Único representante de Portugal, o monólogo “Herodíades”, do grupo Artistas Unidos, estreou este ano e viajou pela primeira vez fora do seu país para desembarcar no Festival, nos dias 09 e 10 de setembro (domingo e segunda-feira), no Auditório do SESC Santos. De autoria de um poeta italiano considerado maldito – Giovanni Testori (1923-1993) – o texto, de conteúdo profundamente iconoclasta, integra uma trilogia dedicada a figuras femininas míticas/bíblicas: Herodíades (mãe de Salomé, que decaptou João Batista), Cleópatra e Virgem Maria. A atuação é do jovem Elmano Sancho, sob direção de Jorge Silva Melo.

A aplaudida atriz mexicana Karina Gidi – que protagoniza “Incêndios”, do Tapioca Inn, apresentado também no MIRADA – atua em “La pequeña habitación al final de la escalera” (O Pequeno Quarto ao Final da Escada), do grupo Teatro Del Farfullero, que foi apresentado dias 09 e 10/09, no Galpão Coliseu. O texto é da premiada autora canadense Carole Fréchette – interessante observar como os escritores do Canadá marcam presença nas produções desta edição do MIRADA. Com direção de Maurício Garcia Lozano, a peça mantém, o tempo todo, uma tensão de suspense, ao falar de uma garota chamada Gracia, que olha, hipnotizada, para uma entrada secreta.

Com uma proposta de “animação” ou “manipulação” de atores, o grupo brasileiro Teatro Máquina fez uma adaptação bastante original do texto “A Exceção e a Regra”, do alemão Bertold Brecht. Com uma concepção bastante enxuta, não há palavras. Apenas os gestos comunicam, e os atores se convertem em bonecos-narradores e manipuladores-narradores. As apresentações foram no Teatro SESC Santos, no sábado e domingo (dias 08 e 09/09).

Espetáculos para a rua

Crianças de todas as idades – isso mesmo, porque os adultos também se permitiram brincar – participaram ativamente do espetáculo de rua “O lançador de foguetes”, (foto acima) do Grupo de Teatro de Pernas – que tem sede na periferia da cidade de Canoas (RS). A apresentação do dia 09 de setembro, domingo, foi na cidade de Bertioga, no Parque Tupiniquins. A tarde, ensolarada, foi um convite a mais para as pessoas saírem de suas casas. O ator Luciano Wieser também assume a direção e a cenografia desta montagem.

Uma intervenção coletiva que resultou em vários monólogos. Assim está sendo “Rodriguianas”, que o Coletivo Enlace de Artes – que reúne grupos e artistas de cinco cidades da Baixada Santista – criou com a diretora Marina Tornatore. Cerca de cem figuras femininas de diferentes faixas etárias participam da intervenção. Elas chegam aos poucos, se juntam, se espalham, e fazem sua homenagem às noivas literárias de de Nelson Rodrigues. As próximas apresentação na rua estão marcadas para o dia 15 de setembro, sábado, nas seguintes regiões de Santos: Morro Nova Cintra/Região Noroeste, entre 11h e 13h; e na Orla Aparecida/Ponta da Praia/Balsa, entre 15h e 17h.

E vejam como foi a apresentação única da montagem mais emblemática do Grupo Galpão (MG) – a adaptação de “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, com concepção e direção do mineiro Gabriel Villela – na tarde do dia 08 de setembro, no Emissário Submarino (divisa com São Vicente). Centenas de pessoas rodearam a semiarena e a veraneio anos 70 do grupo, que serve de palco para a encenação.

O assistente da Gerência de Ação Cultural do SESC, Sidnei Martins - a quem você já deve ter visto circulando por quase todos os lugares ocupados pela programação do MIRADA – explica como surgiu e quais os objetivos deste Festival que, apesar de estar somente na segunda edição, dá a sensação de que sempre existiu em Santos – de tão integrado à cidade. Acima, foto da peça “O Cantil”, do Teatro Máquina – apresentada no sábado e domingo (dias 08 e 09/09).

Assista ao vídeo:

A história se passa em um sanatório para mulheres diagnosticadas com histeria, no século 19, e o espaço escolhido para as apresentações em Santos ajudou na sensação de confinamento das cinco atrizes e do público: Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande – mais conhecida como Fortaleza da Barra (foto acima) -, construída pelos espanhóis em 1584, época em que Portugal e Brasil estavam sob domínio da Espanha, um ano depois de Santos ter sido invadido por um pirata inglês.

Chega-se até lá de barco e, no domingo, havia duas filas no píer: a das pessoas com ingressos e a da espera por ingressos, que ganhou o nome de “fila da fé” – que tem sido uma constante no Festival.

Embarcaram, aos poucos, mais de 100 pessoas rumo ao espetáculo “Hysteria” na Fortaleza da Barra e entre os espectadores se destacou uma senhora muito simpática, a Salete de Paiva, que tinha vindo de São Paulo, com um grupo de excursão do SESC – em sua maioria formado por amigas que costumam viajar juntas.

Além de ter conseguido assistir a um dos espetáculos de maior sucesso da produção teatral deste início de século – em cartaz desde 2001 -, ela realizou mais dois desejos. Veja no vídeo:

Dia 11/9. Terça, às 16h | Arena SESC | 52 min | Livre | Grátis

O artista mexicano questiona com sarcasmo e ironia os paradoxos da simplicidade e da complexidade, dando vida a objetos obsoletos. Na instalação intitulada Crescimentos Artificiais, Puig reanima visualmente fragmentos de antigas cadeiras da Escola Normal de Guanajuato, fazendo-as brotarem do chão, em uma ação improvável. A instalação, inicialmente inserida no contexto de uma instituição dedicada à formação de professores, e no sistema ao qual ela está inserida, com seus conflitos e impactos na vida econômica, política e social, traça um comentário sobre a educação, questionando a instituição e os artifícios para a produção de conhecimento.

Visitação
De 5 a 15/9. Terça a sexta, das 10h às 22h | Sábado, domingo, segunda e feriado, das 10h às 19h.
Portaria Social SESC | Livre | Grátis

A exposição apresenta 64 fotos dos espetáculos do CPT/SESC (Centro de Pesquisa Teatral) contidas no livro Antunes Filho, Poeta da Cena, de Emidio Luisi e Sebastião Milaré, lançado pela Edições SESC. Emidio Luisi nasceu na Itália e veio para o Brasil com sete anos, onde iniciou a carreira de fotógrafo, em meados da década de 1970.

Dedicando-se à fotografia de palco há mais de três décadas, publicou os livros de fotografia Ballet Stagium 35 anos e Kazuo Ohno. Os 239 instantâneos produzidos pelo fotográfo reúnem imagens do espetáculo Macunaíma (1978), retratos do diretor e cenas dos bastidores de ensaios e montagens. Durante o período da exposição, os visitantes poderão testemunhar a teatralidade vibrante que emana dos corpos dos atores.

Visitação
De 5 a 30/9. Terça a sexta, das 10h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30.
Mezanino SESC | Livre | Grátis

De 6 a 15/9. Todos os dias a partir das 20h | Comedoria SESC | 18 anos | Entrada gratuita

Entres as sincronias russas e uruguaias, separadas por mais de um século, figuram descrições geográficas (o espaço próximo de um rio e de uma avenida larga) ou situações do enredo (no papel do ousado e contestador Tréplev, o ator Gabriel Calderón, de 29 anos, é também na vida real dramaturgo dos mais inovadores e profícuos de sua geração, cofundador da Complot em 2005).

A dramaturga, diretora e pesquisadora Mariana Percovich despontou como revelação do país na década de 1990, como uma criadora inquieta e  instigante. Sua formação inclui passagem pelo inglês Royal Court Theatre. Desde 2007, é diretora artística da Complot Cia.

COMPLOT CIA. DE ARTES ESCÉNICAS CONTEMPORÁNEAS
Texto: Anton Tchékhov
Dramaturgia e direção: Mariana Percovich
Elenco: Carlos Sorriba, Gabriel Calderón, Gabriela Pérez, Gustavo Saffores, Margarita Musto, Ramiro Perdomo e Verónica Mato

100 min | 12 anos

dias
10/9, segunda, 18h
11/9, terça, 18h
Teatro Guarany

R$ 10,00; R$ 5,00; R$ 2,50

Legendagem
Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português.

Uma rampa de madeira em declive, sobre um monte de areia que engole e vomita sapatos das vítimas, algumas mulheres, é o espaço sugerido pela cenografia para desova dos crimes.

O autor e diretor David Olguín, de 48 anos, é editor das Ediciones El Milagro, uma associação cultural independente, fundada em 1991, que promove criação cênica, produção editorial e reflexão artística. O objetivo central é construir um autêntico espaço de pensamento que contribua para fortalecer os vínculos do teatro de arte com a sociedade mexicana e, em particular, com a comunidade do entorno. Aspira discutir com o público, comovê-lo, propiciar um espaço para a crítica, a diversão, reforçar a consciência política e os valores de tolerância e respeito às minorias. Une-se à Carretera 45 Teatro (ex-Alborde Teatro), com mais de 15 anos de estrada, na concepção e encenação de Os Assassinos.

EL MILAGRO E CARRETERA 45 TEATRO
Texto e direção: David Olguín
Elenco: Antonio Zúñiga, Gilberto Barraza, Gustavo Linares, Laura Almela, Raúl Espinoza Faessel, Rodolfo Guerrero, Saidh Torres e Sandra Rosales

Apoio: INBA/Conaculta

110 min | 16 anos

dias
11/9, terça, 21h
12/9, quarta, 21h
Teatro SESC Santos

R$ 10,00; R$ 5,00; R$ 2,50

Legendagem
Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português.

O grupo já fez coproduções com os franceses do Théâtre du Mouvement e os russos do Akhe Theatre. Desde 1998, organiza o Transversales: Encuentro Internacional de Escena Contemporánea.

O grupo Teatro Línea de Sombra surge em 1993, na Cidade do México, interessado em prospectar as artes cênicas contemporâneas com a pluralidade de linguagens (videoarte, dança, música, artes plásticas, relato jornalístico etc.). O diretor Jorge A. Vargas e o dramaturgo Gabriel Contreras já experimentaram teatro físico, de rua, mímica e clown. Quase duas décadas depois, esmeram nos impactos visual e temático sem a pretensão do espetacular ou da inovação, determinados a tatear a vida em cena em quaisquer de seus modos de aproximação teatral.

TEATRO LÍNEA DE SOMBRA
Texto: Gabriel Contreras
Direção: Jorge A. Vargas
Criação e elenco: Alicia Laguna, Antígona González, Jesús Cuevas, María Luna, Raúl Mendoza e Vianey Salinas
Música original: Jorge Verdín – Clorofila

Patrocínio: Robert Sterling Clark Foundation – como parte da Parceria de Engajamento Cultural Internacional (PECI) entre o TeatroStageFest – Latino International Theater Festival of New York, SESC SP (BRA), Teatro Mayor Julio Mario Santo Domingo (Col) e Complexo Teatral de Buenos Aires (Arg)

Apoio: Fondo Nacional para la Cultura y las Artes (Mex) e México en Escena – CENART.

https://www.teatrostagefest.org

90 min | 14 anos

dias
11/9, terça, 19h
12/9, quarta, 19h
Teatro Municipal Brás Cubas

R$ 10,00; R$ 5,00; R$ 2,50

Legendagem
Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português.