmente no final, na parte em que cai a cortina e apareceu a árvore com todas as fotos das crianças. Era pra se sentir assombrado, mas foi a parte que nos encantou. Rolou aquela reflexão do quanto a gente consegue rir da desgraça hoje em dia. Tudo virou muito banal" - Renata Santos, 34 anos Coletivo Pão & Circo]]>
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Encontrão propõe diálogo entre protagonistas do Festival https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/encontrao-propoe-dialogo-entre-atores-e-diretores-do-festival/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/encontrao-propoe-dialogo-entre-atores-e-diretores-do-festival/#comments Thu, 11 Sep 2014 02:22:08 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1489 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Para que servem os Festivais?” Foi deste questionamento da diretora da equipe de coordenação das atividades formativas do Mirada, Cibele Forjaz, que nasceram os Encontrões. “Eu penso que o festival serve tanto para os grupos se apresentarem ao público, quanto para possibilitar a troca entre companhias”. Assim foi construído o projeto, que reúne todos os protagonistas do festival para pensar ao lado de outros atores da cena em um grande intercâmbio de percepções, ideias e histórias. “Esse momento é essencial para que os grupos possam ter esse espaço de parar e sentar, se olhar e compartilhar os procedimentos de trabalho. Revelar um pouco o que está além da cena. A partir daí, novos diálogos podem acontecer”, diz Nathália Bonilha, 25 anos, atriz. Essa é exatamente a ideia central da proposta, que aconteceu na Toca, espaço de convivência do Sesc Santos. “Este encontro serve para que possamos contar uns pros outros um pouco do processo de montagem das obras que estão aqui”, comenta Cibele. “Há muita riqueza na oportunidade de fazer uma troca entre países e culturas tão diferentes e tão distantes. O Encontrão talvez seja uma das coisas mais importantes do Mirada”, completou Jorge Louraço, dramaturgo português que também participou de um dos Pontos de Conexão do festival. “Normalmente dentro de um festival de teatro não existe muita troca. Esses encontros do Mirada repensam uma lógica de produção. O debate entre pessoas da América Latina faz com que a gente olhe mais para o lado, e pare de olhar apenas para a Europa”, diz Renan Tenca, ator e um dos diretores dos Desafios Cênicos. Neste Encontrão, sentados em roda, cada grupo contextualizou seu espetáculo e explicou sua produção. “Nosso trabalho nasceu como uma pesquisa em cima do Bispo do Rosário. Como era na rua, começamos a ensaiar na rua. Ali começamos a ver muito mais bispos no centro do santos. O centro traz coisas muito fortes. Toda hora a gente sai e vê pessoas em surtos, pegando ônibus”, contou Kadu Veríssimo, de Projeto Bispo. Fernando Yamamoto, um dos fundadores do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, também falou sobre Nuestra Senhora de las Nuvens. “No trabalho a partir do texto original argentino, ficamos muito instigados pelas semelhanças e distâncias com a América Latina. E resolvemos entrar num processo de pesquisa, mas não tínhamos ideia do que íamos montar. Normalmente não somos um grupo que acha um texto e monta. Normalmente temos uma dramaturgia própria”, contou. “Completamos 20 anos em novembro, e pra falar um pouco deste trabalho, é legal falar disso. No começo era super amador, e consideramos a primeira década do grupo uma década de formação, pois o grupo foi a grande escola de todos nós. E na segunda década nos estruturamos. E este é um trabalho que comemora os 20 anos do grupo, que em 10 anos não contou com patrocínio”. De todas as trocas e misturas, “foi possível entender essa curadoria dos grupos que estão participando. A gente viu em companhias bem diferentes da nossa muita sincronicidade, isso foi interessante. E também despertou o interesse em ver outros parceiros que a gente nem sabia que estavam aqui, outras tribos”, conta Thiago Amoral, ator da companhia Hiato, que apresenta 02 Ficções. Alexandre Mate, professor do Instituto de Artes da Unesp, concluiu: “Ao final, percebemos que as nossas dificuldades são muito parecidas, que os nossos sonhos acalentados não são distantes, de que há uma necessidade das pessoas se aproximarem para construírem por si mesmas a condição de sujeito e histórias cujo o desenvolvimento tenha outra natureza que não mais manipulatória. Foram encontros absolutamente reveladores em que diferentes faces de um mesmo sujeito se mostraram, ou que uma face idêntica em vários sujeitos se manifestaram". Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Para que servem os Festivais?” Foi deste questionamento da diretora da equipe de coordenação das atividades formativas do Mirada, Cibele Forjaz, que nasceram os Encontrões. “Eu penso que o festival serve tanto para os grupos se apresentarem ao público, quanto para possibilitar a troca entre companhias”. Assim foi construído o projeto, que reúne todos os protagonistas do festival para pensar ao lado de outros atores da cena em um grande intercâmbio de percepções, ideias e histórias. “Esse momento é essencial para que os grupos possam ter esse espaço de parar e sentar, se olhar e compartilhar os procedimentos de trabalho. Revelar um pouco o que está além da cena. A partir daí, novos diálogos podem acontecer”, diz Nathália Bonilha, 25 anos, atriz. Essa é exatamente a ideia central da proposta, que aconteceu na Toca, espaço de convivência do Sesc Santos. “Este encontro serve para que possamos contar uns pros outros um pouco do processo de montagem das obras que estão aqui”, comenta Cibele. “Há muita riqueza na oportunidade de fazer uma troca entre países e culturas tão diferentes e tão distantes. O Encontrão talvez seja uma das coisas mais importantes do Mirada”, completou Jorge Louraço, dramaturgo português que também participou de um dos Pontos de Conexão do festival. “Normalmente dentro de um festival de teatro não existe muita troca. Esses encontros do Mirada repensam uma lógica de produção. O debate entre pessoas da América Latina faz com que a gente olhe mais para o lado, e pare de olhar apenas para a Europa”, diz Renan Tenca, ator e um dos diretores dos Desafios Cênicos. Neste Encontrão, sentados em roda, cada grupo contextualizou seu espetáculo e explicou sua produção. “Nosso trabalho nasceu como uma pesquisa em cima do Bispo do Rosário. Como era na rua, começamos a ensaiar na rua. Ali começamos a ver muito mais bispos no centro do santos. O centro traz coisas muito fortes. Toda hora a gente sai e vê pessoas em surtos, pegando ônibus”, contou Kadu Veríssimo, de Projeto Bispo. Fernando Yamamoto, um dos fundadores do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, também falou sobre Nuestra Senhora de las Nuvens. “No trabalho a partir do texto original argentino, ficamos muito instigados pelas semelhanças e distâncias com a América Latina. E resolvemos entrar num processo de pesquisa, mas não tínhamos ideia do que íamos montar. Normalmente não somos um grupo que acha um texto e monta. Normalmente temos uma dramaturgia própria”, contou. “Completamos 20 anos em novembro, e pra falar um pouco deste trabalho, é legal falar disso. No começo era super amador, e consideramos a primeira década do grupo uma década de formação, pois o grupo foi a grande escola de todos nós. E na segunda década nos estruturamos. E este é um trabalho que comemora os 20 anos do grupo, que em 10 anos não contou com patrocínio”. De todas as trocas e misturas, “foi possível entender essa curadoria dos grupos que estão participando. A gente viu em companhias bem diferentes da nossa muita sincronicidade, isso foi interessante. E também despertou o interesse em ver outros parceiros que a gente nem sabia que estavam aqui, outras tribos”, conta Thiago Amoral, ator da companhia Hiato, que apresenta 02 Ficções. Alexandre Mate, professor do Instituto de Artes da Unesp, concluiu: “Ao final, percebemos que as nossas dificuldades são muito parecidas, que os nossos sonhos acalentados não são distantes, de que há uma necessidade das pessoas se aproximarem para construírem por si mesmas a condição de sujeito e histórias cujo o desenvolvimento tenha outra natureza que não mais manipulatória. Foram encontros absolutamente reveladores em que diferentes faces de um mesmo sujeito se mostraram, ou que uma face idêntica em vários sujeitos se manifestaram". Coletivo Pão & Circo ]]>
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A presença feminina na programação https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-presenca-feminina-na-programacao-do-festival/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-presenca-feminina-na-programacao-do-festival/#comments Wed, 10 Sep 2014 21:48:38 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1478 Yerma. Foto: Marta Coelho

Os espetáculos que utilizam o ponto de vista ou o corpo feminino como parte da narrativa geram reflexão no público do Mirada. “É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”, disse Simone de Beauvoir. A utilização da palavra homem por uma escritora com um simbolismo tão grande pode ou não ter sido proposital. De todo modo, ela serve como uma provocação. Assim como na colocação da escritora, a curadoria do festival pensou a questão de maneira geral, como explica Leonardo Nicoletti: "As questões femininas são uma coincidência, pois dentro da proposta do festival se pensou na questão da construção da família. Então são diversos espetáculos que falam das relações familiares, para se ter todos os lados: o machismo, a mulher oprimida, a reafirmação de questões femininas, a beleza". A presença feminina na programação acaba trazendo um forte tom emocional, nem sempre delicado. O espetáculo peruano Criadouro tem três atrizes que contam suas histórias de vida sob a perspectiva de filhas de mulheres fortes. A narrativa não-linear as apresenta também como mães e tia - a dúvida sobre a maternidade também entra em foco. Nadine Vallejo, codiretora da produção, conta que de 2011 até agora a peça foi encenada continuamente em Lima. Ela credita o sucesso à empatia que as pessoas criam com os depoimentos (extra)ordinários, comuns em muitas famílias. “O público sai emocionado da apresentação”, conta. Yerma, do diretor português João Garcia Miguel, enxerga a mulher como um elo de ligação entre a terra e a vida. “Pra mim esse assunto foi importante porque eu nunca tinha olhado pra mulher como este símbolo de ligação com o mundo. Ela é aquilo que faz tudo andar, e continuar a procriar e a existir. Nunca tinha pensando tão fortemente na mulher como símbolo de luz e de continuidade na vida humana. Ao meu ver acho que as mulheres de hoje esquecem do quão fundamental é o papel delas aqui e a sua existência. É uma mensagem importante para sempre lembrar: O que é ser mulher”. A peça é baseada em um poema do espanhol García Lorca, e mostra a infertilidade de um casal sob o ponto da personagem-título. Às vezes o papel da criadora do mundo aparece com o único propósito de celebrar sua delicadeza. É o caso de Utopia, da coreógrafa espanhola Maria Pagés. Naiá Gago, produtora do Teatro Coliseu, onde a peça foi apresentada, conta que se emocionou no espetáculo: “Um gestual e uma feminilidade espetaculares. A Maria Pagés, que já é uma senhora, representou a essência da beleza, do corpo longilíneo, dos gestos, dos leques e símbolos femininos”.

Otelo (Foto: Rafael Arenas)

Em contraponto, o espetáculo chileno Otelo traz a representação da mulher oprimida. “Otelo é um femicida. No Chile temos um femicídio por semana, é uma sociedade muito machista. Como ser dono de uma mulher? A única forma de ser dono totalmente, é matá-la. São mulheres que estão submetidas a um mundo masculino e militar”, comenta o o ator e diretor do espetáculo, Jaime Lorca. O dicionário português brasileiro define a palavra “ultrapassar” como uma transposição. A relação das palavras com a afirmação de Beauvoir não parece ter sido mais acertada para o Mirada.  Aqui, a mulher se transpôs na arte, e mostrou a sua força na sobrevivência. Coletivo Pão & Circo]]>
Yerma. Foto: Marta Coelho

Os espetáculos que utilizam o ponto de vista ou o corpo feminino como parte da narrativa geram reflexão no público do Mirada. “É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”, disse Simone de Beauvoir. A utilização da palavra homem por uma escritora com um simbolismo tão grande pode ou não ter sido proposital. De todo modo, ela serve como uma provocação. Assim como na colocação da escritora, a curadoria do festival pensou a questão de maneira geral, como explica Leonardo Nicoletti: "As questões femininas são uma coincidência, pois dentro da proposta do festival se pensou na questão da construção da família. Então são diversos espetáculos que falam das relações familiares, para se ter todos os lados: o machismo, a mulher oprimida, a reafirmação de questões femininas, a beleza". A presença feminina na programação acaba trazendo um forte tom emocional, nem sempre delicado. O espetáculo peruano Criadouro tem três atrizes que contam suas histórias de vida sob a perspectiva de filhas de mulheres fortes. A narrativa não-linear as apresenta também como mães e tia - a dúvida sobre a maternidade também entra em foco. Nadine Vallejo, codiretora da produção, conta que de 2011 até agora a peça foi encenada continuamente em Lima. Ela credita o sucesso à empatia que as pessoas criam com os depoimentos (extra)ordinários, comuns em muitas famílias. “O público sai emocionado da apresentação”, conta. Yerma, do diretor português João Garcia Miguel, enxerga a mulher como um elo de ligação entre a terra e a vida. “Pra mim esse assunto foi importante porque eu nunca tinha olhado pra mulher como este símbolo de ligação com o mundo. Ela é aquilo que faz tudo andar, e continuar a procriar e a existir. Nunca tinha pensando tão fortemente na mulher como símbolo de luz e de continuidade na vida humana. Ao meu ver acho que as mulheres de hoje esquecem do quão fundamental é o papel delas aqui e a sua existência. É uma mensagem importante para sempre lembrar: O que é ser mulher”. A peça é baseada em um poema do espanhol García Lorca, e mostra a infertilidade de um casal sob o ponto da personagem-título. Às vezes o papel da criadora do mundo aparece com o único propósito de celebrar sua delicadeza. É o caso de Utopia, da coreógrafa espanhola Maria Pagés. Naiá Gago, produtora do Teatro Coliseu, onde a peça foi apresentada, conta que se emocionou no espetáculo: “Um gestual e uma feminilidade espetaculares. A Maria Pagés, que já é uma senhora, representou a essência da beleza, do corpo longilíneo, dos gestos, dos leques e símbolos femininos”.

Otelo (Foto: Rafael Arenas)

Em contraponto, o espetáculo chileno Otelo traz a representação da mulher oprimida. “Otelo é um femicida. No Chile temos um femicídio por semana, é uma sociedade muito machista. Como ser dono de uma mulher? A única forma de ser dono totalmente, é matá-la. São mulheres que estão submetidas a um mundo masculino e militar”, comenta o o ator e diretor do espetáculo, Jaime Lorca. O dicionário português brasileiro define a palavra “ultrapassar” como uma transposição. A relação das palavras com a afirmação de Beauvoir não parece ter sido mais acertada para o Mirada.  Aqui, a mulher se transpôs na arte, e mostrou a sua força na sobrevivência. Coletivo Pão & Circo]]>
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Os personagens reais do Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/os-personagens-reais-dentro-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/os-personagens-reais-dentro-do-mirada/#comments Wed, 10 Sep 2014 12:00:13 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1451 Foto: Otávio Dantas

Criar ficção a partir da realidade parece uma ideia louca – mas no Mirada, completamente possível. Afinal, quando o ator deixa de lado a máscara de seu personagem para ser ele mesmo, ainda há atuação. Seja no gesto, no tom, no semblante que traz de sua vivência para acrescentar ao espetáculo. Mas vestir-se com o próprio rosto, no entanto, pode ser uma tarefa muito difícil para o ator, acostumado a interpretar. “Existe um desenho de cena, mas o gestual é muito próximo do seu pessoal, o tom de voz é o seu”, conta Paula Picarelli, atriz de 02 Ficções, de Leonardo Moreira. Foto: Paola Vera O desafio também é um exercício da vivência dos próprio atores. A atriz Renata Carvalho, de Projeto Bispo, conta que a criação dos personagens de sua peça se fez de forma semelhante. “A gente coloca [na peça] quem seriam os excluídos de hoje. A rua é o grito de cada um, de cada participante desse coletivo. Jogamos um pouco pra fora os problemas que cada um, no seu universo, mais ou menos conhece”, diz. Trazer a própria emoção para dentro do palco resulta em uma grande empatia do público, que acaba se identificando em pequena frivolidades diárias retratadas em cena. Criadouro, espetáculo peruano dirigido por Mariana de Althaus, utiliza-se dessa identificação para contar a história das três atrizes no palco. “Tudo o que elas dizem em cena é verdade, aconteceu em sua vida”, revela a codiretora Nadine Vallejo. Foto: Adriana Marchiori Por outro lado, muitas vezes o próprio corpo do ator, que não se veste de um personagem, serve como mensagem de uma arte. É o caso do espetáculo-intervenção Cidade Proibida, do grupo gaúcho Companhia Rústica. “Os atores transitam por várias possibilidades e são eles mesmos, na maior parte do tempo. São eles dentro do jogo”, afirma a diretora Patrícia Fagundes. Aqui, o não-uso de personagens palpáveis (sem nome ou falas), desnuda o ator e acaba dando foco a um novo protagonista: o cenário. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Otávio Dantas

Criar ficção a partir da realidade parece uma ideia louca – mas no Mirada, completamente possível. Afinal, quando o ator deixa de lado a máscara de seu personagem para ser ele mesmo, ainda há atuação. Seja no gesto, no tom, no semblante que traz de sua vivência para acrescentar ao espetáculo. Mas vestir-se com o próprio rosto, no entanto, pode ser uma tarefa muito difícil para o ator, acostumado a interpretar. “Existe um desenho de cena, mas o gestual é muito próximo do seu pessoal, o tom de voz é o seu”, conta Paula Picarelli, atriz de 02 Ficções, de Leonardo Moreira. Foto: Paola Vera O desafio também é um exercício da vivência dos próprio atores. A atriz Renata Carvalho, de Projeto Bispo, conta que a criação dos personagens de sua peça se fez de forma semelhante. “A gente coloca [na peça] quem seriam os excluídos de hoje. A rua é o grito de cada um, de cada participante desse coletivo. Jogamos um pouco pra fora os problemas que cada um, no seu universo, mais ou menos conhece”, diz. Trazer a própria emoção para dentro do palco resulta em uma grande empatia do público, que acaba se identificando em pequena frivolidades diárias retratadas em cena. Criadouro, espetáculo peruano dirigido por Mariana de Althaus, utiliza-se dessa identificação para contar a história das três atrizes no palco. “Tudo o que elas dizem em cena é verdade, aconteceu em sua vida”, revela a codiretora Nadine Vallejo. Foto: Adriana Marchiori Por outro lado, muitas vezes o próprio corpo do ator, que não se veste de um personagem, serve como mensagem de uma arte. É o caso do espetáculo-intervenção Cidade Proibida, do grupo gaúcho Companhia Rústica. “Os atores transitam por várias possibilidades e são eles mesmos, na maior parte do tempo. São eles dentro do jogo”, afirma a diretora Patrícia Fagundes. Aqui, o não-uso de personagens palpáveis (sem nome ou falas), desnuda o ator e acaba dando foco a um novo protagonista: o cenário. Coletivo Pão & Circo ]]>
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Projeto Bispo e os personagens das ruas de Santos https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/projeto-bispo-retrata-o-centro-historico-e-personagens-das-ruas-santistas/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/projeto-bispo-retrata-o-centro-historico-e-personagens-das-ruas-santistas/#comments Tue, 09 Sep 2014 20:15:32 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1427 Captura de tela 2014-09-09 às 17.15.09

“Um dos retratos de Santos”. É com esta frase, aos prantos, que a psicóloga Rafaela Camargo definiu o espetáculo Projeto Bispo. “Foi muito bonito como na rua eles conseguiram captar uma faixa sensível, que toca. É um contraste dessa cidade, não é?”, completa, secando as lágrimas. O Coletivo, grupo teatral de pouco mais de dois anos, trouxe para o Mirada a visão do centro histórico e seus personagens marginalizados em um espetáculo que causou fortes emoções no público ao tocar em uma das feridas da cidade: o fechamento da Casa de Saúde Anchieta, no início da década de 90. Como resultado, grande parte dos seus pacientes acabou sem abrigo e hoje, compõem uma parcela da população que vive nas ruas de Santos. O tema delicado não é desconhecido para O Coletivo. Todos os seus atores vieram da Baixada Santista, portanto a história desses personagens sempre esteve presente no imaginário. "É muito bom estar no Mirada representando Santos, ainda mais porque somos um coletivo grande. Tem pessoas de Santos, Guarujá, Praia Grande, São Vicente. Não é só Santos, mas a Baixada toda está aqui. Pra gente é muito bacana", disse o diretor, Kadu Veríssimo. “Foi um trabalho de ressignificação de ruas, edifícios antigos, tudo que é um símbolo muito forte para a cultura santista em termos de arquitetura e história. É comum começarmos a desviar os olhos para esse ser excluído da sociedade”, completou Junior Brasseloti, ator e produtor da peça.   Texto: Coletivo Pão & Circo Vídeo: Coletivo Querô]]>
Captura de tela 2014-09-09 às 17.15.09

“Um dos retratos de Santos”. É com esta frase, aos prantos, que a psicóloga Rafaela Camargo definiu o espetáculo Projeto Bispo. “Foi muito bonito como na rua eles conseguiram captar uma faixa sensível, que toca. É um contraste dessa cidade, não é?”, completa, secando as lágrimas. O Coletivo, grupo teatral de pouco mais de dois anos, trouxe para o Mirada a visão do centro histórico e seus personagens marginalizados em um espetáculo que causou fortes emoções no público ao tocar em uma das feridas da cidade: o fechamento da Casa de Saúde Anchieta, no início da década de 90. Como resultado, grande parte dos seus pacientes acabou sem abrigo e hoje, compõem uma parcela da população que vive nas ruas de Santos. O tema delicado não é desconhecido para O Coletivo. Todos os seus atores vieram da Baixada Santista, portanto a história desses personagens sempre esteve presente no imaginário. "É muito bom estar no Mirada representando Santos, ainda mais porque somos um coletivo grande. Tem pessoas de Santos, Guarujá, Praia Grande, São Vicente. Não é só Santos, mas a Baixada toda está aqui. Pra gente é muito bacana", disse o diretor, Kadu Veríssimo. “Foi um trabalho de ressignificação de ruas, edifícios antigos, tudo que é um símbolo muito forte para a cultura santista em termos de arquitetura e história. É comum começarmos a desviar os olhos para esse ser excluído da sociedade”, completou Junior Brasseloti, ator e produtor da peça.   Texto: Coletivo Pão & Circo Vídeo: Coletivo Querô]]>
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Entrevista: A [não] Ficção de Leonardo Moreira https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-nao-ficcao-de-leonardo-moreira/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-nao-ficcao-de-leonardo-moreira/#comments Mon, 08 Sep 2014 22:43:04 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1343 Foto: Coletivo Pão & Circo

“A ficção transforma a realidade”. A reflexão trazida pelo diretor Leonardo Moreira e o seu 02 Ficções mostra como a vida hoje é pautada pelo que conhecemos como irreal. “Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas?”, reflete. Seriam essas histórias reais ou ficção? Baseado nesse pensamento, ele criou o espetáculo que traz pela primeira vez para o Mirada. A peça é a sequência de Ficção, conjunto de 6 monólogos em que os atores misturavam elementos de sua vida à fatos irreais. A ideia central de Moreira é trazer à tona uma nova linguagem que ele acredita ser um movimento recente da cena teatral, onde a ficção dá espaço para o drama. O resultado é um espetáculo dividido em duas plateias distintas: uma em um âmbito pessoal e íntimo; outra, mais estruturada como um espaço de teatro. Nesta sequência, o estudo une os monólogos de ficção às narrativas literárias A Gaivota, de Tchekov, e Reparação, de Ian McEwan, questionando os limites da imaginação e forçando as fronteiras teatrais. Para entender melhor a peça, conversamos com Leonardo. Confira abaixo: Vocês estão sempre pesquisando esse limite entre o real e a ficção: O que já encontraram? O que ainda estão questionando? Nos monólogos (ficção) a plateia estava sempre num lugar instável, entre o modo de presença do ator me falando o nome dele, a vida dele de verdade, o pai dele de verdade. Por exemplo, em um dos monólogos quem fazia era o Thiago [Amaral] com o próprio pai, e os dois não se falavam desde que o Thiago contou que é gay. O pai dele deixou de falar com ele e disse que esse não era o seu projeto de filho. E então seis anos depois, nós chamamos o pai do Thiago. Já que ele não era o projeto de filho, que escrevesse uma peça com o projeto de filho que gostaria de ter. Então era pai e filho em uma peça juntos. A ficção transforma a realidade: os dois voltaram a se falar. Não é só a peça. Porque tem que dormir junto e viajar junto, ir pro Chile e pra Alemanha junto. E como funciona essa ideia de transformar a ficção em realidade ou vice-versa? Eu sinto que é um movimento recente, de ter uma linguagem mais próxima do documentário. Teatro documentário, biodrama. A gente resolveu perguntar o contrário: Se a gente fica tentando colocar tanta realidade em cena, é possível fugir da ficção na vida? Porque agora, por exemplo, eu não estou no teatro, mas eu estou falando textos que eu já falei algumas vezes. Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas. Eu faço muito isso com a minha mãe, eu peço pra ela contar uma história. Aí chega alguém e eu peço pra ela contar de novo e ela conta tudo igual, com as mesmas pausas. Que padrões de ficção nós temos também na vida? O seu espetáculo quebra uma barreira, usa diferentes linguagens. Podemos chamar de uma arte performática? Talvez. A gente pensa muito nisso. Estamos em um caminho mais performático. O espetáculo tem um pouco disso, que é uma questão de momento, de não poder ser resgatado depois. Sendo assim, o processo de construção artística de vocês é muito importante. Muito. A gente usa aqui na companhia um processo chamado pentimento – ele é um termo que designa quando você vai restaurar uma pintura e você descobre que por trás da tinta tinha outra tinta, um esboço de desenho, um erro. A nossa ideia é mostrar o pentimento em cena também. - O espetáculo 02 Ficções é trazido pela Cia. Hiato, de São Paulo, que tem como base o uso de formas cênicas que suscitem questionamentos sobre a "diferença" e as formas de percepção da realidade. A peça de estreia da companhia, Cachorro Morto (2008), ganhou os olhares da crítica no Sesc Avenida Paulista, e foi eleita pela Veja São Paulo como uma das dez melhores peças em cartaz na cidade na época.   Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“A ficção transforma a realidade”. A reflexão trazida pelo diretor Leonardo Moreira e o seu 02 Ficções mostra como a vida hoje é pautada pelo que conhecemos como irreal. “Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas?”, reflete. Seriam essas histórias reais ou ficção? Baseado nesse pensamento, ele criou o espetáculo que traz pela primeira vez para o Mirada. A peça é a sequência de Ficção, conjunto de 6 monólogos em que os atores misturavam elementos de sua vida à fatos irreais. A ideia central de Moreira é trazer à tona uma nova linguagem que ele acredita ser um movimento recente da cena teatral, onde a ficção dá espaço para o drama. O resultado é um espetáculo dividido em duas plateias distintas: uma em um âmbito pessoal e íntimo; outra, mais estruturada como um espaço de teatro. Nesta sequência, o estudo une os monólogos de ficção às narrativas literárias A Gaivota, de Tchekov, e Reparação, de Ian McEwan, questionando os limites da imaginação e forçando as fronteiras teatrais. Para entender melhor a peça, conversamos com Leonardo. Confira abaixo: Vocês estão sempre pesquisando esse limite entre o real e a ficção: O que já encontraram? O que ainda estão questionando? Nos monólogos (ficção) a plateia estava sempre num lugar instável, entre o modo de presença do ator me falando o nome dele, a vida dele de verdade, o pai dele de verdade. Por exemplo, em um dos monólogos quem fazia era o Thiago [Amaral] com o próprio pai, e os dois não se falavam desde que o Thiago contou que é gay. O pai dele deixou de falar com ele e disse que esse não era o seu projeto de filho. E então seis anos depois, nós chamamos o pai do Thiago. Já que ele não era o projeto de filho, que escrevesse uma peça com o projeto de filho que gostaria de ter. Então era pai e filho em uma peça juntos. A ficção transforma a realidade: os dois voltaram a se falar. Não é só a peça. Porque tem que dormir junto e viajar junto, ir pro Chile e pra Alemanha junto. E como funciona essa ideia de transformar a ficção em realidade ou vice-versa? Eu sinto que é um movimento recente, de ter uma linguagem mais próxima do documentário. Teatro documentário, biodrama. A gente resolveu perguntar o contrário: Se a gente fica tentando colocar tanta realidade em cena, é possível fugir da ficção na vida? Porque agora, por exemplo, eu não estou no teatro, mas eu estou falando textos que eu já falei algumas vezes. Quantas vezes a gente não conta uma história e reconta do mesmo jeito, como se fosse um texto decorado, com as mesmas pausas. Eu faço muito isso com a minha mãe, eu peço pra ela contar uma história. Aí chega alguém e eu peço pra ela contar de novo e ela conta tudo igual, com as mesmas pausas. Que padrões de ficção nós temos também na vida? O seu espetáculo quebra uma barreira, usa diferentes linguagens. Podemos chamar de uma arte performática? Talvez. A gente pensa muito nisso. Estamos em um caminho mais performático. O espetáculo tem um pouco disso, que é uma questão de momento, de não poder ser resgatado depois. Sendo assim, o processo de construção artística de vocês é muito importante. Muito. A gente usa aqui na companhia um processo chamado pentimento – ele é um termo que designa quando você vai restaurar uma pintura e você descobre que por trás da tinta tinha outra tinta, um esboço de desenho, um erro. A nossa ideia é mostrar o pentimento em cena também. - O espetáculo 02 Ficções é trazido pela Cia. Hiato, de São Paulo, que tem como base o uso de formas cênicas que suscitem questionamentos sobre a "diferença" e as formas de percepção da realidade. A peça de estreia da companhia, Cachorro Morto (2008), ganhou os olhares da crítica no Sesc Avenida Paulista, e foi eleita pela Veja São Paulo como uma das dez melhores peças em cartaz na cidade na época.   Coletivo Pão & Circo]]>
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13 sonhos impressiona o público com apresentação imaginada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/13-sonhos-impressiona-o-publico-com-apresentacao-imaginada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/13-sonhos-impressiona-o-publico-com-apresentacao-imaginada/#comments Mon, 08 Sep 2014 15:52:50 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1322 Screen Shot 2014-09-08 at 7.30.25 AM

Uma das peças mais esperadas do Mirada desembarca da Colômbia. Trazida pela Fundación Teatro Odeon, de Bogotá, 13 Sonhos brinca com o imaginário do público mostrando uma história que se utiliza de artifícios em cena para criar uma atmosfera teatral completamente sonhada. “O público está surpreendido. Fascinado com o cenário e a construção. A sensação é de que ele esperava que isso fosse possível, como se a peça tivesse saindo de um sonho”, afirma a atriz Judith Segura, que está no elenco do espetáculo. Em vídeo, Judith falou um pouco mais sobre a peça, e também sobre o seu trabalho como atriz para a construção dessa imaginação coletiva. Uma de suas barreiras, ela conta, é a da língua: “Eu utilizei algumas palavras-chave para que o público pudesse me entender melhor. Meu personagem é o único que fala diretamente com o ele, então senti a necessidade de estabelecer uma identificação mais fácil”, conta. O espetáculo, que foi montado no estacionamento do Sesc Santos com cerca de 1500 metros de ambientes pensados para a encenação, segue até o final do Mirada e acabou de ganhar sessões extras em novos horários. Os ingressos para o espetáculo estão esgotados, mas é possível conhecer o cenário em uma visitação gratuita guiada pela diretora e diretora de arte, Laura Villegas.]]>
Screen Shot 2014-09-08 at 7.30.25 AM

Uma das peças mais esperadas do Mirada desembarca da Colômbia. Trazida pela Fundación Teatro Odeon, de Bogotá, 13 Sonhos brinca com o imaginário do público mostrando uma história que se utiliza de artifícios em cena para criar uma atmosfera teatral completamente sonhada. “O público está surpreendido. Fascinado com o cenário e a construção. A sensação é de que ele esperava que isso fosse possível, como se a peça tivesse saindo de um sonho”, afirma a atriz Judith Segura, que está no elenco do espetáculo. Em vídeo, Judith falou um pouco mais sobre a peça, e também sobre o seu trabalho como atriz para a construção dessa imaginação coletiva. Uma de suas barreiras, ela conta, é a da língua: “Eu utilizei algumas palavras-chave para que o público pudesse me entender melhor. Meu personagem é o único que fala diretamente com o ele, então senti a necessidade de estabelecer uma identificação mais fácil”, conta. O espetáculo, que foi montado no estacionamento do Sesc Santos com cerca de 1500 metros de ambientes pensados para a encenação, segue até o final do Mirada e acabou de ganhar sessões extras em novos horários. Os ingressos para o espetáculo estão esgotados, mas é possível conhecer o cenário em uma visitação gratuita guiada pela diretora e diretora de arte, Laura Villegas.]]>
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3 perguntas para Trinidad González, de A Reunião https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/3-perguntas-para-trinidad-gonzalez-de-a-reuniao/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/3-perguntas-para-trinidad-gonzalez-de-a-reuniao/#comments Sat, 06 Sep 2014 21:06:22 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1164 Foto: Coletivo Pão & Circo

A Reunião é uma das representantes do Chile, país homenageado no Mirada 2014. A peça apresenta a história de Cristóvão Colombo, descobridor da América, aprisionado pelos reis católicos após entenderem que ele abusou de seu poder nas Índias. Com esta história central, o espetáculo passa por uma reflexão sobre temas como a relação com os povos indígenas, o poder da Igreja e da oligarquia, e a luta de classes. Apresentada pelo grupo Teatro en El Blanco, formado em 2006, ela chega ao Mirada com uma nova direção da companhia: Trinidad González – que também atua em cena. Essa é a terceira visita do Teatro ao Brasil. Durante o ensaio deste sábado (6), o Coletivo Pão e Circo bateu um papo rápido com a diretora, antes que entrasse nas coxias para o seu momento de concentração. Confira: PGM: A Reunião é uma peça política? O que se percebe, assistindo ao espetáculo, é a preocupação do grupo para mostrar sempre uma visão bilateral. Quando se reflete sobre um tema, me parece que é sempre melhor mostrar os dois lados. Mostrar só um lado é limitar. A nós não interessa ser um teatro panfletário. Muito pelo contrário. Nos interessamos em lançar perguntas. PGM: Como o Grupo foi formado? O nosso grupo foi criado em 2006, e havia outro diretor e dramaturgo. Quem dirigia a companhia era Guillermo Calderón, que agora trabalha na Alemanha, Nova York e América Latina. Com ele fizemos Neve e Diciembre, nosso primeiro trabalho. Ele saiu do grupo para tomar novos caminhos e eu assumi a dramaturgia e direção. PGM: Toda arte é política? Eu creio que todo ato é político - entendendo que ela [a política] é um elemento essencial para a vida humana. Jamais como uma coisa panfletária ou partidista. Nesse sentido, jamais. E sim como um espaço de reflexão. Eu penso no mundo como um espaço político. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

A Reunião é uma das representantes do Chile, país homenageado no Mirada 2014. A peça apresenta a história de Cristóvão Colombo, descobridor da América, aprisionado pelos reis católicos após entenderem que ele abusou de seu poder nas Índias. Com esta história central, o espetáculo passa por uma reflexão sobre temas como a relação com os povos indígenas, o poder da Igreja e da oligarquia, e a luta de classes. Apresentada pelo grupo Teatro en El Blanco, formado em 2006, ela chega ao Mirada com uma nova direção da companhia: Trinidad González – que também atua em cena. Essa é a terceira visita do Teatro ao Brasil. Durante o ensaio deste sábado (6), o Coletivo Pão e Circo bateu um papo rápido com a diretora, antes que entrasse nas coxias para o seu momento de concentração. Confira: PGM: A Reunião é uma peça política? O que se percebe, assistindo ao espetáculo, é a preocupação do grupo para mostrar sempre uma visão bilateral. Quando se reflete sobre um tema, me parece que é sempre melhor mostrar os dois lados. Mostrar só um lado é limitar. A nós não interessa ser um teatro panfletário. Muito pelo contrário. Nos interessamos em lançar perguntas. PGM: Como o Grupo foi formado? O nosso grupo foi criado em 2006, e havia outro diretor e dramaturgo. Quem dirigia a companhia era Guillermo Calderón, que agora trabalha na Alemanha, Nova York e América Latina. Com ele fizemos Neve e Diciembre, nosso primeiro trabalho. Ele saiu do grupo para tomar novos caminhos e eu assumi a dramaturgia e direção. PGM: Toda arte é política? Eu creio que todo ato é político - entendendo que ela [a política] é um elemento essencial para a vida humana. Jamais como uma coisa panfletária ou partidista. Nesse sentido, jamais. E sim como um espaço de reflexão. Eu penso no mundo como um espaço político. Coletivo Pão & Circo ]]>
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