Mirada » » coletivo pão e circo https://mirada2014.sescsp.org.br/pt Festival Ibero-Americano de artes Cênicas de Santos Mon, 02 Feb 2015 13:08:25 +0000 pt-BR hourly 1 Mirada 2014 em vídeos, textos, fotos e sensações https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-2014-em-videos-textos-fotos-e-sensacoes/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-2014-em-videos-textos-fotos-e-sensacoes/#comments Sun, 14 Sep 2014 11:36:18 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1886 Matéria-Prima

De 4 a 13 de setembro, a baixada santista foi palco do encontro de artistas e público com apresentações cênicas, shows, performances e atividades formativas durante a terceira edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Foram mais de 70 mil pessoas assistindo aos 40 espetáculos do festival, que propiciou o encontro de trupes de 15 países.

Durante 10 dias, a extensa programação cultural ganhou destaque no Ponto Digital Mirada. Aqui, o que você não pode perder desta cobertura: - Com sete espetáculos na programação, o grande homenageado desta edição foi o Chile. Saiba por que aqui.

- Maria Pagés trouxe da Espanha a sua dança flamenca em Utopia, um espetáculo sensorial aplaudido de pé. Maria Pagés em cena - Personagens do Mirada falam sobre seus ofícios e percepções do festival em entrevistas exclusivas. Entre os nomes da cena, estão a diretora Cibele Forjaz, responsável pelos Desafios Cênicos do Mirada, o ator português António Fonseca, a preparadora vocal Letícia Coura e o diretor Leonardo Moreira.

- O público também é protagonista do Mirada e opinou sobre o que viu nos espetáculos. Foi o caso dos clássicos reinventados, do burburinho por trás de A Imaginação do Futuroda peça infantil São Jorge Menino e, ainda, refletindo: Qual é a sua peça dos sonhos? Veja a seguir algumas das respostas:

- Do centro histórico à beira do mar, Santos se transformou. Seja com o Projeto Bispo ressignificando e ocupando as ruas centrais, com a Casa Rosada e o Emissário utilizados a todo vapor, com a criação da Cidade dos Containers ou com as visitas ao Centro Cultural Português. Emissário Submarino e outro ponto de vista da cidade

- Nem só de fruição viveu o público. As atividades formativas foram parte essencial da programação. Entre Encontrões, Pontos de Conexão e muita troca nas oficinas práticas - como as performances-relâmpago dos Desafios Cênicos, o corpo expressivo proposto pelo CPT, os Ensaios de Coro e a Imersão Olho-Urubu do SescTV, entre outras. Conheça o pensamento que embasou as formativas em vídeo:

- Por trás das coxias: Preparamos uma série de vídeos com a gente de teatro que dá vazão ao imaginário comum.

- A mirada por trás do mirada: as oficinas e a E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos, que ganha a área de convivência do Sesc Santos até novembro.

- O processo de criação se transformou na grande história do Ponto Digital. Das peças que retratam fatos políticos à presença feminina no Festival, fomos atrás das histórias por trás das histórias.

- Nem só de teatro vivem as artes cênicas. A dança também ganha espaço enquanto a trilha sonora dá o tom.

- Os elementos do festival se espalharam pela cidade e deram o que falar entre os moradores da baixada. Os elementos esal

- E uma última miradela com espetáculos para ver quando quiser: Ilha do Tesouro, 13 Sonhos, Projeto Bispo, UtopiaOdisseia e Matéria-Prima mostram o por quê do sucesso entre os espectadores.]]>
Matéria-Prima

De 4 a 13 de setembro, a baixada santista foi palco do encontro de artistas e público com apresentações cênicas, shows, performances e atividades formativas durante a terceira edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Foram mais de 70 mil pessoas assistindo aos 40 espetáculos do festival, que propiciou o encontro de trupes de 15 países.

Durante 10 dias, a extensa programação cultural ganhou destaque no Ponto Digital Mirada. Aqui, o que você não pode perder desta cobertura: - Com sete espetáculos na programação, o grande homenageado desta edição foi o Chile. Saiba por que aqui.

- Maria Pagés trouxe da Espanha a sua dança flamenca em Utopia, um espetáculo sensorial aplaudido de pé. Maria Pagés em cena - Personagens do Mirada falam sobre seus ofícios e percepções do festival em entrevistas exclusivas. Entre os nomes da cena, estão a diretora Cibele Forjaz, responsável pelos Desafios Cênicos do Mirada, o ator português António Fonseca, a preparadora vocal Letícia Coura e o diretor Leonardo Moreira.

- O público também é protagonista do Mirada e opinou sobre o que viu nos espetáculos. Foi o caso dos clássicos reinventados, do burburinho por trás de A Imaginação do Futuroda peça infantil São Jorge Menino e, ainda, refletindo: Qual é a sua peça dos sonhos? Veja a seguir algumas das respostas:

- Do centro histórico à beira do mar, Santos se transformou. Seja com o Projeto Bispo ressignificando e ocupando as ruas centrais, com a Casa Rosada e o Emissário utilizados a todo vapor, com a criação da Cidade dos Containers ou com as visitas ao Centro Cultural Português. Emissário Submarino e outro ponto de vista da cidade

- Nem só de fruição viveu o público. As atividades formativas foram parte essencial da programação. Entre Encontrões, Pontos de Conexão e muita troca nas oficinas práticas - como as performances-relâmpago dos Desafios Cênicos, o corpo expressivo proposto pelo CPT, os Ensaios de Coro e a Imersão Olho-Urubu do SescTV, entre outras. Conheça o pensamento que embasou as formativas em vídeo:

- Por trás das coxias: Preparamos uma série de vídeos com a gente de teatro que dá vazão ao imaginário comum.

- A mirada por trás do mirada: as oficinas e a E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos, que ganha a área de convivência do Sesc Santos até novembro.

- O processo de criação se transformou na grande história do Ponto Digital. Das peças que retratam fatos políticos à presença feminina no Festival, fomos atrás das histórias por trás das histórias.

- Nem só de teatro vivem as artes cênicas. A dança também ganha espaço enquanto a trilha sonora dá o tom.

- Os elementos do festival se espalharam pela cidade e deram o que falar entre os moradores da baixada. Os elementos esal

- E uma última miradela com espetáculos para ver quando quiser: Ilha do Tesouro, 13 Sonhos, Projeto Bispo, UtopiaOdisseia e Matéria-Prima mostram o por quê do sucesso entre os espectadores.]]>
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Os Desafios Cênicos e as performances-relâmpago espalhadas pela cidade https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/desafios-cenicos-e-performances-relampago/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/desafios-cenicos-e-performances-relampago/#comments Sat, 13 Sep 2014 23:28:37 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1719 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Os espetáculos não são só para serem vistos, eles tem uma ação direta sobre a vida e a categoria artística da cidade”, explica Diego Moschkovitch, um dos responsáveis pelo Desafios Cênicos. A apresentação da manhã deste sábado (13) no Emissário Submarino, reuniu os atores do grupo da baixada santista O Coletivo ao lado de estudantes de artes cênicas para apresentações-relâmpago na cidade. - Desafio: O que é comer pedra? O primeiro grupo se apropriou das pedreiras que separam a terra do mar. Diego se encarregou de guiar os oficineiros e conta um pouco como foi esse processo: Nós recebemos o desafio do João Garcia Miguel, que é o diretor do espetáculo Yerma. O João trouxe muitas imagens e muitas referências pessoais dele, de coisas que movem ele no processo criativo. Ele mostrou pra gente um vídeo de uma performance que ele fez um tempo atrás em Portugal. Era uma câmera ligada e ele comendo pedras. E tem toda a questão: o que é comer pedra? O que é comer pedra para cada um? Nós conversamos bastante com os oficineiros e chegamos à conclusão de que cada um deveria trazer para a cena o que é esse ato para si. Nós tínhamos essa referência, e de repente nós chegamos no Emissário e tem essa pedreira. A ideia era trabalhar com a urgência, em um desafio que pudesse ser feito brevemente, já que tivemos pouco tempo para ensaiarmos. - Desafio: O que você esconde? O diretor colombiano Fabio Rubiano, da companhia Petra Teatro, desafiou o segundo grupo, da companhia santista O Coletivo. A atriz Renata Carvalho conta como foi participar da performance. A Cibele Forjaz viu o nosso espetáculo, Projeto Bispo, e ficou muito animada e quis que nós participássemos do Desafio Cênico. O Bispo tem essa coisa de descobrir o espaço público e a Cibele tem muito disso também, e o convite apareceu no Encontrão. Por isso, ela viu esse casamento direto entre as duas ideias. O resultado foi maravilhoso, desafiador. No final, o teatro sempre acontece e sempre dá certo. Tivemos quatro perguntas que nortearam a peça. E depois, isso foi se encaixando em outras perguntas, como: Do que você tem medo? O que você esconde? O que você mente? O pacto com o diabo deveria ser o final e o final tinha que ser espetacular. Nós resolvemos falar da transfobia e lesbofobia. No final, era só pra eu me enrolar no plástico e cair, mas aconteceu esse crime bárbaro com esse jovem [na semana de 10 de setembro, um jovem de 18 anos foi encontrado morto na região metropolitana de Goiânia. A principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por homofobia] e a lei PL22* caiu de novo, então eu resolvi usar isso em cena. As pessoas morrem por serem só o que são. Isso é muito duro. A gente não pode apenas falar que a vida é linda. A arte imita a vida e a vida imita a arte. Então nós temos que colocar isso, porque eu acredito que o ator tem um papel fundamental de combate, de cunho político. E o meu é o movimento LGBT, então eu vou continuar nessa batalha. Desafio concluído Muito mais do que uma performance-relâmpago, o projeto proporcionou trocas de experiências e despertou a criatividade. O diretor Kadu Verissímo, de Projeto Bispo, conta sobre o resultado do Desafios Cênicos. O bacana do festival é a troca mesmo, é conhecer o outro, ver o trabalho do outro, ver como o outro pensa teatro e está todo mundo sempre no mesmo barco, mas cada um com a sua ideia e cada um com os seus planos. No fundo, estamos todos dialogando juntos. A troca é sempre o mais importante. Já a estudante de teatro Noemi Figueiredo participou da oficina e já está de olho no próximo Mirada. O Mirada tem um peso muito grade na vida de qualquer artista. Então se você tem no currículo que participou de um projeto do Mirada ou participou do Antunes, isso acaba deixando a bagagem forte e o peso nas costas maior ainda. Porque quem conhece o Mirada sabe que as pessoas são muito boas. É bem gratificante estar no Mirada e espero em 2016  eu esteja no festival de novo. *Projeto de lei que tem por objetivo criminalizar a homofobia no país. Coletivo Pão & Circo  ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Os espetáculos não são só para serem vistos, eles tem uma ação direta sobre a vida e a categoria artística da cidade”, explica Diego Moschkovitch, um dos responsáveis pelo Desafios Cênicos. A apresentação da manhã deste sábado (13) no Emissário Submarino, reuniu os atores do grupo da baixada santista O Coletivo ao lado de estudantes de artes cênicas para apresentações-relâmpago na cidade. - Desafio: O que é comer pedra? O primeiro grupo se apropriou das pedreiras que separam a terra do mar. Diego se encarregou de guiar os oficineiros e conta um pouco como foi esse processo: Nós recebemos o desafio do João Garcia Miguel, que é o diretor do espetáculo Yerma. O João trouxe muitas imagens e muitas referências pessoais dele, de coisas que movem ele no processo criativo. Ele mostrou pra gente um vídeo de uma performance que ele fez um tempo atrás em Portugal. Era uma câmera ligada e ele comendo pedras. E tem toda a questão: o que é comer pedra? O que é comer pedra para cada um? Nós conversamos bastante com os oficineiros e chegamos à conclusão de que cada um deveria trazer para a cena o que é esse ato para si. Nós tínhamos essa referência, e de repente nós chegamos no Emissário e tem essa pedreira. A ideia era trabalhar com a urgência, em um desafio que pudesse ser feito brevemente, já que tivemos pouco tempo para ensaiarmos. - Desafio: O que você esconde? O diretor colombiano Fabio Rubiano, da companhia Petra Teatro, desafiou o segundo grupo, da companhia santista O Coletivo. A atriz Renata Carvalho conta como foi participar da performance. A Cibele Forjaz viu o nosso espetáculo, Projeto Bispo, e ficou muito animada e quis que nós participássemos do Desafio Cênico. O Bispo tem essa coisa de descobrir o espaço público e a Cibele tem muito disso também, e o convite apareceu no Encontrão. Por isso, ela viu esse casamento direto entre as duas ideias. O resultado foi maravilhoso, desafiador. No final, o teatro sempre acontece e sempre dá certo. Tivemos quatro perguntas que nortearam a peça. E depois, isso foi se encaixando em outras perguntas, como: Do que você tem medo? O que você esconde? O que você mente? O pacto com o diabo deveria ser o final e o final tinha que ser espetacular. Nós resolvemos falar da transfobia e lesbofobia. No final, era só pra eu me enrolar no plástico e cair, mas aconteceu esse crime bárbaro com esse jovem [na semana de 10 de setembro, um jovem de 18 anos foi encontrado morto na região metropolitana de Goiânia. A principal suspeita é que o crime tenha sido motivado por homofobia] e a lei PL22* caiu de novo, então eu resolvi usar isso em cena. As pessoas morrem por serem só o que são. Isso é muito duro. A gente não pode apenas falar que a vida é linda. A arte imita a vida e a vida imita a arte. Então nós temos que colocar isso, porque eu acredito que o ator tem um papel fundamental de combate, de cunho político. E o meu é o movimento LGBT, então eu vou continuar nessa batalha. Desafio concluído Muito mais do que uma performance-relâmpago, o projeto proporcionou trocas de experiências e despertou a criatividade. O diretor Kadu Verissímo, de Projeto Bispo, conta sobre o resultado do Desafios Cênicos. O bacana do festival é a troca mesmo, é conhecer o outro, ver o trabalho do outro, ver como o outro pensa teatro e está todo mundo sempre no mesmo barco, mas cada um com a sua ideia e cada um com os seus planos. No fundo, estamos todos dialogando juntos. A troca é sempre o mais importante. Já a estudante de teatro Noemi Figueiredo participou da oficina e já está de olho no próximo Mirada. O Mirada tem um peso muito grade na vida de qualquer artista. Então se você tem no currículo que participou de um projeto do Mirada ou participou do Antunes, isso acaba deixando a bagagem forte e o peso nas costas maior ainda. Porque quem conhece o Mirada sabe que as pessoas são muito boas. É bem gratificante estar no Mirada e espero em 2016  eu esteja no festival de novo. *Projeto de lei que tem por objetivo criminalizar a homofobia no país. Coletivo Pão & Circo  ]]>
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A quem pertence a dança contemporânea? https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/#comments Thu, 11 Sep 2014 22:56:26 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1385 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
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A presença feminina na programação https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-presenca-feminina-na-programacao-do-festival/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-presenca-feminina-na-programacao-do-festival/#comments Wed, 10 Sep 2014 21:48:38 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1478 Yerma. Foto: Marta Coelho

Os espetáculos que utilizam o ponto de vista ou o corpo feminino como parte da narrativa geram reflexão no público do Mirada. “É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”, disse Simone de Beauvoir. A utilização da palavra homem por uma escritora com um simbolismo tão grande pode ou não ter sido proposital. De todo modo, ela serve como uma provocação. Assim como na colocação da escritora, a curadoria do festival pensou a questão de maneira geral, como explica Leonardo Nicoletti: "As questões femininas são uma coincidência, pois dentro da proposta do festival se pensou na questão da construção da família. Então são diversos espetáculos que falam das relações familiares, para se ter todos os lados: o machismo, a mulher oprimida, a reafirmação de questões femininas, a beleza". A presença feminina na programação acaba trazendo um forte tom emocional, nem sempre delicado. O espetáculo peruano Criadouro tem três atrizes que contam suas histórias de vida sob a perspectiva de filhas de mulheres fortes. A narrativa não-linear as apresenta também como mães e tia - a dúvida sobre a maternidade também entra em foco. Nadine Vallejo, codiretora da produção, conta que de 2011 até agora a peça foi encenada continuamente em Lima. Ela credita o sucesso à empatia que as pessoas criam com os depoimentos (extra)ordinários, comuns em muitas famílias. “O público sai emocionado da apresentação”, conta. Yerma, do diretor português João Garcia Miguel, enxerga a mulher como um elo de ligação entre a terra e a vida. “Pra mim esse assunto foi importante porque eu nunca tinha olhado pra mulher como este símbolo de ligação com o mundo. Ela é aquilo que faz tudo andar, e continuar a procriar e a existir. Nunca tinha pensando tão fortemente na mulher como símbolo de luz e de continuidade na vida humana. Ao meu ver acho que as mulheres de hoje esquecem do quão fundamental é o papel delas aqui e a sua existência. É uma mensagem importante para sempre lembrar: O que é ser mulher”. A peça é baseada em um poema do espanhol García Lorca, e mostra a infertilidade de um casal sob o ponto da personagem-título. Às vezes o papel da criadora do mundo aparece com o único propósito de celebrar sua delicadeza. É o caso de Utopia, da coreógrafa espanhola Maria Pagés. Naiá Gago, produtora do Teatro Coliseu, onde a peça foi apresentada, conta que se emocionou no espetáculo: “Um gestual e uma feminilidade espetaculares. A Maria Pagés, que já é uma senhora, representou a essência da beleza, do corpo longilíneo, dos gestos, dos leques e símbolos femininos”.

Otelo (Foto: Rafael Arenas)

Em contraponto, o espetáculo chileno Otelo traz a representação da mulher oprimida. “Otelo é um femicida. No Chile temos um femicídio por semana, é uma sociedade muito machista. Como ser dono de uma mulher? A única forma de ser dono totalmente, é matá-la. São mulheres que estão submetidas a um mundo masculino e militar”, comenta o o ator e diretor do espetáculo, Jaime Lorca. O dicionário português brasileiro define a palavra “ultrapassar” como uma transposição. A relação das palavras com a afirmação de Beauvoir não parece ter sido mais acertada para o Mirada.  Aqui, a mulher se transpôs na arte, e mostrou a sua força na sobrevivência. Coletivo Pão & Circo]]>
Yerma. Foto: Marta Coelho

Os espetáculos que utilizam o ponto de vista ou o corpo feminino como parte da narrativa geram reflexão no público do Mirada. “É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”, disse Simone de Beauvoir. A utilização da palavra homem por uma escritora com um simbolismo tão grande pode ou não ter sido proposital. De todo modo, ela serve como uma provocação. Assim como na colocação da escritora, a curadoria do festival pensou a questão de maneira geral, como explica Leonardo Nicoletti: "As questões femininas são uma coincidência, pois dentro da proposta do festival se pensou na questão da construção da família. Então são diversos espetáculos que falam das relações familiares, para se ter todos os lados: o machismo, a mulher oprimida, a reafirmação de questões femininas, a beleza". A presença feminina na programação acaba trazendo um forte tom emocional, nem sempre delicado. O espetáculo peruano Criadouro tem três atrizes que contam suas histórias de vida sob a perspectiva de filhas de mulheres fortes. A narrativa não-linear as apresenta também como mães e tia - a dúvida sobre a maternidade também entra em foco. Nadine Vallejo, codiretora da produção, conta que de 2011 até agora a peça foi encenada continuamente em Lima. Ela credita o sucesso à empatia que as pessoas criam com os depoimentos (extra)ordinários, comuns em muitas famílias. “O público sai emocionado da apresentação”, conta. Yerma, do diretor português João Garcia Miguel, enxerga a mulher como um elo de ligação entre a terra e a vida. “Pra mim esse assunto foi importante porque eu nunca tinha olhado pra mulher como este símbolo de ligação com o mundo. Ela é aquilo que faz tudo andar, e continuar a procriar e a existir. Nunca tinha pensando tão fortemente na mulher como símbolo de luz e de continuidade na vida humana. Ao meu ver acho que as mulheres de hoje esquecem do quão fundamental é o papel delas aqui e a sua existência. É uma mensagem importante para sempre lembrar: O que é ser mulher”. A peça é baseada em um poema do espanhol García Lorca, e mostra a infertilidade de um casal sob o ponto da personagem-título. Às vezes o papel da criadora do mundo aparece com o único propósito de celebrar sua delicadeza. É o caso de Utopia, da coreógrafa espanhola Maria Pagés. Naiá Gago, produtora do Teatro Coliseu, onde a peça foi apresentada, conta que se emocionou no espetáculo: “Um gestual e uma feminilidade espetaculares. A Maria Pagés, que já é uma senhora, representou a essência da beleza, do corpo longilíneo, dos gestos, dos leques e símbolos femininos”.

Otelo (Foto: Rafael Arenas)

Em contraponto, o espetáculo chileno Otelo traz a representação da mulher oprimida. “Otelo é um femicida. No Chile temos um femicídio por semana, é uma sociedade muito machista. Como ser dono de uma mulher? A única forma de ser dono totalmente, é matá-la. São mulheres que estão submetidas a um mundo masculino e militar”, comenta o o ator e diretor do espetáculo, Jaime Lorca. O dicionário português brasileiro define a palavra “ultrapassar” como uma transposição. A relação das palavras com a afirmação de Beauvoir não parece ter sido mais acertada para o Mirada.  Aqui, a mulher se transpôs na arte, e mostrou a sua força na sobrevivência. Coletivo Pão & Circo]]>
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O Ilha do Tesouro brinca com a imaginação trazendo o público para dentro do espetáculo https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/o-ilha-do-tesouro-brinca-com-a-imaginacao-trazendo-o-publico-para-dentro-do-espetaculo/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/o-ilha-do-tesouro-brinca-com-a-imaginacao-trazendo-o-publico-para-dentro-do-espetaculo/#comments Sun, 07 Sep 2014 14:19:20 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1189 Captura de tela 2014-09-07 às 11.23.23

Soltar a imaginação e brincar com as emoções infantis em uma vista de tirar o fôlego. Esse é o resultado do espetáculo O Ilha do Tesouro, um dos destaques do Mirada 2014. Apresentada pelo Kompanhia de Teatro, grupo paulista formado em 1989, a peça teve lugar no Museu Fortaleza da Barra, localizado nas dependências da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá. Com uma proposta totalmente diferente ao teatro convencional, as crianças participam da peça enfrentando piratas, fugindo de inimigos e superando obstáculos que causam diferentes sensações. A ideia é que os pequenos, acompanhados de pessoas com quem possuem um vínculo afetivo, possam transformar esse momento em uma conquista mágica e pessoal. Trazer um teatro fora dos padrões, que brinca com o imaginário infantil e adulto, não é novidade para a Kompanhia, que inspirou a criação do Teatro do Centro da Terra, em São Paulo. A casa de espetáculos situa-se a 12 metros da superfície terrestre, e para chegar ao teatro, o público deve equipar-se com capacetes e luzes de mineiro para enfrentar a descida pelos túneis e escadarias de uma mina de ouro abandonada. O Ilha do Tesouro segue em cartaz dos dias 7 a 8, e então de 12 a 13 de setembro, sempre com duas apresentações diárias, as 11h e 15. Para saber mais informações sobre ingressos e acessibilidade, clique aqui. Texto: Coletivo Pão & Circo Vídeo: Querô Filmes]]>
Captura de tela 2014-09-07 às 11.23.23

Soltar a imaginação e brincar com as emoções infantis em uma vista de tirar o fôlego. Esse é o resultado do espetáculo O Ilha do Tesouro, um dos destaques do Mirada 2014. Apresentada pelo Kompanhia de Teatro, grupo paulista formado em 1989, a peça teve lugar no Museu Fortaleza da Barra, localizado nas dependências da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá. Com uma proposta totalmente diferente ao teatro convencional, as crianças participam da peça enfrentando piratas, fugindo de inimigos e superando obstáculos que causam diferentes sensações. A ideia é que os pequenos, acompanhados de pessoas com quem possuem um vínculo afetivo, possam transformar esse momento em uma conquista mágica e pessoal. Trazer um teatro fora dos padrões, que brinca com o imaginário infantil e adulto, não é novidade para a Kompanhia, que inspirou a criação do Teatro do Centro da Terra, em São Paulo. A casa de espetáculos situa-se a 12 metros da superfície terrestre, e para chegar ao teatro, o público deve equipar-se com capacetes e luzes de mineiro para enfrentar a descida pelos túneis e escadarias de uma mina de ouro abandonada. O Ilha do Tesouro segue em cartaz dos dias 7 a 8, e então de 12 a 13 de setembro, sempre com duas apresentações diárias, as 11h e 15. Para saber mais informações sobre ingressos e acessibilidade, clique aqui. Texto: Coletivo Pão & Circo Vídeo: Querô Filmes]]>
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O carimbó paraense de Aíla https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/o-carimbo-paraense-de-aila/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/o-carimbo-paraense-de-aila/#comments Sat, 06 Sep 2014 22:19:18 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1176 Foto: Pão & Circo

Mirada também é música. Hoje o Festival recebe a paraense Aíla, uma mistura de brega e pop, passando pelo carimbó, salsa e cumbia. Duvida? Em entrevista, a cantora revela as influências do seu primeiro álbum, Trelelê: "É o reflexo da mistura de música latina, do Pará e pop, passando pela Jovem Guarda e Tropicália", explica. A cena musical no Pará, não é novidade, está em destaque. Desde o fenômeno da conterrânea Gaby Amarantos, há pouco mais de dois anos, os olhos estão voltados para o estado. “O tecnobrega abriu espaço por ser muito exótico e diferente", comenta a cantora. "Mas o Brasil é tão grande, que acaba se descobrindo aos poucos. E nós vivemos um momento muito especial, São Paulo recebeu muito bem a música do Pará. Nós estamos muito animados de poder levar o nosso som cada vez mais além“, completa. Texto e imagem: Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Pão & Circo

Mirada também é música. Hoje o Festival recebe a paraense Aíla, uma mistura de brega e pop, passando pelo carimbó, salsa e cumbia. Duvida? Em entrevista, a cantora revela as influências do seu primeiro álbum, Trelelê: "É o reflexo da mistura de música latina, do Pará e pop, passando pela Jovem Guarda e Tropicália", explica. A cena musical no Pará, não é novidade, está em destaque. Desde o fenômeno da conterrânea Gaby Amarantos, há pouco mais de dois anos, os olhos estão voltados para o estado. “O tecnobrega abriu espaço por ser muito exótico e diferente", comenta a cantora. "Mas o Brasil é tão grande, que acaba se descobrindo aos poucos. E nós vivemos um momento muito especial, São Paulo recebeu muito bem a música do Pará. Nós estamos muito animados de poder levar o nosso som cada vez mais além“, completa. Texto e imagem: Coletivo Pão & Circo]]>
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Burburinhos por trás de ‘A Imaginação do Futuro’ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/burburinhos-por-tras-de-a-imaginacao-do-futuro/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/burburinhos-por-tras-de-a-imaginacao-do-futuro/#comments Sat, 06 Sep 2014 17:08:09 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1145 A Imaginação do Futuro (Foto: Compañia La Resentida)

Salvador Allende foi o primeiro presidente de república e o primeiro chefe de estado socialista marxista eleito democraticamente na América. Governou o Chile entre 1970 a 1973 e foi deposto por um golpe liderado por Augusto Pinochet, seu chefe das Forças Armadas. Sua morte durante o golpe nunca foi explicada. Suicídio (com a arma que fora presente de Fidel Castro) ou assassinato (como defende sua sobrinha, a escritora Isabel Allende)? Ninguém tem respostas. Todos têm imaginação. Para contar sobre os últimos dias deste homem que mudou a história do Chile, o diretor Marco Layera usou humor ácido, uma trupe de atores afiados, som alto nudez e ironia escancarada. Exatamente nesta ordem. Durante a peça, um grito. Um xingamento impublicável. O restante do público comentou baixinho e a peça seguiu. Ninguém se retirou. Logo que as luzes se apagaram indicando o final do espetáculo, as palmas encheram o teatro. A plateia ficou dividida entre aqueles que aplaudiram fervorosamente em pé e os que educadamente permaneceram sentados. Na saída, pouca coragem para ir embora. Quem estava em grupo debatia, desconhecidos trocavam opiniões como se tivesse ali uma mesa, um bar, uma urna eletrônica por perto. “A peça é polêmica. Mas a história política do Chile é polêmica. Os atores só mostraram isso. Aos berros, pra que todo mundo ouvisse". Rosane Viana, 72 anos, socióloga. “Gosto quando alguém explica política fazendo deboche. Fica mais fácil de entender e até de se revoltar”. Wellington Sousa, 27 anos, analista de sistemas. “Um soco. Bem No estômago. Preciso que pare de doer pra conseguir falar”. Bete Prado, 60 anos, professora universitária. A Imaginação do Futuro é apresentada pela Cia Teatro La re-sentida, do Chile. Nascida em 2008, ela foi formada por jovens atores da cena teatral do país, e tem como ideia central a reflexão a partir da provocação e quebra de tabus. A programação do Mirada segue. Confira os próximos espetáculos e mire você mesmo. Texto: Coletivo Pão & Circo]]>
A Imaginação do Futuro (Foto: Compañia La Resentida)

Salvador Allende foi o primeiro presidente de república e o primeiro chefe de estado socialista marxista eleito democraticamente na América. Governou o Chile entre 1970 a 1973 e foi deposto por um golpe liderado por Augusto Pinochet, seu chefe das Forças Armadas. Sua morte durante o golpe nunca foi explicada. Suicídio (com a arma que fora presente de Fidel Castro) ou assassinato (como defende sua sobrinha, a escritora Isabel Allende)? Ninguém tem respostas. Todos têm imaginação. Para contar sobre os últimos dias deste homem que mudou a história do Chile, o diretor Marco Layera usou humor ácido, uma trupe de atores afiados, som alto nudez e ironia escancarada. Exatamente nesta ordem. Durante a peça, um grito. Um xingamento impublicável. O restante do público comentou baixinho e a peça seguiu. Ninguém se retirou. Logo que as luzes se apagaram indicando o final do espetáculo, as palmas encheram o teatro. A plateia ficou dividida entre aqueles que aplaudiram fervorosamente em pé e os que educadamente permaneceram sentados. Na saída, pouca coragem para ir embora. Quem estava em grupo debatia, desconhecidos trocavam opiniões como se tivesse ali uma mesa, um bar, uma urna eletrônica por perto. “A peça é polêmica. Mas a história política do Chile é polêmica. Os atores só mostraram isso. Aos berros, pra que todo mundo ouvisse". Rosane Viana, 72 anos, socióloga. “Gosto quando alguém explica política fazendo deboche. Fica mais fácil de entender e até de se revoltar”. Wellington Sousa, 27 anos, analista de sistemas. “Um soco. Bem No estômago. Preciso que pare de doer pra conseguir falar”. Bete Prado, 60 anos, professora universitária. A Imaginação do Futuro é apresentada pela Cia Teatro La re-sentida, do Chile. Nascida em 2008, ela foi formada por jovens atores da cena teatral do país, e tem como ideia central a reflexão a partir da provocação e quebra de tabus. A programação do Mirada segue. Confira os próximos espetáculos e mire você mesmo. Texto: Coletivo Pão & Circo]]>
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A identidade visual do Mirada 2014 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entenda-a-identidade-visual-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entenda-a-identidade-visual-do-mirada/#comments Sat, 06 Sep 2014 12:00:16 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1095 Foto: Coletivo Pão & Circo

Concreto, mar, inovação. Três palavras-chave ditam a identidade visual do Mirada 2014. No porto, na praia ou pelas ruas, totens do Festival criam curiosidade no público com a sua característica de desconstrução. A ideia parece simples, mas foi executada pela união de duas equipes que trabalharam para que o evento pudesse registrar de maneira fiel o espírito da cidade de Santos. O designer Mateus Acioli, sócio do estúdio Drum, responsável pelo visual gráfico, explica um pouco das suas escolhas: “Santos tem muito concreto, mas ao mesmo tempo é uma cidade antiga, tem prédios desgastados e de cores opacas, pastel”. É daí que nasceu a ideia do uso de suas cores: o rosa e o amarelo são o pôr do sol difuso, ofuscado pelo cinza típico das metrópoles. Já as linhas e formas lembram o mapa da cidade e de seus canais, e representam o encontro das nacionalidades, uma das grandes características do Mirada. Nas ruas, as intervenções e totens ficaram a cargo do cenógrafo Márcio Medina, também responsável por este trabalho nas edições anteriores. A diferença para o ano de 2014 ficou por conta da palavra de ordem: desconstrução. “Explodimos o cubo”, afirma, lembrando do formato das intervenções passadas. A alusão explica o novo formato. “Os totens deste ano são os vértices dos cubos dos anos anteriores. Como a edição desse ano é muito jovem, vanguardista, acreditamos na inovação”, diz. O velho dá lugar ao novo sem perder a essência – as vértices do antigo cubo acabam se transformando em setas que apontam para algum lugar. Que podem ser o passado ou o futuro – a escolha fica por conta do espectador. Para onde você vai mirar? Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

Concreto, mar, inovação. Três palavras-chave ditam a identidade visual do Mirada 2014. No porto, na praia ou pelas ruas, totens do Festival criam curiosidade no público com a sua característica de desconstrução. A ideia parece simples, mas foi executada pela união de duas equipes que trabalharam para que o evento pudesse registrar de maneira fiel o espírito da cidade de Santos. O designer Mateus Acioli, sócio do estúdio Drum, responsável pelo visual gráfico, explica um pouco das suas escolhas: “Santos tem muito concreto, mas ao mesmo tempo é uma cidade antiga, tem prédios desgastados e de cores opacas, pastel”. É daí que nasceu a ideia do uso de suas cores: o rosa e o amarelo são o pôr do sol difuso, ofuscado pelo cinza típico das metrópoles. Já as linhas e formas lembram o mapa da cidade e de seus canais, e representam o encontro das nacionalidades, uma das grandes características do Mirada. Nas ruas, as intervenções e totens ficaram a cargo do cenógrafo Márcio Medina, também responsável por este trabalho nas edições anteriores. A diferença para o ano de 2014 ficou por conta da palavra de ordem: desconstrução. “Explodimos o cubo”, afirma, lembrando do formato das intervenções passadas. A alusão explica o novo formato. “Os totens deste ano são os vértices dos cubos dos anos anteriores. Como a edição desse ano é muito jovem, vanguardista, acreditamos na inovação”, diz. O velho dá lugar ao novo sem perder a essência – as vértices do antigo cubo acabam se transformando em setas que apontam para algum lugar. Que podem ser o passado ou o futuro – a escolha fica por conta do espectador. Para onde você vai mirar? Coletivo Pão & Circo]]>
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O Mirada entra em cena https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/o-mirada-entra-em-cena/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/o-mirada-entra-em-cena/#comments Sat, 06 Sep 2014 00:13:47 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1091 Mirada 2014

Na noite da última quinta-feira (4), o Mirada teve a sua abertura oficial. O grande start ficou por conta da Compañia La Resentida, com a peça A Imaginação do Futuro. Representante do Chile, o grande homenageado desta edição do Festival, o espetáculo recria a história dos últimos dias de Salvador Allende, presidente do país entre os anos de 1970 e 1973. A abertura contou ainda com a presença de Lucía De La Maza, coordenadora da área de Teatro do Conselho da Cultura do Chile,  e Raul Christiano de Oliveira Sanchez, Secretário de Cultura de Santos. Danilo Miranda, Diretor Regional do Sesc de São Paulo e membro do Conselho Diretivo do Mirada, também esteve presente e falou sobre a importância daqueles que fazem parte do evento. "Os atores, as atrizes, os cenógrafos e todos aqueles que fazem esse festival acontecer são os verdadeiros donos do palco", disse. O espetáculo espanhol Chapeuzinho Galáctico seguiu as apresentações iniciais. O Mirada acontece até o dia 13 de setembro. Para conferir a programação completa e informações sobre ingressos, clique aqui. Querô Filmes e Coletivo Pão & Circo]]>
Mirada 2014

Na noite da última quinta-feira (4), o Mirada teve a sua abertura oficial. O grande start ficou por conta da Compañia La Resentida, com a peça A Imaginação do Futuro. Representante do Chile, o grande homenageado desta edição do Festival, o espetáculo recria a história dos últimos dias de Salvador Allende, presidente do país entre os anos de 1970 e 1973. A abertura contou ainda com a presença de Lucía De La Maza, coordenadora da área de Teatro do Conselho da Cultura do Chile,  e Raul Christiano de Oliveira Sanchez, Secretário de Cultura de Santos. Danilo Miranda, Diretor Regional do Sesc de São Paulo e membro do Conselho Diretivo do Mirada, também esteve presente e falou sobre a importância daqueles que fazem parte do evento. "Os atores, as atrizes, os cenógrafos e todos aqueles que fazem esse festival acontecer são os verdadeiros donos do palco", disse. O espetáculo espanhol Chapeuzinho Galáctico seguiu as apresentações iniciais. O Mirada acontece até o dia 13 de setembro. Para conferir a programação completa e informações sobre ingressos, clique aqui. Querô Filmes e Coletivo Pão & Circo]]>
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Por que Santos? https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/por-que-santos/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/por-que-santos/#comments Fri, 05 Sep 2014 21:28:00 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1068 Foto: Coletivo Pão & Circo

por·to |ô| 1 substantivo masculino 1. Lugar de uma costa onde os navios podem fundear. 2. [Figurado] Localidade onde se situa esse lugar. 3. Lugar onde se pode descansar ou encontrar proteção. 4. Abrigo, Refúgio. A definição de Porto se mescla ao propósito da arte. A busca por uma nova realidade cria refúgios imaginários que hoje recebem, assim como o embarcadouro, diferentes culturas. No maior porto da américa latina, os colonizadores europeus deixaram heranças visíveis no cotidiano dos santistas. Do bolinho de bacalhau à santa padroeira. [gallery ids="1112,1111,1110,1109,1106,1108"] Hoje ele desembarca artistas vizinhos, separados apenas pela água. E junto deles, novos sonhos. Como a ideia de criar um grande Festival Ibero-Americano de Teatro em Santos. “Aqui desembarcaram portugueses e espanhóis. A cidade foi construída por eles. Pensando nisso, vimos que não havia outra escolha senão a cidade de Santos para receber o Mirada”, explica Isabel Ortega, curadora do Festival. Santos, o Porto, e o povo representam a busca pela derrubada de barreiras. Transformando a arte em um barco a vela, o Mirada usa a imaginação como vento, combustível. Aqui, o porto é seguro. É uma promessa de vida mais farta de novas realidades, novas etnias. Mesmo que apenas imaginadas. Texto e Imagens: Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

por·to |ô| 1 substantivo masculino 1. Lugar de uma costa onde os navios podem fundear. 2. [Figurado] Localidade onde se situa esse lugar. 3. Lugar onde se pode descansar ou encontrar proteção. 4. Abrigo, Refúgio. A definição de Porto se mescla ao propósito da arte. A busca por uma nova realidade cria refúgios imaginários que hoje recebem, assim como o embarcadouro, diferentes culturas. No maior porto da américa latina, os colonizadores europeus deixaram heranças visíveis no cotidiano dos santistas. Do bolinho de bacalhau à santa padroeira. [gallery ids="1112,1111,1110,1109,1106,1108"] Hoje ele desembarca artistas vizinhos, separados apenas pela água. E junto deles, novos sonhos. Como a ideia de criar um grande Festival Ibero-Americano de Teatro em Santos. “Aqui desembarcaram portugueses e espanhóis. A cidade foi construída por eles. Pensando nisso, vimos que não havia outra escolha senão a cidade de Santos para receber o Mirada”, explica Isabel Ortega, curadora do Festival. Santos, o Porto, e o povo representam a busca pela derrubada de barreiras. Transformando a arte em um barco a vela, o Mirada usa a imaginação como vento, combustível. Aqui, o porto é seguro. É uma promessa de vida mais farta de novas realidades, novas etnias. Mesmo que apenas imaginadas. Texto e Imagens: Coletivo Pão & Circo ]]>
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