Mirada » » brasil https://mirada2014.sescsp.org.br/pt Festival Ibero-Americano de artes Cênicas de Santos Mon, 02 Feb 2015 13:08:25 +0000 pt-BR hourly 1 Fatos políticos entram em foco na programação do Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/fatos-politicos-ganham-atencao-na-programacao-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/fatos-politicos-ganham-atencao-na-programacao-do-mirada/#comments Sat, 13 Sep 2014 23:43:40 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1874 Os B - Considerações Apolíticas sobre o Nacionalismo

"Estamos politizando nossa história". A discussão política esteve no palco durante a terceira edição do Mirada. Companhias brasileiras, chilenas e bolivianas trataram do tema, em foco com os 50 anos do golpe militar no Brasil e com a contextualização das ditaduras na América Latina.

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Os B - Considerações Apolíticas sobre o Nacionalismo

"Estamos politizando nossa história". A discussão política esteve no palco durante a terceira edição do Mirada. Companhias brasileiras, chilenas e bolivianas trataram do tema, em foco com os 50 anos do golpe militar no Brasil e com a contextualização das ditaduras na América Latina.

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Chile é convidado de honra do Mirada 2014 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/chile-e-convidado-de-honra-do-mirada-2014/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/chile-e-convidado-de-honra-do-mirada-2014/#comments Sat, 13 Sep 2014 23:02:08 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1849 Foto: Dana Hosova

Na terceira edição do Mirada, o Chile brilhou como destaque na programação. O país, grande homenageado do evento, levou aos palcos sete peças de suas companhias: Castigo, O Jardim das Cerejeiras, A Imaginação do Futuro, A Reunião, O Homem de Lugar Nenhum, O Cavaleiro da Morte e Otelo. “O Chile entrou no evento como um país próximo, já que temos a cena chilena presente aqui em São Paulo. Nossa relação com o Chile já vem há mais de dez anos se tornando ainda mais profunda – temos acompanhado de perto o Festival de Santiago, Santiago a Mil, que pretende internacionalizar o teatro chileno. Então temos um contato aprofundado com a cena e produção do país”, revela Sergio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada. A relação entre ambas as produções - a da nação homenageada e a brasileira - , no entanto, ficou por conta do público, que tirou as suas próprias conclusões. A pauta das conversas de corredor são, quem sabe, o resultado dessa aproximação que Sergio enxerga nesses últimos anos. “Achei uma cultura bem diferente, eles abordam de forma diferente a sociedade, a política”, sustenta Rafael Palmieri, músico e estudante de teatro. Já a aposentada Cleusa do Carmo usou essa diferença como fomento para a sua curiosidade. “Não conhecia o teatro chileno, adorei o trabalho deles pela força e atuação. A partir de agora, passarei a me interessar mais, gostei muito”, relata. O apreço de ambos, que estavam no público de O Homem Vindo de Lugar Nenhum, é explicada pela linguagem, como afirma Claudio Vega, ator da peça chilena. “Toda a nossa obra é teatro gestual. É uma metalinguagem. É uma linguagem universal”, explica. [caption id="attachment_1865" align="aligncenter" width="300"]Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo) Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo)[/caption] O brasileiro Bruno Henrique Miranda, ator, também traçou o seu paralelo. “Achei coisas parecidas e outras diferentes. Eles trazem outros olhares, outras propostas, até por ser outra cultura”, afirma. Já para Héctor Noguera, diretor de O Jardim das Cerejeiras, em termos técnicos no entanto, há contrapontos. “Anos atrás vi o teatro brasileiro em festivais. Gostei muito. Eu me recordo de ambas as cenas como bem diferentes. O teatro brasileiro naquele momento era muito mais físico e musical do que o nosso. O teatro do chile é mais político”, afirma. A declaração de Noguera é alinhada com o pensamento de Sérgio. “Os chilenos possuem um teatro engajado, muito político, militante, tanto em textos quanto em um sentido estético, inovador. Isso se revelou um acerto, que vemos também pelo retorno que estamos tendo de diretores, atores e até publico”, completa Sergio, reiterando os depoimentos ouvidos pelos corredores durante o festival. Se por um lado o Brasil, representado pelo público do Mirada, vê a escolha como um acerto, do outro lado das coxias, a ideia segue sendo a mesma. “Eu acho que o chileno é um povo amistoso, acolhedor e muito curioso”, revela Ana Tezza, diretora de Tchekhov. “Eu acredito que o Mirada trouxe uma boa mostra do teatro do Chile. São sete companhias, cada um com um estilo muito diferente. Isso que é legal no festival, a celebração da diversidade”, comemora Noguera. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Dana Hosova

Na terceira edição do Mirada, o Chile brilhou como destaque na programação. O país, grande homenageado do evento, levou aos palcos sete peças de suas companhias: Castigo, O Jardim das Cerejeiras, A Imaginação do Futuro, A Reunião, O Homem de Lugar Nenhum, O Cavaleiro da Morte e Otelo. “O Chile entrou no evento como um país próximo, já que temos a cena chilena presente aqui em São Paulo. Nossa relação com o Chile já vem há mais de dez anos se tornando ainda mais profunda – temos acompanhado de perto o Festival de Santiago, Santiago a Mil, que pretende internacionalizar o teatro chileno. Então temos um contato aprofundado com a cena e produção do país”, revela Sergio Luis Oliveira, da Gerência de Ação Cultural do Sesc e um dos curadores do Mirada. A relação entre ambas as produções - a da nação homenageada e a brasileira - , no entanto, ficou por conta do público, que tirou as suas próprias conclusões. A pauta das conversas de corredor são, quem sabe, o resultado dessa aproximação que Sergio enxerga nesses últimos anos. “Achei uma cultura bem diferente, eles abordam de forma diferente a sociedade, a política”, sustenta Rafael Palmieri, músico e estudante de teatro. Já a aposentada Cleusa do Carmo usou essa diferença como fomento para a sua curiosidade. “Não conhecia o teatro chileno, adorei o trabalho deles pela força e atuação. A partir de agora, passarei a me interessar mais, gostei muito”, relata. O apreço de ambos, que estavam no público de O Homem Vindo de Lugar Nenhum, é explicada pela linguagem, como afirma Claudio Vega, ator da peça chilena. “Toda a nossa obra é teatro gestual. É uma metalinguagem. É uma linguagem universal”, explica. [caption id="attachment_1865" align="aligncenter" width="300"]Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo) Elenco da peça chilena O Jardim das Cerejeiras (Foto: Coletivo Pão & Circo)[/caption] O brasileiro Bruno Henrique Miranda, ator, também traçou o seu paralelo. “Achei coisas parecidas e outras diferentes. Eles trazem outros olhares, outras propostas, até por ser outra cultura”, afirma. Já para Héctor Noguera, diretor de O Jardim das Cerejeiras, em termos técnicos no entanto, há contrapontos. “Anos atrás vi o teatro brasileiro em festivais. Gostei muito. Eu me recordo de ambas as cenas como bem diferentes. O teatro brasileiro naquele momento era muito mais físico e musical do que o nosso. O teatro do chile é mais político”, afirma. A declaração de Noguera é alinhada com o pensamento de Sérgio. “Os chilenos possuem um teatro engajado, muito político, militante, tanto em textos quanto em um sentido estético, inovador. Isso se revelou um acerto, que vemos também pelo retorno que estamos tendo de diretores, atores e até publico”, completa Sergio, reiterando os depoimentos ouvidos pelos corredores durante o festival. Se por um lado o Brasil, representado pelo público do Mirada, vê a escolha como um acerto, do outro lado das coxias, a ideia segue sendo a mesma. “Eu acho que o chileno é um povo amistoso, acolhedor e muito curioso”, revela Ana Tezza, diretora de Tchekhov. “Eu acredito que o Mirada trouxe uma boa mostra do teatro do Chile. São sete companhias, cada um com um estilo muito diferente. Isso que é legal no festival, a celebração da diversidade”, comemora Noguera. Coletivo Pão & Circo ]]>
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A popularização dos clássicos no Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-popularizacao-dos-classicos-dentro-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-popularizacao-dos-classicos-dentro-do-mirada/#comments Sat, 13 Sep 2014 19:46:55 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1715 Tchekhov na versão da companhia curitibana Ave Lola

“A gente traduz uma ideia de linguagem antiga e fora do nosso tempo. Isso significa atualizá-lo e popularizá-lo. Fazemos teatro para chegar nas pessoas”, afirma João Garcia Miguel, diretor português de Yerma, adaptação da peça de teatro do poeta espanhol Federico García Lorca. “Eu tenho acompanhado o festival e existe uma tendência interessante que é a utilização da dramaturgia clássica como trampolim para as questões contemporâneas de uma maneira criativa. Eu acho isso interessante do ponto de vista do teatro contemporâneo”, completa Leonardo Vieira, ministrante da Oficina CPT/Sesc – Centro de Pesquisa teatral: O Corpo Expressivo. A reflexão, trazidas por ambos participantes do Mirada, não aconteceu por acaso. “Na verdade a gente já contava com isso para dar força ao festival. Isso envolve todo o penso da programação, e como isso reverbera na cidade. O crescimento das ações formativas, que geram performances, também vai multiplicando o número de artistas da cidade. Com esse acesso, os aprendizes de teatro trazem consigo a família, os vizinhos... Gera um boca a boca maior. Por isso também tivemos essa preocupação de trazer textos clássicos de Shakespeare, Otelo etc.”, revela Leonardo Nicoletti, um dos curadores do evento. “Conto uma piada: um jovem amigo meu disse ‘tenho que ler Odisseia para a escola, mas tenho preguiça’. E eu disse “que pena que tem preguiça, porque é uma história maravilhosa”. Então me ocorreu que traduzindo-a para a linguagem teatral, poderia tirar toda a coisa pesada que tem a antiga linguagem literária, e fazer os jovens descobrirem que não são textos chatos, que podem ser prazerosos. Ao encontrar prazer nesta experiência, é possível que se animem a ler. Isso é o que mais me motiva”, explica Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia. A sua ideia, surgida em uma brincadeira, é exatamente o resultado que o público recebe. “Achei bem diferente, porque eles conseguem trazer o teatro que a gente perdeu a referência para o agora, com um efeito tão bonito como esse", reflete o aposentado Ivan Caldas, no público para ver uma obra clássica de Shakespeare dentro do Festival - a adaptação de Rei Lear. [caption id="attachment_1798" align="aligncenter" width="300"]Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia[/caption] “Toda essa nova forma de ver o teatro tem a ver com escrita de Tchekhov” adiciona ainda Ana Rosa Tezza, diretora da peça baseada na vida do dramaturgo russo. “Nós usamos as ferramentas de base que ele deixou. Mas existem várias maneiras de interpretar um grande mestre. Ele deixou tudo escrito. Como não somos ele, nos apropriamos do que ele disse de maneira respeitosa. E traduzimos isso da maneira como a gente imagina - e óbvio: cada cabeça uma sentença, cada grupo um trabalho”. O ator e diretor da peça chilena Otelo, Jaime Lorca, falou ainda sobre a escolha do texto original de Shakespeare. “É a primeira vez que fazemos uma adaptação, nós sempre trabalhamos com textos que criamos, e nos apoiamos muito na literatura, nas novelas, nos contos literários. Pegamos Shakespeare porque descobrimos que tinha muito sangue. Shakespeare era feito há quatro séculos, em teatros onde as pessoas comiam, bebiam, falavam, gritavam. Então era um teatro muito direto. E para o ator é maravilhoso, porque toca todas as notas da alma, da mais sublime às mais baixas e ruins. Tudo na mesma obra, no mesmo personagem”, relata. “É uma tragédia que tem muito melodrama. E nós fizemos esse link que tem nos melodramas na televisão, com as vidas de outras pessoas que se quer viver”, acrescenta Teresita Iacobelli, atriz do espetáculo. A ideia vai ao encontro do pensamento de João Garcia Miguel. “Quando trabalhamos com um clássico, reinventamos o passado. Deciframos os enigmas e encantamentos que eles tiveram com o mundo, afinal os clássicos sobreviveram. O que tentamos fazer é tentar trazer para hoje, para o nosso dia a dia. O clássico nos ajuda a pensar no passado e olhar para nós mesmos e nos entendermos hoje. O clássico nos ajuda a sermos mais honestos com a gente mesmo”, afirma. Coletivo Pão & Circo]]>
Tchekhov na versão da companhia curitibana Ave Lola

“A gente traduz uma ideia de linguagem antiga e fora do nosso tempo. Isso significa atualizá-lo e popularizá-lo. Fazemos teatro para chegar nas pessoas”, afirma João Garcia Miguel, diretor português de Yerma, adaptação da peça de teatro do poeta espanhol Federico García Lorca. “Eu tenho acompanhado o festival e existe uma tendência interessante que é a utilização da dramaturgia clássica como trampolim para as questões contemporâneas de uma maneira criativa. Eu acho isso interessante do ponto de vista do teatro contemporâneo”, completa Leonardo Vieira, ministrante da Oficina CPT/Sesc – Centro de Pesquisa teatral: O Corpo Expressivo. A reflexão, trazidas por ambos participantes do Mirada, não aconteceu por acaso. “Na verdade a gente já contava com isso para dar força ao festival. Isso envolve todo o penso da programação, e como isso reverbera na cidade. O crescimento das ações formativas, que geram performances, também vai multiplicando o número de artistas da cidade. Com esse acesso, os aprendizes de teatro trazem consigo a família, os vizinhos... Gera um boca a boca maior. Por isso também tivemos essa preocupação de trazer textos clássicos de Shakespeare, Otelo etc.”, revela Leonardo Nicoletti, um dos curadores do evento. “Conto uma piada: um jovem amigo meu disse ‘tenho que ler Odisseia para a escola, mas tenho preguiça’. E eu disse “que pena que tem preguiça, porque é uma história maravilhosa”. Então me ocorreu que traduzindo-a para a linguagem teatral, poderia tirar toda a coisa pesada que tem a antiga linguagem literária, e fazer os jovens descobrirem que não são textos chatos, que podem ser prazerosos. Ao encontrar prazer nesta experiência, é possível que se animem a ler. Isso é o que mais me motiva”, explica Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia. A sua ideia, surgida em uma brincadeira, é exatamente o resultado que o público recebe. “Achei bem diferente, porque eles conseguem trazer o teatro que a gente perdeu a referência para o agora, com um efeito tão bonito como esse", reflete o aposentado Ivan Caldas, no público para ver uma obra clássica de Shakespeare dentro do Festival - a adaptação de Rei Lear. [caption id="attachment_1798" align="aligncenter" width="300"]Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia Juan Fernando Cerdas Albertazzi, diretor de Odisseia[/caption] “Toda essa nova forma de ver o teatro tem a ver com escrita de Tchekhov” adiciona ainda Ana Rosa Tezza, diretora da peça baseada na vida do dramaturgo russo. “Nós usamos as ferramentas de base que ele deixou. Mas existem várias maneiras de interpretar um grande mestre. Ele deixou tudo escrito. Como não somos ele, nos apropriamos do que ele disse de maneira respeitosa. E traduzimos isso da maneira como a gente imagina - e óbvio: cada cabeça uma sentença, cada grupo um trabalho”. O ator e diretor da peça chilena Otelo, Jaime Lorca, falou ainda sobre a escolha do texto original de Shakespeare. “É a primeira vez que fazemos uma adaptação, nós sempre trabalhamos com textos que criamos, e nos apoiamos muito na literatura, nas novelas, nos contos literários. Pegamos Shakespeare porque descobrimos que tinha muito sangue. Shakespeare era feito há quatro séculos, em teatros onde as pessoas comiam, bebiam, falavam, gritavam. Então era um teatro muito direto. E para o ator é maravilhoso, porque toca todas as notas da alma, da mais sublime às mais baixas e ruins. Tudo na mesma obra, no mesmo personagem”, relata. “É uma tragédia que tem muito melodrama. E nós fizemos esse link que tem nos melodramas na televisão, com as vidas de outras pessoas que se quer viver”, acrescenta Teresita Iacobelli, atriz do espetáculo. A ideia vai ao encontro do pensamento de João Garcia Miguel. “Quando trabalhamos com um clássico, reinventamos o passado. Deciframos os enigmas e encantamentos que eles tiveram com o mundo, afinal os clássicos sobreviveram. O que tentamos fazer é tentar trazer para hoje, para o nosso dia a dia. O clássico nos ajuda a pensar no passado e olhar para nós mesmos e nos entendermos hoje. O clássico nos ajuda a sermos mais honestos com a gente mesmo”, afirma. Coletivo Pão & Circo]]>
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Por dentro da trilha sonora de Tchekhov https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/por-dentro-da-trilha-sonora-de-tchekhov/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/por-dentro-da-trilha-sonora-de-tchekhov/#comments Sat, 13 Sep 2014 12:00:41 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1697 Foto: Jose Tezza

“Mais do que ter a trilha do Jean-Jacques Lemêtre, ter o próprio Jean-Jacques na nossa montagem foi um privilégio inominável”. É assim que a brasileira Ana Rosa Tezza, diretora de Tchekhovfala sobre o seu trabalho ao lado do compositor francês. Em um bate-papo com o Ponto Digital Mirada, ela conta sobre a sua admiração e satisfação pela parceria com Lemêtre. Quem é Jean-Jacques Lemêtre Ele é um grandes mestres não só da música, mas um homem que convive com os maiores ícones do teatro mundial. Ele é quem faz a trilha da Ariane Mnouchkine, fundadora do Théâtre du Soleil em Paris, e uma grande referência do nosso trabalho. A relação do Ave Lola com o Théâtre du Soleil Na Ave Lola somos muito exigentes, a gente tem hora pra começar os ensaios, mas não pra terminar. Eu sou pupila do Andrés Perez, um chileno que viveu por anos, no tempo da ditadura, no Théâtre du Soleil, e aprendi com ele a ter essa paixão pelo teatro. Pensando nisso, eu trouxe cinco artistas do Théâtre pra fazer a formação dos meus atores. O legado Aprendemos muito sobre música para teatro. Mas além disso, a gente aprendeu sobre a seriedade de um homem com esta idade [62 anos] e que tem um percurso tão profundo. A alta exigência dele para com o seu trabalho é fundamental na construção de um resultado digno e respeitável. Essa convivência, com este senhor que não relaxa um minuto (apesar de todo nome que ele já construiu), faz com que a gente se coloque num lugar de respeito e admiração pelo nosso próprio trabalho. Isso porque o aproveitamento do tempo é de 100%. Isso é um ensinamento. E o mais impressionante é a sua generosidade. Ele não restringe o conhecimento de modo algum. Muito pelo contrário: divide e compartilha o tempo inteiro. A sua mirada É nossa primeira vez no Mirada. Estamos muito honrados e felizes, e mais felizes ainda porque esta edição homenageia o Chile. Eu morei no Chile, o começo da minha carreira foi lá. Então eu não posso acreditar... Eu não acredito em coincidência. Tudo se une. Eu amei o acolhimento que os artistas chilenos me oportunizaram, um aprendizado enorme, na figura do Andrés, que me disse “venha vindo”, e sempre me abriu as portas. Eu acho que os chilenos são amistosos, acolhedores e muito curiosos.   Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Jose Tezza

“Mais do que ter a trilha do Jean-Jacques Lemêtre, ter o próprio Jean-Jacques na nossa montagem foi um privilégio inominável”. É assim que a brasileira Ana Rosa Tezza, diretora de Tchekhovfala sobre o seu trabalho ao lado do compositor francês. Em um bate-papo com o Ponto Digital Mirada, ela conta sobre a sua admiração e satisfação pela parceria com Lemêtre. Quem é Jean-Jacques Lemêtre Ele é um grandes mestres não só da música, mas um homem que convive com os maiores ícones do teatro mundial. Ele é quem faz a trilha da Ariane Mnouchkine, fundadora do Théâtre du Soleil em Paris, e uma grande referência do nosso trabalho. A relação do Ave Lola com o Théâtre du Soleil Na Ave Lola somos muito exigentes, a gente tem hora pra começar os ensaios, mas não pra terminar. Eu sou pupila do Andrés Perez, um chileno que viveu por anos, no tempo da ditadura, no Théâtre du Soleil, e aprendi com ele a ter essa paixão pelo teatro. Pensando nisso, eu trouxe cinco artistas do Théâtre pra fazer a formação dos meus atores. O legado Aprendemos muito sobre música para teatro. Mas além disso, a gente aprendeu sobre a seriedade de um homem com esta idade [62 anos] e que tem um percurso tão profundo. A alta exigência dele para com o seu trabalho é fundamental na construção de um resultado digno e respeitável. Essa convivência, com este senhor que não relaxa um minuto (apesar de todo nome que ele já construiu), faz com que a gente se coloque num lugar de respeito e admiração pelo nosso próprio trabalho. Isso porque o aproveitamento do tempo é de 100%. Isso é um ensinamento. E o mais impressionante é a sua generosidade. Ele não restringe o conhecimento de modo algum. Muito pelo contrário: divide e compartilha o tempo inteiro. A sua mirada É nossa primeira vez no Mirada. Estamos muito honrados e felizes, e mais felizes ainda porque esta edição homenageia o Chile. Eu morei no Chile, o começo da minha carreira foi lá. Então eu não posso acreditar... Eu não acredito em coincidência. Tudo se une. Eu amei o acolhimento que os artistas chilenos me oportunizaram, um aprendizado enorme, na figura do Andrés, que me disse “venha vindo”, e sempre me abriu as portas. Eu acho que os chilenos são amistosos, acolhedores e muito curiosos.   Coletivo Pão & Circo]]>
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Entrevista: a arte vocal de Letícia Coura https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entrevista-a-arte-vocal-de-leticia-coura/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/entrevista-a-arte-vocal-de-leticia-coura/#comments Fri, 12 Sep 2014 20:00:25 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1637 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Hoje vou poder assistir dois espetáculos, e estou bem feliz com isso”, diz Letícia Coura. A atriz e cantora é preparadora vocal da Cia Oficina Uzyna Uzona, do Teatro Oficina, em cartaz no Mirada com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe. Em um bate-papo rápido, ela contou sobre a sua história dentro da companhia, sua vida como cantora fora do teatro e sobre o que acontece nos festivais. “Eu acho que o mais importante de um festival, além de abrir pro público e cada vez formar mais espectadores, é a gente poder trocar entre nós”. Dentro do Mirada Deu pra algumas pessoas irem nos assistir, da Bolívia, do Equador, e outras que encontramos no hotel. Não conseguimos ver muita coisa, só alguns da equipe puderam ficar. Então eu dei essa sugestão de ter alguns espetáculos à tarde. Porque eu acho que o mais importante de um festival é a gente poder trocar entre nós - não de forma teórica, mas poder ver as coisas que estão acontecendo. Teve o Encontrão, que foi ótimo porque a gente pôde saber um pouco de outros trabalhos, mas o mais importante é ver, e talvez conversar depois de ver – porque aí o nível da conversa seria outro. Dá essa vontade e aqui, pelo o que eu pude ver, está rolando muito bem. Pensando na ideia de pluralidade do Festival: Já fez alguma mudança em como dizer as falas, ou teve alguma preocupação em fazer um trabalho vocal voltado pra uma língua estrangeira? As nossas peças tem sempre transmissão ao vivo pelo YouTube. E agora tem a tradução em inglês, e na época da Copa a gente deu uma ênfase para fazer isso. Ainda não conseguimos colocar a legenda na transmissão, que vai ser o mais importante, mas por enquanto já temos as legendas durante o espetáculo, no teatro. Foi bom, porque vários estrangeiros que foram ao teatro passaram a entender mais, mesmo eles dizendo que já entendiam, porque o espetáculo passa muitas sensações. Agora temos um cubano na equipe, então a gente acaba pegando alguma coisa dele, acabamos lidando com musicalidades diferentes. Mas basicamente vamos desenvolvendo a cada trabalho. A sua história dentro do Oficina Eu me mudei pra São Paulo em 1991. Sou de Minas, Belo Horizonte, e a primeira peça que eu vi lá, As Boas, me fez pensar “nossa, que bom que eu mudei pra essa cidade que tem essa peça”. Eu já sabia quem era o Oficina, o Zé Celso, mas nunca tinha visto nada. E fui conhecer ele dois anos depois, com uma amiga minha, a Beatriz, diretora de teatro da peça que eu fazia. Mas fui fazer mesmo a primeira peça em 1999, e foi muito bacana. Aí eu já tinha conhecido o Zé e o Marcelo [Drummond], que sempre ficava me seduzindo pra entrar. Me convidaram pra fazer as Bacantes de 1999 pra 2000, mas eu entrei mesmo foi nos Sertões. E aí me apaixonei totalmente, e fiquei até hoje. Desde então estou direto, mas às vezes eu dou um tempo, tiro um ano e vou fazer outra coisa. Como trabalho com música, eu dou um tempo para isso, mas no geral gosto de conciliar. Além do teatro Estou lançando um disco, então daqui a pouco vou precisar parar pra fazer shows. Eu tenho um trio que se chama Revista do Samba, e a gente viaja muito. Estamos no quinto disco, mas tiveram dois que só saíram na Europa. Este próximo se chama Samba do Revista. Ao mesmo tempo, estamos com as Cacildas a todo vapor. É difícil conciliar porque a gente trabalha muito, são muitas horas de ensaio, mas é muito bom. Acho que o legal do Oficina é isso. Tem gente de vários lugares: Pernambuco, Uruguai, Portugal, Minas, Alemanha, do Sul, de Goiás, da Bahia, do Rio...é muito misturado. Isso é bom também porque a gente tenta ir misturando as linguagens, e ir pegando antropofagicamente o bom de cada um. Como a Oficina mudou o seu trabalho como cantora A forma de interpretar mudou totalmente. Eu falo muito isso com o Marcelo, ele me fez esta mesma pergunta, e eu falava que antes eu até me sentia uma cantora teatral e com o tempo, com o trabalho do Oficina, eu fui aprendendo que o texto diz mais, você não se sobrepõe nem à musica, nem à letra. Você tenta passar aquilo, e se você faz visceralmente, com a sua verdade, isso vai ser a interpretação. Não é representação, é “presentação”. Este é o maior aprendizado. E depois que isso entra, dá uma outra forma de ver, de dar qualidade às coisas. Coletivo Pão & Circo]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Hoje vou poder assistir dois espetáculos, e estou bem feliz com isso”, diz Letícia Coura. A atriz e cantora é preparadora vocal da Cia Oficina Uzyna Uzona, do Teatro Oficina, em cartaz no Mirada com Walmor y Cacilda 64 – Robogolpe. Em um bate-papo rápido, ela contou sobre a sua história dentro da companhia, sua vida como cantora fora do teatro e sobre o que acontece nos festivais. “Eu acho que o mais importante de um festival, além de abrir pro público e cada vez formar mais espectadores, é a gente poder trocar entre nós”. Dentro do Mirada Deu pra algumas pessoas irem nos assistir, da Bolívia, do Equador, e outras que encontramos no hotel. Não conseguimos ver muita coisa, só alguns da equipe puderam ficar. Então eu dei essa sugestão de ter alguns espetáculos à tarde. Porque eu acho que o mais importante de um festival é a gente poder trocar entre nós - não de forma teórica, mas poder ver as coisas que estão acontecendo. Teve o Encontrão, que foi ótimo porque a gente pôde saber um pouco de outros trabalhos, mas o mais importante é ver, e talvez conversar depois de ver – porque aí o nível da conversa seria outro. Dá essa vontade e aqui, pelo o que eu pude ver, está rolando muito bem. Pensando na ideia de pluralidade do Festival: Já fez alguma mudança em como dizer as falas, ou teve alguma preocupação em fazer um trabalho vocal voltado pra uma língua estrangeira? As nossas peças tem sempre transmissão ao vivo pelo YouTube. E agora tem a tradução em inglês, e na época da Copa a gente deu uma ênfase para fazer isso. Ainda não conseguimos colocar a legenda na transmissão, que vai ser o mais importante, mas por enquanto já temos as legendas durante o espetáculo, no teatro. Foi bom, porque vários estrangeiros que foram ao teatro passaram a entender mais, mesmo eles dizendo que já entendiam, porque o espetáculo passa muitas sensações. Agora temos um cubano na equipe, então a gente acaba pegando alguma coisa dele, acabamos lidando com musicalidades diferentes. Mas basicamente vamos desenvolvendo a cada trabalho. A sua história dentro do Oficina Eu me mudei pra São Paulo em 1991. Sou de Minas, Belo Horizonte, e a primeira peça que eu vi lá, As Boas, me fez pensar “nossa, que bom que eu mudei pra essa cidade que tem essa peça”. Eu já sabia quem era o Oficina, o Zé Celso, mas nunca tinha visto nada. E fui conhecer ele dois anos depois, com uma amiga minha, a Beatriz, diretora de teatro da peça que eu fazia. Mas fui fazer mesmo a primeira peça em 1999, e foi muito bacana. Aí eu já tinha conhecido o Zé e o Marcelo [Drummond], que sempre ficava me seduzindo pra entrar. Me convidaram pra fazer as Bacantes de 1999 pra 2000, mas eu entrei mesmo foi nos Sertões. E aí me apaixonei totalmente, e fiquei até hoje. Desde então estou direto, mas às vezes eu dou um tempo, tiro um ano e vou fazer outra coisa. Como trabalho com música, eu dou um tempo para isso, mas no geral gosto de conciliar. Além do teatro Estou lançando um disco, então daqui a pouco vou precisar parar pra fazer shows. Eu tenho um trio que se chama Revista do Samba, e a gente viaja muito. Estamos no quinto disco, mas tiveram dois que só saíram na Europa. Este próximo se chama Samba do Revista. Ao mesmo tempo, estamos com as Cacildas a todo vapor. É difícil conciliar porque a gente trabalha muito, são muitas horas de ensaio, mas é muito bom. Acho que o legal do Oficina é isso. Tem gente de vários lugares: Pernambuco, Uruguai, Portugal, Minas, Alemanha, do Sul, de Goiás, da Bahia, do Rio...é muito misturado. Isso é bom também porque a gente tenta ir misturando as linguagens, e ir pegando antropofagicamente o bom de cada um. Como a Oficina mudou o seu trabalho como cantora A forma de interpretar mudou totalmente. Eu falo muito isso com o Marcelo, ele me fez esta mesma pergunta, e eu falava que antes eu até me sentia uma cantora teatral e com o tempo, com o trabalho do Oficina, eu fui aprendendo que o texto diz mais, você não se sobrepõe nem à musica, nem à letra. Você tenta passar aquilo, e se você faz visceralmente, com a sua verdade, isso vai ser a interpretação. Não é representação, é “presentação”. Este é o maior aprendizado. E depois que isso entra, dá uma outra forma de ver, de dar qualidade às coisas. Coletivo Pão & Circo]]>
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A quem pertence a dança contemporânea? https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/a-quem-pertence-a-danca-contemporanea-2/#comments Thu, 11 Sep 2014 22:56:26 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1385 Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Coletivo Pão & Circo

“Esse tipo de arte é pra todo mundo, independente das pessoas acharem que entenderam ou não”, reflete a dançarina Marcela Loureiro, na saída do Ginásio Sesc, que sediava o espetáculo brasileiro de dança contemporânea Pindorama. Dias antes, na área de convivência do Sesc Santos, um grupo de jovens que não quis se identificar assistia a apresentação argentina Ciência e Fricção. “Eu não entendi nada”, disse uma menina. “Achei meio louco, não gostei”, revela mais um jovem. Outro grupo resolveu ser mais sucinto: retirou-se do espetáculo entre risadas. Abertura para um diálogo Dialogar sobre a dança contemporânea era uma das pautas do Mirada. “Esse tipo de embate é necessário justamente como uma provocação artística. A arte não precisa agradar a todos, muito menos ser palatável. É o papel dela, muitas vezes, ser contestatória, e nem sempre precisa ser entendida”, disse Miguel Arcanjo Prado, crítico teatral de APCA e editor de cultura do portal R7, da TV Record. Sem querer, Marcela reforça o pensamento do crítico. “Só de provocar essas sensações é o que vale. Acho inclusive que tinha que ter mais espetáculo desse para todo mundo ver, para estimular o interesse das pessoas”, afirma. Teatro é arte. Dança também? O paradoxo surgido foi assunto de conversas entre os espectadores. Dança é teatro? Lia Rodrigues, diretora de Pindorama, explica. “Estamos apresentando um trabalho artístico que cabe em várias situações. Estamos num festival de teatro, mas poderíamos estar num festival de música também. Essas categorias não me interessam. Quando eu me inscrevo em editais, peço categoria dança, pois essa é a minha formação. Eu não penso que estou fazendo dança. Você pode assistir o espetáculo e achar que é teatro, não me incomoda. O que é importante é o que o outro vê no meu trabalho. Trabalho com dança, mas uso elementos de artes cênicas de forma geral. Eu sou coreógrafa e bailarina, mas o que é o meu trabalho é o público quem vai dizer”. Ideia semelhante tem Ruy Filho, editor da revista de teatro Antro Positivo. “As pessoas ainda lidam com o Mirada como um festival de teatro, e os participantes como um festival de artes cênicas. Tem que fazer uma diferenciação. A dança também é cênica, uma vez que ela usa um percurso cênico, visual, assim como o teatro. Os dois coabitarem no festival, então, não é impossível. Ao classificar tudo como teatro ou dança, delimitamos fronteiras onde um pode tocar o outro”, reflete. O que isso tem a ver com o Mirada? “Os dois espetáculos se inserem aqui pelo lado cênico que a dança pode ter, como Pindorama, e o outro como perspectiva de convívio de ambiente, como o Ciência e Fricção”, diz Ruy. Elas dialogam em caminhos muito diferentes. Pindorama é mais ilustrativo, possui uma peça poética impressionante, enquanto o Ciência e Fricção constrói o oposto. Ele desmistifica o gesto, transforma ele em quase que uma presença inútil dentro de um vocabulário. Para Miguel, a preocupação da curadoria para trazer as artes cências em suas mais diversas formas ficou evidente. “O Mirada trouxe os melhores espetáculos com as mais diferentes propostas estéticas. Santos é uma cidade plural e de caráter cosmopolita, por sediar o maior porto do Brasil. É uma cidade onde vanguardas artísticas sempre tiveram acolhida”. Coletivo Pão & Circo ]]>
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Os personagens reais do Mirada https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/os-personagens-reais-dentro-do-mirada/ https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/os-personagens-reais-dentro-do-mirada/#comments Wed, 10 Sep 2014 12:00:13 +0000 https://mirada2014.sescsp.org.br/pt/?p=1451 Foto: Otávio Dantas

Criar ficção a partir da realidade parece uma ideia louca – mas no Mirada, completamente possível. Afinal, quando o ator deixa de lado a máscara de seu personagem para ser ele mesmo, ainda há atuação. Seja no gesto, no tom, no semblante que traz de sua vivência para acrescentar ao espetáculo. Mas vestir-se com o próprio rosto, no entanto, pode ser uma tarefa muito difícil para o ator, acostumado a interpretar. “Existe um desenho de cena, mas o gestual é muito próximo do seu pessoal, o tom de voz é o seu”, conta Paula Picarelli, atriz de 02 Ficções, de Leonardo Moreira. Foto: Paola Vera O desafio também é um exercício da vivência dos próprio atores. A atriz Renata Carvalho, de Projeto Bispo, conta que a criação dos personagens de sua peça se fez de forma semelhante. “A gente coloca [na peça] quem seriam os excluídos de hoje. A rua é o grito de cada um, de cada participante desse coletivo. Jogamos um pouco pra fora os problemas que cada um, no seu universo, mais ou menos conhece”, diz. Trazer a própria emoção para dentro do palco resulta em uma grande empatia do público, que acaba se identificando em pequena frivolidades diárias retratadas em cena. Criadouro, espetáculo peruano dirigido por Mariana de Althaus, utiliza-se dessa identificação para contar a história das três atrizes no palco. “Tudo o que elas dizem em cena é verdade, aconteceu em sua vida”, revela a codiretora Nadine Vallejo. Foto: Adriana Marchiori Por outro lado, muitas vezes o próprio corpo do ator, que não se veste de um personagem, serve como mensagem de uma arte. É o caso do espetáculo-intervenção Cidade Proibida, do grupo gaúcho Companhia Rústica. “Os atores transitam por várias possibilidades e são eles mesmos, na maior parte do tempo. São eles dentro do jogo”, afirma a diretora Patrícia Fagundes. Aqui, o não-uso de personagens palpáveis (sem nome ou falas), desnuda o ator e acaba dando foco a um novo protagonista: o cenário. Coletivo Pão & Circo ]]>
Foto: Otávio Dantas

Criar ficção a partir da realidade parece uma ideia louca – mas no Mirada, completamente possível. Afinal, quando o ator deixa de lado a máscara de seu personagem para ser ele mesmo, ainda há atuação. Seja no gesto, no tom, no semblante que traz de sua vivência para acrescentar ao espetáculo. Mas vestir-se com o próprio rosto, no entanto, pode ser uma tarefa muito difícil para o ator, acostumado a interpretar. “Existe um desenho de cena, mas o gestual é muito próximo do seu pessoal, o tom de voz é o seu”, conta Paula Picarelli, atriz de 02 Ficções, de Leonardo Moreira. Foto: Paola Vera O desafio também é um exercício da vivência dos próprio atores. A atriz Renata Carvalho, de Projeto Bispo, conta que a criação dos personagens de sua peça se fez de forma semelhante. “A gente coloca [na peça] quem seriam os excluídos de hoje. A rua é o grito de cada um, de cada participante desse coletivo. Jogamos um pouco pra fora os problemas que cada um, no seu universo, mais ou menos conhece”, diz. Trazer a própria emoção para dentro do palco resulta em uma grande empatia do público, que acaba se identificando em pequena frivolidades diárias retratadas em cena. Criadouro, espetáculo peruano dirigido por Mariana de Althaus, utiliza-se dessa identificação para contar a história das três atrizes no palco. “Tudo o que elas dizem em cena é verdade, aconteceu em sua vida”, revela a codiretora Nadine Vallejo. Foto: Adriana Marchiori Por outro lado, muitas vezes o próprio corpo do ator, que não se veste de um personagem, serve como mensagem de uma arte. É o caso do espetáculo-intervenção Cidade Proibida, do grupo gaúcho Companhia Rústica. “Os atores transitam por várias possibilidades e são eles mesmos, na maior parte do tempo. São eles dentro do jogo”, afirma a diretora Patrícia Fagundes. Aqui, o não-uso de personagens palpáveis (sem nome ou falas), desnuda o ator e acaba dando foco a um novo protagonista: o cenário. Coletivo Pão & Circo ]]>
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