Mirada » » Coletivo Pão & Circo https://mirada2014.sescsp.org.br/pt Festival Ibero-Americano de artes Cênicas de Santos Mon, 02 Feb 2015 13:08:25 +0000 pt-BR hourly 1 Chile é convidado de honra do Mirada 2014 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/chile-e-convidado-de-honra-do-mirada-2014/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/chile-e-convidado-de-honra-do-mirada-2014/#comments Sat, 13 Sep 2014 23:02:08 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1849 Foto: Dana Hosova

Na terceira edição do Mirada, o Chile brilhou como destaque na programação. O país, grande homenageado do evento, levou aos palcos sete peças de suas companhias: Castigo, O Jardim das Cerejeiras, A Imaginação do Futuro, A Reunião, O Homem de Lugar Nenhum, O Cavaleiro da Morte e Otelo. “O Chile entrou no evento como um país próximo, já que temos a cena chilena presente aqui em São Paulo. Nossa relação com o Chile já vem há mais de dez anos se tornando ainda mais profunda – temos acompanhado de perto o Festival de Santiago, Santiago a Mil, que pretende internacionalizar o teatro chileno. Então temos um contato aprofundado com a cena e produção do país”, revela Sergio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada. A relação entre ambas as produções - a da nação homenageada e a brasileira - , no entanto, ficou por conta do público, que tirou as suas próprias conclusões. A pauta das conversas de corredor são, quem sabe, o resultado dessa aproximação que Sergio enxerga nesses últimos anos. “Achei uma cultura bem diferente, eles abordam de forma diferente a sociedade, a política”, sustenta Rafael Palmieri, músico e estudante de teatro. Já a aposentada Cleusa do Carmo usou essa diferença como fomento para a sua curiosidade. “Não conhecia o teatro chileno, adorei o trabalho deles pela força e atuação. A partir de agora, passarei a me interessar mais, gostei muito”, relata. O apreço de ambos, que estavam no público de O Homem Vindo de Lugar Nenhum, é explicada pela linguagem, como afirma Claudio Vega, ator da peça chilena. “Toda a nossa obra é teatro gestual. É uma metalinguagem. É uma linguagem universal”, explica. [caption id="attachment_1865" align="aligncenter" width="300"]Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo) Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo)[/caption] O brasileiro Bruno Henrique Miranda, ator, também traçou o seu paralelo. “Achei coisas parecidas e outras diferentes. Eles trazem outros olhares, outras propostas, até por ser outra cultura”, afirma. Já para Héctor Noguera, diretor de O Jardim das Cerejeiras, em termos técnicos no entanto, há contrapontos. “Anos atrás vi o teatro brasileiro em festivais. Gostei muito. Eu me recordo de ambas as cenas como bem diferentes. O teatro brasileiro naquele momento era muito mais físico e musical do que o nosso. O teatro do chile é mais político”, afirma. A declaração de Noguera é alinhada com o pensamento de Sérgio. “Os chilenos possuem um teatro engajado, muito político, militante, tanto em textos quanto em um sentido estético, inovador. Isso se revelou um acerto, que vemos também pelo retorno que estamos tendo de diretores, atores e até publico”, completa Sergio, reiterando os depoimentos ouvidos pelos corredores durante o festival. Se por um lado o Brasil, representado pelo público do Mirada, vê a escolha como um acerto, do outro lado das coxias, a ideia segue sendo a mesma. “Eu acho que o chileno é um povo amistoso, acolhedor e muito curioso”, revela Ana Tezza, diretora de Tchekhov. “Eu acredito que o Mirada trouxe uma boa mostra do teatro do Chile. São sete companhias, cada um com um estilo muito diferente. Isso que é legal no festival, a celebração da diversidade”, comemora Noguera. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Dana Hosova

Na terceira edição do Mirada, o Chile brilhou como destaque na programação. O país, grande homenageado do evento, levou aos palcos sete peças de suas companhias: Castigo, O Jardim das Cerejeiras, A Imaginação do Futuro, A Reunião, O Homem de Lugar Nenhum, O Cavaleiro da Morte e Otelo. “O Chile entrou no evento como um país próximo, já que temos a cena chilena presente aqui em São Paulo. Nossa relação com o Chile já vem há mais de dez anos se tornando ainda mais profunda – temos acompanhado de perto o Festival de Santiago, Santiago a Mil, que pretende internacionalizar o teatro chileno. Então temos um contato aprofundado com a cena e produção do país”, revela Sergio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada. A relação entre ambas as produções - a da nação homenageada e a brasileira - , no entanto, ficou por conta do público, que tirou as suas próprias conclusões. A pauta das conversas de corredor são, quem sabe, o resultado dessa aproximação que Sergio enxerga nesses últimos anos. “Achei uma cultura bem diferente, eles abordam de forma diferente a sociedade, a política”, sustenta Rafael Palmieri, músico e estudante de teatro. Já a aposentada Cleusa do Carmo usou essa diferença como fomento para a sua curiosidade. “Não conhecia o teatro chileno, adorei o trabalho deles pela força e atuação. A partir de agora, passarei a me interessar mais, gostei muito”, relata. O apreço de ambos, que estavam no público de O Homem Vindo de Lugar Nenhum, é explicada pela linguagem, como afirma Claudio Vega, ator da peça chilena. “Toda a nossa obra é teatro gestual. É uma metalinguagem. É uma linguagem universal”, explica. [caption id="attachment_1865" align="aligncenter" width="300"]Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo) Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo)[/caption] O brasileiro Bruno Henrique Miranda, ator, também traçou o seu paralelo. “Achei coisas parecidas e outras diferentes. Eles trazem outros olhares, outras propostas, até por ser outra cultura”, afirma. Já para Héctor Noguera, diretor de O Jardim das Cerejeiras, em termos técnicos no entanto, há contrapontos. “Anos atrás vi o teatro brasileiro em festivais. Gostei muito. Eu me recordo de ambas as cenas como bem diferentes. O teatro brasileiro naquele momento era muito mais físico e musical do que o nosso. O teatro do chile é mais político”, afirma. A declaração de Noguera é alinhada com o pensamento de Sérgio. “Os chilenos possuem um teatro engajado, muito político, militante, tanto em textos quanto em um sentido estético, inovador. Isso se revelou um acerto, que vemos também pelo retorno que estamos tendo de diretores, atores e até publico”, completa Sergio, reiterando os depoimentos ouvidos pelos corredores durante o festival. Se por um lado o Brasil, representado pelo público do Mirada, vê a escolha como um acerto, do outro lado das coxias, a ideia segue sendo a mesma. “Eu acho que o chileno é um povo amistoso, acolhedor e muito curioso”, revela Ana Tezza, diretora de Tchekhov. “Eu acredito que o Mirada trouxe uma boa mostra do teatro do Chile. São sete companhias, cada um com um estilo muito diferente. Isso que é legal no festival, a celebração da diversidade”, comemora Noguera. Coletivo Pão & Circo ]]>
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A popularização dos clássicos no Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-popularizacao-dos-classicos-dentro-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-popularizacao-dos-classicos-dentro-do-mirada/#comments Sat, 13 Sep 2014 19:46:55 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1715 Tchekhov na versão da companhia curitibana Ave Lola

“A gente traduz uma ideia de linguagem antiga e fora do nosso tempo. Isso significa atualizá-lo e popularizá-lo. Fazemos teatro para chegar nas pessoas”, afirma João Garcia Miguel, diretor português de Yerma, adaptação da peça de teatro do poeta espanhol Federico García Lorca. “Eu tenho acompanhado o festival e existe uma tendência interessante que é a utilização da dramaturgia clássica como trampolim para as questões contemporâneas de uma maneira criativa. Eu acho isso interessante do ponto de vista do teatro contemporâneo”, completa Leonardo Vieira, ministrante da Oficina CPT/Sesc – Centro de Pesquisa teatral: O Corpo Expressivo. A reflexão, trazidas por ambos participantes do Mirada, não aconteceu por acaso. “Na verdade a gente já contava com isso para dar força ao festival. Isso envolve todo o penso da programação, e como isso reverbera na cidade. O crescimento das ações formativas, que geram performances, também vai multiplicando o número de artistas da cidade. Com esse acesso, os aprendizes de teatro trazem consigo a família, os vizinhos... Gera um boca a boca maior. Por isso também tivemos essa preocupação de trazer textos clássicos de Shakespeare, Otelo etc.”, revela Leonardo Nicoletti, um dos curadores do evento. “Conto uma piada: um jovem amigo meu disse ‘tenho que ler Odisseia para a escola, mas tenho preguiça’. E eu disse “que pena que tem preguiça, porque é uma história maravilhosa”. Então me ocorreu que traduzindo-a para a linguagem teatral, poderia tirar toda a coisa pesada que tem a antiga linguagem literária, e fazer os jovens descobrirem que não são textos chatos, que podem ser prazerosos. Ao encontrar prazer nesta experiência, é possível que se animem a ler. Isso é o que mais me motiva”, explica Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia. A sua ideia, surgida em uma brincadeira, é exatamente o resultado que o público recebe. “Achei bem diferente, porque eles conseguem trazer o teatro que a gente perdeu a referência para o agora, com um efeito tão bonito como esse", reflete o aposentado Ivan Caldas, no público para ver uma obra clássica de Shakespeare dentro do Festival - a adaptação de Rei Lear. [caption id="attachment_1798" align="aligncenter" width="300"]Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia[/caption] “Toda essa nova forma de ver o teatro tem a ver com escrita de Tchekhov” adiciona ainda Ana Rosa Tezza, diretora da peça baseada na vida do dramaturgo russo. “Nós usamos as ferramentas de base que ele deixou. Mas existem várias maneiras de interpretar um grande mestre. Ele deixou tudo escrito. Como não somos ele, nos apropriamos do que ele disse de maneira respeitosa. E traduzimos isso da maneira como a gente imagina - e óbvio: cada cabeça uma sentença, cada grupo um trabalho”. O ator e diretor da peça chilena Otelo, Jaime Lorca, falou ainda sobre a escolha do texto original de Shakespeare. “É a primeira vez que fazemos uma adaptação, nós sempre trabalhamos com textos que criamos, e nos apoiamos muito na literatura, nas novelas, nos contos literários. Pegamos Shakespeare porque descobrimos que tinha muito sangue. Shakespeare era feito há quatro séculos, em teatros onde as pessoas comiam, bebiam, falavam, gritavam. Então era um teatro muito direto. E para o ator é maravilhoso, porque toca todas as notas da alma, da mais sublime às mais baixas e ruins. Tudo na mesma obra, no mesmo personagem”, relata. “É uma tragédia que tem muito melodrama. E nós fizemos esse link que tem nos melodramas na televisão, com as vidas de outras pessoas que se quer viver”, acrescenta Teresita Iacobelli, atriz do espetáculo. A ideia vai ao encontro do pensamento de João Garcia Miguel. “Quando trabalhamos com um clássico, reinventamos o passado. Deciframos os enigmas e encantamentos que eles tiveram com o mundo, afinal os clássicos sobreviveram. O que tentamos fazer é tentar trazer para hoje, para o nosso dia a dia. O clássico nos ajuda a pensar no passado e olhar para nós mesmos e nos entendermos hoje. O clássico nos ajuda a sermos mais honestos com a gente mesmo”, afirma. Coletivo Pão & Circo]]>
Tchekhov na versão da companhia curitibana Ave Lola

“A gente traduz uma ideia de linguagem antiga e fora do nosso tempo. Isso significa atualizá-lo e popularizá-lo. Fazemos teatro para chegar nas pessoas”, afirma João Garcia Miguel, diretor português de Yerma, adaptação da peça de teatro do poeta espanhol Federico García Lorca. “Eu tenho acompanhado o festival e existe uma tendência interessante que é a utilização da dramaturgia clássica como trampolim para as questões contemporâneas de uma maneira criativa. Eu acho isso interessante do ponto de vista do teatro contemporâneo”, completa Leonardo Vieira, ministrante da Oficina CPT/Sesc – Centro de Pesquisa teatral: O Corpo Expressivo. A reflexão, trazidas por ambos participantes do Mirada, não aconteceu por acaso. “Na verdade a gente já contava com isso para dar força ao festival. Isso envolve todo o penso da programação, e como isso reverbera na cidade. O crescimento das ações formativas, que geram performances, também vai multiplicando o número de artistas da cidade. Com esse acesso, os aprendizes de teatro trazem consigo a família, os vizinhos... Gera um boca a boca maior. Por isso também tivemos essa preocupação de trazer textos clássicos de Shakespeare, Otelo etc.”, revela Leonardo Nicoletti, um dos curadores do evento. “Conto uma piada: um jovem amigo meu disse ‘tenho que ler Odisseia para a escola, mas tenho preguiça’. E eu disse “que pena que tem preguiça, porque é uma história maravilhosa”. Então me ocorreu que traduzindo-a para a linguagem teatral, poderia tirar toda a coisa pesada que tem a antiga linguagem literária, e fazer os jovens descobrirem que não são textos chatos, que podem ser prazerosos. Ao encontrar prazer nesta experiência, é possível que se animem a ler. Isso é o que mais me motiva”, explica Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia. A sua ideia, surgida em uma brincadeira, é exatamente o resultado que o público recebe. “Achei bem diferente, porque eles conseguem trazer o teatro que a gente perdeu a referência para o agora, com um efeito tão bonito como esse", reflete o aposentado Ivan Caldas, no público para ver uma obra clássica de Shakespeare dentro do Festival - a adaptação de Rei Lear. [caption id="attachment_1798" align="aligncenter" width="300"]Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia[/caption] “Toda essa nova forma de ver o teatro tem a ver com escrita de Tchekhov” adiciona ainda Ana Rosa Tezza, diretora da peça baseada na vida do dramaturgo russo. “Nós usamos as ferramentas de base que ele deixou. Mas existem várias maneiras de interpretar um grande mestre. Ele deixou tudo escrito. Como não somos ele, nos apropriamos do que ele disse de maneira respeitosa. E traduzimos isso da maneira como a gente imagina - e óbvio: cada cabeça uma sentença, cada grupo um trabalho”. O ator e diretor da peça chilena Otelo, Jaime Lorca, falou ainda sobre a escolha do texto original de Shakespeare. “É a primeira vez que fazemos uma adaptação, nós sempre trabalhamos com textos que criamos, e nos apoiamos muito na literatura, nas novelas, nos contos literários. Pegamos Shakespeare porque descobrimos que tinha muito sangue. Shakespeare era feito há quatro séculos, em teatros onde as pessoas comiam, bebiam, falavam, gritavam. Então era um teatro muito direto. E para o ator é maravilhoso, porque toca todas as notas da alma, da mais sublime às mais baixas e ruins. Tudo na mesma obra, no mesmo personagem”, relata. “É uma tragédia que tem muito melodrama. E nós fizemos esse link que tem nos melodramas na televisão, com as vidas de outras pessoas que se quer viver”, acrescenta Teresita Iacobelli, atriz do espetáculo. A ideia vai ao encontro do pensamento de João Garcia Miguel. “Quando trabalhamos com um clássico, reinventamos o passado. Deciframos os enigmas e encantamentos que eles tiveram com o mundo, afinal os clássicos sobreviveram. O que tentamos fazer é tentar trazer para hoje, para o nosso dia a dia. O clássico nos ajuda a pensar no passado e olhar para nós mesmos e nos entendermos hoje. O clássico nos ajuda a sermos mais honestos com a gente mesmo”, afirma. Coletivo Pão & Circo]]>
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Por dentro da trilha sonora de Tchekhov https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/por-dentro-da-trilha-sonora-de-tchekhov/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/por-dentro-da-trilha-sonora-de-tchekhov/#comments Sat, 13 Sep 2014 12:00:41 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1697 Foto: Jose Tezza

“Mais do que ter a trilha do Jean-Jacques Lemêtre, ter o próprio Jean-Jacques na nossa montagem foi um privilégio inominável”. É assim que a brasileira Ana Rosa Tezza, diretora de Tchekhovfala sobre o seu trabalho ao lado do compositor francês. Em um bate-papo com o Ponto Digital Mirada, ela conta sobre a sua admiração e satisfação pela parceria com Lemêtre. Quem é Jean-Jacques Lemêtre Ele é um grandes mestres não só da música, mas um homem que convive com os maiores ícones do teatro mundial. Ele é quem faz a trilha da Ariane Mnouchkine, fundadora do Théâtre du Soleil em Paris, e uma grande referência do nosso trabalho. A relação do Ave Lola com o Théâtre du Soleil Na Ave Lola somos muito exigentes, a gente tem hora pra começar os ensaios, mas não pra terminar. Eu sou pupila do Andrés Perez, um chileno que viveu por anos, no tempo da ditadura, no Théâtre du Soleil, e aprendi com ele a ter essa paixão pelo teatro. Pensando nisso, eu trouxe cinco artistas do Théâtre pra fazer a formação dos meus atores. O legado Aprendemos muito sobre música para teatro. Mas além disso, a gente aprendeu sobre a seriedade de um homem com esta idade [62 anos] e que tem um percurso tão profundo. A alta exigência dele para com o seu trabalho é fundamental na construção de um resultado digno e respeitável. Essa convivência, com este senhor que não relaxa um minuto (apesar de todo nome que ele já construiu), faz com que a gente se coloque num lugar de respeito e admiração pelo nosso próprio trabalho. Isso porque o aproveitamento do tempo é de 100%. Isso é um ensinamento. E o mais impressionante é a sua generosidade. Ele não restringe o conhecimento de modo algum. Muito pelo contrário: divide e compartilha o tempo inteiro. A sua mirada É nossa primeira vez no Mirada. Estamos muito honrados e felizes, e mais felizes ainda porque esta edição homenageia o Chile. Eu morei no Chile, o começo da minha carreira foi lá. Então eu não posso acreditar... Eu não acredito em coincidência. Tudo se une. Eu amei o acolhimento que os artistas chilenos me oportunizaram, um aprendizado enorme, na figura do Andrés, que me disse “venha vindo”, e sempre me abriu as portas. Eu acho que os chilenos são amistosos, acolhedores e muito curiosos.   Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Jose Tezza

“Mais do que ter a trilha do Jean-Jacques Lemêtre, ter o próprio Jean-Jacques na nossa montagem foi um privilégio inominável”. É assim que a brasileira Ana Rosa Tezza, diretora de Tchekhovfala sobre o seu trabalho ao lado do compositor francês. Em um bate-papo com o Ponto Digital Mirada, ela conta sobre a sua admiração e satisfação pela parceria com Lemêtre. Quem é Jean-Jacques Lemêtre Ele é um grandes mestres não só da música, mas um homem que convive com os maiores ícones do teatro mundial. Ele é quem faz a trilha da Ariane Mnouchkine, fundadora do Théâtre du Soleil em Paris, e uma grande referência do nosso trabalho. A relação do Ave Lola com o Théâtre du Soleil Na Ave Lola somos muito exigentes, a gente tem hora pra começar os ensaios, mas não pra terminar. Eu sou pupila do Andrés Perez, um chileno que viveu por anos, no tempo da ditadura, no Théâtre du Soleil, e aprendi com ele a ter essa paixão pelo teatro. Pensando nisso, eu trouxe cinco artistas do Théâtre pra fazer a formação dos meus atores. O legado Aprendemos muito sobre música para teatro. Mas além disso, a gente aprendeu sobre a seriedade de um homem com esta idade [62 anos] e que tem um percurso tão profundo. A alta exigência dele para com o seu trabalho é fundamental na construção de um resultado digno e respeitável. Essa convivência, com este senhor que não relaxa um minuto (apesar de todo nome que ele já construiu), faz com que a gente se coloque num lugar de respeito e admiração pelo nosso próprio trabalho. Isso porque o aproveitamento do tempo é de 100%. Isso é um ensinamento. E o mais impressionante é a sua generosidade. Ele não restringe o conhecimento de modo algum. Muito pelo contrário: divide e compartilha o tempo inteiro. A sua mirada É nossa primeira vez no Mirada. Estamos muito honrados e felizes, e mais felizes ainda porque esta edição homenageia o Chile. Eu morei no Chile, o começo da minha carreira foi lá. Então eu não posso acreditar... Eu não acredito em coincidência. Tudo se une. Eu amei o acolhimento que os artistas chilenos me oportunizaram, um aprendizado enorme, na figura do Andrés, que me disse “venha vindo”, e sempre me abriu as portas. Eu acho que os chilenos são amistosos, acolhedores e muito curiosos.   Coletivo Pão & Circo]]>
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Mirada transforma espaços da cidade em núcleos culturais https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-transforma-espacos-da-cidade-em-nucleos-culturais/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/mirada-transforma-espacos-da-cidade-em-nucleos-culturais/#comments Fri, 12 Sep 2014 21:55:33 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1628 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Há do ponto de vista do Mirada uma investigação: que outros espaços mais nós podemos conseguir? Que outros espaços mais nós temos que dar voz? Foi assim com o Emissário, a Casa Rosada - Sabesp, o Centro de Cultura Português. São espaços de memória dentro da cidade. Eles estão por aí. Trata de nós, a cada edição, cavar um pouquinho mais, no sentido arqueológico mesmo. Uma arqueologia da cidade também é o papel do festival. Ir cavocando, pincelando e descobrindo novas texturas, novos espaços e novos parceiros”. É assim que Sérgio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada, explica a inserção de novos cenários no festival. Neste ano, o trajeto que uma vez pertenceu ao esgoto da cidade se transformou no fluxo do público – e em parte da identidade do festival - com a inclusão do Emissário Submarino e da Casa Rosada na lista de locais onde a programação acontece. “O resultado desta parceria está sendo bastante positivo. Os espetáculos que acontecem no antigo Prédio de Prevenção, apelidado de ‘Casa Rosada’, tiveram bom público e foram bastante interessantes. É uma satisfação para nós abrir as portas para atividades culturais como o teatro. Nossa intenção sempre foi propor ações que aproximassem a população da Companhia, promovendo a conscientização ambiental e, por que não, proporcionando também um espaço diferente para eventos como o Mirada, exposições e outras intervenções artísticas”, explica João Cesar Queiroz Prado, superintendente da Sabesp na Baixada Santista. “O olhar do parque é um olhar múltiplo, é um lugar de contemplação, de atividades físicas, de esportes e de cultura. O Mirada é um evento internacional, só me dá prazer receber no parque um evento desse porte. Eu tenho as melhores avaliações para fazer”, conta Flavio Silva Martins, administrador do Parque Roberto Mário Santini - o Emissário Submarino. Esse resultado de que ele fala já pode ser visto. Rendre Ortiz, acordeonista colombiano e participante do espetáculo 13 Sonhos, aproveitou um momento de folga para passear pelo local. “Eu já estive no Brasil, mas é a primeira vez que visito Santos. Estou visitando o Emissário e achei a exposição de fotos incrível, não sabia que o festival se estendia até aqui. Foi uma ótima surpresa”, revelou. Assim como o colombiano, o professor de surf Augusto Martins vê um aspecto positivo na presença do Mirada no Emissário. "Eu frequento aqui desde criança e depois que o Parque foi urbanizado, os eventos começaram a acontecer com uma estrutura maravilhosa de segurança. Isso dá mais confiança para os turistas se aproximarem, porque aqui costumava ser uma área perigosa. Assim Com outras pessoas passam a tomar conta do espaço também. E muita gente veio conhecer o trabalho da escola de surf de Santos aqui no quebra-mar”, comemora. Na Casa Rosada, como conta Sérgio, o trabalho foi diferente, uma vez que o local não costuma receber programações culturais. “Nós tivemos o envolvimento das pessoas da gestão, elas fizeram muita questão que nos aproximássemos. No ano passado houve uma sondagem do espaço, vimos os potenciais de montagem e percebemos que poderíamos abrir ali obras de caráter mais alternativo. E o resultado lá foram as montagens de obras como o Terra de Santo, que exige um edifício particular onde é preciso remodelar o espaço. O próprio Odisseia, que é uma coisa menor, não pode ser em um teatro”, conta. “A importância é de participar ativamente do cenário cultural da Baixada Santista e contribuir em deixar uma imagem positiva da região aos nossos visitantes. Além disso, o Prédio é um patrimônio histórico da cidade de Santos, uma estrutura que faz parte da identidade do santista”, afirma João, com orgulho da parceria. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Há do ponto de vista do Mirada uma investigação: que outros espaços mais nós podemos conseguir? Que outros espaços mais nós temos que dar voz? Foi assim com o Emissário, a Casa Rosada - Sabesp, o Centro de Cultura Português. São espaços de memória dentro da cidade. Eles estão por aí. Trata de nós, a cada edição, cavar um pouquinho mais, no sentido arqueológico mesmo. Uma arqueologia da cidade também é o papel do festival. Ir cavocando, pincelando e descobrindo novas texturas, novos espaços e novos parceiros”. É assim que Sérgio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada, explica a inserção de novos cenários no festival. Neste ano, o trajeto que uma vez pertenceu ao esgoto da cidade se transformou no fluxo do público – e em parte da identidade do festival - com a inclusão do Emissário Submarino e da Casa Rosada na lista de locais onde a programação acontece. “O resultado desta parceria está sendo bastante positivo. Os espetáculos que acontecem no antigo Prédio de Prevenção, apelidado de ‘Casa Rosada’, tiveram bom público e foram bastante interessantes. É uma satisfação para nós abrir as portas para atividades culturais como o teatro. Nossa intenção sempre foi propor ações que aproximassem a população da Companhia, promovendo a conscientização ambiental e, por que não, proporcionando também um espaço diferente para eventos como o Mirada, exposições e outras intervenções artísticas”, explica João Cesar Queiroz Prado, superintendente da Sabesp na Baixada Santista. “O olhar do parque é um olhar múltiplo, é um lugar de contemplação, de atividades físicas, de esportes e de cultura. O Mirada é um evento internacional, só me dá prazer receber no parque um evento desse porte. Eu tenho as melhores avaliações para fazer”, conta Flavio Silva Martins, administrador do Parque Roberto Mário Santini - o Emissário Submarino. Esse resultado de que ele fala já pode ser visto. Rendre Ortiz, acordeonista colombiano e participante do espetáculo 13 Sonhos, aproveitou um momento de folga para passear pelo local. “Eu já estive no Brasil, mas é a primeira vez que visito Santos. Estou visitando o Emissário e achei a exposição de fotos incrível, não sabia que o festival se estendia até aqui. Foi uma ótima surpresa”, revelou. Assim como o colombiano, o professor de surf Augusto Martins vê um aspecto positivo na presença do Mirada no Emissário. "Eu frequento aqui desde criança e depois que o Parque foi urbanizado, os eventos começaram a acontecer com uma estrutura maravilhosa de segurança. Isso dá mais confiança para os turistas se aproximarem, porque aqui costumava ser uma área perigosa. Assim Com outras pessoas passam a tomar conta do espaço também. E muita gente veio conhecer o trabalho da escola de surf de Santos aqui no quebra-mar”, comemora. Na Casa Rosada, como conta Sérgio, o trabalho foi diferente, uma vez que o local não costuma receber programações culturais. “Nós tivemos o envolvimento das pessoas da gestão, elas fizeram muita questão que nos aproximássemos. No ano passado houve uma sondagem do espaço, vimos os potenciais de montagem e percebemos que poderíamos abrir ali obras de caráter mais alternativo. E o resultado lá foram as montagens de obras como o Terra de Santo, que exige um edifício particular onde é preciso remodelar o espaço. O próprio Odisseia, que é uma coisa menor, não pode ser em um teatro”, conta. “A importância é de participar ativamente do cenário cultural da Baixada Santista e contribuir em deixar uma imagem positiva da região aos nossos visitantes. Além disso, o Prédio é um patrimônio histórico da cidade de Santos, uma estrutura que faz parte da identidade do santista”, afirma João, com orgulho da parceria. Coletivo Pão & Circo ]]>
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Entrevista: a arte vocal de Letícia Coura https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entrevista-a-arte-vocal-de-leticia-coura/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entrevista-a-arte-vocal-de-leticia-coura/#comments Fri, 12 Sep 2014 20:00:25 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1637 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Hoje vou poder assistir dois espetáculos, e estou bem feliz com isso”, diz Letícia Coura. A atriz e cantora é preparadora vocal da Cia Oficina Uzyna Uzona, do Teatro Oficina, em cartaz no Mirada com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe. Em um bate-papo rápido, ela contou sobre a sua história dentro da companhia, sua vida como cantora fora do teatro e sobre o que acontece nos festivais. “Eu acho que o mais importante de um festival, além de abrir pro público e cada vez formar mais espectadores, é a gente poder trocar entre nós”. Dentro do Mirada Deu pra algumas pessoas irem nos assistir, da Bolívia, do Equador, e outras que encontramos no hotel. Não conseguimos ver muita coisa, só alguns da equipe puderam ficar. Então eu dei essa sugestão de ter alguns espetáculos à tarde. Porque eu acho que o mais importante de um festival é a gente poder trocar entre nós - não de forma teórica, mas poder ver as coisas que estão acontecendo. Teve o Encontrão, que foi ótimo porque a gente pôde saber um pouco de outros trabalhos, mas o mais importante é ver, e talvez conversar depois de ver – porque aí o nível da conversa seria outro. Dá essa vontade e aqui, pelo o que eu pude ver, está rolando muito bem. Pensando na ideia de pluralidade do Festival: Já fez alguma mudança em como dizer as falas, ou teve alguma preocupação em fazer um trabalho vocal voltado pra uma língua estrangeira? As nossas peças tem sempre transmissão ao vivo pelo YouTube. E agora tem a tradução em inglês, e na época da Copa a gente deu uma ênfase para fazer isso. Ainda não conseguimos colocar a legenda na transmissão, que vai ser o mais importante, mas por enquanto já temos as legendas durante o espetáculo, no teatro. Foi bom, porque vários estrangeiros que foram ao teatro passaram a entender mais, mesmo eles dizendo que já entendiam, porque o espetáculo passa muitas sensações. Agora temos um cubano na equipe, então a gente acaba pegando alguma coisa dele, acabamos lidando com musicalidades diferentes. Mas basicamente vamos desenvolvendo a cada trabalho. A sua história dentro do Oficina Eu me mudei pra São Paulo em 1991. Sou de Minas, Belo Horizonte, e a primeira peça que eu vi lá, As Boas, me fez pensar “nossa, que bom que eu mudei pra essa cidade que tem essa peça”. Eu já sabia quem era o Oficina, o Zé Celso, mas nunca tinha visto nada. E fui conhecer ele dois anos depois, com uma amiga minha, a Beatriz, diretora de teatro da peça que eu fazia. Mas fui fazer mesmo a primeira peça em 1999, e foi muito bacana. Aí eu já tinha conhecido o Zé e o Marcelo [Drummond], que sempre ficava me seduzindo pra entrar. Me convidaram pra fazer as Bacantes de 1999 pra 2000, mas eu entrei mesmo foi nos Sertões. E aí me apaixonei totalmente, e fiquei até hoje. Desde então estou direto, mas às vezes eu dou um tempo, tiro um ano e vou fazer outra coisa. Como trabalho com música, eu dou um tempo para isso, mas no geral gosto de conciliar. Além do teatro Estou lançando um disco, então daqui a pouco vou precisar parar pra fazer shows. Eu tenho um trio que se chama Revista do Samba, e a gente viaja muito. Estamos no quinto disco, mas tiveram dois que só saíram na Europa. Este próximo se chama Samba do Revista. Ao mesmo tempo, estamos com as Cacildas a todo vapor. É difícil conciliar porque a gente trabalha muito, são muitas horas de ensaio, mas é muito bom. Acho que o legal do Oficina é isso. Tem gente de vários lugares: Pernambuco, Uruguai, Portugal, Minas, Alemanha, do Sul, de Goiás, da Bahia, do Rio...é muito misturado. Isso é bom também porque a gente tenta ir misturando as linguagens, e ir pegando antropofagicamente o bom de cada um. Como a Oficina mudou o seu trabalho como cantora A forma de interpretar mudou totalmente. Eu falo muito isso com o Marcelo, ele me fez esta mesma pergunta, e eu falava que antes eu até me sentia uma cantora teatral e com o tempo, com o trabalho do Oficina, eu fui aprendendo que o texto diz mais, você não se sobrepõe nem à musica, nem à letra. Você tenta passar aquilo, e se você faz visceralmente, com a sua verdade, isso vai ser a interpretação. Não é representação, é “presentação”. Este é o maior aprendizado. E depois que isso entra, dá uma outra forma de ver, de dar qualidade às coisas. Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Hoje vou poder assistir dois espetáculos, e estou bem feliz com isso”, diz Letícia Coura. A atriz e cantora é preparadora vocal da Cia Oficina Uzyna Uzona, do Teatro Oficina, em cartaz no Mirada com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe. Em um bate-papo rápido, ela contou sobre a sua história dentro da companhia, sua vida como cantora fora do teatro e sobre o que acontece nos festivais. “Eu acho que o mais importante de um festival, além de abrir pro público e cada vez formar mais espectadores, é a gente poder trocar entre nós”. Dentro do Mirada Deu pra algumas pessoas irem nos assistir, da Bolívia, do Equador, e outras que encontramos no hotel. Não conseguimos ver muita coisa, só alguns da equipe puderam ficar. Então eu dei essa sugestão de ter alguns espetáculos à tarde. Porque eu acho que o mais importante de um festival é a gente poder trocar entre nós - não de forma teórica, mas poder ver as coisas que estão acontecendo. Teve o Encontrão, que foi ótimo porque a gente pôde saber um pouco de outros trabalhos, mas o mais importante é ver, e talvez conversar depois de ver – porque aí o nível da conversa seria outro. Dá essa vontade e aqui, pelo o que eu pude ver, está rolando muito bem. Pensando na ideia de pluralidade do Festival: Já fez alguma mudança em como dizer as falas, ou teve alguma preocupação em fazer um trabalho vocal voltado pra uma língua estrangeira? As nossas peças tem sempre transmissão ao vivo pelo YouTube. E agora tem a tradução em inglês, e na época da Copa a gente deu uma ênfase para fazer isso. Ainda não conseguimos colocar a legenda na transmissão, que vai ser o mais importante, mas por enquanto já temos as legendas durante o espetáculo, no teatro. Foi bom, porque vários estrangeiros que foram ao teatro passaram a entender mais, mesmo eles dizendo que já entendiam, porque o espetáculo passa muitas sensações. Agora temos um cubano na equipe, então a gente acaba pegando alguma coisa dele, acabamos lidando com musicalidades diferentes. Mas basicamente vamos desenvolvendo a cada trabalho. A sua história dentro do Oficina Eu me mudei pra São Paulo em 1991. Sou de Minas, Belo Horizonte, e a primeira peça que eu vi lá, As Boas, me fez pensar “nossa, que bom que eu mudei pra essa cidade que tem essa peça”. Eu já sabia quem era o Oficina, o Zé Celso, mas nunca tinha visto nada. E fui conhecer ele dois anos depois, com uma amiga minha, a Beatriz, diretora de teatro da peça que eu fazia. Mas fui fazer mesmo a primeira peça em 1999, e foi muito bacana. Aí eu já tinha conhecido o Zé e o Marcelo [Drummond], que sempre ficava me seduzindo pra entrar. Me convidaram pra fazer as Bacantes de 1999 pra 2000, mas eu entrei mesmo foi nos Sertões. E aí me apaixonei totalmente, e fiquei até hoje. Desde então estou direto, mas às vezes eu dou um tempo, tiro um ano e vou fazer outra coisa. Como trabalho com música, eu dou um tempo para isso, mas no geral gosto de conciliar. Além do teatro Estou lançando um disco, então daqui a pouco vou precisar parar pra fazer shows. Eu tenho um trio que se chama Revista do Samba, e a gente viaja muito. Estamos no quinto disco, mas tiveram dois que só saíram na Europa. Este próximo se chama Samba do Revista. Ao mesmo tempo, estamos com as Cacildas a todo vapor. É difícil conciliar porque a gente trabalha muito, são muitas horas de ensaio, mas é muito bom. Acho que o legal do Oficina é isso. Tem gente de vários lugares: Pernambuco, Uruguai, Portugal, Minas, Alemanha, do Sul, de Goiás, da Bahia, do Rio...é muito misturado. Isso é bom também porque a gente tenta ir misturando as linguagens, e ir pegando antropofagicamente o bom de cada um. Como a Oficina mudou o seu trabalho como cantora A forma de interpretar mudou totalmente. Eu falo muito isso com o Marcelo, ele me fez esta mesma pergunta, e eu falava que antes eu até me sentia uma cantora teatral e com o tempo, com o trabalho do Oficina, eu fui aprendendo que o texto diz mais, você não se sobrepõe nem à musica, nem à letra. Você tenta passar aquilo, e se você faz visceralmente, com a sua verdade, isso vai ser a interpretação. Não é representação, é “presentação”. Este é o maior aprendizado. E depois que isso entra, dá uma outra forma de ver, de dar qualidade às coisas. Coletivo Pão & Circo]]>
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E.CO celebra a mirada e os coletivos https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/e-co-celebra-a-mirada-e-os-coletivos/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/e-co-celebra-a-mirada-e-os-coletivos/#comments Fri, 12 Sep 2014 12:00:17 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1579 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Vivemos uma época de confusão de coisas, de politica, e também de massificação. Temos muito de tudo. Nesse sentido, a individualidade está sumindo, entrando em uma forma de trabalhar um pouco mais poliédrica: os coletivos”. Essa é a reflexão que faz Claudi Carreras, curador de E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos. Além de trazer um retrato da cidade de Santos, a exposição ainda celebra a produção em conjunto, um dos temas dos quais Claudi é entusiasta. “Foi uma forma de entender a coletividade, e uma forma muito bonita. Além disso, alguns coletivos disseram que foi o encontro mais frutífero que eles foram, porque todos pensaram juntos. Foi um evento verdadeiramente participativo”, conta. A exposição é resultado do trabalho de 20 coletivos fotográficos durante a semana anterior ao Mirada. “Neste modelo de evento participam 70 ou 80 pessoas e o objetivo é produzir, expor e montar a exposição em dez dias”, explica Paulo Fehlauer, jornalista e fotógrafo do Coletivo Garapa, um dos participantes do encontro. Assim como Claudi, Paulo partilha do entusiasmo pela criação coletiva, e reafirma a ideia de dividir as forças. “Da nossa parte, existe uma disposição para trabalhar em colaboração. Quase todos os nossos projetos são desenvolvidos com colaborações de outros profissionais, sejam jornalistas ou designers, gente do cinema. A gente sempre busca isso. Pra nós isso é importante porque é uma forma de trabalhar diferente, não é apenas uma relação de contratação de forma hierárquica. A gente tenta inverter a dinâmica e pensar como parceria, uma colaboração horizontal”, conta Rafael Vilela, do Mídia Ninja, também participante do evento. “Não há outra forma mais interessante e inteligente do que o trabalho coletivo no século 21. Barateamos os custos e compartilhamos as angústias e críticas: tudo já sai mais delineado, com mais debate. A inteligência coletiva é fundamental para fotografia. As pessoas tem que sair de suas bolhas, largar seu ego e partir para essa aventura”. O processo de produção e o resultado “Eu pesquiso há dez anos sobre a cena latino-americana. Em 2006 comecei a mapear esse trabalho e em 2008 fizemos a primeira exposição como um encontro de coletivos. A partir dai fizemos uma pesquisa continuada, com uma curadoria mais abrangente desses países”, conta Claudi. “Fotograficamente, o Brasil me fascinou. A partir disso, a exposição fez todo sentido”, acrescentou. Rafael Vilela também explicou o trabalho do Mídia Ninja dentro do projeto. “Foram 10 dias juntos, uma explosão de alegria, de trocas e de conhecimento. Já viemos trabalhando nos últimos anos na concepção de uma rede latino-americana de fotografia, linkando articulações distintas”, revela. Como resultado, ele acredita em um trabalho que além de interessante, possa ser duradouro. “A ideia da fotografia enquanto vetor de conexão é muito potente, tenho certeza que essas trocas irão gerar consequências deliciosas nos meses que seguem, como a revista de fotografia latino-americana gerida pelos coletivos, que criamos em uma reunião aberta fora dos espaços formais do encontro em Santos. O E.CO é excelente, ao meu ver, ao possibilitar essas conexões e permitir que se criem estruturas e projetos para além dele”, disse. Laura del Rey, fotógrafa participante, contou como funcionou o trabalho: “Eu e outros 13 fotógrafos, jornalistas, historiadores e professores, participamos da fase chamada 'esquenta' do E.CO, que teve três workshops. Fiz o Orla Latente, com o Coletivo Garapa. Nesse esquenta, foram três dias de encontros, sendo o primeiro uma conversa geral, um pouco da história, trabalho e metodologia deles. Foi um grande brainstorm sobre Santos e o que fotografaríamos no dia seguinte. O segundo dia já foi a saída dos minigrupos (2 ou 3 pessoas por coletivo), cada qual com seu respectivo canal da orla para registrar. O terceiro dia foi a edição das imagens”, explica. “Foi muito importante estar dentro de um evento internacional ibero-americano. Porque os meus trabalhos tem uma ligação muito forte com isso. O próprio nome indica: mirada. E nós trouxemos um olhar sobre a cidade de Santos”, finalizou Claudi.   Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Vivemos uma época de confusão de coisas, de politica, e também de massificação. Temos muito de tudo. Nesse sentido, a individualidade está sumindo, entrando em uma forma de trabalhar um pouco mais poliédrica: os coletivos”. Essa é a reflexão que faz Claudi Carreras, curador de E.CO: Exposição de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos. Além de trazer um retrato da cidade de Santos, a exposição ainda celebra a produção em conjunto, um dos temas dos quais Claudi é entusiasta. “Foi uma forma de entender a coletividade, e uma forma muito bonita. Além disso, alguns coletivos disseram que foi o encontro mais frutífero que eles foram, porque todos pensaram juntos. Foi um evento verdadeiramente participativo”, conta. A exposição é resultado do trabalho de 20 coletivos fotográficos durante a semana anterior ao Mirada. “Neste modelo de evento participam 70 ou 80 pessoas e o objetivo é produzir, expor e montar a exposição em dez dias”, explica Paulo Fehlauer, jornalista e fotógrafo do Coletivo Garapa, um dos participantes do encontro. Assim como Claudi, Paulo partilha do entusiasmo pela criação coletiva, e reafirma a ideia de dividir as forças. “Da nossa parte, existe uma disposição para trabalhar em colaboração. Quase todos os nossos projetos são desenvolvidos com colaborações de outros profissionais, sejam jornalistas ou designers, gente do cinema. A gente sempre busca isso. Pra nós isso é importante porque é uma forma de trabalhar diferente, não é apenas uma relação de contratação de forma hierárquica. A gente tenta inverter a dinâmica e pensar como parceria, uma colaboração horizontal”, conta Rafael Vilela, do Mídia Ninja, também participante do evento. “Não há outra forma mais interessante e inteligente do que o trabalho coletivo no século 21. Barateamos os custos e compartilhamos as angústias e críticas: tudo já sai mais delineado, com mais debate. A inteligência coletiva é fundamental para fotografia. As pessoas tem que sair de suas bolhas, largar seu ego e partir para essa aventura”. O processo de produção e o resultado “Eu pesquiso há dez anos sobre a cena latino-americana. Em 2006 comecei a mapear esse trabalho e em 2008 fizemos a primeira exposição como um encontro de coletivos. A partir dai fizemos uma pesquisa continuada, com uma curadoria mais abrangente desses países”, conta Claudi. “Fotograficamente, o Brasil me fascinou. A partir disso, a exposição fez todo sentido”, acrescentou. Rafael Vilela também explicou o trabalho do Mídia Ninja dentro do projeto. “Foram 10 dias juntos, uma explosão de alegria, de trocas e de conhecimento. Já viemos trabalhando nos últimos anos na concepção de uma rede latino-americana de fotografia, linkando articulações distintas”, revela. Como resultado, ele acredita em um trabalho que além de interessante, possa ser duradouro. “A ideia da fotografia enquanto vetor de conexão é muito potente, tenho certeza que essas trocas irão gerar consequências deliciosas nos meses que seguem, como a revista de fotografia latino-americana gerida pelos coletivos, que criamos em uma reunião aberta fora dos espaços formais do encontro em Santos. O E.CO é excelente, ao meu ver, ao possibilitar essas conexões e permitir que se criem estruturas e projetos para além dele”, disse. Laura del Rey, fotógrafa participante, contou como funcionou o trabalho: “Eu e outros 13 fotógrafos, jornalistas, historiadores e professores, participamos da fase chamada 'esquenta' do E.CO, que teve três workshops. Fiz o Orla Latente, com o Coletivo Garapa. Nesse esquenta, foram três dias de encontros, sendo o primeiro uma conversa geral, um pouco da história, trabalho e metodologia deles. Foi um grande brainstorm sobre Santos e o que fotografaríamos no dia seguinte. O segundo dia já foi a saída dos minigrupos (2 ou 3 pessoas por coletivo), cada qual com seu respectivo canal da orla para registrar. O terceiro dia foi a edição das imagens”, explica. “Foi muito importante estar dentro de um evento internacional ibero-americano. Porque os meus trabalhos tem uma ligação muito forte com isso. O próprio nome indica: mirada. E nós trouxemos um olhar sobre a cidade de Santos”, finalizou Claudi.   Coletivo Pão & Circo]]>
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Entrevista: 3 perguntas para Cibele Forjaz https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/3-perguntas-para-cibele-forjaz/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/3-perguntas-para-cibele-forjaz/#comments Thu, 11 Sep 2014 22:55:10 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1574 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Nós somos um pouco alcoviteiras”, define Cibele Forjaz, diretora da equipe que coordena as atividades formativas do Mirada. “Somos responsáveis por fazer uma relação com o que é intimo – que são os processos de criação de cada grupo teatral – com o público”. Cibele é responsável pelos Desafios Cênicos, que tem como ideia básica “afetar e provocar”, como ela mesma diz. Através de uma inscrição prévia, cerca de 40 alunos participam dessa provocação, que analisa “influências comuns e tendências na cena teatral de outros países”. Para entender melhor esses Desafios, fizemos três perguntas para a diretora, que você lê a seguir. Qual é a ideia central dos Desafios Cênicos? É uma espécie de oficina transversal, que passa pelas várias atividades do Mirada. O grupo vê um espetáculo, escuta no Encontrão qual foi o processo de criação dessa mesma companhia, então no terceiro dia faz um desafio cênico pra eles. No quarto dia a gente ensaia e cria uma performance relâmpago – um depoimento, uma cena – pra apresentar em um espaço público de Santos. Você já esteve no Mirada trazendo algumas peças, e agora volta como essa atividade de formação. Como é essa experiência? Eu estive aqui nas três edições. Cada uma tem uma característica bem específica, tanto pelas pessoas presentes quanto o tema da curadoria e aprofundamento que acontece. Na primeira eu vim com espetáculo, então fiquei muito mais tempo no galpão do Porto, onde nos apresentamos, e vi muito menos apresentações porque estava preocupada com a montagem, com ensaiar. No último Mirada fiz a luz do Pais e Filhos, mas participei mais de debates, vi espetáculos. Dessa vez estou vendo tudo – ou quase tudo. E qual é a importância de estar aqui dentro, tanto pra você quanto para o público, atores e diretores? Eu acho que tem por um lado o know how adquirido. A cada edição toda a equipe incorpora o aprendizado e experiência. Esse ano tem um foco claro na curadoria. Tem vários espetáculos que tem tanto teatro documental quanto mistura de linguagens. É bom lembrar também que esse ano houve um aumento das atividades paralelas. Tanto nas formativas quanto nos Pontos de Conexão (aqui e aqui) e Oficinas de Coro.]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Nós somos um pouco alcoviteiras”, define Cibele Forjaz, diretora da equipe que coordena as atividades formativas do Mirada. “Somos responsáveis por fazer uma relação com o que é intimo – que são os processos de criação de cada grupo teatral – com o público”. Cibele é responsável pelos Desafios Cênicos, que tem como ideia básica “afetar e provocar”, como ela mesma diz. Através de uma inscrição prévia, cerca de 40 alunos participam dessa provocação, que analisa “influências comuns e tendências na cena teatral de outros países”. Para entender melhor esses Desafios, fizemos três perguntas para a diretora, que você lê a seguir. Qual é a ideia central dos Desafios Cênicos? É uma espécie de oficina transversal, que passa pelas várias atividades do Mirada. O grupo vê um espetáculo, escuta no Encontrão qual foi o processo de criação dessa mesma companhia, então no terceiro dia faz um desafio cênico pra eles. No quarto dia a gente ensaia e cria uma performance relâmpago – um depoimento, uma cena – pra apresentar em um espaço público de Santos. Você já esteve no Mirada trazendo algumas peças, e agora volta como essa atividade de formação. Como é essa experiência? Eu estive aqui nas três edições. Cada uma tem uma característica bem específica, tanto pelas pessoas presentes quanto o tema da curadoria e aprofundamento que acontece. Na primeira eu vim com espetáculo, então fiquei muito mais tempo no galpão do Porto, onde nos apresentamos, e vi muito menos apresentações porque estava preocupada com a montagem, com ensaiar. No último Mirada fiz a luz do Pais e Filhos, mas participei mais de debates, vi espetáculos. Dessa vez estou vendo tudo – ou quase tudo. E qual é a importância de estar aqui dentro, tanto pra você quanto para o público, atores e diretores? Eu acho que tem por um lado o know how adquirido. A cada edição toda a equipe incorpora o aprendizado e experiência. Esse ano tem um foco claro na curadoria. Tem vários espetáculos que tem tanto teatro documental quanto mistura de linguagens. É bom lembrar também que esse ano houve um aumento das atividades paralelas. Tanto nas formativas quanto nos Pontos de Conexão (aqui e aqui) e Oficinas de Coro.]]>
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CPT trabalha o corpo em oficina formativa https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/cpt-trabalha-o-corpo-em-oficina-formativa/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/cpt-trabalha-o-corpo-em-oficina-formativa/#comments Thu, 11 Sep 2014 18:54:31 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1530 Foto: Coletivo Pão & Circo

“O CPT já esteve no Mirada em outras oportunidades. Nós participamos de vários festivais internacionais e, aqui, vemos a preocupação com os artistas, a curadoria, os grupos, uma diversidade muito grande. Para o CPT é um privilégio essa troca”, conta Naiene Sanchez, uma das atrizes que ministra a oficina Centro de Pesquisa Teatral: O Corpo Expressivo, realizada pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, no Mirada. O que Naiene comemora é resultado do retorno dos seus próprios alunos. Jamili Limma, 29 anos, é santista, e conta sobre a oportunidade que a oficina, uma das atividades formativas propostas para esta edição, trouxe aos artistas locais. “Para Santos, que é um celeiro de artistas, é uma iniciativa importante. É raro ter a presença desses profissionais aqui na cidade, e quando eles vêm, cobram caro. Para quem tem um pagamento limitado, fica difícil ter acesso. Ter essa iniciativa dentro do Mirada é muito gratificante”. O ator Leonardo Vieira, que também ministra da oficina, completa. “Eu acho que Santos é tão próximo de São Paulo, mas ao mesmo tempo tão distante. Tem um cena de teatro aqui que não sobe muito e a gente também não desce muito pra ver o que está sendo feito. Os atores daqui estão aproveitando esse contato, sempre é importante olhar para as inquietações de cada companhia e cada trabalho. Tem gente de muitos lugares e formações diversas, e percebemos como essa metodologia se estabelece num ambiente como esse. Como o trabalho que o Antunes desenvolve - e nós estamos sendo porta-vozes - ecoa nos participantes". Essa ressonância acaba sendo refletida em outras questões do Festival, como conta Naiene. “Hoje em dia, com as redes de comunicação tão aquecidas, não tem como não pensarmos todos juntos. Tem outros diretores, atores, companhias e espetáculos que também estão ligados a nós. A atriz de A Reunião [Trinidad Gonzáles], peça que eu gostei muito, foi aluna do Antunes. Aqui vemos a importância de não ter uma questão geográfica que limite a arte. O Mirada dá a oportunidade pra questão geográfica não ser um entrave”. A metodologia e o resultado “Existe uma perspectiva pedagógica que o CPT já traz há alguns anos, com uma técnica e uma metodologia que o Antunes desenvolve e constituiu com esse olhar que ele sempre teve em relação ao ator. Aqui a gente tem uma regra interna que é não sonegar nenhum tipo de informação, em qualquer circunstância. A gente entra com a perspectiva de ter algum resultado no trabalho das pessoas, que de alguma maneira possa alimentar e ampliar as possibilidades poéticas de ação, de percepção no teatro”, revela Leonardo."O grupo Macunaíma, [parceiro no desenvolvimento dos exercícios práticos] é a companhia que faz as peças, e o CPT é o Antunes Filho mesmo, pesquisando e levando adiante os processos. Tem também o CPTzinho, que é o curso de formação de atores. Estou achando maravilhosa essa oportunidade, nós tivemos uma ano muito aquecido em relação aos processos de formação. Só esse ano já fizemos oficina no Rio, em Bogotá, em Petrópolis e São Paulo", revela Naiane. Beatriz Alves, 20 anos, atriz e aluna da oficina, reitera a ideia de formação. “Eu não conhecia essa parte das oficinas e foi uma experiência rica como descoberta do corpo do ator. Para entender melhor o nosso corpo e aprender a trabalhar com ele o fazer do teatro”, disse. “Com o CPT, podemos aprender um pouco do método deles, que é completamente diferente de tudo o que já vivi como atriz. Isso me fez me reconhecer, me reinvestigar”, nas palavras da colega Flávia Simões, 23 anos. Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“O CPT já esteve no Mirada em outras oportunidades. Nós participamos de vários festivais internacionais e, aqui, vemos a preocupação com os artistas, a curadoria, os grupos, uma diversidade muito grande. Para o CPT é um privilégio essa troca”, conta Naiene Sanchez, uma das atrizes que ministra a oficina Centro de Pesquisa Teatral: O Corpo Expressivo, realizada pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de Antunes Filho, no Mirada. O que Naiene comemora é resultado do retorno dos seus próprios alunos. Jamili Limma, 29 anos, é santista, e conta sobre a oportunidade que a oficina, uma das atividades formativas propostas para esta edição, trouxe aos artistas locais. “Para Santos, que é um celeiro de artistas, é uma iniciativa importante. É raro ter a presença desses profissionais aqui na cidade, e quando eles vêm, cobram caro. Para quem tem um pagamento limitado, fica difícil ter acesso. Ter essa iniciativa dentro do Mirada é muito gratificante”. O ator Leonardo Vieira, que também ministra da oficina, completa. “Eu acho que Santos é tão próximo de São Paulo, mas ao mesmo tempo tão distante. Tem um cena de teatro aqui que não sobe muito e a gente também não desce muito pra ver o que está sendo feito. Os atores daqui estão aproveitando esse contato, sempre é importante olhar para as inquietações de cada companhia e cada trabalho. Tem gente de muitos lugares e formações diversas, e percebemos como essa metodologia se estabelece num ambiente como esse. Como o trabalho que o Antunes desenvolve - e nós estamos sendo porta-vozes - ecoa nos participantes". Essa ressonância acaba sendo refletida em outras questões do Festival, como conta Naiene. “Hoje em dia, com as redes de comunicação tão aquecidas, não tem como não pensarmos todos juntos. Tem outros diretores, atores, companhias e espetáculos que também estão ligados a nós. A atriz de A Reunião [Trinidad Gonzáles], peça que eu gostei muito, foi aluna do Antunes. Aqui vemos a importância de não ter uma questão geográfica que limite a arte. O Mirada dá a oportunidade pra questão geográfica não ser um entrave”. A metodologia e o resultado “Existe uma perspectiva pedagógica que o CPT já traz há alguns anos, com uma técnica e uma metodologia que o Antunes desenvolve e constituiu com esse olhar que ele sempre teve em relação ao ator. Aqui a gente tem uma regra interna que é não sonegar nenhum tipo de informação, em qualquer circunstância. A gente entra com a perspectiva de ter algum resultado no trabalho das pessoas, que de alguma maneira possa alimentar e ampliar as possibilidades poéticas de ação, de percepção no teatro”, revela Leonardo."O grupo Macunaíma, [parceiro no desenvolvimento dos exercícios práticos] é a companhia que faz as peças, e o CPT é o Antunes Filho mesmo, pesquisando e levando adiante os processos. Tem também o CPTzinho, que é o curso de formação de atores. Estou achando maravilhosa essa oportunidade, nós tivemos uma ano muito aquecido em relação aos processos de formação. Só esse ano já fizemos oficina no Rio, em Bogotá, em Petrópolis e São Paulo", revela Naiane. Beatriz Alves, 20 anos, atriz e aluna da oficina, reitera a ideia de formação. “Eu não conhecia essa parte das oficinas e foi uma experiência rica como descoberta do corpo do ator. Para entender melhor o nosso corpo e aprender a trabalhar com ele o fazer do teatro”, disse. “Com o CPT, podemos aprender um pouco do método deles, que é completamente diferente de tudo o que já vivi como atriz. Isso me fez me reconhecer, me reinvestigar”, nas palavras da colega Flávia Simões, 23 anos. Coletivo Pão & Circo]]>
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A triste comédia de Fabio Rubiano Orjuela https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-triste-comedia-de-fabio-rubiano-orjuela/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-triste-comedia-de-fabio-rubiano-orjuela/#comments Thu, 11 Sep 2014 12:00:43 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1512 Foto: Coletivo Pão & Circo

Da sua relação com o Brasil à história de sua peça, o relato do diretor colombiano  costura elementos que permeiam os temas do Mirada. Orjuela fez a adaptação de O Ventre da Baleia que conta com direção de arte de Laura Villegas, que dirige 13 Sonhos, espetáculo que tem gerado incansáveis filas de espera no festival, e que foi escrito por Orjuela. Esta é estreia de O Ventre da Baleia no Brasil, mas o diretor já tece uma conversa de longa data com a produção destas paragens. Confira os destaques de nosso bate-papo com Orjuela a seguir. O Brasil e o início Eu comecei a fazer teatro por causa de um espetáculo do Cacá Rosset, do Teatro do Ornitorrinco, em 1985. Assisti o espetáculo e pensei "é isso que eu quero fazer". Gosto muito e já assisti diversos artistas brasileiros como Antunes Filho e Antônio Rodrigues. É a primeira vez que a obra se apresenta país, mas viemos em 2006 com "Mosca", que se apresentou em Curitiba, Londrina, Rio Preto e Belo Horizonte. Sobre a sua companhia O Teatro Petra foi fundado em 1985, com Marcela Valencia. Nos conhecemos numa escola de teatro e começamos juntos. Nesse período fizemos entre 16 a 17 obras, e O Ventre da Baleia é a última delas. O que é O Ventre da Baleia A peça foi escrita originalmente em 2006 para um grupo da Eslovênia. A minha versão é completamente diferente da primeira. A peça é, em parte, uma história real: no meu bairro havia uma mulher que ficava grávida todos os anos, mas ninguém nunca via os bebês. Então muita gente começou a dizer que ela os vendia para comprar droga. Seria algo em torno de 40 dólares. Alguns dizem que é verdade, outros dizem que não. Mas na Colômbia e na América Latina se vende de tudo: crianças, tecidos, ventres, mulheres, homens. A peça é ao redor disso, dessa mulher que vivia no meu bairro e ainda vive. A partir disso, a obra foi crescendo. É um tema dramático, mas parece uma comédia Nós descobrimos que era uma comédia através do público, porque o público ria muito, principalmente na Colômbia. Mas nunca houve a intenção de ser uma comédia, apesar de haver toques de acidez e humor negro, não esperávamos que a plateia se divertisse na peça. E o público não sabe justificar porque isso os diverte. Na Europa o público não ria, isso só acontece na América Latina. Acreditamos que a situação é tão absurda, que faz as pessoas rirem. Mas toda obra é política, há sempre uma questão política. Não há respostas, nós somente plantamos uma situação para que o público pense. A ideia é sempre essa. A vivência do Mirada Aqui no festival falamos todos os dias com outros artistas e as trocas são constantes. Conversamos bastante com o pessoal do México, eles são muito divertidos. E com colombianos também, gente que não conversamos tanto dentro do nosso próprio país mas aqui sim, porque temos tempo (risos). - O depoimento de quem riu No Mirada, o público sucumbiu ao absurdo da trama de O Ventre da Baleia? Ou se fez sério e reflexivo? Que faísca deu início ao risco? Fizemos essas perguntas ao público na saída do espetáculo. Algumas das reações: "Eu esperava mais, se fosse uma peça de escola eu iria achar bom, mas no Mirada, não. Parece que não fluía, eu ria de vez em quando, mas por exemplo, o amigo do meu lado dormiu" - Juliana Gomes, 16 anos "Eu achei a história muito interessante. Eu tive várias sensações: primeiro raiva, depois me diverti com algumas situações engraçadas e no fim tem parte trágica, de reflexão. Porque o assunto é sério, mas tem graça mesmo assim" - Cátia Golçalves, 43 anos "O que mais me chamou atenção foi a história, o elenco, mas principalmente uma das atrizes, a que faz o papel de Helena. Ela é muito sensacional, fora de sério, nós rimos muito. Valeu muito a pena. São cenas trágicas contadas de forma muito bem humorada, acho que foi isso que me marcou mais. Principalmente no final, na parte em que cai a cortina e apareceu a árvore com todas as fotos das crianças. Era pra se sentir assombrado, mas foi a parte que nos encantou. Rolou aquela reflexão do quanto a gente consegue rir da desgraça hoje em dia. Tudo virou muito banal" - Renata Santos, 34 anos Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

Da sua relação com o Brasil à história de sua peça, o relato do diretor colombiano  costura elementos que permeiam os temas do Mirada. Orjuela fez a adaptação de O Ventre da Baleia que conta com direção de arte de Laura Villegas, que dirige 13 Sonhos, espetáculo que tem gerado incansáveis filas de espera no festival, e que foi escrito por Orjuela. Esta é estreia de O Ventre da Baleia no Brasil, mas o diretor já tece uma conversa de longa data com a produção destas paragens. Confira os destaques de nosso bate-papo com Orjuela a seguir. O Brasil e o início Eu comecei a fazer teatro por causa de um espetáculo do Cacá Rosset, do Teatro do Ornitorrinco, em 1985. Assisti o espetáculo e pensei "é isso que eu quero fazer". Gosto muito e já assisti diversos artistas brasileiros como Antunes Filho e Antônio Rodrigues. É a primeira vez que a obra se apresenta país, mas viemos em 2006 com "Mosca", que se apresentou em Curitiba, Londrina, Rio Preto e Belo Horizonte. Sobre a sua companhia O Teatro Petra foi fundado em 1985, com Marcela Valencia. Nos conhecemos numa escola de teatro e começamos juntos. Nesse período fizemos entre 16 a 17 obras, e O Ventre da Baleia é a última delas. O que é O Ventre da Baleia A peça foi escrita originalmente em 2006 para um grupo da Eslovênia. A minha versão é completamente diferente da primeira. A peça é, em parte, uma história real: no meu bairro havia uma mulher que ficava grávida todos os anos, mas ninguém nunca via os bebês. Então muita gente começou a dizer que ela os vendia para comprar droga. Seria algo em torno de 40 dólares. Alguns dizem que é verdade, outros dizem que não. Mas na Colômbia e na América Latina se vende de tudo: crianças, tecidos, ventres, mulheres, homens. A peça é ao redor disso, dessa mulher que vivia no meu bairro e ainda vive. A partir disso, a obra foi crescendo. É um tema dramático, mas parece uma comédia Nós descobrimos que era uma comédia através do público, porque o público ria muito, principalmente na Colômbia. Mas nunca houve a intenção de ser uma comédia, apesar de haver toques de acidez e humor negro, não esperávamos que a plateia se divertisse na peça. E o público não sabe justificar porque isso os diverte. Na Europa o público não ria, isso só acontece na América Latina. Acreditamos que a situação é tão absurda, que faz as pessoas rirem. Mas toda obra é política, há sempre uma questão política. Não há respostas, nós somente plantamos uma situação para que o público pense. A ideia é sempre essa. A vivência do Mirada Aqui no festival falamos todos os dias com outros artistas e as trocas são constantes. Conversamos bastante com o pessoal do México, eles são muito divertidos. E com colombianos também, gente que não conversamos tanto dentro do nosso próprio país mas aqui sim, porque temos tempo (risos). - O depoimento de quem riu No Mirada, o público sucumbiu ao absurdo da trama de O Ventre da Baleia? Ou se fez sério e reflexivo? Que faísca deu início ao risco? Fizemos essas perguntas ao público na saída do espetáculo. Algumas das reações: "Eu esperava mais, se fosse uma peça de escola eu iria achar bom, mas no Mirada, não. Parece que não fluía, eu ria de vez em quando, mas por exemplo, o amigo do meu lado dormiu" - Juliana Gomes, 16 anos "Eu achei a história muito interessante. Eu tive várias sensações: primeiro raiva, depois me diverti com algumas situações engraçadas e no fim tem parte trágica, de reflexão. Porque o assunto é sério, mas tem graça mesmo assim" - Cátia Golçalves, 43 anos "O que mais me chamou atenção foi a história, o elenco, mas principalmente uma das atrizes, a que faz o papel de Helena. Ela é muito sensacional, fora de sério, nós rimos muito. Valeu muito a pena. São cenas trágicas contadas de forma muito bem humorada, acho que foi isso que me marcou mais. Principalmente no final, na parte em que cai a cortina e apareceu a árvore com todas as fotos das crianças. Era pra se sentir assombrado, mas foi a parte que nos encantou. Rolou aquela reflexão do quanto a gente consegue rir da desgraça hoje em dia. Tudo virou muito banal" - Renata Santos, 34 anos Coletivo Pão & Circo]]>
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Encontrão propõe diálogo entre protagonistas do Festival https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/encontrao-propoe-dialogo-entre-atores-e-diretores-do-festival/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/encontrao-propoe-dialogo-entre-atores-e-diretores-do-festival/#comments Thu, 11 Sep 2014 02:22:08 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1489 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Para que servem os Festivais?” Foi deste questionamento da diretora da equipe de coordenação das atividades formativas do Mirada, Cibele Forjaz, que nasceram os Encontrões. “Eu penso que o festival serve tanto para os grupos se apresentarem ao público, quanto para possibilitar a troca entre companhias”. Assim foi construído o projeto, que reúne todos os protagonistas do festival para pensar ao lado de outros atores da cena em um grande intercâmbio de percepções, ideias e histórias. “Esse momento é essencial para que os grupos possam ter esse espaço de parar e sentar, se olhar e compartilhar os procedimentos de trabalho. Revelar um pouco o que está além da cena. A partir daí, novos diálogos podem acontecer”, diz Nathália Bonilha, 25 anos, atriz. Essa é exatamente a ideia central da proposta, que aconteceu na Toca, espaço de convivência do Sesc Santos. “Este encontro serve para que possamos contar uns pros outros um pouco do processo de montagem das obras que estão aqui”, comenta Cibele. “Há muita riqueza na oportunidade de fazer uma troca entre países e culturas tão diferentes e tão distantes. O Encontrão talvez seja uma das coisas mais importantes do Mirada”, completou Jorge Louraço, dramaturgo português que também participou de um dos Pontos de Conexão do festival. “Normalmente dentro de um festival de teatro não existe muita troca. Esses encontros do Mirada repensam uma lógica de produção. O debate entre pessoas da América Latina faz com que a gente olhe mais para o lado, e pare de olhar apenas para a Europa”, diz Renan Tenca, ator e um dos diretores dos Desafios Cênicos. Neste Encontrão, sentados em roda, cada grupo contextualizou seu espetáculo e explicou sua produção. “Nosso trabalho nasceu como uma pesquisa em cima do Bispo do Rosário. Como era na rua, começamos a ensaiar na rua. Ali começamos a ver muito mais bispos no centro do santos. O centro traz coisas muito fortes. Toda hora a gente sai e vê pessoas em surtos, pegando ônibus”, contou Kadu Veríssimo, de Projeto Bispo. Fernando Yamamoto, um dos fundadores do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, também falou sobre Nuestra Senhora de las Nuvens. “No trabalho a partir do texto original argentino, ficamos muito instigados pelas semelhanças e distâncias com a América Latina. E resolvemos entrar num processo de pesquisa, mas não tínhamos ideia do que íamos montar. Normalmente não somos um grupo que acha um texto e monta. Normalmente temos uma dramaturgia própria”, contou. “Completamos 20 anos em novembro, e pra falar um pouco deste trabalho, é legal falar disso. No começo era super amador, e consideramos a primeira década do grupo uma década de formação, pois o grupo foi a grande escola de todos nós. E na segunda década nos estruturamos. E este é um trabalho que comemora os 20 anos do grupo, que em 10 anos não contou com patrocínio”. De todas as trocas e misturas, “foi possível entender essa curadoria dos grupos que estão participando. A gente viu em companhias bem diferentes da nossa muita sincronicidade, isso foi interessante. E também despertou o interesse em ver outros parceiros que a gente nem sabia que estavam aqui, outras tribos”, conta Thiago Amoral, ator da companhia Hiato, que apresenta 02 Ficções. Alexandre Mate, professor do Instituto de Artes da Unesp, concluiu: “Ao final, percebemos que as nossas dificuldades são muito parecidas, que os nossos sonhos acalentados não são distantes, de que há uma necessidade das pessoas se aproximarem para construírem por si mesmas a condição de sujeito e histórias cujo o desenvolvimento tenha outra natureza que não mais manipulatória. Foram encontros absolutamente reveladores em que diferentes faces de um mesmo sujeito se mostraram, ou que uma face idêntica em vários sujeitos se manifestaram". Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Para que servem os Festivais?” Foi deste questionamento da diretora da equipe de coordenação das atividades formativas do Mirada, Cibele Forjaz, que nasceram os Encontrões. “Eu penso que o festival serve tanto para os grupos se apresentarem ao público, quanto para possibilitar a troca entre companhias”. Assim foi construído o projeto, que reúne todos os protagonistas do festival para pensar ao lado de outros atores da cena em um grande intercâmbio de percepções, ideias e histórias. “Esse momento é essencial para que os grupos possam ter esse espaço de parar e sentar, se olhar e compartilhar os procedimentos de trabalho. Revelar um pouco o que está além da cena. A partir daí, novos diálogos podem acontecer”, diz Nathália Bonilha, 25 anos, atriz. Essa é exatamente a ideia central da proposta, que aconteceu na Toca, espaço de convivência do Sesc Santos. “Este encontro serve para que possamos contar uns pros outros um pouco do processo de montagem das obras que estão aqui”, comenta Cibele. “Há muita riqueza na oportunidade de fazer uma troca entre países e culturas tão diferentes e tão distantes. O Encontrão talvez seja uma das coisas mais importantes do Mirada”, completou Jorge Louraço, dramaturgo português que também participou de um dos Pontos de Conexão do festival. “Normalmente dentro de um festival de teatro não existe muita troca. Esses encontros do Mirada repensam uma lógica de produção. O debate entre pessoas da América Latina faz com que a gente olhe mais para o lado, e pare de olhar apenas para a Europa”, diz Renan Tenca, ator e um dos diretores dos Desafios Cênicos. Neste Encontrão, sentados em roda, cada grupo contextualizou seu espetáculo e explicou sua produção. “Nosso trabalho nasceu como uma pesquisa em cima do Bispo do Rosário. Como era na rua, começamos a ensaiar na rua. Ali começamos a ver muito mais bispos no centro do santos. O centro traz coisas muito fortes. Toda hora a gente sai e vê pessoas em surtos, pegando ônibus”, contou Kadu Veríssimo, de Projeto Bispo. Fernando Yamamoto, um dos fundadores do Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, também falou sobre Nuestra Senhora de las Nuvens. “No trabalho a partir do texto original argentino, ficamos muito instigados pelas semelhanças e distâncias com a América Latina. E resolvemos entrar num processo de pesquisa, mas não tínhamos ideia do que íamos montar. Normalmente não somos um grupo que acha um texto e monta. Normalmente temos uma dramaturgia própria”, contou. “Completamos 20 anos em novembro, e pra falar um pouco deste trabalho, é legal falar disso. No começo era super amador, e consideramos a primeira década do grupo uma década de formação, pois o grupo foi a grande escola de todos nós. E na segunda década nos estruturamos. E este é um trabalho que comemora os 20 anos do grupo, que em 10 anos não contou com patrocínio”. De todas as trocas e misturas, “foi possível entender essa curadoria dos grupos que estão participando. A gente viu em companhias bem diferentes da nossa muita sincronicidade, isso foi interessante. E também despertou o interesse em ver outros parceiros que a gente nem sabia que estavam aqui, outras tribos”, conta Thiago Amoral, ator da companhia Hiato, que apresenta 02 Ficções. Alexandre Mate, professor do Instituto de Artes da Unesp, concluiu: “Ao final, percebemos que as nossas dificuldades são muito parecidas, que os nossos sonhos acalentados não são distantes, de que há uma necessidade das pessoas se aproximarem para construírem por si mesmas a condição de sujeito e histórias cujo o desenvolvimento tenha outra natureza que não mais manipulatória. Foram encontros absolutamente reveladores em que diferentes faces de um mesmo sujeito se mostraram, ou que uma face idêntica em vários sujeitos se manifestaram". Coletivo Pão & Circo ]]>
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