Por teimosia do crítico teatral Jefferson Del Rios, o nome, a vida e a obra de Garcia foram merecidamente registradas no livro “O teatro de Victor Garcia – A vida sempre em jogo” (Edições SESC SP).

O volume foi lançado no dia 08 de setembro (sábado), durante o MIRADA, em um encontro emocionante de Del Rios com Ligia Cortez – atriz, filha dos atores Raul Cortez e Célia Helena.

Lígia tinha 10 anos de idade quando seus pais atuaram na montagem histórica de “O Balcão” (1969), de Jean Genet, com direção e cenografia de Garcia, e diz se lembrar de quando sua mãe explicava para o avô como seria o cenário – revolucionário, diga-se de passagem – que o diretor estava criando para o espetáculo: todo em ferro, com vários andares.

Pesquisa de fôlego, o autor pesquisou o biografado desde 1995, viajando, inclusive, por todos os lugares e países pelos quais Garcia passou: desde San Miguel de Tucumán, província no Norte da Argentina, até França, Portugal, Espanha, Inglaterra, Irã e Israel, e entrevistando parentes, amigos e alunos.

“Este livro nasceu de uma certa teimosia de jornalista. Todos os grandes diretores brasileiros são estudados. Eu me perguntava ‘por que se esqueceram dele?’, disse Del Rios, que o descreve como um “um homem frágil, solitário, que morava em hotéis”.

Garcia deixou o quinto ano da Faculdade de Medicina para se dedicar aos primeiros espetáculos em Buenos Aires. Passou pelo Brasil, onde conseguiu visto de residência, mas acabou se fixando em Paris. No tempo em que esteve no Brasil, realizou duas montagens históricas: “Cemitério de Automóveis”, de Fernando Arrabal, de 1968; e o já citado “O Balcão”.

Assista aos depoimentos de Jefferson Del Rios e da atriz Ligia Cortez ao Blog do MIRADA:

 E um trechinho da apresentação do livro pelo autor, durante o lançamento:

Acima, cena do elogiado “Incêndios”, do México, com a atriz Karina Gidi – ovacionada nas duas noites de apresentação.

Nas fotos abaixo, um pouco do que aconteceu nestes cinco dias de MIRADA, desde o início.

Juan Meliá (diretor do Instituto Nacional de Belas Artes do México), Carlos Pinto (secretário de Cultura de Santos), Isabel Ortega (uma das curadoras do MIRADA) e Danilo Miranda (diretor regional do SESC e um dos curadores do Festival), durante solenidade de abertura da mostra, no Teatro do SESC. (foto: Fernanda Procópio)

Jordá Ferré, diretor da Cia Antigua y Barbuda, da Espanha, dentro da cápsula submarina que compõe a instalação-espetáculo “B.A.R.R.A (Bar Automatizado Rústico Realmente Autêntico). A cena acontece dentro de um maquinário criado e construído por Jordá e Oscar Paz.

“B.A.R.R.A” vista de fora. As apresentações, que duram 30 minutos, continuam nos dias 11 e 15 de setembro (terça e sábado), às 19h e 23h; e dia 14 (sexta) às 19h. A entrada é franca (retirar ingresso uma hora antes).

A banda mexicana Triciclo Circus Band.

Cena de “Eclipse”, com projeções que fazem referência ao construtivismo – movimento da vanguarda russa.

E “nevou” no palco do MIRADA.

A ótima atriz cubana Yuliet Cruz, do grupo Argos Teatro, em cena da peça “Aire Frío” (Ar Frio), apresentado no Teatro Guarany.

Atores de “Aire Frío”, muito aplaudidos no final da apresentação.

OO

O mexicano “Una vez más, por favor” (Uma vez mais, por favor)

O casal, seus oito filhos - entre os quais, quatro deles são gêmeos - e os músicos Ana Rosa Guedes e Beto Lemos – ah, e não podemos nos esquecer da mais nova integrante da trupe, Iara, a primeira netinha, com seis meses de carreira - viajam por todo o Brasil a bordo de um ônibus Mercedes-Benz dos anos 70, adaptado em transporte-casa-camarim, levando seus espetáculos de rua que utilizam teatro de bonecos, números circenses e música ao vivo.

Nesses 35 anos de estradas de asfalto e de terra, a Carroça continua iluminando os olhinhos de muitas crianças – e de seus pais - com a chegada de seus artistas-brincantes. Pois na tarde de sábado (08 de setembro), a trupe estacionou seu ônibus dentro do Novo Parque Anilinas, no Centro de Cubatão – a apresentação fez parte do projeto de extensão do MIRADA – para apresentar o mais recente espetáculo, “Felinda”, que conta a história de uma mulher nem feia nem linda (daí o nome), que cria um circo imaginário.

O dia ensolarado levou muita gente para passear no único parque público da cidade – onde, há três meses, se instalou a primeira rede de cinema em 10 anos. Ocupando a área de uma antiga fábrica de cerâmica que se chamava Anilinas, o parque reúne as únicas fontes de lazer da população – áreas de esporte, parquinho, teleférico, cinema.

Assista a este pequeno documentário que registrou a primeira apresentação da Carroça de Mamulengos na cidade de Cubatão.

Dia 10/9. Segunda, às 16h | Arena SESC | 53 min | 12 anos | Grátis

O artista mexicano questiona com sarcasmo e ironia os paradoxos da simplicidade e da complexidade, dando vida a objetos obsoletos. Na instalação intitulada Crescimentos Artificiais, Puig reanima visualmente fragmentos de antigas cadeiras da Escola Normal de Guanajuato, fazendo-as brotarem do chão, em uma ação improvável. A instalação, inicialmente inserida no contexto de uma instituição dedicada à formação de professores, e no sistema ao qual ela está inserida, com seus conflitos e impactos na vida econômica, política e social, traça um comentário sobre a educação, questionando a instituição e os artifícios para a produção de conhecimento.

Visitação
De 5 a 15/9. Terça a sexta, das 10h às 22h | Sábado, domingo, segunda e feriado, das 10h às 19h.
Portaria Social SESC | Livre | Grátis

A exposição apresenta 64 fotos dos espetáculos do CPT/SESC (Centro de Pesquisa Teatral) contidas no livro Antunes Filho, Poeta da Cena, de Emidio Luisi e Sebastião Milaré, lançado pela Edições SESC. Emidio Luisi nasceu na Itália e veio para o Brasil com sete anos, onde iniciou a carreira de fotógrafo, em meados da década de 1970.

Dedicando-se à fotografia de palco há mais de três décadas, publicou os livros de fotografia Ballet Stagium 35 anos e Kazuo Ohno. Os 239 instantâneos produzidos pelo fotográfo reúnem imagens do espetáculo Macunaíma (1978), retratos do diretor e cenas dos bastidores de ensaios e montagens. Durante o período da exposição, os visitantes poderão testemunhar a teatralidade vibrante que emana dos corpos dos atores.

Visitação
De 5 a 30/9. Terça a sexta, das 10h às 21h30 | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h30.
Mezanino SESC | Livre | Grátis

De 6 a 15/9. Todos os dias a partir das 20h | Comedoria SESC | 18 anos | Entrada gratuita

Entres as sincronias russas e uruguaias, separadas por mais de um século, figuram descrições geográficas (o espaço próximo de um rio e de uma avenida larga) ou situações do enredo (no papel do ousado e contestador Tréplev, o ator Gabriel Calderón, de 29 anos, é também na vida real dramaturgo dos mais inovadores e profícuos de sua geração, cofundador da Complot em 2005).

A dramaturga, diretora e pesquisadora Mariana Percovich despontou como revelação do país na década de 1990, como uma criadora inquieta e  instigante. Sua formação inclui passagem pelo inglês Royal Court Theatre. Desde 2007, é diretora artística da Complot Cia.

COMPLOT CIA. DE ARTES ESCÉNICAS CONTEMPORÁNEAS
Texto: Anton Tchékhov
Dramaturgia e direção: Mariana Percovich
Elenco: Carlos Sorriba, Gabriel Calderón, Gabriela Pérez, Gustavo Saffores, Margarita Musto, Ramiro Perdomo e Verónica Mato

100 min | 12 anos

dias
10/9, segunda, 18h
11/9, terça, 18h
Teatro Guarany

R$ 10,00; R$ 5,00; R$ 2,50

Legendagem
Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português.

Um dos dramas de Testori foi encenado pelo cineasta Luchino Visconti,  L´Arialda, que também bebeu em seus romances para rodar a obra-prima Rocco e seus Irmãos.

O milanês Testori era ainda um poeta maldito. Cursou filosofia e publicou ensaios sobre a pintura lombarda dos séculos XV e XVI antes de elaborar relatos realistas e duros sobre a vida do subproletariado em bairros industrializados. Coube ao grupo Artistas Unidos e ao diretor Jorge Silva Melo revelar em Portugal, desde janeiro passado, essa obra provocadora. Com 17 anos de trajetória, o coletivo não perdeu o viço das dramaturgias desafiadoras nos temas e conteúdos rentes à contemporaneidade.

ARTISTAS UNIDOS
Texto: Giovanni Testori
Direção: Jorge Silva Melo
Elenco: Elmano Sancho

50 min | 16 anos

dias
9/9, domingo, 19h
10/9, segunda, 19h
Auditório SESC Santos

R$ 10,00; R$ 5,00; R$ 2,50

Legendagem
Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português.

Lozano também é diretor de ópera. No ano passado, assinou duas produções na Espanha: a obra dramática musical The Fairy Queen [A rainha das fadas], de Purcell, e a tragédia Antígona, de ófocles.

A premiada dramaturga canadense Carole Fréchette, de Quebec, retoma sua fonte de inspiração predileta: os contos de fadas. A autora mescla o teatro narrativo com cenas de enorme poder situacional. A estrutura de thriller mantém uma tensão contínua e o final surpreende, porque é poético e inacreditável. A direção de Mauricio García Lozano investe num espaço intimista com o público. A companhia Teatro del Farfullero (o nome tem a ver com o falar desarticuladamente, o balbuciar) existe desde 1998 e discute temas como a procura de sentidos existenciais e os paliativos quiméricos.

TEATRO DEL FARFULLERO
Texto: Carole Fréchette
Diretor: Mauricio García Lozano
Elenco: Aileen Hurtado, Carlos Corona, Gabriela Pérez Negrete, Karina Gidi e Verónica Langer

Apoio: INBA/Conaculta

100 min | 14 anos

dias
9/9, domingo, 20h
10/9, segunda, 20h
Galpão Coliseu

R$ 10,00; R$ 5,00; R$ 2,50

Legendagem
Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português.